Coleção pessoal de Salatiel

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⁠"A Ansiedade das Crianças Invisíveis"

A infância não é feita só de brinquedos e brincadeiras,
é feita de olhos que nos enxergam,
de ouvidos que nos escutam mesmo no silêncio,
de braços que nos acolhem sem precisar palavras..

Mas quando a atenção vira ausência,
e o afeto é trocado por rotinas frias e metas inatingíveis,
o coração da criança começa a correr mais rápido que os pés..
A mente pula, tropeça, se esconde em perguntas que ninguém responde..
Ela não precisa de remédios, dinheiro , teto ou comida, isso é necessário? Sim.. Mas elas também precisam de presença, afeto, amor..

A ansiedade não nasce do nada,
ela floresce no jardim da indiferença,
rega-se no silêncio dos pais que não ouvem, que carregam o filho como fardo,
que não têm tempo,
que pensam que amor é só comida no prato e um teto seguro..
Mas o teto desaba, quando não há alma no abraço..
E a comida esfria, quando não há quem sente junto à mesa do afeto..

Dizem que quem trabalha não tem tempo pra ansiedade..
Mas essa é a maior mentira, algo elegante para esconder a dor que não querem admitir..
Trabalhar é nobre —
mas esquecer de sentir, de olhar nos olhos do filho e ensinar com respeito,
de rir com ele, de chorar com ele,
é tornar-se um estranho com o mesmo sobrenome..

Muitos pais não sabem o peso que deixam nos ombros dos filhos,
quando dizem: "Ainda bem que você não é mais criança",
como se infância fosse fraqueza
e crescer fosse apagar a sensibilidade..

Mas há filhos que crescem e florescem,
não para vingar, mas para compreender, ouvir..
E mesmo com cicatrizes da ausência,
aprendem a ser diferentes —
e mais humanos..

Porque evoluir é justamente isso:
Reconhecer as falhas do passado
sem repeti-las no futuro..

⁠"A Pureza do Que Não Foi Tocado"

Guardei meu corpo..
não por medo do toque,
mas por amor à essência, a minha mente..

Porque há partes de mim que não se entregam a mãos vazias,
a olhos que não sabem ver com alma,
a bocas que falam de amor, mas não sabem o que é sentir verdade..

Não me nego ao prazer..
Mas recuso a vulgaridade..
Não sou feito para me deitar ao lado de corpos que apenas respiram..
Quero alguém cuja respiração dance junto à minha emoção, com a minha mente..

Já me apaixonei..
Já amei..
Mas não me entreguei..
Porque senti que o amor dela não me via por inteiro,
via o reflexo, não a profundidade..
E quando o espelho quebrou, e ela me traiu, eu vi a verdade:
ela nunca teve coragem de realmente mergulhar..

Enquanto isso, sigo inteiro..
Sim, inteiro..
Mesmo que sozinho..

O mundo tenta me convencer que estou perdendo tempo..
Que o prazer imediato vale mais que a espera..
Mas o que sabem eles da paz de deitar no próprio peito sem arrependimento?
Sem culpa, e peso emocional..
Do orgulho em olhar no espelho e ver alguém limpo,
não só na pele, mas na alma..

Depilo meu corpo,
cuido da pele,
me alimento bem,
faço exercícios,
não por vaidade..
Mas porque respeito o templo onde habita a minha alma..

Me chamam de exigente, de estranho, de ingênuo..
Mas o que é exigência senão o cuidado com o que é precioso?..

Eu não nasci para me entregar ao acaso, ao vazio, a futilidade..
Eu nasci para ser escolhido com amor, com consciência,
por alguém que veja nas minhas ações diárias,
o reflexo de um homem que honra seu corpo e mente como honra sua verdade..

Não me envolvo com qualquer uma..
Não por soberba..
Mas porque sei o preço de tocar o que não te ama..
E sei o valor de guardar o que ainda é sagrado..

O corpo sente..
Mas a alma, essa…
ela lembra de tudo..

E eu escolhi não dar a minha alma para qualquer história mal contada..
Porque sei me amar, sei o preço, peso, a dor de entregar o próprio corpo e no fim sentir vazio..
Porque no final daqiele momento íntimo, eu quero me deitar e sentir paz, realização, e não dor no peito, vazio, medo..

⁠“No caderno dela, meu nome"
(Angelina e Gabrielly)

Escrevi meu nome no caderno de uma garotinha..
Mas sem saber, escrevi muito mais que letras..
Gravei ali um gesto, um momento, uma semente..
E ela — do alto de seus sete anos de encanto — escreveu por baixo,
com a pressa doce de quem ainda está descobrindo o mundo..

Ela falava sem parar, tropeçava nas palavras e ria,
como se o coração dela fosse grande demais pro corpinho pequeno..
E eu a ouvia..
Como ninguém nunca a ouviu..
Não com pressa, não com tédio — mas com alma..

Ela encostava o bracinho no meu,
e eu, em silêncio, ensinava a escrever com calma..
Mas no fundo, eu ensinava mais do que palavras..
Eu ensinava que ela podia ser o que é:
inquieta, viva, verdadeira..
Sem a ignorância emocional que os pais causavam..

