Coleção pessoal de Santiago_Vento

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⁠A liberdade plena é reconhecer que amar é, paradoxalmente, a maior entrega e o mais profundo ato de autonomia.

⁠Ecologias de Mim

Sou feito de círculos concêntricos,
onde o eu se forma na dança do outro,
na casa, na rua, na pele dos dias,
na palavra que me disseram
e naquela que nunca ouvi.

No primeiro círculo, tocam-me os olhos,
as mãos que me embalam e moldam;
no segundo, cruzam-se caminhos,
ecos de vozes e silêncios de quem passa.

Mais longe, decisões sem rosto
alteram o chão onde caminho —
leis, rotinas, ausências e horários,
tudo aquilo que não vejo,
mas que me constrói por dentro.

No mais vasto dos mundos,
vive o tempo, o espírito, a cultura,
as ideias que nos formatam o sentir,
as crenças que pesam sobre o corpo
como uma herança invisível.

E entre cada camada de mim,
há um fio que me costura: a história.
O tempo a escorrer-me nos ossos,
a infância que volta,
a mudança que nunca cessa.

⁠Entre o corpo e o pensamento,
o eu hesita, vacila, e se fragmenta.
Não sou apenas carne, nem só razão,
sou o espaço onde o impossível ganha forma.

Neste limiar de dúvida e esperança,
descubro que ser é perder-se,
e que a verdade do ser se esconde
no gesto frágil do instante.

⁠As mãos que tocam são o limiar onde o sujeito se perde para se reencontrar no outro. E o reencontro é a carne rasgada pelo desejo de ser inteiro outra vez.

⁠Quando o medo de perder é maior do que a alegria de partilhar, o amor já não respira — sufoca.

⁠A dependência pede garantias. O amor verdadeiro confia no que é incerto.

⁠Há quem ame para preencher o vazio, e há quem ame para compreender o próprio abismo.

⁠O amor é a única escolha que nos escapa ao livre-arbítrio, nasce antes da decisão e resiste à razão.

⁠A ecologia da vida humana ensina-nos algo precioso:
os sistemas onde vivemos moldam-nos.
E se nos moldam, também podem ser moldados.

⁠Escolher por nós próprios é, antes de mais, um ato de coragem.
É dizer: “Permito-me viver a minha verdade, mesmo que isso desaponte quem só amava a minha versão editada.”

⁠A verdade é que a liberdade assusta. Exige coragem. E, tantas vezes, é mais fácil vestir uma máscara do que enfrentar o desconforto de viver com autenticidade.
Acabamos por nos habituar à prisão confortável que construímos. Chamamos-lhe estabilidade.