Coleção pessoal de rodolfoboechat

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Sonhando acordado

Tá certo, tá certo, mãos à obra
Me inspirar naquilo que não existe
Será fácil... Criatividade aqui sobra
Mas este final talvez seja triste...

Ela possui cabelos lisos e bem negros
Uma pele macia, alva e perfumada
Ironias e sarcasmos sempre integros
Cigarro em seus dedos e a fumaça alada

Na mesa uma taça de vinho suave tinto,
Celulares, sua bolsa e minha carteira
Seu batom vermelho parece um labirinto
Que me deixa cada vez mais de bobeira

O teu perfume cheira como uma rosa branca
tua voz aveludada faz meu ouvido derreter
Não sei mais o que fazer perto de você...
Lhe dou um beijo suave que lhe passe confiança

Depois do beijo, não sinto que exista nada
além de nós naquele prazeroso momento
Não nos desgrudamos apesar da chuva e do vento
Dançamos pela noite chuvosa, eu e minha amada

Ela

Sim, eu me apaixonei por ela...
Mas quem resistiria a essa donzela?
Como um pincel desliza na aquarela
o meu pensamento assim para nela.

O amor veio e a razão pulou pela janela.
Doce, bela, e de saia amarela,
decidida, e sabia para quem dava trela.
E pensar que ela veio de uma costela...

E depois de avista-la, tive sequelas.
Não haviam mais Cinderelas...
nem Marcelas, ou Gabrielas.
Era somente ela e as estrelas.

A Primavera é tão solitária longe dela
Que a saudade me corrói sem cautela
Alheio, fiquei a mercê de sua tutela...
Mas não me importo, pois eu amo ela.

Eli Zes Agá

Tua pedra bela, lápis-lazúlis
Teu planeta regente, Urano
Deus sabe como eu te quis
E me permitiu cair neste engano

Engoli o orgulho que havia em mim
e procurei a minha angústia dar fim.
Me atrevo a olhar para ti e dizer:
Como vai você?

Pensei na mais fria das indiferenças
Todavia, fui recebido serenamente
E me fora informado o coeficiente
E tal resposta deu fim às minhas doenças

Será que me apaixonei mesmo?
Ou é um sentimento que vem a esmo?
Por quê? Por quê? e mais por quê?
Por que, logo por você?

Não quero questionar mais o meu eu
Talvez tenha percebido que ele é teu
Cri que Deus tinha se lembrado de mim
mas foi para me lembrar que tudo tem fim

E assim como chegou, você partiu...
veio rápido, me enfeitiçou e desapareceu
Mas isso não significa que tal paixão ruiu
Nem que este amor tenha chegado em seu apogeu

Você está longe, mas não intangível
Prometo aqui, insistir neste desatino
Perdão por descer neste nível
Talvez, seja o nosso destino.

Lágrimas de Novembro

Teu toque é tão ansiado,
teu contato causa arrepios gélidos.
Teu lampejo me foi confiado.
Chuva, é um de teus apelidos.

Há tempos não lhe via chorar
Não com tamanha pujança...
Ao te observar, me vejo criança
dançando e crendo ser singular

Venha torrente, e lave meu ser
agracie esta várzea com tua essência.
Torne a menina em mulher

Lembre a esta, de sua experiência
Que comigo, ela teve prazer
Apesar de minha aparência.

A Máscara Que Uso

O silêncio corrompe minha paz
Indiferença dói mais que desprezo
No teu calor, me fiz indefeso
Sinto que este amor aqui jaz...

Sou tão hábil em negar, disfarçar
Como cão ao lado de uma baderna
Sinto que esta falha ficará eterna
Me perdoe se não cheguei lá...

Me perdoe se não sei esconder...
É muita angústia que sinto em meu interior
Eu queria ser, unicamente, de você

A máscara que uso é uma só
E esta, não consegue esconder minha dor
E não... por favor não... não tenha dó...

Eu sou como um circo de lonas estragadas
Onde o palhaço já não faz mais rir
Onde o trapézio há muito está parado
porque o medo foi morar ali.
Eu sou como um circo de lonas estragadas
Em que a banda já não quer tocar
Onde as jaulas se restaram abertas
porque nem bicho se deixou ficar.
Eu sou como um circo de lonas estragadas
Sem ter mais público para aplaudir
Temendo aqueles que atiram facas
Temendo tudo que lhe quer ferir.
Eu sou como um circo de lonas estragadas
Sem alegria qualquer, sem emoção.
No entanto, existe aquela corda bamba
Onde balança o meu coração.