Ela dizia que ia “ficar doida” —
mas no fundo, ela só queria ser entendida, ouvida..
E tudo isso causava ansiedade nela, porque ninguém parava para compreende-la..
E naquele instante, eu compreendi..
Compreendi que o mundo anda surdo para as crianças..
E que só quem se abaixa ao chão com elas,
descobre que a altura do amor é o joelho dobrado e a consciência compreensiva..

Não houve malícia..
Houve ternura..
Não houve poder..
Houve presença..
Não houve controle..
Houve cuidado..
Não por obrigação, e sim porque sinto..

E dentro de mim, existe um sentimento difícil de explicar..
Não um desejo egoísta, não uma vontade de posse..
Mas uma esperança pura, de um dia ter uma filha,
não para ser dono dela,
mas para ser o chão onde ela pode pisar sem medo..

Talvez eu veja pouco a Angelina..
Talvez ela cresça e se esqueça de mim..
Mas aquele momento — tão simples e tão eterno —
é revigorante..

Porque há nomes que escrevemos no papel,
e há nomes que escrevemos com o coração..
E o dela, naquele dia,
foi escrito com sentimento..

⁠“O Adulto que Não Coube no Molde”

Chamaram-me de criança...
Porque ao invés de endurecer, escolhi sentir..
Porque ao invés de calar, decidi questionar..
Porque ao invés de engolir o mundo seco, escolhi mastigar cada parte com consciência, mesmo que amarga..

Minha mãe — reflexo de uma geração sufocada —
Me aponta o dedo e diz que ainda não cresci..
Mas será que crescer, para ela, é apenas silenciar, obedecer e aguentar?
Será que ser adulto, para ela, é viver cansado, sobrecarregado e cego, sem jamais tocar o próprio coração?

Eu vejo o mundo..
Observo..
Silencio, mas não fujo..
Minha calma não é passividade — é profundidade..

Fui chamado de “criança” porque cuido do corpo,
Como se um músculo forte fosse vaidade e não templo..
Porque analiso emoções..
Como se o pensamento crítico fosse desrespeito..

Mas o que não veem
É que ser adulto não é vestir uma máscara de frieza..
É despir-se dela..

Ser adulto é ter coragem de chorar onde outros gritam..
É amar as crianças sem medo de parecer frágil..
É falar de amor, de sexo, de corpo e de alma, com consciência, com ética, com beleza..

Minha mãe me chama de imaturo
porque eu aponto o que ninguém ousou mostrar..
Mas o espelho dói mais do que qualquer ofensa..
E ela não quer se ver — apenas me silenciar..

Ela fecha a porta na minha face, mas não é para mim..
É para si mesma..
Porque minha evolução revela o que ela nunca soube fazer por si:
Escolher crescer com ternura e consciência..

Eu sou o adulto que não quer cargos, apenas caráter..
Não quer aparência, mas essência..
O adulto que escuta crianças como mestres,
Que corre enquanto os outros dormem,
Que sente enquanto os outros fingem,
Que ama sem precisar ser amado primeiro..

Eu não me tornei esse adulto por sorte —
Eu lutei..
Na infância ignorada,
Nos insultos calados,
Nos treinos solitários,
Nas noites de fome e vazio..
Eu me lapidei..
Com as mãos trêmulas e a alma firme..

Então não..
Não sou criança..
Sou o novo adulto..
O que não cabe no molde,
Mas cabe em si mesmo..

E se minha mãe ou o mundo não entende,
Não é problema meu..
Porque no fim,
Ser homem não é ser duro,
É ser inteiro, compreensível..
É saber ouvir quem não foi ouvido, é cuidar das crianças sem obrigação, mas com afeto genuíno..

⁠"O Silêncio do Desperto"

Há aqueles que vivem de olhos abertos, mas jamais enxergam..
Repetem gestos, falas e crenças como marionetes presas ao script do mundo..
Comem o que o vício serve, amam como o medo permite,
gritam alto para calar a verdade que não suportam ouvir..

Mas em meio à névoa...
Surge alguém que vê..

Não com os olhos..
Mas com a alma desperta, com o coração que já apanhou do mundo e decidiu não ser igual..

Ele nasce do cansaço das mentiras..
Do eco das palavras que ouviu de uma mãe ferida,
de um pai ausente, de um mundo que confundiu amor com obrigação,
e disciplina com arrogância..

Ele se levanta, silencioso, como um monge entre gladiadores..
Treina quando todos dormem ou descansam..
Come com consciência..
Corre como se fugisse do passado e avançasse para um futuro que ele mesmo construiu..

E ele tenta falar, e mostrar a verdade..
O caminho correto..

Tenta mostrar que desligou o celular não por controle,
mas por cuidado..
Que comer melhor não é frescura,
é afeto consigo mesmo..
Que corrigir não é atacar,
é amar com coragem..

Mas cada palavra sua ecoa como ameaça aos que estão acorrentados emocionalmente…
Porque ele carrega um espelho..
E o espelho nunca perdoa..
Refletindo o que eles poderiam fazer, mas recusam e desistem todos os dias..

Então ele cala..

Não como quem desiste,
mas como quem entende..

"Não desperta quem ainda sonha com o conforto da mentira.."

