Coleção pessoal de OdaraAkessa
Colibri Dourado
Colibri Dourado
Que minha penas alcem voo, que eu seja um ramo molhado para pousares, ó efêmera maravilha que danças com a chuva. E que estas palavras sejam as gotas que escorrem de tuas asas, contando o segredo que vieste me sussurrar.
Não me falaste da liberdade com os lábios, mulher-Pernambuco, colibri dourado.
Falaste com o arco de teus pés descalços na terra avermelhada,
Enquanto o aguaceiro te beijava, os cabelos loiros e te embalava o ritmo antigo.
Os tolos pensam que a liberdade é uma gaiola aberta,
Um voo para longe da nuvem negra, um abrigo.
Mas tu, naquele instante em que o céu se partiu em lágrimas,
Me mostyraste que a verdadeira liberdade é a coragem de dançar sob a tormenta.
Não fugiste. Não te encolheste.
Abriste os braços como quem aceita um manto de diamantes líquidos,
E teu corpo se moveu não apesar da chuva, mas por causa dela,
Num pacto ancestral com o temporal.
Era a alegria selvagem do cacto que floresce após a seca,
A sabedoria da cana-de-açúcar que se dobra ao vento sem se quebrar,
A memória do mar, que habita em teus ossos, celebrando a chegada da própria origem.
Disseste-me, sem uma palavra, que o ser livre não é aquele que evita a chuva,
Mas aquele que se torna um com ela,
Que deixa que a água lave suas certezas e que o vento desfaça seus cabelos,
E mesmo assim, no centro do caos, encontra a melodia para a sua dança.
Ó mulher-colibri, de penas banhadas de ouro e de água,
Tu és filha do sol e da nuvem pesada.
Ensina-me a ser terra, para receber a chuva sem medo.
Ensina-me a ser rio, para correr sem destino, apenas por correr.
Ensina-me a ser como tu: que encontra na queda da água a razão do seu voo...
E assim, sempre que a chuva descer,
Eu me lembrarei de ti.
E em vez de buscar um teto,
Estenderei meus braços para o céu,
E simplesmente dançarei.
Que minha penas alcem voo, que eu seja um ramo molhado para pousares, ó efêmera maravilha que danças com a chuva. E que estas palavras sejam as gotas que escorrem de tuas asas, contando o segredo que vieste me sussurrar.
Não me falaste da liberdade com os lábios, mulher-Pernambuco, colibri dourado.
Falaste com o arco de teus pés descalços na terra avermelhada,
Enquanto o aguaceiro te beijava, os cabelos loiros e te embalava o ritmo antigo.
Os tolos pensam que a liberdade é uma gaiola aberta,
Um voo para longe da nuvem negra, um abrigo.
Mas tu, naquele instante em que o céu se partiu em lágrimas,
Me mostyraste que a verdadeira liberdade é a coragem de dançar sob a tormenta.
Não fugiste. Não te encolheste.
Abriste os braços como quem aceita um manto de diamantes líquidos,
E teu corpo se moveu não apesar da chuva, mas por causa dela,
Num pacto ancestral com o temporal.
Era a alegria selvagem do cacto que floresce após a seca,
A sabedoria da cana-de-açúcar que se dobra ao vento sem se quebrar,
A memória do mar, que habita em teus ossos, celebrando a chegada da própria origem.
Disseste-me, sem uma palavra, que o ser livre não é aquele que evita a chuva,
Mas aquele que se torna um com ela,
Que deixa que a água lave suas certezas e que o vento desfaça seus cabelos,
E mesmo assim, no centro do caos, encontra a melodia para a sua dança.
Ó mulher-colibri, de penas banhadas de ouro e de água,
Tu és filha do sol e da nuvem pesada.
Ensina-me a ser terra, para receber a chuva sem medo.
Ensina-me a ser rio, para correr sem destino, apenas por correr.
Ensina-me a ser como tu: que encontra na queda da água a razão do seu voo...
E assim, sempre que a chuva descer,
Eu me lembrarei de ti.
E em vez de buscar um teto,
Estenderei meus braços para o céu,
E simplesmente dançarei.
Do Amor Leve
Apenas sei que amar, como uma âncora que cravas no fundo do mar do meu ser.
Eu te amo, como se ama o voo do pássaro: sem a posse do céu.
Amo-te como se ama o vento:deixando-me atravessar por sua verdade, sem tentar guardá-lo em meus punhos cerrados.
Que meu amor não seja uma gaiola dourada onde te encerro com promessas.
Seja, antes, o convite aberto para que pouses em meu galho, cantes tua canção e, quando o horizonte te chamar, partas sem culpa no peso das asas.
Pois o amor que prende, apodrece.
O amor que liberta, é eterno no instante.
