Coleção pessoal de Salatiel
O Riso dos Cegos
Vivemos numa praça onde o sofrimento é espetáculo..
A traição, que deveria ser manchada de vergonha, é coroada como esperteza..
E o traído, que carregou o peso da entrega,
torna-se motivo de chacota nas bocas ocas de quem nunca soube amar..
Riem do traído, como se o erro fosse sua confiança,
como se amar com pureza fosse um ato de ingenuidade..
Mas não percebem que, ao rir, revelam sua própria miséria..
Riem para esconder o medo de serem eles os próximos a sangrar,
riem para mascarar o vazio que os corrói por dentro..
A sociedade aplaude o traidor como quem aplaude o ladrão que foge..
Confunde malícia com inteligência,
confunde dor alheia com entretenimento..
Não sabem que rir da vítima é assinar o pacto com a sombra:
é admitir que a alma se acostumou ao escuro..
O traído não é fraco, é forte..
Fraco é quem ri, fraco é quem fere,
fraco é quem chama covardia de conquista..
O traído chora, mas o choro é água que lava..
O riso do zombador, este, não purifica nada:
apenas revela o apodrecimento da consciência..
Um dia, quando o eco da zombaria se perder no vento,
o que restará será a dignidade silenciosa de quem sofreu em verdade,
e o vazio ensurdecedor de quem transformou dor em piada..
A mente frágil se enfurece diante da razão, pois a verdade expõe sua limitação mental.. Muitos preferem a sombra confortável da ilusão à luz intensa da realidade — como prisioneiros na caverna de Platão, apegados ao engano que os mantém adormecidos.. Porque preferem a doce mentira, porque tem medo da realidade, do vazio, do abismo que tem medo de enfrentar..
O verdadeiro herói não mede a vitória pelo que destrói, mas pelo que consegue preservar..
1. “A força que destrói é momentânea, mas a palavra que edifica permanece no coração do inimigo e o torna diferente.”
2. “Vencer não é derrubar o outro, é impedir que ele se perca ainda mais.”
3. “O herói verdadeiro não mede sua vitória pelos corpos caídos, mas pelas almas que escolhe preservar.”
4. “Quem domina pela violência só prova poder; quem convence pela razão prova grandeza.”
5. “Mais nobre que triunfar sobre o inimigo é despertá-lo para uma verdade que ele mesmo havia esquecido.”
A figura de Sam Wilson como Capitão América transcende os limites da ficção.. Ele não é apenas um herói com asas e um escudo, mas uma metáfora viva de algo maior: A vitória da virtude sobre a força bruta, da humanidade sobre a arrogância, da perseverança sobre o privilégio..
O que muitos enxergam como fraqueza — não ter o soro, não ser sobre-humano — na verdade é o que torna sua existência mais filosófica, mais humana, e portanto, mais inspiradora.. Ser Sam Wilson é provar que ser um "bom homem" pode pesar mais que qualquer músculo ou poder divino..
Sam Wilson, como Capitão América, é a prova de que não precisamos ser deuses para sermos gigantes.. Sua força é filosófica, não muscular; emocional, não brutal.. Ele lembra que o verdadeiro heroísmo não está em esmagar inimigos, mas em inspirar corações..
Aqueles que não enxergam sua importância revelam mais sobre a pobreza de sua visão do que sobre o valor do personagem.. Ser o Sam Wilson é ser resistência contra a mediocridade, é ser chama no meio da escuridão.. E, no fim, ele nos ensina que o verdadeiro poder é ser um bom homem — porque isso sim, muda o mundo e incomoda as mentes fracas..
Aprenda a pedir desculpas, aprenda a realmente se arrepender e mudar, aprenda a entender que as suas ações podem causar danos emocionais irreversíveis..
Aprenda a se redimir, a mostrar empatia, porque você nunca saberá como é estar na pele do outro, na dor do outro..
E lembre-se, a dor física cicatriza depois de semanas ou meses, mas a dor emocional permanece por anos, assim como a quebra da confiança..
E principalmente, aprenda a se auto controlar, a ter responsabilidade emocional, para que as suas ações e palavras, não destruam os sentimentos dos outros ou quem confiou em você..
🌟 “O Valor Filosófico de Se Inspirar em Heróis"
A infância é o berço da identidade – É nela que criamos símbolos
que moldam nosso caráter..