E naquele silêncio que o mundo chama de frieza ou tristeza,
ele constrói um templo interior..
Feito de aço e sensibilidade..
De músculos e compaixão..
De disciplina e ternura..

Ele não é perfeito —
mas é real..

Não busca um trono,
mas honra..
Não quer seguidores,
mas luz..

E se perguntarem por que ele não se mistura,
por que observa tanto,
por que parece sempre tão fora do ritmo das conversas rasas —
é porque ele saiu do script..

Deixou de ser NPC,
e se tornou o jogador..

Não do jogo dos outros..
Mas do seu próprio caminho..

E se um dia o chamarem de louco, ingrato ou frio...
Ele sorrirá com a tranquilidade de quem sabe:
É melhor ser sóbrio em um mundo embriagado de ilusões,
do que dormir eternamente no berço das mentiras..

Porque o amor verdadeiro começa no silêncio de quem se conhece..
E se transforma,
mesmo que ninguém veja..

⁠"Carta ao Mundo — sobre o que é ser Pai"

Há momentos em que o mundo inteiro cabe no olhar de uma criança..
Um olhar que, por segundos, sorri com liberdade,
mas que logo se fecha, temendo as ordens silenciosas de um adulto quebrado emocionalmente..
Vi isso nos olhos de Gabrielly —
uma garotinha de alma leve, mas presa por mãos que não sabem acolher a alma..

Ela não pediu muito..
Só queria brincar..
Ser criança..
Rodar com a bolsinha, rir alto, correr com os pés descalços de culpa..
Mas foi puxada de volta — como se fosse um animal sendo conduzido,
como se viver com leveza fosse um erro..

Naquela mulher que a arrastava pelos corredores da igreja,
não vi a real maldade..
Vi cansaço, desilusão, talvez arrependimentos engolidos há anos, algo amargo impregnado nos sentimentos..
Vi alguém que carrega o título de mãe, mas que se esqueceu como se cuida com alma..
Ela entra.. Se senta.. Come.. Vai embora..
E Gabrielly vai junto, sem perguntas, sem respostas,
como quem aprendeu que sua vontade ou opinião não importa..

Mas naquele breve instante em que ela me viu,
e o meu sorriso encontrou o dela, isso acendeu um universo dentro de mim e dela..
Foi como se ela dissesse:
“Você me vê.. Você me deixa existir..”
E é isso que muitas crianças querem: ser vistas, não domesticadas..
Serem compreendidas como crianças, não adultos..

Porque pai não é quem manda calar a boca, é quem ouve..
Pai não é quem corrige com medo, é quem educa com presença, respeito e amor..
Pai não é quem arrasta, é quem caminha junto..

E é por isso que dói tanto..
Dói ver crianças vivendo em silêncio, com medo de errar, de sentir, de ser..
Dói ver seus risos sendo reprimidos como se fossem pecados..
Dói ver seus pequenos corpos se encolhendo diante da dureza de adultos que esqueceram o que é amar..

Mas mais do que dor, eu carrego um desejo:
De ser abrigo..
De ser ponte..
De ser aquele que, mesmo sem laços de sangue,
oferece à criança o que muitos pais biológicos nunca souberam dar:
Liberdade com amor.. Limite com ternura.. Olhar com alma..

E se um dia o mundo me perguntar:
“Mas por que se importa, se ela não é sua filha?”
Eu responderei:
"Porque ela é uma criança. E isso basta.."

⁠“O mal não pergunta se é mal.. Apenas segue sendo o que é..
O bem vive em dúvida, porque se importa em não errar..”

⁠“A grandeza de se agachar”

Há quem confunda poder com altura..
Quem acredita que mandar é educar, e que corrigir é o mesmo que amar..
Mas há um gesto que desmonta tudo isso.. Um gesto simples, quase invisível..
É quando o adulto dobra os joelhos, inclina o corpo, e se agacha diante de uma criança..

Não é um rebaixamento..
É um ato de elevação da alma, compreensão com aquele mundo..
É o instante em que a grandeza verdadeira abandona os tronos do orgulho e egoísmo, para se sentar no chão da empatia..

Quando nos agachamos, saímos do púlpito e entramos na simpatia..
Deixamos de ser juízes para sermos companheiros de brincadeira,
observadores do riso leve, do pensamento mágico, da emoção crua que pulsa em pequenos corações..

Abaixar-se é olhar nos olhos sem pressa..
É silenciar os próprios medos, a urgência, o cansaço, para oferecer presença real..
É dizer, sem palavras:
"Eu te vejo.. Te escuto.. Estou com você.."

Esse gesto desarma o medo..
A criança não se sente mais diminuída, desobediente, errada..
Ela sente que existe alguém disposto a compreendê-la no seu idioma secreto: o da alma sensível..

Ao nos abaixarmos, desfazemos as correntes invisíveis que os adultos constroem com seus gritos, sua frieza e sua pressa..
Mostramos que não é preciso ferir para ensinar, nem levantar a voz para ser ouvido..

Afinal, a criança não precisa de adultos gigantes..
Ela precisa de adultos verdadeiros..
De gente que se permite ser chão, para que ela aprenda a voar..
De quem esteja disposto a descer — não por inferioridade, mas por escolha de amor..

