Coleção pessoal de rosangela_montano
"Refúgio na Eternidade"
Há um barulho no mundo que não me deixa ouvir a minha própria alma. É tudo tão corrido, tão sem direção... Os homens passam por mim como vultos, perseguindo algo que não sabem nomear. Correm para onde? Fogem de quê? As torres brilham, mas brilham falsas. São feitas de vidro, sim — e, por dentro, ocas. Há corações ali... ou apenas sombras?
Eu me recuso. Recuso o barulho, a pressa, a vertigem de ter sem ser. Ergo meus olhos — mas não aos altares da modernidade. Não aos palcos, nem às telas que se alimentam de vaidades. Ergo meus olhos para o invisível. Para o que não muda. Para o que me chama quando o resto silencia. Ergo meus olhos para Deus. Nele, sim, há direção. Nele, sim, há casa.
E então me pergunto: o que são os prazeres modernos, senão relâmpagos que não aquecem? De que vale o ouro, quando o peito geme em silêncio? Há vozes por toda parte; há mentiras emolduradas em telas. Mas minha alma — ah, minha alma — deseja chão. E encontra esse chão em Deus.
Ele não muda. Mesmo quando tudo muda. Mesmo quando o chão treme. Mesmo quando a dor veste o rosto das manhãs. Ele é meu refúgio, meu lugar seguro, quando o mundo desaba em mim. Seu amor é um abraço invisível que me sustenta quando já não há mais nada. Sua voz... é como o vento leve nos dias quentes: não se vê, mas se sente.
O mundo quer poder. Quer vaidade. Mas isso o torna cego por dentro. E os reis modernos, tão bem vestidos, caem sem fazer barulho — porque o vazio não pesa. Eu, ao contrário, descanso em Deus. É ali que respiro. É ali que existo sem me perder.
Quando tudo falha — a ciência, a razão, os discursos tão bem ensaiados —, quando a alma geme por algo que não se compra, é em Deus que encontro a canção. A cura. O pão. E, principalmente, o silêncio que me devolve a mim mesma. Porque Ele é o lugar onde minha fé descansa... e floresce.
O Refúgio da Minha Alma é Somente Deus
Quando o ruído do mundo é tempestade,
E a alma exausta busca algum abrigo,
Não há poder, honra ou vaidade
Que acalme o coração, senão o Amigo.
As luzes deste século — vaidade! —
Prometem paz, mas trazem só conflito.
E o homem, em sua cega liberdade,
Perde-se em si, sem Deus, pobre e aflito.
Mas eu, cansado de buscar em vão,
Achei nos Céus o amor que não se ausenta:
Refúgio eterno em meio à confusão,
Rocha de paz que toda dor enfrenta.
Em Deus repousa o ser, livre e contente,
Meu sol, meu norte, meu pastor presente.
"Mãe"
Ela não foi só corpo:
foi alma,
foi prece,
foi silêncio que entendia,
abraço que curava.
Ela partiu,
mas ficou no café quente,
no gesto distraído,
no calor que vem do nada
e me faz lembrar:
mãe não morre,
vira eternidade.
"Amar a si mesma é reconhecer que se foi criada pelas mãos do Eterno, com intenção, beleza e propósito."
"A Eternidade Mora em Ti, Mãe"
Mãe, em teus braços o tempo parece adormecer. É como se o mundo lá fora silenciasse, e tudo se resumisse ao bater do teu coração, ao sussurro manso da tua voz, que embala até a alma cansada. Em teus braços, a dor se dissolve como bruma ao sol da manhã. Nada pesa, tudo encontra lugar: os medos, as culpas, os sonhos partidos.
Teu colo é chão antigo, onde os passos da infância ainda ecoam. É abrigo que não cobra, é amor que não exige. É perdão que chega antes do erro, é presença mesmo na ausência, é eternidade guardada em gestos tão simples, que só o coração sabe entender.
Em teus braços, mãe, volto a ser essência. Volto a ser o que fui antes da pressa, antes das dores do mundo. Em teus braços, sou inteiro — mesmo quando me sinto em pedaços.