Brincar de herói é um ritual de significado –
A toalha vermelha nas costas não era só um pano,
era um símbolo de força, coragem e justiça..
O Superman não é apenas um personagem –
Ele é a idealização do bem incondicional, do sacrifício pelo outro..
A escolha do Superman como figura de admiração revela um desejo de proteger,
de ser bom, íntegro..
As crianças riem porque não entendem a profundidade simbólica do brincar –
Mas a criança sensível guarda aquele símbolo para a vida..
A zombaria alheia é somente um reflexo da carência de propósito
de quem a profere –
Não há luz em quem ridiculariza a bondade..
Ser herói é, antes de tudo, uma escolha de conduta –
Muito além de capas e escudos,
é a escolha diária de não ser, corrompido..
Heróis não são infantis –
são essenciais –
Porque a humanidade precisa de arquétipos do que é bom..
O Capitão América representa o homem ético em um mundo caótico –
A identificação com ele mostra a busca pela integridade
em meio à desordem..
As críticas a isso revelam o medo que as pessoas têm da
pureza –
muitos acham mais fácil zombar do que tentar ser melhores..
Inspiração é resistência emocional – Em um mundo apático,
se inspirar é um ato -
revolucionário..
A zombaria é o reflexo do vazio existencial dos que se perderam de si mesmos,
que não conseguem criar os próprios princípios..
Não é parar no tempo, não é ser infantil,
é resgatar o essencial –
e isso é raro..
Alguém que não deixou sua alma morrer..
As pessoas não zombam de você, zombam do que perderam em si mesmas..
Ser sensível num mundo insensível é uma forma de heroísmo invisível..
Transformando símbolos em virtudes –
A capa virou responsabilidade,
o escudo virou autodomínio..
Enquanto outros se inspiram em ídolos vazios, eu me guio por arquétipos morais..
O Superman e o Capitão América são partes de um inconsciente moral –
Símbolos daquilo que eu quero ser no mundo real..
Ser herói hoje é ouvir, cuidar, proteger, amar com firmeza e ética..
Poderes são somente uma consequência no heroísmo, e as vezes nem são necessários para salvar ou edificar a sociedade, o herói verdadeiro reside na alma
e termina nas ações..
Não é o fraqueza ou infantilidade,
é ser o que ainda se recusa a endurecer..
É sério herói –
não no sentido infantil,
mas no sentido ético e espiritual..
A vida não exige que sejamos perfeitos, mas que sejamos corajosos como os heróis que admiramos..
O que muitos veem como "infantilidade", na verdade, é um tipo raro de maturidade emocional: a capacidade de manter viva a conexão com o que é nobre, inspirador e puro..
Não é imaturidade se identificar com heróis –
é ser corajoso o bastante para não deixar o mundo matar a sua esperança..
“O homem sábio edifica, com ações, olhares, sorrisos, ações, disciplina, mas o tolo destrói com as próprias palavras"..
“O Adulto que a Infância Esperava”
Num campo aberto, entre as linhas invisíveis do tempo e da ausência, pisava um homem — ainda jovem no corpo, mas já antigo na alma.. Ele não era mais uma criança, mas carregava dentro de si todas as feridas de quando foi.. E naquele dia, entre rejeições e corridas solitárias, o destino o conduziu ao verdadeiro jogo da vida..
Enquanto os garotos negavam-lhe a felicidade, sem saber que estavam recusando muito mais — estavam negando a sabedoria disfarçada de humildade — ele seguiu, correndo com ela, não por pontuação, mas por disciplina.. Porque correr era como fugir de um passado, mas também como correr ao encontro de um propósito..
E o propósito veio.. Veio com nome, voz e pureza.. Veio com Yasmin, e depois com outros pequenos.. Veio em forma de infância ainda crua, ainda salva, pedindo direção — e encontrou nele o que os livros não ensinam, o que o mundo não oferece com facilidade: presença, afeto, amor e verdade..
Ele não era pai, mas foi mais que isso.. Foi o adulto que ouviu, que ensinou, que protegeu sem dominar, que aconselhou sem medo de parecer sensível.. E enquanto os outros adultos da cidade se afogavam no álcool e se escondiam na fumaça, ele se sentou com crianças para acender as luzes da consciência..