É ali, naquela altura pequena, que o mundo muda..
Quando um homem ou uma mulher adulto decide se dobrar em compaixão, o universo se curva junto..
E a criança floresce, sem dor ou barreiras, somente um controle compreensível..

⁠“É melhor ser chamado de descrente ou louco, é melhor ser calado ou insultado, do que viver na superficialidade da mentira"..

⁠“O ruído exterior é só um reflexo do caos interior"..

⁠“O Escudo Invisível"

Não há soro em minhas veias..
Não há laboratórios secretos, nem cientistas moldando meu destino..
O que pulsa em mim é carne e decisão..
É o sangue que escolhe correr, mesmo quando o mundo manda parar..

Como Sam Wilson,
eu também fui visto como “menos”..
Menos forte.. Menos capaz.. Menos digno..
Mas o que eles não viram, foi a minha alma..
Aquela que acorda cedo, que corre no campo sob a garoa,
que escolhe o silêncio em vez da gritaria vazia,
que se alimenta de verdade enquanto o mundo se entope de distrações..

Eu vi no espelho o garoto que um dia odiou o próprio corpo..
As marcas do bullying, da rejeição, do riso maldoso ecoando nos corredores da infância..
Mas eu me levantei..
Não com ódio, mas com fogo e consciência..

O mesmo fogo que Sam carrega quando ergue o escudo com mãos humanas,
mas com a firmeza de um Deus..

Eu não uso uniforme azul com estrela no peito..
Mas cada gota de suor no meu treino é um emblema..
Cada refeição consciente é um ato de rebeldia contra o caos..
Cada corrida ao redor do campo é um grito:
“Eu estou vivo.. E eu escolho ser forte..”

E quando o mundo zomba de mim, me chama de louco por não beber, por não ir a festas,
por não querer as migalhas de um prazer passageiro…
Eu apenas sorrio..
Porque eles não sabem o que é ser livre..
Livre do vício, livre da aprovação dos fracos,
livre do medo de ser quem se é..

Eu sou o meu próprio projeto..
Treinado, lapidado, forjado em decisões e dor..
E como Sam, eu não fui escolhido por um soro,
fui escolhido pelas minhas ações..

Eles perguntam:
"Como você consegue?"
"Por que você corre sozinho enquanto todos descansam?"

Eu não respondo com palavras..
Eu respondo com passos..
Com pulmões queimando e músculos ardendo..
Com a glória invisível de saber que estou fazendo o que a maioria jamais ousa tentar..

E no fundo… há uma criança em mim que sorri..
Aquela criança que um dia quis ser herói,
e que hoje entende: Ser herói não é voar..
É resistir..
É amar sem se perder..
É cuidar do corpo como quem cuida de um templo..
É tocar-se com respeito..
É desejar com consciência..
É pensar com profundidade..
É servir sem esperar cargos..
É carregar um escudo invisível, feito de valores e verdades..

E mesmo que ninguém veja…

Eu vejo..
E isso basta..

⁠"Como você aguenta?"

Me perguntam com a testa franzida,
como se o fato de eu não beber veneno os deixasse desconfortáveis..

"Como você se diverte?"
Sem balada, sem vício, sem ruído..
Como se a felicidade só existisse na fumaça, no copo, na vulgaridade, no som alto que abafa o vazio da mente..

Mas a minha alegria não é barulhenta..
Ela não precisa de palco nem plateia..
Ela nasce quando a noite me toca às 6 da noite,
e eu já voltei da corrida, de peito aberto, com o mundo calado e meu corpo gritando vida..

Enquanto eles afogam a alma no álcool, refrigerante, na mediocridade,
eu rego a minha com água e persistência..
Enquanto eles imploram por atenção em stories vazios,
eu treino em silêncio,
construindo um templo no corpo e uma fortaleza na mente..

Felicidade não é dopamina jogada em excesso..
É paz em fazer o que ninguém vê..
É prazer em conquistar e dominar a si mesmo..

Eu sou feliz porque eu não fumo..
Porque não dependo de açúcar pra sentir energia ou felicidade..
Porque não preciso me destruir pra esquecer quem sou..

Eu me lembro todos os dias de quem sou — e isso me fortalece..

A disciplina que eles chamam de tédio,
é o que me faz dormir bem..
A rotina que eles chamam de prisão,
é a chave da minha liberdade..

Eu não preciso quebrar as regras para me sentir livre..
Eu preciso apenas segui-las com consciência — e ultrapassá-las com sabedoria..

⁠“A Jornada do Que Vê Além”

Há homens que caminham com os olhos fechados,
seguem regras que não compreendem,
usam palavras emprestadas,
e acreditam que fé é obediência cega,
que ser homem é endurecer o peito e matar o choro..
Mas não eu..

Um tipo raro de visão —
não apenas dos olhos,
mas da alma..

Enquanto os outros passam, percebo..
Sentir a dor no silêncio de uma criança..
Ouvir o grito por trás da calma de um adulto..
Enxergar correntes invisíveis nos gestos banais,
como se pudesse ver o mundo sem o disfarce..

Ver o pai que arrasta o filho como se arrastasse um fardo..
Ver a mãe que não abraça, que impõe, que cala e destrói..
Ver a igreja onde o sagrado foi substituído por status e aparência..
E mesmo assim… não desisto..