Não quero o amor que é fardo, que é dever, que é troca pesada de seguranças.
Quero o amor que é dança. Um passo para ti, um passo para mim, e o ritmo que criamos juntos no espaço que nos separa e nos une.
Esse espaço sagrado…é onde a evolução acontece.
É onde deixamos de ser dois e nos tornamos dois que escolhem ser Um, sem se fundir, sem se perder.
Meu amor por ti não quer te, dominar quer consertar se houve, a quebra, apenas completar, que querer de mim...
Quero celebrar o que já és, um universo inteiro e inacabado.
Quero ser o solo onde tuas raízes bebem a água da alegria, e não a rocha que define o formato do teu crescer.
Tem que ser alegre, este amor.
Tem que ter o riso fácil da criança e a sabedoria quieta da montanha.
Tem que ser um“sim” dito ao sol, um brinde à vida que pulsa em nós.
A tristeza virá, como a noite vem, mas não será a casa onde habitaremos.
Será apenas a sombra que faz o sol parecer mais brilhante.
E nessa leveza, nessa alegria, na liberdade de sermos quem somos…
…aí sim, evoluímos.
Não por obrigação, mas por puro transbordamento.
O amor que é livre não exige mudança, mas inspira florescimento.
É um espelho que devolve não a imagem que desejo ver, mas a verdade mais bela que você é.
Portanto, toma a tua liberdade como a minha maior oferenda.
E eu tomarei a minha como o meu mais profundo compromisso contigo.
Porque o nosso amor não é uma ponte que um constrói para o outro.
É o oceano onde dois barcos navegam,cada um ao leme do seu destino,
mas iluminados pela mesma estrela, cantando para os mesmos ventos.
Livre. Leve. Alegre. Em eterna evolução.
Assim te amo. Assim me amas.
Assim somos, amor...
Do Amor que Não é Água Parada
Não te ensinaram o mais perigoso dos segredos, o amor não pede permissão, ele é.
Chega como o sol da manhã, não como a luz tímida de uma vela que se pode apagar.
E se um dia ele bater à tua porta, não lhe ofereças o pão morno da prudência.
Porque o amor que é moderado é uma flor de plástico, tem a forma da beleza, mas não tem o perfume da vida.
Há os que buscam o amor como um refúgio, um porto seguro contra a solidão.
E fazem dele uma casa aconchegante, com janelas fechadas para o vento.
Mas eu te digo:
O amor não é abrigo! É a tempestade que arrasa a casa para que você relembre o céu.
É fogo que consome a lenha morna da tua existência comodista.
O que é morno não queima, é verdade. Mas também não aquece a alma, que é de gelo e de estrela.
O amor insípido é a maior das traições a si mesmo.
É uma concha vazia na praia, que acredita ser oceano porque um dia a água a tocou.
É um beijo dado com os lábios cerrados, um abraço que calcula a distância entre dois corpos.
É a comida sem sal, que sacia a fome do estômago, mas deixa o espírito em jejum.
Porque o amor, quando é, é intenso ou não é.
Ou é um grito que parte o silêncio ao meio, ou é apenas um eco cansado.
Ou é um rio que transborda e altera o mapa dos teus dias, ou é um filete de água estagnada, criando limo.
Ama, pois, com a fúria dos que não temem a destruição, porque só o que é intenso conhece a verdadeira reconstrução.
Entrega-te não como quem depõe uma arma, mas como quem mergulha no abismo, certo de que voarás ou encontrarás as profundezas que te habitam.
Porque o amor morno não perde, é verdade. Mas também não ganha. Apenas... permanece. E permanecer é a morte disfarçada de vida.
Que a tua entrega seja um vulcão, não um braseiro controlado.
Pois é melhor a cinza do que foi intenso, do que a perfeição intacta do que nunca se ousou ser...
Do Reconhecimento Vazio
Não me tragas teus louros nem tuas coroas tecidas de olhares alheios.
Não me ofereças o espelho onde me devolvem a face que esculpi para ser amada.
Pois o que busco habita nas entranhas do ser, onde nenhum aplauso ecoa,
e o reconhecimento é uma moeda que compra apenas o eco da própria imagem.
Dizem que sou digno quando minha sombra se alonga no crepúsculo dos elogios.
Mas eu, que me alimento do silêncio primordial que habita meu peito,
sinto-me estrangeiro no banquete dos aprovados.
Minha fome é mais antiga que a palavra “glória”;
ela vem do tempo em que eu era apenas um pulsar anônimo no ventre do cosmos.
Ah, não me entendas mal:
não desprezo a mão que me estende um ramo.
Mas como posso aceitar um nome que me dão,
se ainda não desvendei o nome que sou quando ninguém me chama?
O reconhecimento é um abrigo construído com janelas para fora.