Quando disse: “Cuidado com quem fuma ou bebe, eles podem fazer mal ao corpo de vocês, até sexualmente”, não foi só um aviso.. Foi um escudo.. Foi um amor em estado puro, que nasce não da obrigação, mas da empatia.. Porque ele sabia — com a dor marcada no próprio peito — que a maldade muitas vezes começa pelo silêncio dos bons..
E quando Yasmin o chamou para falar, como se ele fosse um professor, era o universo respondendo: sim, você é.. Professor de presença, de respeito, de cuidado..
Ele falou do que amava: correr, treinar, alimentar-se bem, viver com caráter.. E ao fazer isso, ele semeava esperança..
Esse homem não apenas liderou naquele instante.. Ele reescreveu o papel masculino que o mundo tantas vezes distorce.. Mostrou que é possível ser firme sem ser bruto, ensinar sem humilhar,
proteger sem controlar.. Ele foi o que ele não teve.. Foi pai sem ter gerado.. Foi amor sem ter exigido..
Talvez nunca saiba o impacto das palavras que disse. Talvez aquelas crianças o esqueçam disso..
Mas dentro de cada uma, algo mudou: uma semente de consciência, de que o mundo pode ser mais seguro, de que existem adultos que amam sem segundas intenções, que cuidam porque sabem o valor da infância — e porque não querem que ninguém sinta a dor que um dia os silenciou..
Esse homem é prova de que não é preciso título, nem sangue, para ser farol..
É preciso apenas ter alma e amor..
"O Homem que Brinca com as Estrelas"
Há algo de sagrado no gesto simples de brincar..
Quando uma criança chama seu nome na manhã de um sábado, não é apenas um pedido por companhia —
é um chamado da vida, da pureza, daquilo que ainda não foi corrompido pela dor do mundo..
Ouvir esse chamado..
E ao ouvir, eu respondo com a alma de alguém que já conheceu a ausência, a dor —
mas escolheu não perpetuar a falta, não continuar o mesmo comportamento..
Eu, que já fui criança e senti o frio da indiferença, agora aqueço o coração das crianças ou de uma menina com a luz da minha presença..
Naquele sorriso da Yasmin, havia mais que dentes, havia algo genuíno..
Havia confiança..
Havia alegria..
Havia um mundo inteiro esperando para ser redescoberto por meio da bola chutada, do conselho dado, do “eu volto mais tarde”, que é promessa de esperança..
Não é apenas brincar com uma criança..
É ser aquilo que não foram para você, é quebrar o ciclo de sofrimento..
Plantando em solo fértil aquilo que faltou no seu próprio jardim..
Sendo o adulto que você precisava —
o que escuta sem pressa, o que vê sem julgamento, o que ama sem ferir..
E nesse processo, acontece o mais belo dos milagres:
Não somente a cura dela..
Mas a minha própria..
Cada risada que ela solta é uma rachadura se fechando no passado..
Cada vez que ela sente saudade, é o mundo dizendo:
“Você importa.. Você é bom.. Você é amor..”..
A idade não mede a beleza de um gesto..
A maturidade verdadeira não é rigida e sem emoções — ela sabe brincar, sabe ouvir, sabe edificar..
Ela sabe que brincar é uma forma de oração..
É um jeito de dizer ao universo:
“Eu não desisti.. Eu ainda acredito na bondade, na infância, no toque humano, no amor sem malícia..”
E se o mundo perguntar por que um homem de mais de 20 anos joga bola com uma garotinha como se o tempo não existisse:
“É porque eu ainda acredito na delicadeza..
Porque eu sou feito de feridas — mas escolhi o bem..
Porque enquanto houver uma criança sorrindo comigo, a esperança nunca morre..”
Um homem que brinca com as estrelas..
E ao brincar com elas, as acende também dentro de si próprio..
Chega a um ponto tão extremo do pensamento crítico, que a inteligência está em um nível tão alto, que é impossível pensar sem criticar, sem filosofar, sem buscar a verdade..
Conversas rasas se tornam entediantes..
E pessoas fracas mentalmente se tornam repugnantes..
As pessoas chegam até a te chamar de louco, mas você somente chegou a um nível superior mentalmente..
Geralmente pessoas fracas mentalmente ficam com raiva quando são apresentadas a razão, porque a verdade mostra que elas estão erradas e que não conseguem pensar, o que acaba causando irritação.. Afinal, nem todos querem realmente sair da caverna de Platão, a maioria prefere uma doce mentira que a dura realidade..