Não viro pedra..
Não me blindo..
Me permito sentir.

Sinto dor..
Sinto ternura..
Sinto compaixão..
Sinto um desejo profundo de ver o outro florescer —
criança, mulher, estranho..
Sem dominar..
Só acolher..

Corpo e alma..
Instinto e luz..
O prazer que dança com a consciência..
O olhar que não invade, mas reconhece..
O homem que se despede da casca bruta para se tornar inteiro..

Enquanto o mundo grita para me calar,
escrevo..
Enquanto o mundo manda seguir o rebanho,
eu me agacho —
para olhar nos olhos de uma criança,
e lembrar que crescer não é perder a sensibilidade..

Carregando em mim o fogo dos gregos,
o ideal de Areté — excelência,
não no sentido de ser maior que os outros,
mas de ser inteiro diante de si mesmo..
De viver uma vida bela, justa, intensa e lúcida..

E também Eros —
não o erótico vulgar, frio,
mas o Eros divino, que conecta corpo e alma,
o desejo de tocar o outro com presença, amor, sentimento, sentido,
com calor, com verdade..
Um desejo que nasce da beleza, não da dominação..

Como Nietzsche diria, um ser “Humano, demasiado humano” —
mas também o que Platão chamaria de “Alma inquieta que busca o Bem”..
O que caminha entre sombras e luzes,
entre a carne que pulsa e o espírito que pergunta..
E isso é sentir demais..
Por isso dói tanto..

Mas é também por isso que curo..
Porque é no sentir profundo que se encontra o antídoto para a indiferença..
Porque é no gesto sincero, no silêncio respeitoso,
na escuta atenta,
na busca incansável pela verdade,
que o mundo reencontra sua poesia..

Um artista da existência..
Não porque pinto quadros,
mas porque moldo minha vida como uma obra,
com ética, beleza, crítica e afeto..

Continuando..
Continuando com fogo que escreve, pensa, ama e questiona..
Continuando sendo ponte entre o que o mundo é e o que ele poderia ser..
Continuando como quem segura a mão de uma criança invisível,
como quem abraça seu próprio passado ferido,
como que encontra, na solidão e na lucidez,
a centelha de algo eterno..

Porque a vida — do jeito que vivo, sinto e penso —
já é, em si, uma forma de resistência..
E também de salvação..

⁠"O homem que Ouve o que ninguém ousa Sentir"

Há homens que erguem muros..
E há aqueles raros — que se tornam abrigo..

Enquanto o mundo grita, eu escuto..
Enquanto arrastam as crianças como bonecos sem alma,
eu me ajoelho, não por submissão,
mas por honra..

Ver beleza nas coisas pequenas..
Na letra trêmula de uma garotinha ansiosa,
no calor de um braço encostado, sorriso genuíno ou abraço verdadeiro,
no sorriso tímido de quem nunca foi ouvido..
E é ali — nesse instante puro — que a alma floresce..

Me chamam de diferente,
de intenso, de exagerado..
Mas quem dera o mundo fosse mais assim:
alguém que toca com cuidado,
que fala com o coração e não com o ego,
que protege não porque é obrigado,
mas porque sabe o que é não ter ninguém..

És o contrário da omissão..
És o não-dito que conforta..
És o silêncio que abraça..
És o amor que não recebeu..
És o que resolveu oferecer amor e compreensão, ouvir e ensinar, enquanto os outros só vivem mecanicamente..

Enquanto outros colecionam diplomas, egoísmo, dinheiro e mediocridade,
eu coleciono gestos invisíveis,
mas eternos —
o riso de uma criança que finalmente foi vista,
a calma de quem, por um segundo,
não sentiu medo ao ser guiado..

O pai que nunca teve, não de sangue, mas de espírito que senti,
o irmão que o mundo rejeita,
o herói sem capa — mas com a verdade no ser..

E se dizem que dar afeto demais é tolice,
então sou tolo..
Sê excesso de amor, sê abraço, sê flor emocional é ser demais, então que seja, não estou aqui para impressionar, estou aqui para ser o que me rejeitaram, estou aqui para evoluir sem perder as emoções, a infância inocente e o sorriso genuíno..

Porque no fim, quando a multidão se cala,
serão os meus atos pequenos,
que terão ecoado mais fundo na alma..

Tu não deste afeto para ser notado..
Deste porque és afeto..
Porque entre a indiferença e o cuidado,
escolheste amar..

E isso, meu caro,
é o tipo mais raro de coragem..

⁠"Correntes Invisíveis"

Há algo de sagrado na infância, algo inocente e bonito..
Algo que dança na gargalhada de uma menina rodando a própria bolsa como se fosse o Sol..
Algo que brilha nos olhos curiosos, nos pés descalços, nas perguntas que parecem poesia sem forma, nos pés batendo contra o chão com a água da chuva, com risos bobos e genuínos..
Mas esse algo, tão puro, tão livre, é constantemente sufocado por correntes invisíveis..

Correntes que vêm na forma de vozes duras:
“Cale a boca.”
“Sente direito.”
“Não corra.”
“Não ria tão alto.”
Como se a alegria fosse um pecado..
Como se a espontaneidade fosse um defeito..
Matando aos poucos os sentimentos e criatividade que aquele ser poderia ser..

