Coleção pessoal de rapha777

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Terei uma Entrevista com a Morte

Terei uma entrevista com a Morte
em certa barricada em que se lute,
quando com suas sombras murmurantes
de novo a Primavera regressar
e as flores da macieira encherem o ar...
Terei uma entrevista com a Morte,
quando trouxer de novo a Primavera
os dias azulados e brilhantes.

Talvez ela me tome pela mão
e me conduza para a escuridão
do seu país, feche meus olhos, corte
minha respiração... Talvez eu passe
no lado dela silenciosamente.
Terei uma entrevista com a Morte
tia escarpa recoberta de feridas
de uma colina destroçada, quando
este ano a Primavera vier chegando
e abrir nos prados as primeiras flores.

Fora melhor estar entre perfumes
e almofadas de seda mergulhado,
onde o Amor vibra em seu sono encantado,
numa só pulsação, num só respiro,
de que é tão grato o suave despertar...
Mas tenho uma entrevista com a Morte
numa cidade em fogo, à meia-noite,
ao ir a Primavera para o norte;
serei fiel à palavra que empenhei:
jamais a essa entrevista faltarei.

“Política é a arte de conseguir o voto dos pobres e o dinheiro dos ricos, prometendo protegê-los uns dos outros.”

Moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira.

As palavras são como as folhas; e quanto mais abundam, mais raramente se encontram entre elas muitos frutos do bom senso.

Todos os deveres humanos se encerram nestes dois pontos: resignação à vontade do Criador e caridade para com os nossos semelhantes.

Um pouco de cultura é uma coisa perigosa.

Suportam melhor a censura os que merecem elogio.

"Nada revela melhor a índole dos fins do que a natureza dos meios."

"O homem de espírito nobre converte em experiência todos os acontecimentos; entre essa experiência e sua razão há uma união estreita cujo produto são suas ações. Constrói porque ama e não para ser amado, estima a glória e despreza a ofensa, obedece e manda com o mesmo semblante e pelo mesmo motivo. Sabendo que a razão não é um dote inútil da natureza, faz-se piloto de seu próprio destino. A verdade é seu culto , então contente se aproximar-se dela quer possuí-la . Na sociedade dos homens brilha como um astro cuja claridade lhe dirige os passo com um movimento regular. É o amigo do homem sábio e remédio do vicioso. O tempo marcha não adiante dele, mas com ele, e ele apercebe-se dos anos mais pela força de sua alma que pela debilidade de seu corpo. Por isso, não sente a dor e considera-a como uma amiga que deseja romper seus laços e ajudá-lo a sair da prisão."

"Faça das suas virtudes os seus meios."

"Nenhum homem é obrigado a ser rico, grande ou sábio mas todos são obrigados a ser honrados."

"Um punhado de boas ações vale mais que um alqueire de ciência."

"De pouco valor é o homem que não consegue se elevar acima de si mesmo."

"O homem forte é como a água que corre, faz seu próprio caminho."

Odeio o terrível vale atrás do pequeno bosque;
seus lábios nos altos campos estão salpicados
de urze vermelho sangue
As encostas de estrias rubras gotejam
como um silente de horror e sangue
E o eco
ao que lhe pergunte
responde: morte!

Esses prazeres violentos tem fins violentos,
E morrem em seu triunfo, como o fogo e a pólvora,
Que, ao se beijarem, se consomem.
O mais doce mel repugna por sua própria doçura,
e seu sabor confunde o paladar.
- Romeu e Julieta

Invictus

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"

LISBON REVISITED
(1923)

Não: não quero nada.

Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

A coragem não lhes salvará,
mas mostrará o valor de suas almas.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.