E, se um dia tua presença física me faltar, saberei, mesmo assim, que teus braços ainda me envolvem — invisíveis, mas reais. Eternos, como tudo o que é feito de amor.
"Na Eternidade que Mora os Instante"
Não são os grandes feitos que moldam a verdadeira felicidade, tampouco os trovões do mundo ou os aplausos que ecoam sob arcos de pedra. O que me comove — e eterniza — são aqueles instantes que passam tão suavemente, que quase não se nota sua chegada e, no entanto, quando partem, deixam um vazio onde antes pulsava o milagre do agora. São momentos sem coroa nem trono, mas que reinam soberanos dentro do peito.
Felicidade, meu caro, não é grito; é sussurro. Não é alarde; é presença. Ela se insinua no toque leve de uma mão que se demora, num olhar que fala sem palavras, na respiração que se entrelaça com a de outro ser, como se o mundo inteiro tivesse parado só para ouvir o silêncio entre dois corações.
Há uma eternidade que mora no instante em que nos esquecemos do tempo. Quando o riso é tão genuíno, que nem nos lembramos por que rimos. Quando o abraço não tem pressa de terminar, e o corpo entende que é ali sua morada. São esses os momentos que não pedem nada, mas nos dão tudo — oferecem-nos a vida em sua forma mais pura, mais crua, mais honesta.
Não desejo os banquetes da fama, nem os palcos da glória. Se pudesse, pediria apenas ao tempo que se cansasse por um dia e repousasse comigo naquele instante — aquele, o mais simples, o mais humilde — em que desejei, com todo o fervor da alma, que nada mais mudasse, que tudo ficasse exatamente como estava.
Oh, tempo! Vil usurpador de alegrias sutis! Como ousas correr quando a alma pede pausa? Como escapas quando, enfim, encontramos abrigo em um momento que deveria durar para sempre?
Mas, mesmo que vás, instante querido, ainda assim tu vives em mim — como vive o perfume na ausência da flor, como vive a memória de um beijo onde já não há lábios. Porque aquilo que verdadeiramente tocou o espírito jamais será varrido pelos ventos do esquecimento. E assim, entre lembranças e suspiros, vive o que foi eterno em seu breve existir.
“Jardins de Eternidade — Poemas que Semeiam a Alma”
Que o nosso semear jamais seja mero gesto,
mas um rito antigo — pulsação da terra em nossas mãos.
Cada grão, um sopro de esperança silente;
cada flor, um renascer entre corações humanos.
Rejeito a pressa dos que colhem sem olhar,
e o brilho ilusório das intenções vazias.
Que o amor nos chegue como vinho envelhecido —
maduro em desejo, profundo em suas vias.
Que as boas intenções nos alcancem,
como o mar à praia se oferece:
com a paciência dos séculos
e a brandura de um destino calmo.
Que te toquem, que me toquem,
como folhas que se curvam ao sol nascente.
A grandeza do ser não está na superfície polida,
mas no que vibra no íntimo —
nos silêncios que ninguém pressente,
nos amores que ninguém compreende,
na alma que se despe sem buscar ser compreendida.
Dispenso adornos, títulos, brilhos vãos.
O que é verdadeiro nasce puro,
sem disfarces, sem artifício —
como o rio entre pedras,
ou a luz que se insinua pelos galhos.
Simplicidade é coragem.
Verdade é chama que não se dobra à escuridão.
Clareza é dom dos que se revelam inteiros,
mesmo quando o mundo prefere a sombra da ilusão.
Quem planta com o coração abriga mundos.
Quem abriga com amor é jardim de eternidade.
E quem ama sem medida,
esse já colheu o que há de mais sagrado:
a alma do outro, livre e entregue — em liberdade.
"Silêncio que me fere, amor que me acende"
Calas-te, e teu silêncio tem o peso de mil oceanos. Não é um simples calar — é um eco surdo, uma ausência que grita mais alto que todas as palavras que um coração apaixonado já ousou dizer. Enquanto me calas, eu sangro. Enquanto te calas, eu me desfaço em lembranças. Porque o meu amor, quando te evoca, não fala em sussurros — ele ruge em lampejos de saudade que rasgam a escuridão do tempo.