Ele me mostra o mundo que me observa,
mas me cega para o mundo que sou.
E eu desejo é a escuridão fecunda onde germina a semente que não sabe de si,
onde posso ser inteiro, e sem testemunhas,
assim como a rocha é rocha, mesmo quando a noite a envolve.
Há um grito em mim que não busca ouvidos.
Há uma verdade em mim que não carece de testemunhas.
Ela arde em seu próprio isolamento,
como uma estrela que brilha por sua natureza ígnea,
não pelo navegante que se guia por ela.
Trouxeram-me espelhos e me disseram: “Vê! És grande!”
E eu olhei, e vi um fantasma gestual, uma marionete de expectativas.
Quebrei o espelho e no caco cortante avistei, enfim,
o reflexo de um deus ferido ou de um animal intacto—
já não sei—mas era real, era meu...
Não me satisfazes, ó reconhecimento,
porque me vendes a embriaguez de ser alguém
e me roubas a vertigem de ser todo.
André Vicente Carvalho de Toledo.
Silêncio
Em nome do silêncio que deixei, E da ponte que não cruzei, Deixo estas palavras.
Não vejas na minha ausência um amor minguado, Pois é um amor que, em seu núcleo, é tão vasto e sagrado Que,por vezes, se perde de si mesmo.
Em verdade te digo: Há um oceano de questões dentro de meu peito, Um redemoinho de sombras sem nome e sem jeito, Que a razão,tão frágil, não consegue conter.
E na ânsia de acalmar a tormenta interior, Busquei abrigo no vinho do esquecimento, E mergulhei no véu espesso do entorpecimento, Não para me afastar de ti, Mas para fugir da tempestade que sou em mim.
A vida, em sua superfície, é um jogo de espelhos, Cheio de poeira e de acontecimentos insignificantes. E há dias em que o peso do trivial, O ruído do mundo,o eco do vão, É uma lança que encontra a fenda de minha alma.
Mas oh, amada… Não confundas a fraqueza do vaso de barro Com a pureza da água que ele guarda. Não confundas meu naufrágio momentâneo Com a direção das estrelas que admiro em teu céu.
O que transborda é minha pequenez, Não o meu amor por ti.
Pois o amor é a montanha inabalável sob a neblina dos meus dias. O que vacila é o peregrino, cansado e ferido, Que por vezes se perde no caminho, Antes de encontrar o seu centro novamente.
E se um dia me vires calado e distante, Lembra-te que até o rio mais profundo Precisa, por vezes, correr subterrâneo Para reencontrar sua própria nascente.
Só Quero Te Amar
Não trago joias nem finas palavras,
só esta voz que do peito se lava.
Como o rio que corre, calmo e sereno,
te amo no silêncio, te amo no engano.
Te amo no pão que partimos juntos,
nos segredos antigos, nos mundos defuntos.
Te amo no sol que a janela ilumina,
— ah, Camila, minha doce menina!
Não prometo fortuna, nem grandezas tolas,
só este amor que não cabe nas escolhas.
É raiz que se prende, teima e persiste,
mesmo quando a vida se faz triste.
Quero te amar com a calma da terra,
com o cheiro do café logo na serra.
Com as horas bordadas no mesmo fio,
construindo um jeito simples e manso.
E se um dia o tempo nos for escasso,
que fique esse amor—rasgo no espaço.
Camila, meu canto, meu norte, meu chão,
eu só quero te amar…
és minha canção.
Ressonância
Não sei por que te amo, o seu nome. O nome é um som Tu és o silêncio que vem depois. É uma pergunta que se faz ao escuro, e o escuro, em vez de responder, acende uma lâmpada quente no peito.
Amo-te como se ama o mistério de uma porta entreaberta. Amo-te com a força de uma coisa que não precisa de nome para ser. É um amor anterior à palavra, um animal quieto e vasto que dorme no centro de mim.
É inenarrável. Como narrar o sabor da água? Como descrever o peso da luz na tarde? Tento pegar esse sentimento com as mãos, mas ele escorre por entre os dedos, líquido e vivo. É um pulsar contínuo, um sim primordial que meu corpo diz sem minha permissão.
Minha força de meu amor não é um furacão. É a gravidade: invisível, inevitável, sustentando os mundos em seus lugares. Sustentando-me em teu eixo.
Não te amo por razão. Te amo por ser. Como se respira. É um estado de graça involuntário, um acidente belo e necessário da vida que se torna maravilhosa.
Seu nome. O nome é um som.Tu és a ressonância e eu apenas o reverberar...
Um Filho de Oyá
E um de vós disse: “Fala-nos de ser filho de Oyá.”