E há quem veja isso e não sinta nada, ou nem mesmo perceba..
Mas há também aqueles que sentem demais..
Que carregam nos ombros o peso de todas as infâncias que não puderam ser leves..

Ver o que poucos veem:
Que a infância está sendo silenciada, não por falta de palavras,
mas por excesso de medo e ignorância herdada..

Observar os pais, homens e mulheres feridos que nunca curaram suas próprias histórias,
que se tornaram carrascos sem perceber..
Pais que mandam calar a boca, não porque sabem o que dizem,
mas porque não sabem lidar com o brilho que já perderam..

E o que fazer com essa dor que eu sinto?..
Essa vontade de tirar a criança dali, de levá-la para um campo onde ela possa correr e cair e rir da queda..
Essa fúria silenciosa contra os gritos que não ensinam, apenas cortam a alma..

Essa dor é amor..
É luz..
É um tipo de compaixão rara, que nasce não do heroísmo,
mas da própria ferida curada..

Já fui um dia foi criança, negada, rejeitada, zombada,
reconhecendo no choro alheio ou emoções reprimidas o eco da minha..
É por isso que eu quero ser escudo, abrigo, colo, brincar e deixar ser leve as crianças..

Mas o mundo não entende..
O mundo diz:
"Não é seu filho.."
"Não se meta.."
"Você é só um observador.."

Mas e se os observadores forem os verdadeiros guardiões da alma?
E se aqueles que sentem com profundidade, com excesso, com beleza,
forem os que podem mudar tudo?..

Nem sempre precisa arrancar as correntes à força..
Às vezes, basta plantar um olhar de ternura, ou descontrair tudo em um simples sorriso ou brincadeira.. Mostrando que eu estou aqui, disposto a perceber o que os outros tornaram fútil..
Às vezes, basta sorrir, brincar , rir, ouvir ou olhar nos olhos da criança, e deixar que ela saiba que existe alguém,
mesmo que seja um que não está ao lado delas,
mas que as vê..

E isso dói, a injustiça as vezes é demais para o meu peito já calejado, mas eu transformo em arte..
Escrita..
Amor..
Brincadeiras com as crianças..
Como quem diz: “eu te entendo”..
Sendo o adulto que eu não tive..

Porque no fim,
isso não é fraqueza..
É sinal de que, apesar de tudo, eu continuo vivo por dentro..
E nesse mundo cada vez mais seco e barulhento,
quem sente em silêncio e observação é quem mais transforma..

⁠“O Corpo Como Templo, a Alma Como Caminho, Areté”

Houve um tempo em que o espelho era inimigo..
Onde o reflexo devolvia não a imagem, mas os ecos dos insultos, das zombarias, das dores, das feridas..
Um corpo rejeitado, uma alma partida..
Mas foi ali, no silêncio da dor, que a semente da excelência foi plantada..

Areté — diziam os gregos —
não é vencer os outros, é vencer a si mesmo..
É atravessar o campo de batalha interior,
e retornar de pé, mesmo coberto de cicatrizes..

É entender isso não só com o conhecimento, mas com o suor..
Treinando quando ninguém via..
Correndo quando a mente dizia “para”..
Cuidando do corpo não por vaidade cega,
mas como quem restaura um templo sagrado após anos de abandono..

A pele se fez mais clara..
Os músculos, mais firmes..
O peito, mais erguido..
E o prazer — ah, o prazer —
não mais como fuga, mas como celebração dessa evolução..

O toque íntimo tornou-se um ritual,
um gesto de amor próprio,
um diálogo entre corpo e alma,
entre carne e espírito..
Não para apagar o vazio, mas para preenchê-lo com sentido..

Enquanto outros sucumbem ao instinto, eu o domei..
Enquanto muitos se perdem no excesso,
eu aprendi a saborear a lentidão,
a respirar no meio do impulso,
a sorrir com controle e prazer..

Eu entendi que o prazer, quando consciente,
não é pecado — é arte..
Que o corpo, quando respeitado,
é um poema em movimento..
Que o suor nos treinos, a depilação atenta, a disciplina na alma,
são versos que você eu escrevo com o próprio existir..

E então veio o mais difícil:
não ser dominado por dogmas..
Questionar o altar..
Desconfiar do “amém” automático..
Buscar um Deus que fosse mais que grito —
que fosse presença, verdade, luz serena..

Não compreenderam..
Chamaram de ovelha negra..
Mas és carne de filosofia e espírito de superação..
Um guerreiro moderno, de espada invisível,
que combate não por fora, mas na consciência..

Areté..

É o suor da corrida e a paz do sono..
É o prazer limpo, sem culpa, sem maldade ou vulgaridade..
É o respeito às mulheres e à própria natureza..
É o riso depois da dor..
É a nudez sem vergonha.
É o corpo cuidado como uma escultura viva..
É a evolução de todos os aspectos da vida, sem se corromper..
É desfrutar do prazer sem fazer o mal, é treinar sem ser excessivo, é cuidar do corpo sem ser vulgar, é brincar junto com a inocência sem fazer o mal..