Eu não sou poeta...

Eu não sou poeta...
E por mais que eu rime,
minha mente vagueia quieta
buscando perdão pelos meus crimes

Eu não sou poeta...
Não sou arrogante a tal ponto
Acredito ser muito careta
Mas com teu beijo, me desmonto

Eu não sou poeta...
Sei que me falta bagagem
Talvez só tenha esta faceta
Me falta malandragem

Eu não sou poeta...
Eu tiro da dor, a inspiração
As estrofes se fazem silhueta
Mas com minha rima não se faz canção.

Ao Meu Eu-lírico

Ahhh como você se mostra forte
Almejo um dia ser como você...
Chegará esse dia antes de eu morrer?
Talvez até lá eu perca a fé e a sorte

A música não lhe deixa fraco ou covarde
Ela não o despedaça vagarasomente...
e nem faz ideia do que você sente
Estou descobrindo isso um pouco tarde?

Como você consegue fazer tal proeza?
Por que você é apenas um ser poético?
Você com muito gosto me ensina a frieza
e a felicidade da arte de ser cético

Seria possível eu ter inveja?
Inveja do meu próprio eu-lírico?
Por que assim... tão satírico...
Não mereço nem ao menos uma cerveja?

A minha morte anunciada

Viajo muito atônico por uma linha
Sem qualquer razão ou intenção
Perdi o que mais almejava, vida minha...
Perdi a chance de lhe ver morta no chão

Suspiros demasiados são a tua melodia
que embalam o meu longo e sinuoso funeral
enquanto eles choravam ela me acudia
O que você acha meu amor... não é celestial?

Arranjos, sinfonias, orquestras e risadas
tudo embala minha fria e gélida alma
Vocês nunca me pareceram abaladas....
Sempre me transmitiram uma falsa calma

A palavra que procuro é inconveniente...
Nada além de um mero copo descartável
Que de tão exótico lhe pareceu atraente
Mas o meu orgulho não me tornou maleável

Fiquei cada vez mais sem minha perseverança
Mas aprendi a confiar mais em mim
Por que nos outros perdi a confiança
Então Chaplin, será melhor assim?

Foi bom

Foi bom os dias que conversamos
o dia que resolvemos nos gostar,
as eternas horas que nos amamos
Mas eu receio que eu não vá ficar

Foi bom ter te conhecido seu íntimo
mesmo você relutando a respeito
Sabendo que eu canto e rimo...
eu te conquistei com o meu jeito

Foi bom ouvir a maciez de sua voz
senti-la tomando conta de minha cabeça
Sem calma com prazer e demasiada pressa
Eu já não me sentia, eu sentia apenas... nós

Foi bom ter lhe feito companhia
Eu serei responsável pelo meu esquecimento
Não me farei presente por causa da correria.
Mas lembre-se sempre por ti, eu tenho sentimento

Solidão, bom dia

Bom dia, minha querida esposa
Como estás nessa madrugada?
Você ainda está acordada?
Vim lhe trazer essa sangrenta rosa

Queria dizer que não senti a sua falta
Mas me acostumei com o seu silêncio
me derretendo por dentro como um incêndio
que destrói toda minha intenção peralta

Solidão, minha velha companheira velha
Por tantos anos estamos juntos nessa vida
Suas tristes palavras ficam em minha janela
E eu não sei que o fazer logo em seguida

Você nunca foi um de meus desejos
você jamais foi querida ao meu lado
Mas você insistiu como um de meus bocejos...
Conseguiu sem querer ser o meu fado

Hoje te sinto mais próxima do que antes
Mais próxima apesar da multidão que me rodeia
recheada de seres vivos, alegres e errantes
Já não vejo saída depois que entendi a sua teia...

O Fado e a Promessa

Te conheci na hora e no momento errado
Mas é mais forte do que eu mon amour...
Ahh como eu gostaria de deixar isso de lado
porém é mais incandescente que a luz deste abajur

Esqueci de me perguntar o por quê disso tudo
Me distraí com sua íris e o seu falar sisudo
me deixei levar pelo seu jeito harmônico
não consegui definir a sua cor, pobre daltônico

A sua cor me furtou toda a minha gélida ferida
Você foi a mais complicada e inocente vítima
e de todas as lembranças que eu trago na vida
você é uma das mais doces e a mais legítima

Eu não mereço tamanho amor vindo de você
sinto que deveria ter nascido seu irmão
por isso... o possível e o impossível vou fazer
para que não machuques este teu singelo coração

Tentativa de uma autobiografia

De nada me vale o que conquistei até agora
Ainda não me é suficiente, ainda é pouco
Me perguntam... por quê ainda chora?
Acho que ainda não sou bastante louco...