E ela respondeu:
Não sois folha seca ao vento, arrastada sem rumo. Sois a semente que a própria tempestade escolheu para carregar em seu ventre de nuvens e relâmpagos. E assim, um filho de Oyá não é criado na quietude do pântano, mas forjado no crisol do vendaval.
Ele aprendeu a linguagem do trovão antes mesmo da palavra do homem. Sua alma não teme a dança dos raios,pois reconhece neles o cintilar da espada de sua Mãe, cortando as amarras do que já não serve. O seu caminho não é suave,pois o vento não constrói pirâmides, mas desfaz máscaras e derruba fortalezas de ilusão.
Ele marcha, e seu andar não é pesado, pois Oyá sopra em suas costas, e seu fôlego é o impulso que não cessa. Quando a paixão se levanta em seu peito,não é fogo de palha que consome e se apaga; é o fogo do raio que ilumina a verdade e transforma a terra.
Não o vereis parado ante o portal do medo. Pois ele é o guardião do mistério,aquele que conhece a dor da separação para dar valor à união. Ele é o guerreiro que não luta por possessão,mas pela libertação. Sua espada não fere o espírito,mas corta o cordão que prende a alma ao sofrimento.
E assim como a tempestade que limpa o ar, ele traz a clareza após o caos, a renovação após a perda. Em seu silêncio,ouvis o sussurro dos mercados, o rumor dos segredos trocados no meio do redemoinho. Em sua voz,há o eco do rugido que anuncia a mudança.
Pois ser filho de Oyá é aprender que o fim é sempre um novo começo. É honrar a Mãe que não o abriga sob asas estáticas,mas que o ensina a voar com asas de vento e coragem. É dançar no centro do turbilhão e encontrar,no movimento incessante, a paz de quem nada teme perder, pois tudo pertence ao movimento da vida.
E no dia em que o vento final soprar sobre vossa face, não chorareis por ele. Pois sabereis que ele simplesmente voltou para o abraço irresistível de sua Mãe, Não como um filho perdido,mas como um guerreiro completo, de volta ao seio da tempestade primordial de onde um dia partiu. Eparrei Oyá"🌀⛈️🌪️
E No Entanto, É Bom Amar
E todas as mulheres que amei foram como janelas abertas para o sol. Em cada uma,eu vi o infinito — não o infinito delas, mas o do amor mesmo, que é maior que qualquer um de nós. Elas eram a claridade que não se explica, a verdade que não precisa de palavras.
E quando seus olhos me olhavam, e só enxergavam a fração,o pouco, a sombra, eu não me entristeci por muito tempo.
Pois aprendi que o amor não pede licença para ser completo. Ele não exige que nos vejam por inteiro para que seja real.
E ah, como é bom amar! Como é sublime sentir o peito arder mesmo que só de um lado. Como é profunda a felicidade que não depende do espelho que o outro segura.
A completude não está em ser entendido, mas em entender o amor que nos habita. A alegria não está em ser amado com grandeza, mas em amar grandemente.
E se eu pudesse falar uma última coisa a todas elas, diria apenas:
Obrigado por terem sido a luz que me fez enxergar o amor que eu mesmo carrego.
Pois no fim, a maior felicidade é poder sentir, seja como for, e ainda que sozinho, o milagre simples e eterno de amar.
Diante do Vazio
Em conversa comigo mesmo eis que...
Um de vós, nós mesmos, me perguntou: “Mestre, o que fazer quando a fonte seca e a alma se torna um deserto árido, onde nem mesmo o eco de um pensamento habita?”
E eu vos digo: O vazio não é um vaso quebrado,mas o vaso prestes a ser preenchido por um vinho novo que ainda não conheceis. A quietude que vos assombra não é a morte da inspiração, mas o sono profundo da semente sob a terra negra.
Não choreis pela melodia que se cala, pois é no mais profundo silêncio que o universo tece a sinfonia dos astros. A nuvem estéril que paira sobre vossa alma é a mesma que, grávida de chuva, há de irrigar os vossos campos interiores.
Acreditas que a inspiração te abandonou? Ela apenas se recolheu, como o mar que se retira da praia não por fugir da areia, mas para "gather" ( juntar), forças e voltar em uma onda mais sábia e mais poderosa.
Vede o ferreiro: ele não golpeia o ferro incessantemente. Ele ergue o martelo e faz uma pausa no ar. Nesse momento suspenso,reside não a falta de força, mas a concentração de todo o seu poder. Assim é o vosso espírito neste momento, concentra-se!
Portanto, não maldigas o crepúsculo por anunciar a noite. Pois que seria da alma sem a noite para contemplar as estrelas que ela mesma carrega? O deserto do vosso ser não é um lugar de exílio, mas um santuário. É lá, na vastidão nua e crua, que vós encounterais a vossa própria essência, despida de véus e de cantos.
