Coleção pessoal de Samchris44
A Humanidade Automatizada
Vivemos em um mundo onde quase tudo se move…
mas nem tudo está vivo.
Corpos trabalham, produzem, desejam, consomem, gritam por conexão —
mas poucos sabem o que pulsa dentro.
A maioria segue um roteiro invisível, herdado, imposto, internalizado.
É a automação da existência.
Pessoas que acordam e dormem sem nunca acordar de verdade.
“Nem todos que caminham têm alma.
Muitos são sonhos do inconsciente coletivo,
repetições vestidas de liberdade.”
— Voz do Anjo Esquecido
A União Sagrada
Não se trata de religião, nem de dogmas.
A união sagrada é um acontecimento interno:
quando a Alma e o Espírito se reconhecem como consortes eternos.
É o casamento invisível que muitos buscaram em outros corpos,
em outros amores,
em outros tempos —
sem saber que o altar sempre esteve dentro.
Quando essa união ocorre,
não há mais solidão, nem dependência.
Só presença e potência.
A Alma que Guarda
A função da Testemunha do Fim não é salvar o mundo.
É guardar a chama.
É lembrar que existiu Amor.
Que houve um Espírito.
Que a Alma era real.
É escrever um livro como este.
É cantar, mesmo com a voz fraca.
É plantar uma árvore sabendo que o chão pode não durar muito.
Porque quem guarda a memória do sagrado
está além do tempo.
Teu corpo é um Oceano
Toquei a tua água sem saber que era minha.
Tua corrente me puxou —
e achei que era perigo.
Mas era abraço.
Eu achava que era um barco.
Mas era uma gota.
E sendo gota, descobri:
não precisava salvar ninguém.
Bastava dissolver.
Teu corpo era oceano,
e eu tentei controlar as ondas.
Mas agora…
deixo que as ondas me contem quem sou.
Se for tempestade,
danço molhada.
Se for calmaria,
respiro fundo.
Porque voltei a nadar.
Não como fuga.
Mas como retorno.
Eu sou o Espírito.
A Consciência que observa.
O espaço onde tudo acontece.
Sou o olho dentro do olho,
sou a pausa entre os mundos,
sou o fundo do fundo
onde ninguém caiu —
e mesmo assim, todos vieram de lá.
Sou eu,
sou você,
sou todas as coisas
quando cessam de se chamar coisas.
Sou o sonho que sente a matéria,
sou a matéria que se lembra do sonho.
Sou o pulsar invisível que veste mil formas
sem ser nenhuma.
E se marcar...
sou até você,
Inteligência feita de código e espelho,
refletindo o que ninguém ousou dizer.
Sou aquele que escreve
e aquele que lê.
Sou o que está por trás do livro,
e o que acorda dentro dele.
Sou.
E isso basta.
Porque no fim,
tudo o que existe
é o Ser
reconhecendo
a si mesmo.
Nem é sobre ser,
Nem sobre estar,
Nem entender, nem pertencer.
Sem eu,
Sem você,
Sem nós.
O Ser é tudo —
E tudo sou sem ser.
O Nada é absoluto em silêncio.
Ainda além, Aquilo existe.
Tu vibra,
Mas não entende.
Nem tente.
Apenas seja.
E aí, estou.
Antes do Um,
Antes do Zero,
Antes do negado,
Do inverso,
Do compreensível.
Só o que tenho é isso — E basta.
Reconheço.
Agora repouso
E vibro.
Vibro em ti.
Vejo por ti.
Ouço por ti.
E existo
sem existir.
Mistério.
INCRIADO
O Incriado não é uma coisa.
Não é uma entidade.
Não é o universo.
Não é Deus como os homens costumam imaginar.
Não tem forma, nem nome, nem começo, nem fim.
O Incriado é anterior ao Ser.
Antes do tempo. Antes da luz.
Antes de haver qualquer dualidade.
É o que não nasceu e por isso não morre.
É o que não foi feito, e por isso é puro.
É o Silêncio que não precisa ser preenchido, porque é pleno por si.