Teu silêncio me atravessa como lâmina feita de distância. Meu amor clama com a urgência dos ventos que assolam os campos ressequidos da espera. Mas tu, amor, te escondes nas sombras das horas mudas, como se cada sílaba tua fosse um precipício — e o retorno, um risco que já não desejas correr. E eu — eu permaneço aqui, com a alma em carne viva, tocando a lembrança do teu riso como quem acende um fogo antigo que ainda arde em segredo.
Por que te calas, se meu coração fala em trovões? Em cada batida dele habita um poema teu — um vestígio do que fomos, uma promessa do que ainda poderíamos ser. Mas te calas. E, no teu silêncio, afundam-se todos os navios que um dia construí para chegar até ti. O amor não morreu — apenas ficou sem voz, como um pássaro que esqueceu o caminho de volta ao céu.
Eu grito. Com os olhos. Com as mãos. Com memórias. Meu amor grita — em versos, em delírios, em febres de saudade. E tu... calas. Como se não ouvisses. Como se o amor fosse um idioma que tua alma desaprendeu de falar. Mas eu sei: no fundo do teu silêncio ainda pulsa um eco do que fomos. E talvez, só talvez, teu calar seja medo. Medo de me ouvir — e descobrir que ainda sou tua.
Porque, quando o amor é verdade, ele não se extingue — apenas silencia para escutar o outro amar mais alto.
"Revoada de Esperança"
Subiram aos céus meus desejos silenciosos, como um exército de aves feitas de bruma, fé e saudade. Não vinham coloridas pela festa do mundo, mas alvas da dor que conheceu o perdão. Eram esperança — não aquela estampada em palavras bonitas ou nas juras do calendário — mas a que se revela nas frestas, no intervalo entre a queda e o voo, no exato instante em que o coração escolhe não desistir.
Elas não prometeram nada. Apenas dançavam no céu como se a própria luz dependesse do bater de suas asas. Tocavam o invisível com a leveza das coisas eternas. A cada movimento, arrancavam do meu peito uma mágoa antiga, como se o ar fosse redenção, como se o azul fosse pátria.
A esperança não é voz. É sopro. Não é grito. É gesto. É o calor que persiste mesmo depois do inverno, é a força que se oculta nas delicadezas. Ela não espera o tempo certo — ela é o tempo. E, quando passa, nos atravessa inteiros: renomeia dores, devolve sentidos, desenha caminhos em páginas que julgávamos rasgadas.
Ó revoada sagrada, teu voo me reinventa. És o poema que minha alma escreveu sem papel, és a lágrima que brotou sem tristeza. Teu rastro no céu não é rastro — é trilha. É destino escrito com a leveza de quem já sofreu e, ainda assim, escolheu amar o mundo. Se há dor, que haja. Mas contigo aprendi que a esperança é a única ave que, mesmo ferida, jamais deixa de voar.
"Amar é verbo infinito"
Amar é como pisar descalça no coração — onde cada batida é um passo em direção ao outro. É sentir com a alma desnuda, sem defesas, sem reservas. É deixar que o silêncio diga o que as palavras não alcançam e que as lágrimas, quando chegam, sejam preces de amor sussurradas ao vento.
É o instante mágico em que dois olhares se encontram e se reconhecem, mesmo sem saber por quê. É o mistério que embriaga a calma, o desconcerto doce que abraça. Amar é flor que se abre, mesmo nas tempestades; é o sopro leve de um vento que acaricia sem tocar, mas deixa marcas.
Não se conjuga "amar" como um verbo comum. Ele escapa às regras, vive fora do tempo. Amar se sente na pele, no peito, no olhar. É chama que aquece sem queimar; é luz que revela onde antes havia sombra. É a eternidade cabendo em um só instante — e esse instante tornando-se para sempre.