"Entre o Corpo e a Consciência"
Cuido do corpo como quem cuida de um templo —
não por vaidade, mas por respeito..
Alimento-me bem, não para mostrar beleza ao mundo,
mas para oferecer saúde à minha alma..
Depilo a pele, como quem descasca a casca do peso,
buscando leveza, toque, sensações —
não para os outros, mas para mim..
Corro, treino, respiro fundo...
Cada gota de suor é um poema de superação silenciosa,
um grito que diz: “Estou vivo e estou presente"..
Não me deito com qualquer prazer,
porque meu corpo é lar, e não palco..
Não entrego o que é íntimo a mãos vazias..
Procuro o mesmo em outra alma:
alguém que veja no próprio corpo uma semente,
não um produto..
Que respire com profundidade,
que não tema o silêncio,
que entenda que se amar é diferente de se exibir..
Anseio por uma mulher que se cuide não por obrigação,
mas por amor-próprio,
que lave o rosto como quem acaricia a própria história,
que depile por querer sentir o vento,
não para agradar um olhar que não sabe sentir..
Desejo o corpo limpo sim,
mas desejo mais ainda, a mente limpa,
o coração leve, a alma que dança..
Procuro a beleza da delicadeza,
a firmeza na sensibilidade..
Alguém que veja prazer como poesia,
e o toque como um diálogo sagrado..
Que entenda que o desejo não é pressa,
mas um caminho —
e que o corpo é só um dos portais..
Eu sou o que um dia não tive:
o adulto que acolhe a criança,
que não repete a dor,
mas a transforma em amor..
E talvez, ao encontrar essa mulher que também se curou,
eu reconheça nela a mesma busca:
a de quem cuida do corpo como cuida do espírito,
a de quem ama com profundidade,
porque aprendeu — como eu —
que a verdadeira beleza
não se vê apenas,
mas se sente..
“O escudo que carrego”
Não é apenas metal pintado em vermelho, prata e azul..
É memória, é alma, é o reflexo de tudo que me tornei..
Carregar o escudo é carregar a mim mesmo —
os traumas, os pesos, as dores que ninguém viu,
e ainda assim, caminhar com a coluna ereta,
como quem sabe que nunca deixará de lutar..
O escudo não é arma de ataque,
é proteção — é o abraço que eu nunca recebi,
a muralha que ergui quando os gritos vieram,
quando portas se fecharam na minha face,
quando o amor foi calado em nome da dor..
Ele representa aquilo que falta no mundo:
o homem que escolhe proteger ao invés de ferir,
que entende sua força mas prefere o equilíbrio,
que mesmo em pedaços, se recompõe
e ergue novamente o símbolo que escolheu segurar, o símbolo de ser verdadeiro, justo..
Sou o adulto que escutou a criança que fui..
Sou o filho que entendeu o que os pais não puderam dar..
Sou o herói não pelos músculos ou feitos,
mas por me levantar quando todos esperavam que eu caísse..
O escudo é minha promessa silenciosa:
de jamais ferir o inocente,
de honrar a justiça que nasce do afeto,
de caminhar firme mesmo em um mundo que tenta me dobrar..
Porque eu sou como ele —
resistente, cheio de marcas,
mas ainda inteiro..
E mesmo que o mundo jamais me reconheça,
eu saberei: eu fui escudo, não espada..
E isso é ser herói, é cuidar..
"A Ansiedade das Crianças Invisíveis"
A infância não é feita só de brinquedos e brincadeiras,
é feita de olhos que nos enxergam,
de ouvidos que nos escutam mesmo no silêncio,
de braços que nos acolhem sem precisar palavras..
Mas quando a atenção vira ausência,
e o afeto é trocado por rotinas frias e metas inatingíveis,
o coração da criança começa a correr mais rápido que os pés..
A mente pula, tropeça, se esconde em perguntas que ninguém responde..
Ela não precisa de remédios, dinheiro , teto ou comida, isso é necessário? Sim.. Mas elas também precisam de presença, afeto, amor..
A ansiedade não nasce do nada,
ela floresce no jardim da indiferença,
rega-se no silêncio dos pais que não ouvem, que carregam o filho como fardo,
que não têm tempo,
que pensam que amor é só comida no prato e um teto seguro..