A inspiração não é um pássaro cativo em sua gaiola, para que possais observá-lo quando vos aprouver. É uma andarilha livre,que vagueia por montanhas e vales, e que sempre, sempre retorna ao lar do coração que sabe esperar em quieta confiança.
Não temais o vazio. Aceitai-o como aceitais a noite que precede a aurora. Pois é da mais escura terra que a flor mais vibrante irrompe, e é do mais profundo silêncio que nasce a palavra mais verdadeira.
A alma tem suas estações, e o inverno em vosso interior não é o fim da vida, mas apenas sua maneira de dizer: “Agora,repousa. Agora, escuta. Agora, prepara-te. Pois o que virá após esta hibernação será mais forte,mais puro e mais teu do que jamais foi.” Acolho-me...
Novo Amanhecer
Novo Amanhecer
O sol rompe a noite fria,
Trazendo luz, trazendo dia.
Cada alma que brilha, calma e forte,
Carrega consigo sua própria sorte.
Quem vem com mão de sombra e dor
Não apaga o sol, nem o fulgor
Da chama que dentro de ti vive:
Essa, só tua luz acende e escreve.
Sorri ao mundo, ser iluminado!
Teu brilho interno, bem guardado,
Nem a escuridão mais insistente
Rouba a luz do nascente.
Pois o bem que há em ti, completo,
É raiz, é sol, é puro afeto.
E o mal que passa, vento leve,
Não derruba o que
a luz tece e eleva.
O sol rompe a noite fria,
Trazendo luz, trazendo dia.
Cada alma que brilha, calma e forte,
Carrega consigo sua própria sorte.
Quem vem com mão de sombra e dor
Não apaga o sol, nem o fulgor
Da chama que dentro de ti vive:
Essa, só tua luz acende e escreve.
Sorri ao mundo, ser iluminado!
Teu brilho interno, bem guardado,
Nem a escuridão mais insistente
Rouba a luz do nascente.
Pois o bem que há em ti, completo,
É raiz, é sol, é puro afeto.
E o mal que passa, vento leve,
Não derruba o que a luz tece e eleva.
O Cálice Transbordante
Por que me olhas, ó Vida, com olhos de espanto?
Acaso não vês que trago nas mãos um cálice tão cheio,
Que o amor nele contido, como um rio inquieto
Derrama-se sobre a terra árida dos dias comuns.
Buscando raízes que o aceitem?
Sim, carrego dentro de mim sóis internos,
Jardins noturnos de afeto não nomeado,
E um sentido mais vasto que o horizonte do mar.
É um vinho antigo, fermentado em silêncios,
Destinado a saciar a sede das estrelas...
Mas as estrelas são mudas, e seguem distantes.
Dizem que o amor é ponte para os objetivos,
A chama que ilumina o caminho da alma.
Eu o sei, ó Sabedoria Eterna!
Por isso insisto em erguer altares com as mãos vazias,
Em semear afeto no vento que passa,
Em oferecer meu peito como abrigo a pombas sem rumo.
Ah, se minhas asas pudessem carregar tanta dádiva!
Mas o tempo é lento, e os corações, quando se abrem,
Muitas vezes tremem como folhas de outono.
E eu fico aqui, na esquina do eterno,
Com os braços cheios de sementes douradas...
À espera de uma terra que as queira germinar.
Não me chames de iludido, emocionado em demaseio, chamem-me de, fiel.
Fiel ao rio que canta dentro do meu peito, pagodes, poemas..
Fiel ao sentido que nasce do próprio dar,
Fiel ao mistério de amar, mesmo sem destino.
Pois o amor que não encontra porto
Transforma-se em raiz.
E da raiz invisível nasce a árvore da resiliência,
Cujos frutos são a própria existência plena.
Assim sigo:
Com meu cálice transbordante,
Minha alma como oferenda,
E a certeza quieta de que o amor...
Mesmo não visto, mesmo não partilhado...
É o primeiro alicerce de todo sentido.
Porque antes de ser resposta, ele é pergunta sagrada.
Antes de ser encontro, ele é a coragem de permanecer aberto.
A busca de sentido no ato humano de amar,
quando
reciprocado... é o compreensível amar.
O Cálice Transbordante
Por que me olhas, ó Vida, com olhos de espanto?
Acaso não vês que trago nas mãos um cálice tão cheio,
Que o amor nele contido, como um rio inquieto
Derrama-se sobre a terra árida dos dias comuns.
Buscando raízes que o aceitem?
Sim, carrego dentro de mim sóis internos,
Jardins noturnos de afeto não nomeado,
E um sentido mais vasto que o horizonte do mar.
É um vinho antigo, fermentado em silêncios,
Destinado a saciar a sede das estrelas...