Descontente com o que tenho e com o que sou
Tudo me parece belo, e ao mesmo tempo tão distante
E carrego uma ingratidão que com ajuda se criou
Não interessa as vogais, muito menos ser uma consoante

Procuro tentar mudar cada dia mais...
Sendo mais audaz e um ser ainda mais lascivo
Meu maior pecado senhor é a luxúria audaz...
que faz com que cada uma seja um aperitivo

Tento ao máximo não falhar como ser humano
Tenho vis pensamentos que perduram por horas...
Mas não passo de um louco rapaz caucasiano
que espera que as coisas mudem para um mar de rosas

O Laço Que Se Rompeu

E assim ele se rompeu,
não esperava por este golpe
ainda mais, em seu apogeu.
É, percebo que sou xarope.

Não pensei que chegaria a isso,
acho que sempre fui submisso.
Não imaginei que doeria tanto.
deveria saber, nunca fui santo.

Esse laço, que um dia, foi de amizade,
não mais possui vida para mim.
E com essa dor veio a criatividade
fonte de uma inspiração sem fim.

Talvez seja este o motivo de meu hiato,
motivo da minha aposentadoria lírica.
Hoje a tristeza, me bateu como uma larica
E percebi, só agora, que estava feliz, grato...

E com a palavra, Colombina...

Ah meu singelo Pierrot querido
O que trazes atrás de tuas costas?
Por que seu delicado rosto está ferido?
Você ainda quer do mundo as respostas...

Ahh Pierrot como tenho sede de te beijar
Tocar os teus doces lábios de carmim...
E acreditar que isso jamais terá um fim
Contigo eu vejo minha sanidade evaporar

Polua a minha mente enquanto goza a felicidade
de fazê-la sonhar com um futuro incerto
Transforme a minha inocente mocidade
e me deixe cada vez mais perto

Acho que amo mais a ti do que a mim...
Mas você Pierrot... não é Arlequim
Meu amor, meu amor... não pode ser seu
Não chores, não chores... doce Pierrot meu...

Uma possível carta

Não tive inspiração ultimamente
Isso me preocupa em certas partes
Você não sente o mesmo que eu, sente?
De um jeito que preocupa até Descartes

Ah... que vãs filosofias eu tenho feito
Isso não me serviu de maneira alguma
Não devo ter me expressado direito
Aposto que levou a sério como uma pluma

E ainda no inicío da terceira estrofe
eu ainda não sei do que eu estou falando
Não sei por que ainda ando cantando
ou por que escrevo sobre essa catástrofe

Cara poetisa que tenta entender o meu eu
agradeço imensamente pela explicação
apesar de não ter alcançado a compreensão
mas sinto que minha inspiração se perdeu

Soneto da Ilusão Quebrada

Quem sabe, talvez, eu me aprimore
Talvez eu devesse ler um pouco mais...
Aprender mais sobre esse folclore,
Um pouco mais sobre meus ancestrais

Talvez estes poemas amadores que faço
não tenham o que é realmente preciso
para fortelecer este estranho laço...
São rimas que faço de improviso...

Rimas, estas, pobres e sem sonoridade
Sem nenhum tipo de ambição profissional
Que apenas expressam a minha vontade

Vontade que a cada dia parece ser mais banal
parece ser mais carnal, com mais sexualidade
com textura, e com sabor de que está no final

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Não quero que este tenha título....
Não quero nem ao menos pensar sobre
e aqui está mais um dantesco capítulo
Por mais que tente, meu coração não é nobre

Não vou começar a fazer ceninha dizendo
que não quero mais viver neste mundo...
Que sem ela tudo dói... que não há remendo
que me faça desistir da ideia que sou moribundo

Mas não vou negar que isso me dói...
isto chega a me arder até os zói
O meu corpo arrepia só pensando no seu adeus
me corroendo, destruindo os planos meus...

Acho que talvez Damien não sofra tanto
como eu pensei, ele pelo menos viveu o sentimento
Por agora, a solidão é meu contentamento
minha segunda pele, meu fado, meu encanto