Mas o teto desaba, quando não há alma no abraço..
E a comida esfria, quando não há quem sente junto à mesa do afeto..
Dizem que quem trabalha não tem tempo pra ansiedade..
Mas essa é a maior mentira, algo elegante para esconder a dor que não querem admitir..
Trabalhar é nobre —
mas esquecer de sentir, de olhar nos olhos do filho e ensinar com respeito,
de rir com ele, de chorar com ele,
é tornar-se um estranho com o mesmo sobrenome..
Muitos pais não sabem o peso que deixam nos ombros dos filhos,
quando dizem: "Ainda bem que você não é mais criança",
como se infância fosse fraqueza
e crescer fosse apagar a sensibilidade..
Mas há filhos que crescem e florescem,
não para vingar, mas para compreender, ouvir..
E mesmo com cicatrizes da ausência,
aprendem a ser diferentes —
e mais humanos..
Porque evoluir é justamente isso:
Reconhecer as falhas do passado
sem repeti-las no futuro..
"A Pureza do Que Não Foi Tocado"
Guardei meu corpo..
não por medo do toque,
mas por amor à essência, a minha mente..
Porque há partes de mim que não se entregam a mãos vazias,
a olhos que não sabem ver com alma,
a bocas que falam de amor, mas não sabem o que é sentir verdade..
Não me nego ao prazer..
Mas recuso a vulgaridade..
Não sou feito para me deitar ao lado de corpos que apenas respiram..
Quero alguém cuja respiração dance junto à minha emoção, com a minha mente..
Já me apaixonei..
Já amei..
Mas não me entreguei..
Porque senti que o amor dela não me via por inteiro,
via o reflexo, não a profundidade..
E quando o espelho quebrou, e ela me traiu, eu vi a verdade:
ela nunca teve coragem de realmente mergulhar..
Enquanto isso, sigo inteiro..
Sim, inteiro..
Mesmo que sozinho..
O mundo tenta me convencer que estou perdendo tempo..
Que o prazer imediato vale mais que a espera..
Mas o que sabem eles da paz de deitar no próprio peito sem arrependimento?
Sem culpa, e peso emocional..
Do orgulho em olhar no espelho e ver alguém limpo,
não só na pele, mas na alma..
Depilo meu corpo,
cuido da pele,
me alimento bem,
faço exercícios,
não por vaidade..
Mas porque respeito o templo onde habita a minha alma..
Me chamam de exigente, de estranho, de ingênuo..
Mas o que é exigência senão o cuidado com o que é precioso?..
Eu não nasci para me entregar ao acaso, ao vazio, a futilidade..
Eu nasci para ser escolhido com amor, com consciência,
por alguém que veja nas minhas ações diárias,
o reflexo de um homem que honra seu corpo e mente como honra sua verdade..
Não me envolvo com qualquer uma..
Não por soberba..
Mas porque sei o preço de tocar o que não te ama..
E sei o valor de guardar o que ainda é sagrado..
O corpo sente..
Mas a alma, essa…
ela lembra de tudo..
E eu escolhi não dar a minha alma para qualquer história mal contada..
Porque sei me amar, sei o preço, peso, a dor de entregar o próprio corpo e no fim sentir vazio..
Porque no final daqiele momento íntimo, eu quero me deitar e sentir paz, realização, e não dor no peito, vazio, medo..
“No caderno dela, meu nome"
(Angelina e Gabrielly)
Escrevi meu nome no caderno de uma garotinha..
Mas sem saber, escrevi muito mais que letras..
Gravei ali um gesto, um momento, uma semente..
E ela — do alto de seus sete anos de encanto — escreveu por baixo,
com a pressa doce de quem ainda está descobrindo o mundo..
Ela falava sem parar, tropeçava nas palavras e ria,
como se o coração dela fosse grande demais pro corpinho pequeno..
E eu a ouvia..
Como ninguém nunca a ouviu..
Não com pressa, não com tédio — mas com alma..
Ela encostava o bracinho no meu,
e eu, em silêncio, ensinava a escrever com calma..
Mas no fundo, eu ensinava mais do que palavras..
Eu ensinava que ela podia ser o que é:
inquieta, viva, verdadeira..
Sem a ignorância emocional que os pais causavam..