Quem ama não explica. Ama porque transborda, porque o amor é um rio que corre sem pedir licença. Ama-se porque o outro é abrigo, é casa dentro da alma. E, mesmo quando o corpo parte, a presença permanece — no perfume da memória, no eco de um sorriso que ficou no ar.
Amar é verbo infinito... Porque atravessa o tempo, sobrevive ao silêncio e permanece — mesmo quando tudo o mais já se foi, o amor ainda está.
"Sombras da Memória"
A sombra da lembrança
estende-se como o passo de quem caminha,
molda-se ao contorno do ser,
e, por mais que tentemos fugir, ela nos segue.
A cada curva da estrada da vida,
a lembrança repousa sobre os ombros,
como o peso de um abraço distante,
como se o tempo fosse um relógio sem ponteiros,
onde a memória marca o compasso.
Caminho por trilhas já marcadas,
onde a poeira da saudade se levanta,
misturando-se à brisa quente da tarde.
As lembranças não têm forma,
mas ocupam o espaço da alma
com o delicado toque de quem não se vai,
mesmo quando os rostos se perdem
no horizonte da ausência.
Zé Fortuna, com sua melodia,
afirmou que a mão do tempo é firme,
mas a memória, ah, a memória,
é uma canção que nunca se apaga,
que ecoa nas montanhas do coração,
que dança nas sombras da gente,
nos caminhos infinitos do sentir.
E assim, sigo,
onde o tempo não apaga a história,
onde as sombras se tornam luz,
e onde as lembranças, como flores silvestres,
desabrocham no silêncio do vento.
O que somos, senão o som daquilo que já foi,
a sombra do que ainda vive em nós?
"Sem limites para amar"
Amo-te como quem respira sem pedir licença,
como as ondas que se arremessam contra as pedras,
sem temor, sem cálculo, sem limites.
Amo-te no incêndio das madrugadas,
no silêncio antigo das montanhas,
no grito das aves que cruzam o céu sem destino.
Meu amor não cabe em fronteiras,
não se curva a relógios nem razões.
Ele se expande, derrama-se,
transborda como o vinho esquecido sobre a mesa,
como a chuva que invade a terra sedenta.
Amo-te com as raízes que rompem o chão,
com os rios que rasgam vales,
com a fúria e a doçura de quem sabe:
amar é existir mais fundo, mais vasto, mais inteiro.
E mesmo se o tempo ousasse me deter,
mesmo se as estrelas apagassem seu brilho,
meu amor seguiria — sem medida,
sem limites,
como o próprio infinito que carregas nos olhos.
" Pontes que Curam"
A vida, com sua delicada sabedoria, vive tentando nos ensinar que o mundo não gira ao nosso redor. Mas, por vezes, esquecemos. Nossos desejos gritam tão alto que nos impedem de ouvir o outro... e, sem perceber, tornamo-nos ilhas.
Empatia — palavra tantas vezes dita, mas pouco vivida — é, na verdade, a ponte silenciosa que nos conduz ao essencial: o outro.
O outro... palavra pequena, mas carregada de sentido. É aquele que cruza o nosso caminho com um gesto sutil, um olhar cansado, um pedido tímido ou mesmo um silêncio que implora por atenção. É o desconhecido na fila, o amigo que sorri por fora, mas desaba por dentro, o vizinho que espera por um “bom dia” como quem aguarda um abraço.
É também quem nos fere — talvez por carregar dores que não ousa revelar.
Refletir sobre o outro é sair do espelho e olhar pela janela. É deixar de medir o mundo com a régua dos nossos quereres e, por um instante, calçar os sapatos de alguém. Não é fácil. Nos habituamos à bolha, aos filtros, aos afetos escolhidos a dedo. Mas o mundo... ah, ele é vasto demais para caber apenas dentro de nós.
A beleza da vida reside no entrelaçar de histórias, no encontro sutil entre o “eu” e o “nós”. Porque ninguém vive só de si.
A cura, a redenção, o consolo... muitas vezes vêm das mãos estendidas de alguém — ou das nossas, quando se estendem por amor.
Que sejamos mais atentos. Mais presentes. Mais dispostos a sair de nós.