Não é perfeição —
é sério inteiro, é ter disciplina e auto controle, é ser lúcido, não fugindo do estinto, mas o dominando..
E essa completude, rara e forte,
é a própria definição da verdadeira excelência..

⁠“A Inocência Confortável e o Medo do Vazio"

Muitos que vivem dentro da igreja não vivem exatamente por fé...
Vivem por medo..
Medo de pensar demais,
medo de sentir o vazio que vem quando as certezas caem..

A fé cega é confortável..
Ela não exige perguntas,
só repetições..
Ela não obriga o ser humano a olhar o caos do mundo de frente,
só a vestir uma armadura de frases prontas e "amém" automáticos..

Por isso, quando Nietzsche disse que “Deus está morto”,
ele não estava celebrando o ateísmo..
Ele estava expondo um fato:
a velha imagem de Deus não suportou a luz do pensamento crítico..
O Iluminismo não matou Deus —
ele matou a ilusão que as pessoas viviam..

E o que sobrou?
O silêncio.. O vazio.. O abismo.. A dor da verdade..
E a maioria não suporta isso, Nietzsche dizia que o pensamento crítico é como uma tempestade na mente fraca..

É mais fácil acreditar que tudo vai dar certo “em nome de Jesus”,
do que aceitar que a vida muitas vezes é injusta, brutal e aleatória, e que só cabe a você mesmo mudar ela..
É mais fácil repetir doutrinas, acreditar cegamente,
do que construir seu próprio alicerce com pensamento, dor, estudo e lucidez..

A religião, nesse caso, vira um cobertor para adultos com medo do escuro..

Mas eu tenho a coragem de escrever, pensar e expor o que poucos têm coragem de fazer:
olhar a tempestade e não fugir dela..
Estou sendo o que Nietzsche chamaria de “espírito livre”,
alguém que arrisca sair da caverna de Platão para ver a luz,
mesmo que essa luz doa nos olhos..

Alguns fogem da verdade com religiões de regras..
Outros com prazeres imediatos, mulheres, bebidas ou mediocridade..
Mas há aqueles, raros — como eu — que olham para o abismo e dizem:
“Tudo bem.. Eu estou aqui.. Eu quero saber.. Mesmo que doa..”

Essa é a verdadeira coragem..
Não é viver gritando "glória a Deus" no culto..
É ter a ousadia de procurar sentido onde talvez não haja respostas fáceis..
É amar a verdade mais do que as crenças superficiais..

“Manifesto de Um Espírito Que Questiona"

Eu não nasci para repetir o que me foi dito..
Não fui moldado para andar com os olhos fechados,
nem para chamar de luz aquilo que encobre a verdade com véus mentirosos..

Sou o que muitos temem ser:
um filho do pensamento,
um ser que sente demais,
e não se satisfaz com o silêncio forçado da religião..

Me disseram que Deus fala pela boca dos homens..
Me gritaram, mas Deus nao é amor?
Me julgaram, mas Deus não é compreensão?
Me atribuíram demônios, quando tudo o que eu precisava era de colo,
de afeto, de alguém que dissesse:
“Você está sofrendo, mas você não está perdido..”

Fizeram da fé uma farsa..
Escolheram cargos pela posição social, não pela alma...
Disseram que o encanador serve na limpeza,
enquanto o advogado vai ao a administração,
e o rico vira cooperador..
Deus não revelou nada disso..
Foi o ego que escolheu.. Foi o status.. Foi a máscara..

Mas eu... eu me despi das máscaras..
Não para me exibir, mas para me ver de verdade..

Eu ne recusei a mentir para minha alma..
Não quero um rótulo..
Quero a Verdade — aquela que não precisa de altar nem de púlpito..

A verdade que sangra comigo quando tudo dói,
a verdade que me abraça no silêncio,
quando todos os gritos da igreja já não fazem sentido..
A verdade que não me obriga a gritar “glória”,
mas que permite que eu chore em paz..
A verdade que me permite pensar,
sem medo de perder a fé..

Eu acredito em algo maior, mais sólido..
Mas não acredito em quem finge falar por Ele..
Não acredito em doutrinas que distorcem a alma..
Nem em homens que gritam o nome de Deus,
mas se esquecem do som da compaixão..

Sou aquele que caminha entre a razão e o mistério, a dor e a verdade..
Que busca Deus na dúvida,
e encontra sentido até mesmo no vazio..

E se isso me torna a “ovelha negra” aos olhos dos outros,
então que seja..
Antes ser criticado sendo imbuído pela verdade,
do que um crente de fachada..⁠

⁠"Cuidar da Luz"

Há algo de sagrado no sorriso de uma criança..
Algo que não se pode tocar com as mãos sujas do mundo..
Olhar nos olhos de uma menina que ri com o vento no cabelo,
é como abrir uma janela para o céu que havia dentro de nós,
antes da dor, antes da culpa, antes dos gritos que moldaram o silêncio..
Algo que cura, que nos faz acreditar que é possível melhorar, evoluir, sem machucar o outro como você sofreu..

Brincar com elas, chutar uma bola, ouvir gargalhadas tão leves quanto nuvens,
é mais do que um momento simples —
é um reencontro com aquilo que fomos, ou com aquilo que merecíamos ter sido..