Ela dizia que ia “ficar doida” —
mas no fundo, ela só queria ser entendida, ouvida..
E tudo isso causava ansiedade nela, porque ninguém parava para compreende-la..
E naquele instante, eu compreendi..
Compreendi que o mundo anda surdo para as crianças..
E que só quem se abaixa ao chão com elas,
descobre que a altura do amor é o joelho dobrado e a consciência compreensiva..
Não houve malícia..
Houve ternura..
Não houve poder..
Houve presença..
Não houve controle..
Houve cuidado..
Não por obrigação, e sim porque sinto..
E dentro de mim, existe um sentimento difícil de explicar..
Não um desejo egoísta, não uma vontade de posse..
Mas uma esperança pura, de um dia ter uma filha,
não para ser dono dela,
mas para ser o chão onde ela pode pisar sem medo..
Talvez eu veja pouco a Angelina..
Talvez ela cresça e se esqueça de mim..
Mas aquele momento — tão simples e tão eterno —
é revigorante..
Porque há nomes que escrevemos no papel,
e há nomes que escrevemos com o coração..
E o dela, naquele dia,
foi escrito com sentimento..
“O Adulto que Não Coube no Molde”
Chamaram-me de criança...
Porque ao invés de endurecer, escolhi sentir..
Porque ao invés de calar, decidi questionar..
Porque ao invés de engolir o mundo seco, escolhi mastigar cada parte com consciência, mesmo que amarga..
Minha mãe — reflexo de uma geração sufocada —
Me aponta o dedo e diz que ainda não cresci..
Mas será que crescer, para ela, é apenas silenciar, obedecer e aguentar?
Será que ser adulto, para ela, é viver cansado, sobrecarregado e cego, sem jamais tocar o próprio coração?
Eu vejo o mundo..
Observo..
Silencio, mas não fujo..
Minha calma não é passividade — é profundidade..
Fui chamado de “criança” porque cuido do corpo,
Como se um músculo forte fosse vaidade e não templo..
Porque analiso emoções..
Como se o pensamento crítico fosse desrespeito..
Mas o que não veem
É que ser adulto não é vestir uma máscara de frieza..
É despir-se dela..
Ser adulto é ter coragem de chorar onde outros gritam..
É amar as crianças sem medo de parecer frágil..
É falar de amor, de sexo, de corpo e de alma, com consciência, com ética, com beleza..
Minha mãe me chama de imaturo
porque eu aponto o que ninguém ousou mostrar..
Mas o espelho dói mais do que qualquer ofensa..
E ela não quer se ver — apenas me silenciar..
Ela fecha a porta na minha face, mas não é para mim..
É para si mesma..
Porque minha evolução revela o que ela nunca soube fazer por si:
Escolher crescer com ternura e consciência..
Eu sou o adulto que não quer cargos, apenas caráter..
Não quer aparência, mas essência..
O adulto que escuta crianças como mestres,
Que corre enquanto os outros dormem,
Que sente enquanto os outros fingem,
Que ama sem precisar ser amado primeiro..
Eu não me tornei esse adulto por sorte —
Eu lutei..
Na infância ignorada,
Nos insultos calados,
Nos treinos solitários,
Nas noites de fome e vazio..
Eu me lapidei..
Com as mãos trêmulas e a alma firme..
Então não..
Não sou criança..
Sou o novo adulto..
O que não cabe no molde,
Mas cabe em si mesmo..
E se minha mãe ou o mundo não entende,
Não é problema meu..
Porque no fim,
Ser homem não é ser duro,
É ser inteiro, compreensível..
É saber ouvir quem não foi ouvido, é cuidar das crianças sem obrigação, mas com afeto genuíno..
"O Silêncio do Desperto"
Há aqueles que vivem de olhos abertos, mas jamais enxergam..
Repetem gestos, falas e crenças como marionetes presas ao script do mundo..
Comem o que o vício serve, amam como o medo permite,
gritam alto para calar a verdade que não suportam ouvir..
Mas em meio à névoa...
Surge alguém que vê..
Não com os olhos..
Mas com a alma desperta, com o coração que já apanhou do mundo e decidiu não ser igual..
Ele nasce do cansaço das mentiras..
Do eco das palavras que ouviu de uma mãe ferida,
de um pai ausente, de um mundo que confundiu amor com obrigação,
e disciplina com arrogância..