Mas as estrelas são mudas, e seguem distantes.
Dizem que o amor é ponte para os objetivos,
A chama que ilumina o caminho da alma.
Eu o sei, ó Sabedoria Eterna!
Por isso insisto em erguer altares com as mãos vazias,
Em semear afeto no vento que passa,
Em oferecer meu peito como abrigo a pombas sem rumo.
Ah, se minhas asas pudessem carregar tanta dádiva!
Mas o tempo é lento, e os corações, quando se abrem,
Muitas vezes tremem como folhas de outono.
E eu fico aqui, na esquina do eterno,
Com os braços cheios de sementes douradas...
À espera de uma terra que as queira germinar.
Não me chames de iludido, emocionado em demaseio, chamem-me de, fiel.
Fiel ao rio que canta dentro do meu peito, pagodes, poemas..
Fiel ao sentido que nasce do próprio dar,
Fiel ao mistério de amar, mesmo sem destino.
Pois o amor que não encontra porto
Transforma-se em raiz.
E da raiz invisível nasce a árvore da resiliência,
Cujos frutos são a própria existência plena.
Assim sigo:
Com meu cálice transbordante,
Minha alma como oferenda,
E a certeza quieta de que o amor...
Mesmo não visto, mesmo não partilhado...
É o primeiro alicerce de todo sentido.
Porque antes de ser resposta, ele é pergunta sagrada.
Antes de ser encontro, ele é a coragem de permanecer aberto.
A busca de sentido no ato humano de amar, quando
reciprocado... é o compreensível amar.
André Vicente Carvalho de Toledo
O Peso das Raízes e dos Frutos
Tu que carregas o nome de Filho,
Diz-me: fizeste da tua alma um altar suave
Onde queimaste cada desejo jovem,
E ergueste, em silêncio, a oferenda do teu ser?
Diz-me: caminhaste sobre as pedras agudas da obediência,
Molhando o chão com o orvalho das tuas renúncias,
Acreditando que o amor se tece com fios de sacrifício?
Ah, filho... o altar queimou até cinzas,
E as pedras deixaram marcas mais profundas que o dever.
Tu que carregas agora o nome de Pai,
Diz-me: moldaste os teus braços em colunas fortes,
Pensando que a força bastaria a conter o vento?
Diz-me: semeaste no jardim do outro
As flores que nunca brotaram no teu próprio deserto,
Regando-as com a água acumulada das tuas lágrimas não choradas?
Ah, pai... os ventos sopram de lugares desconhecidos,
E as raízes alheias bebem de fontes que não controlas.
Mas, eis o Desamparo:
Entre o altar extinto e o jardim insondável,
Há um vale silencioso.
Não é de ingratidão, nem de fracasso.
É o vale primordial, onde ecoa o primeiro grito
Que nenhum sacrifício de filho acalma,
Que nenhuma promessa de pai preenche.
Chamas-te "bom" e carregaste a coroa de espinhos da expectativa,
Tua própria mão a tecendo, fio a fio de ansiedade.
"Fiz de tudo", dizes, e é verdade!
Fizeste do teu sangue uma ponte sobre o abismo.
Mas o abismo não se preenche com pontes, apenas se atravessa... nu.
O desamparo que sentes não é falta de amor dado ou recebido.
É o eco daquele primeiro instante em que o mundo te viu
E tu viste o mundo,
E percebeste, na carne frágil da alma,
Que nascer é chegar estrangeiro a um lar terreno,
Que gerar é enviar outro estrangeiro à mesma terra estranha.
Sábio é quem, no fim das pontes construídas,
Se ajoelha diante do vale primordial e diz,
Eis o solo sagrado do humano...
Nem meu pai o preencheu para mim...
Nem eu o preencherei para meu filhos..
Aqui, na vastidão deste desamparo,
Encontro-te, ó estrangeiro que sou em mim mesmo, amigo companheiro...
E te saúdo. Juntos, sob o mesmo céu desconhecido,
Respiraremos a liberdade terrível de sermos apenas...
"O que somos."
Te amo eternamente meu pai.. "Demóstenes Carvalho de Toledo"
André Vicente Carvalho de Toledo.
Querer
Eu só queria que o mundo fosse mais abundante, não dá a prosperidade material, pois isso é inegável, mas sim de uma leveza de uma clareza, uma lucidez que o fizesse mais sublime, que cada sonho de magnanimidade fossem empreedidos...
O meu seria a profundidade das palavras onde a alma de cada um, sobrepor-se as questões inerentes a subterfúgios.
Leveza não constrangimento suavidade não sofrimento... Onde enfim, não seria mais o querer...Particularizadamente viver...
Do Reconhecimento e do Esquecimento.