Porque, no fim, o que transforma o mundo — e a nós mesmos — é a coragem de reconhecer no outro aquilo que também somos: um pouco espelho, um tanto abrigo e, infinitamente, humanos.
"Entre Céus e Silêncios"
Nos olhos, carrego constelações —
fragmentos de luz que resistem à noite.
No peito, um mar que não dorme,
feito de marés de lembranças e promessas doces.
Sou brisa que dança entre guerras caladas,
sou o chão onde a fé lança sementes,
sou silêncio que canta nas madrugadas
o cântico oculto das almas pacientes.
Caminho entre sombras que abraçam o dia,
com os sonhos acesos na palma da mão.
Meus passos tecem trilhas na alquimia
de quem transforma dor em criação.
Abraço o vento, cúmplice dos meus segredos,
sou verso em exílio, buscando abrigo.
Sou lágrima que não teme os medos,
sou verbo que floresce no abrigo do abrigo.
E, quando me desfaço em cacos de flor,
é só o rito sagrado da reinvenção:
a alma que conhece o peso da dor
é a mesma que borda a própria redenção.
"Soneto do Amor Sem Medidas"
Amo-te assim, sem tempo e sem medida,
como a maré que se entrega à lua cheia.
Em teu silêncio, minha voz vagueia,
e, em teu olhar, vejo a luz da minha vida.
Sou teu no vento, na manhã erguida,
na rosa que, do inverno, ainda semeia.
És minha sede, a fonte que clareia
os becos escuros dessa alma ferida.
Não te amo como quem deseja posse ou nome,
mas como quem respira, sente e some
nas mãos daquilo que não se explica.
Amor que arde sem queimar o peito,
mas faz do mundo um verso mais perfeito,
onde o teu ser, no meu amor, habita.
"A Presença Silenciosa da Saudade"
Saudade é um eco que nunca se cala,
é sombra que segue, mas nunca se perde.
É o rio que corre e se afasta, sem fala,
é a chama que arde e à noite se perde.
És tu, saudade, que em mim te alojas,
feito vento que invade e depois some.
Trazes o peso das horas que fogem,
e o corpo que sente o que o tempo consome.
Por ti, os dias se arrastam em lentidão,
e o silêncio é mais cruel que a aflição
de ventos cortantes nas noites sem fim.
Não sei se vens de um amor que morreu,
ou se és a dor de um sonho que não nasceu,
mas te guardo, saudade, dentro de mim.
Mãe, Estrada de Luz e Eternidade
Mãe, tua luz brotou da essência da terra,
antes que o mundo tivesse nome ou forma.
És raiz que resiste, mesmo quando a enxada fere,
és chão fecundo onde florescem sonhos e histórias.
Nos sulcos de tuas mãos, repousam auroras,
guerras silenciosas que o tempo não apagou.
Teu olhar é um poço sem fundo de ternura,
onde mergulho e, mesmo ferido, encontro abrigo.
Tua coragem não fez alarde, nem buscou aplausos.
Foi no feijão coado, no pão repartido,
na casa varrida de esperança nas manhãs frias,
que edificaste teu templo invisível.
Mãe, és lágrima que rega o impossível,
és palavra simples que transforma a pedra em flor.
Teu silêncio ensinou mais que mil livros,
e tua presença, mesmo ausente, ainda é farol.
Nas noites em que a vida pesa sobre os ombros,
é tua lembrança que me reconduz ao caminho.
Tua fé — não a dos altares altos,
mas a plantada no cotidiano — é o que me sustenta.
Mãe, és mais do que luz:
és a própria estrada, o próprio chão,
a lida e a poesia, a fome e o pão,
és a eternidade bordada em minhas mãos.
"Soneto breve à força"
Não te rendas à dor, amor meu,
nem ao peso sombrio das horas vazias.
Dentro de ti, arde um coração de fogo,
e nenhum inverno será capaz de extingui-lo.
Mesmo que a noite se feche sobre teus olhos,
e as pedras sangrem os teus pés cansados,
sê rio, sê raiz, sê espada, sê flor:
não te rendas, amor, não te rendas.