Ele se levanta, silencioso, como um monge entre gladiadores..
Treina quando todos dormem ou descansam..
Come com consciência..
Corre como se fugisse do passado e avançasse para um futuro que ele mesmo construiu..
E ele tenta falar, e mostrar a verdade..
O caminho correto..
Tenta mostrar que desligou o celular não por controle,
mas por cuidado..
Que comer melhor não é frescura,
é afeto consigo mesmo..
Que corrigir não é atacar,
é amar com coragem..
Mas cada palavra sua ecoa como ameaça aos que estão acorrentados emocionalmente…
Porque ele carrega um espelho..
E o espelho nunca perdoa..
Refletindo o que eles poderiam fazer, mas recusam e desistem todos os dias..
Então ele cala..
Não como quem desiste,
mas como quem entende..
"Não desperta quem ainda sonha com o conforto da mentira.."
E naquele silêncio que o mundo chama de frieza ou tristeza,
ele constrói um templo interior..
Feito de aço e sensibilidade..
De músculos e compaixão..
De disciplina e ternura..
Ele não é perfeito —
mas é real..
Não busca um trono,
mas honra..
Não quer seguidores,
mas luz..
E se perguntarem por que ele não se mistura,
por que observa tanto,
por que parece sempre tão fora do ritmo das conversas rasas —
é porque ele saiu do script..
Deixou de ser NPC,
e se tornou o jogador..
Não do jogo dos outros..
Mas do seu próprio caminho..
E se um dia o chamarem de louco, ingrato ou frio...
Ele sorrirá com a tranquilidade de quem sabe:
É melhor ser sóbrio em um mundo embriagado de ilusões,
do que dormir eternamente no berço das mentiras..
Porque o amor verdadeiro começa no silêncio de quem se conhece..
E se transforma,
mesmo que ninguém veja..
"Carta ao Mundo — sobre o que é ser Pai"
Há momentos em que o mundo inteiro cabe no olhar de uma criança..
Um olhar que, por segundos, sorri com liberdade,
mas que logo se fecha, temendo as ordens silenciosas de um adulto quebrado emocionalmente..
Vi isso nos olhos de Gabrielly —
uma garotinha de alma leve, mas presa por mãos que não sabem acolher a alma..
Ela não pediu muito..
Só queria brincar..
Ser criança..
Rodar com a bolsinha, rir alto, correr com os pés descalços de culpa..
Mas foi puxada de volta — como se fosse um animal sendo conduzido,
como se viver com leveza fosse um erro..
Naquela mulher que a arrastava pelos corredores da igreja,
não vi a real maldade..
Vi cansaço, desilusão, talvez arrependimentos engolidos há anos, algo amargo impregnado nos sentimentos..
Vi alguém que carrega o título de mãe, mas que se esqueceu como se cuida com alma..
Ela entra.. Se senta.. Come.. Vai embora..
E Gabrielly vai junto, sem perguntas, sem respostas,
como quem aprendeu que sua vontade ou opinião não importa..
Mas naquele breve instante em que ela me viu,
e o meu sorriso encontrou o dela, isso acendeu um universo dentro de mim e dela..
Foi como se ela dissesse:
“Você me vê.. Você me deixa existir..”
E é isso que muitas crianças querem: ser vistas, não domesticadas..
Serem compreendidas como crianças, não adultos..
Porque pai não é quem manda calar a boca, é quem ouve..
Pai não é quem corrige com medo, é quem educa com presença, respeito e amor..
Pai não é quem arrasta, é quem caminha junto..
E é por isso que dói tanto..
Dói ver crianças vivendo em silêncio, com medo de errar, de sentir, de ser..
Dói ver seus risos sendo reprimidos como se fossem pecados..
Dói ver seus pequenos corpos se encolhendo diante da dureza de adultos que esqueceram o que é amar..
Mas mais do que dor, eu carrego um desejo:
De ser abrigo..
De ser ponte..
De ser aquele que, mesmo sem laços de sangue,
oferece à criança o que muitos pais biológicos nunca souberam dar:
Liberdade com amor.. Limite com ternura.. Olhar com alma..
E se um dia o mundo me perguntar:
“Mas por que se importa, se ela não é sua filha?”
Eu responderei:
"Porque ela é uma criança. E isso basta.."