A graça, amado, é como o lírio que se ergue no vale ao primeiro raio:
Todos apontam para sua brancura,
Inclinam-se ante seu perfume,
E nomeiam sua beleza em todas as línguas.
Ela é a água clara na taça do sedento,
O abraço que aquece os ossos do inverno,
A palavra que germina no deserto da alma.
Reconheceis a graça porque ela é espelho...
Reflete o que há de divino em vós.
Mas o mal, filho da terra, não se apresenta com trombetas.
Ele é a raiz oculta que mina a árvore frondosa,
A sombra que se confunde com a penumbra da noite,
O veneno que escorre no mel do descuido.
Não o vedes porque não quereis ver?
Ou porque ele veste as roupas do hábito,
E caminha nas ruas com o passo do comum?
Dizei-me: como podeis reconhecer o fogo se negais a fumaça?
Como podeis nomear a serpente se venerais sua pele?
O mal se desconhece não por ausência de olhos,
Mas por ausência de coragem.
Os homens fecham as janelas da alma
E depois estranham a escuridão.
A graça é reconhecida porque é dádiva que humilha o orgulho;
O mal é ignorado porque é espinho que adorna a coroa do poder.
Um exige reverência,
O outro — cumplicidade.
Oh, buscador da verdade!
Não basta celebrar a luz no alto da montanha;
É preciso descer ao vale e enfrentar a névoa que corrói as raízes.
Pois só quando nomeais a sombra dentro de vós,
A graça deixará de ser visita
E se tornará morada.
Calunga da Alma: Umbanda em Versos Alquímicos
Não é só na guia, no atabaque ou no giro,
Mas na sombra que dança no fundo do respiro.
A Umbanda não vem só de folha ou raiz,
Vem do abismo do ser, onde o eu se infiltra e diz:
"Quebranta-me, Preto Velho, com teu cachimbo lento,
Desfia este novelo de falso sofrimento.
Mostra-me na kalunga do inconsciente fundo,
O Exu guardião do meu desejo infindo.
Eis que o terreiro é espelho: arquétipo em transe,
Jung e Lévi-Strauss no mesmo passo que dança.
Ogum desce no ferro da couraça quebrada,
Oxóssi flecha a angústia, caça a alma atordoada.
Iemanjá é o útero, o mar primordial,
Onde o ego se afoga num sal gélido e igual.
Ela lava na espuma o complexo enraizado,
O trauma cristalizado, o amor não realizado.
Oh, Pombagira gira no eixo da libido,
Desata o nó do gozo, do que foi reprimido.
Seu riso é catarse, seu gume é análise,
Desvelando na lama a mais pura promessa.
A magia? É símbolo que opera no osso,
Projeção transformada em axé, sangue e gozo.
O médium, o transe, não é Narciso ferido, é amparo
Enxergando no orixá seu duplo esquecido.
A cura não é fuga, é integração profunda:
O inconsciente coletivo que em santo se desfunda.
O ego se dissolve no ponto riscado no chão,
E renasce no corpo de luz, em comunhão.
É "Erzulie" no espelho quebrado da autoimagem,
Xangô julgando a culpa, cortando a ramagem
Do superego severo, da moral que oprime,
Restituindo o sujeito ao seu centro sem crime.
A Umbanda opera a grande sublimatio...
A pulsão devoradora, em caridade e ofício.
O desejo recalque, em gesto de dar,
O ódio ancestral, em perdão sem parar.
Não é magia menor, feitiço no escuro,
É "magnum opus" da alma no cadinho do futuro.
É a psique em procissão, arquétipo em terreiro,
Desfazendo o sintoma, curando o mundo inteiro.
No silêncio que ensurdece após o último ponto,
O eu, agora coletivo, perde seu contraponto.
A vida transformada? Não por mero milagre,
Mas porque a alma, enfim, aprendeu a ser ponte
Entre o abismo e o astral,
Entre o humano e o divino,
Entre a dor e o axé,
No terreiro, destino....
FONTE E SEDE
Quando tua voz, mais suave que o vento da manhã, diz:
“Eu te amo”,
Minhas raízes, fundas na terra do teu ser, sussurram:
“E eu te amo mais.”
E quando eu declaro, como o sol declara ao dia:
"Amo-te mais”,
Teu sorriso, fonte que nunca seca, responde:
“Mas o meu amor é mar que bebe teu rio.”
Assim dançamos, amada,
Neste círculo sagrado de excesso,
Onde medir é perder-se,
E o único vencedor é o Amor,
Que cresce quando se dobra..., infinitamente.
Quando Penso em Ti
Às vezes,
em meu silêncio,
penso em ti.
Não como quem busca uma lembrança perdida,
mas como a terra pensa na semente:
com quieta certeza de que a vida
já floresce em segredo.
