Coleção pessoal de sezar_kosta

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⁠“Quando o Tempo e o Amor se Perdem”
por Sezar Kosta
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Há momentos em que o tempo escorre —
não como inimigo, mas como rio que não se detém.
E o amor, por vezes, se cala —
como se esperasse, do silêncio, a resposta que nunca veio.
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O tempo não julga: apenas passa.
Leva os encontros que hesitamos,
as palavras que se perderam na curva do medo.
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O amor, esse alquimista inquieto,
arde e apaga, sopra e acolhe,
pedindo apenas que o deixemos ser:
inteiro na entrega, livre na partida.
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Entre um e outro, estamos nós —
navegantes em mares que não cessam,
ora movidos pela pressa,
ora ancorados pela dúvida.
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Mas a vida, essa mestra paciente,
sussurra que não há vitórias no atropelo,
nem derrotas na espera.
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Faltou tempo? Talvez.
Faltou amor? Talvez.
Mas o que resta é o instante que floresce,
como uma pétala que se abre só para quem tem olhos de ver.
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O agora é o único lugar
onde o tempo e o amor se despem,
onde o toque tem valor eterno,
e o recomeço é um gesto sagrado.
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Sou aprendiz dessa dança sutil,
e descubro — sem pressa, sem medo —
que o infinito cabe num instante.
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Porque tudo é possível
quando se escolhe, de novo, amar.
E esperar.
Sem garantias, mas com fé.

"Onde o Eu Se Desfaz no Nós"
por Sezar Kosta

Na esquina do tempo, onde o sol não se apaga,
nasceu um silêncio que fala, um espaço sem pressa,
um cálice de alma que transborda em nós —
e o meu peito, antes ilha, virou mar,
onde seus olhos naufragam em festa.

Foi ali que o “eu”, cansado e só,
deixou a máscara e se fez ponte,
um traço de luz sobre a água escura,
onde o desejo se fez verbo e se fez canto,
e o medo, enfim, se tornou esperança.

Ah, o amor! — esse rio desobediente,
que não cabe em palavras, nem em rimas simples,
que nasce da terra bruta do silêncio interior,
e cresce, selvagem, entre as pedras do tempo,
até que o mundo inteiro se curva ante o seu encanto.

Naquele lugar, o corpo se fez verbo,
a pele, poema; a respiração, canção,
e o coração, esse velho marinheiro,
aprendeu a navegar na imensidão do outro,
sem perder de vista a luz da própria estrela.

Se o mundo era antes um espelho quebrado,
hoje é um quadro pintado a duas mãos,
cheio de cores que só o amor sabe misturar —
o teu riso, meu abrigo; o teu silêncio, meu verso;
e a certeza de que o “meu” é sempre “nosso”.

Por isso volto, noite após noite,
a essa ilha onde o tempo se desmancha,
para regar a flor que a vida plantou,
onde o amor não se prende, apenas se entrega —
e o eu se dissolve, suave, no abraço do nós.

⁠*“O Lugar Onde o Amor se fez Mar”*
Eu andava pelas ruas da ausência —
um deserto de silêncio e de promessas,
onde o tempo escorria em pó e vento,
mas ouvia, no fundo, aquela canção:
o canto leve do rio, o sussurro da areia,
o abraço antigo da terra e do céu.

Sentei-me na margem do instante,
onde a água se dobra em espelhos de calma,
e o cansaço, esse velho amigo,
desfez-se como fumaça de cigarro na madrugada.
Ali, o mundo era só um gesto simples —
um abraço que não pede nada,
um silêncio que fala de eternidade.

Os anos, esses ladrões de lembranças,
tentaram apagar o mapa do nosso refúgio,
mas o lugar ficou — intacto, suave,
como um verso guardado na pele.
Não é só um ponto no espaço,
é o começo e o fim do nosso tempo,
o jardim secreto onde o amor germina
mesmo quando a gente esquece de regar.

Hoje procuro com os pés cansados,
mas sobretudo com o coração que sabe —
a dor que é saudade é também promessa.
Será que existe um retorno?
Um caminho feito de memórias e luz,
onde possamos reviver a primeira vez,
onde o amor não morre, só se reinventa?

Vamos, então, deixar o tempo de lado,
e abrir a porta daquela casa antiga,
onde o amor se fez mar e a vida, poema.
Porque o amor que nasce assim, tão simples,
não se perde — só se transforma,
e será sempre o nosso lar,
o lugar onde o amor se fez mar.

⁠"O Destino que Sussurra"
Na vastidão do tempo, onde as areias do deserto dançam com o vento, duas almas se procuravam. Não sabiam seus nomes, nem de onde vinham, mas sentiam o chamado do infinito.
Quando nossos olhos se encontraram, minha alma falou com a dela, não em palavras, mas em um som que o coração conhece, mas a razão não decifra. Ela era ao mesmo tempo um espelho e um mar profundo; via-me refletido, mas também me afogava em tudo o que eu não sabia ser.
"És tu quem tenho esperado?" perguntei em silêncio.
E ela sorriu, aquele sorriso que o céu guarda para os encontros predestinados. "Não sou eu quem esperas", parecia dizer, "sou a parte de ti que sempre esteve perdida, e agora foi encontrada."
O destino não é uma linha reta, mas um círculo que sempre nos traz de volta ao que é nosso. Encontrei nela o eco das minhas preces, a certeza de que o amor não é algo que se busca, mas que nos encontra quando estamos prontos.

“O Amor Chegou com as Mãos Vazias”
por Sezar Kosta

Era dia de feira e chão batido,
de riso largo, panela no fogo,
e o tempo correndo devagar,
feito criança brincando na poeira.

Você chegou como quem retorna
de um lugar onde a alma se despede —
com olhos cheios de ontem
e um silêncio que sabia meu nome.

Senti, como se sente o cheiro da chuva
antes do primeiro trovão,
que algo nascia ali,
sem promessa, sem barulho.
Não foi milagre, nem reza de esquina,
mas coisa miúda,
dessas que Deus esconde nas beiradas do dia
e só revela quando a gente para de procurar o que brilha.

Desde então, meu amor é pão
saindo do forno:
quente,
simples,
imprescindível.
Você é meu destino,
mas chegou com as mãos vazias,
pedindo açúcar
e deixando tudo mais doce.