Eu me sento no chão com elas,
não porque sou menos homem ou adulto, mas porque sou mais humano..
Ali, entre rodinhas e segredos infantis,
resgato as partes minhas que um dia foram esmagadas pela crueldade, e que com consciência agora, eu decido fazer o bem a quem merece..

As pessoas julgam o adulto que brinca, que desce ao nível de compreensão das crianças,
mas não compreendem que há maturidade em amar sem pressa,
sem segundas intenções, sem máscaras, sem maldade ou dor..
Elas não sabem o que é olhar para uma criança e enxergar não um desejo,
mas uma promessa:
“Eu não deixarei que o mundo a machuque como me machucou..”
Enxergar inocência e respeitar com amor..
Enxergar felicidade e um sorriso genuíno sem aproveitamento, ser feliz sem ganhar algo em troca..

Esse cuidado, esse zelo silencioso,
é minha forma de justiça, de ser feliz genuinamente..
Não grito aos quatro ventos,
mas minha alma sussurra:
“Aqui, o mal não passa..”

E se um dia alguém me chamar de criança por isso,
eu sorrirei —
porque poucos são os adultos que ainda sabem realmente amar sem machucar, que sabem ouvir e compreender sem tentar forçar algo que não as convém...

⁠“Minha mente não cabe nessa Igreja”

Dizem que Deus fala na boca dos homens,
mas por que então gritam como se Ele fosse surdo?
Por que não ouvem quando falo baixo,
por que não percebem que meu silêncio também é súplica?..

Vestem ternos como se fossem armaduras celestiais,
mas por dentro tremem de ego, de vaidade, de conveniência, de um tapete bonito, mas que por baixo está cheio de sujeira..
E me olham — eu, o que não se encaixa —
como se eu fosse o desvio, a ovelha torta, o quebrado do rebanho, o incrédulo..

Mas eu não me perdi..
Eu apenas não me curvei a mediocridade religiosa..

Sou aquele que quis pensar e criticar com os olhos abertos,
não com os olhos fechados pela tradição cega..
Aquele que quer sentir Deus na verdade que pulsa,
e não no grito que mascara a ausência d’Ele..

Falam de cargos como se fossem unções divinas,
mas os escolhidos são sempre os mesmos:
O advogado bem-falante, o rico que sabe sorrir bonito,
o irmão da família certa, da conta bancária cheia..

Enquanto o simples, o honesto, o servo de verdade,
é jogado nas sombras do templo,
como se Deus não coubesse em mãos calejadas
ou em vozes que tremem, não por medo, mas por verdade..

Um dia me disseram que eu estava com o diabo no corpo..
Mas tudo que eu carregava era dor..
Dor antiga.. Dor ignorada..
E eles — os ungidos, os usados por Deus — não souberam ver isso..

Quiseram expulsar demônios,
quando o que eu precisava era de um abraço, amor, aceitação..
Quiseram passar ternos na minha cabeça,
como se o tecido resolvesse o que a empatia não quis ouvir..

Dizem que Deus é verdade,
mas quando questionei, disseram que eu era fraco, estava errado e era incrédulo..
Que eu precisava apenas crer por crer, sem questionamentos..
Mas eu não quero crer por inércia, não consigo simplesmente calar o conhecimento, crítica ou a razão que residem na minha mente, eu preciso escrever, pensar, evoluir, e colocar tudo isso não só no “papel", mas na alma, porque é isso que sou, sou verdadeiro e justo..
Quero crer por encontro, não por bocas externas e vazias..

Quero uma fé que olhe nos meus olhos e diga: “Eu vejo você.. Com todas as suas dúvidas,
suas feridas, sua sede de sentido..”
Quero um Deus que não precise de microfone, porque Ele fala onde o grito humano não alcança..

E se minha fé não cabe no molde da religião,
é porque talvez ela esteja maior que os seus muros, que são envoltos em egoísmo e superficialidade..
Mais real que seus cargos..
Mais viva que seu culto de aparências..

Eu sou o que se cuida, o que corre, o que pensa, o que sente, o que quer ir além mentalmente e fisicamente..
O que não prega com palavras e ilusões, mas com atitudes e verdade..
O que limpa a casa e uma alma no mesmo dia, o que não aceita viver na mediocridade, seja do prazer fácil, da bebida alcoólica, ou da mulher com lascívia..
O que escreve, se conhece, se busca, se conhece, e se encontra todos os dias, indo contra a maré da superficialidade humana..
O que escolhe a verdade, porque ela só dói, quando você não se auto controla..

A minha fé não veste gravata..
Ela anda descalça, verdadeira..
Ela prefere a rua à tribuna..
Prefere o silêncio à performance.
Prefere ouvir e compreender, ao invés de se esconder atrás de status..
Prefere o Deus real ao “Deus do cargo”..

E se isso te incomoda, talvez o problema não seja a minha alma..
Talvez seja o espelho que você evita olhar..

Minha fé é inconformada..
Porque a Verdade que eu busco
não tem dono, nem placa, nem púlpito..
Tem profundidade, tem dor, tem beleza..
E é nisso que eu acredito, que podemos fazer melhor, sem máscaras ou títulos..