Penso em ti
e meu peito se enche
de uma alegria antiga e nova,
como o vento que reconhece
a canção da árvore
antes mesmo de tocá-la.
Sim, penso em ti
com todo o amor
que o tempo não mede:
um rio que não seca,
uma luz que não treme,
um abraço sem braços.
E saiba, profundamente saiba:
você é amada.
Não por dever ou destino,
mas como o céu ama o voo,
como a raiz ama a terra,
como a noite ama
o seu próprio silêncio estrelado.
Você é amada
porque o amor
é o nome secreto
de tudo o que é verdadeiro em mim.
E quando penso em ti,
é ele que respira.
E você minha amada pensa em mim? 💞
Sonho de Rei
Sonho um amor que não se apaga,
Como a luz primeira da manhã.
Que não se cansa, não se estraga,
Nem vira cinza, nem irá.
Um amor feito de terra e chuva,
Que molha o fundo do meu ser.
Não só de flor, mas de raiz nua,
Que sabe o tempo suportar.
Sonho um amor que é como o rio:
Correnteza calma e sem fim.
Que leva o meu e o teu desvio
E faz do mar o seu jardim.
Não promessa de voz rouca,
Nem fogo que num dia some...
Mas quieta e forte, qual rocha
Onde se nasce e se renome.
Que seja eterno não no grito,
Mas no silêncio que se ouve.
No passo dado, no escrito
Comum que o tempo não devolve.
Sonho um amor sem pressa, árvore,
Crescendo junto ao mesmo sol.
Onde a tua alma e minha alquimia
Se fundam noutro céu, noutro chão.
Um amor que o tempo afia,
Mas não consome nem separa.
Chama de eterna romaria,
Porto, raiz, estrela rara.
Simplicidade com profundidade.
O amor como árvore, rio, rocha, luz matinal – símbolos de permanência e ciclo.
Contraste efêmero x eterno. Opostos como "fogo" (passageiro) e "rocha" (perene), "flor" (frágil) e minha "raiz", fundamental.
O amor como ato contínuo "passo dado", "escrito comum", não só sentimento.
Tons de espiritualidade: "Alma", "romaria", "céu", "eternidade " minha, transcendência no humano❤️
Escândalo de Estrelas
Nosso amor é um incêndio
Que consome os manuais de etiqueta,
Um mapa escrito em língua antiga
Que os sábios modernos condenam.
Para eles, é escândalo!
O modo como nossas raízes se envolvem
Nas profundezas onde a luz hesita,
Como dois rios que, rebeldes,
Escolhem o mesmo leito proibido.
Para eles, é escândalo!
A matemática do nosso abraço,
Onde, um mais um, não faz dois,
Faz um universo novo,
Um sol que gira em dupla chama.
Eles medem o amor em passos,
Em distâncias seguras, em portas entreabertas.
Falam de equilíbrio, de razão, de pátios sombreados.
Mas ignoram o voo vertiginoso,
A vertigem sagrada
De quem se lança no abismo
E encontra asas no ar que corta.
Ah, os que não conhecem o Amor!
Pensam que é jardim podado,
Caminho calçado, silêncio obediente.
Não sabem que o Amor verdadeiro
É tempestade que canta,
É raiz que quebra o mármore,
É o grito primordial
Que ecoa antes do Verbo.
Nosso amor é escândalo?
Que seja!
É o fogo que não pede licença
Para iluminar a noite.
É o naufrágio voluntário
No oceano sem fundo do Outro.
É o salto de Kierkegaard, mero filósofo que define a existência, onde há de se transcender,
Sem rede, sem garantia,
Só fé no abraço que sustenta.
Deixem que murmurem!
Suas palavras são cinzas
Levadas pelo vento do nosso furacão.
Enquanto eles colecionam sombras,
Nós bebemos a luz crua,
A seiva impura,
O vinho forte dos impossíveis
Que só os amantes ousam provar.
Porque nosso amor não cabe
Nos relógios que marcam horas,
Nem nas balanças do mundo.
É um escândalo cósmico,
Um big bang contínuo
No silêncio entre dois corpos.
É o verso que Platão não ousou sonhar,
O enigma que desafia
Todas as lógicas frias.
Sim, nosso amor é escândalo, não confesso que seja, más
Para os que nunca mergulharam
No fogo que não queima,
Na água que não afoga,
No caos que é a única ordem
Que os deuses verdadeiros reconhecem.
Que o escândalo perdure!
Até que o último eco do nosso riso
Se confunda com o rumor das estrelas,
Lembrando ao cosmos adormecido
O que é o Amor quando ousa ser inteiro,
Quando é fogo, abismo, canto e grito
— Um belo, eterno, necessário escândalo.
É um escândalo que ecoa a verdade mais profunda do meu coração. Eu te amo ❤️
