Coleção pessoal de NandaaGoncalves

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⁠Voltei a Ser Eu

Hoje sou outra, mudei de verdade,
Achei meu caminho, ganhei liberdade.
Voltei a escrever com tinta e paixão,
A desenhar mundos com minha mão.

Fotografo o vento, a flor, o luar,
As coisas pequenas voltaram a brilhar.
Agora eu vejo magia em tudo,
No riso, no tempo, até no absurdo.

Voltei a sorrir, dançar sem motivo,
Sentir o presente, me ver mais viva.
E se um Coelho Branco eu encontrasse,
Com passos apressados e um tique no pace,

Eu iria atrás, sem pestanejar,
Com o coração pronto pra me aventurar.
Tomaria chá com o Chapeleiro doido,
Riria alto, cantando sem nojo.

A Lebre de Março seria meu par,
Numa dança estranha de não acabar.
Pintaria as rosas do jardim real,
De branco pra vermelho, no tom ideal.

Apertaria o Gato de Cheshire sem fim,
Até ele sumir... mas deixar um "sim".
Porque nesse meu mundo, tudo é possível,
Basta sonhar, com fé invisível.

Voltei a sonhar, voltei a sentir,
Voltei a sorrir, voltei a existir.
E nessa loucura tão linda e tão minha,
Achei meu final feliz — na própria linha.

⁠Eu Me Reencontrei

Aquela versão do passado…
já não mora mais em mim.
Ficou nas esquinas dos erros,
nas sombras do que já teve fim.

Hoje, sou outra.
Sou mais leve, mas também mais forte.
Caminhei entre quedas e silêncios,
e escolhi a rota mais torta — a que me levou à sorte.

Aprendi.
Com cada tropeço, com cada “não”.
Desfiz as armaduras, limpei o chão,
e deixei florescer o coração.

E no meio de tudo isso,
reencontrei alguém que tinha sumido:
a criança que eu fui,
com olhos curiosos e sorriso colorido.

Hoje sou ela, de novo —
mas com a coragem de quem já caiu.
Com a sabedoria de quem perdeu e achou,
e a alma limpa de quem se abriu.

Aquela minha versão do passado?
Agradeço por ela ter existido.
Mas ela se foi.
E no lugar, ficou alguém inteiro, e vivido.

⁠Fico Feliz por Você

Você seguiu, firme, o seu caminho,
Com sonhos nas mãos e coragem no peito.
Hoje visita o mundo todinho,
Cumprindo promessas, do seu jeito perfeito.

Caminha por ruas que um dia sonhou,
Toca paisagens que antes eram desejo.
Cada passo é prova do quanto lutou,
Cada olhar um novo lampejo.

Vejo fotos, sorrisos, conquistas no ar,
E meu peito se enche de alegria.
Você foi em frente sem nunca parar,
Transformando esperança em dia.

Fico feliz por você, de verdade,
Por ver que chegou onde quis estar.
Você é um espelho de liberdade,
De quem ousou simplesmente voar.

⁠Eclipse Entre Nuvens

Deitados no quintal, num velho lençol,
Esperávamos a lua vestir seu véu.
O mundo em silêncio, o céu tão desigual,
E as nuvens dançando devagar no céu.

Um eclipse lunar — promessa tão rara,
Mas a noite insistia em esconder.
Entre os vãos das nuvens, a luz se preparara,
Mas logo sumia, sem se oferecer.

Tuas mãos nas minhas, frias, caladas,
Teu olhar perdido em sombras e bruma.
E as nuvens, como mágoas mal disfarçadas,
Cruzavam a lua, cobrindo-a de espuma.

Falamos tão pouco, sentindo demais,
Como se a noite soubesse o que fomos.
A lua se eclipsa, e nós — tão iguais —
Nos perdemos em silêncios que não domamos.

O céu chorava em nuvens sem cor,
E eu quis guardar aquele não-ver.
Porque às vezes até o amor mais amor
Se apaga sem a gente perceber.

Aquela Nossa Foto

Na tarde calma, sob o céu sereno,
Sentados lado a lado, tão ameno,
Num banco simples, moldura de amores,
E sobre nós, um arco de flores.

A praça guardava silêncio e canção,
O tempo parou naquela estação.
Teu riso leve, o meu olhar inteiro,
O mundo cabia num clique ligeiro.

As flores sorriam em volta da cena,
Como se soubessem da alma serena
Que ali repousava, sem pressa, sem fim,
Naquela imagem: você e eu, enfim.

Hoje revivo o instante encantado,
Mesmo que o tempo já tenha passado.
Pois basta lembrar — e então me transporto
Àquela nossa foto, ao banco, ao conforto.



Reflexos Vazios

Sinto pena de você,
não por maldade — por saber.
Você anda por aí tentando me achar
em risos que não sabem me imitar.

Olha para outras como quem procura
o eco de uma voz que era ternura.
Toca outras mãos esperando sentir
a firmeza da minha que soube partir.

Mas eu?
Eu não volto por lembrança torta,
nem me refaço em alma que não me comporta.
Sou única — e isso te dói,
porque agora entende o que destrói.

Você diz que seguiu, que esqueceu,
mas cada beijo seu me desmente sem querer.
Você só quer alguém
que te faça esquecer… de me perder.

E sabe o que mais me dá tristeza?
Ver você tentando moldar beleza
em moldes que eram só meus —
e fracassando… vez após vez.

Então siga.
Procure em rostos, copos, conversas.
Mas já aviso: o que é real não se dispersa.
E você vai viver buscando, sem saber por quê,
um pedaço de mim… que só existia em você.


Sou Seu Karma

Não me vista de saudade tardia,
não cole meu nome em nostalgia.
Se hoje a sua culpa te consome,
lembre: fui verdade — não só um nome.

Não me use como arrependimento,
como se eu fosse erro, passatempo.
Fui tempestade, mas também calmaria,
e você partiu como quem nada sentia.

Agora é fácil me pintar de sombra,
fingir que fui engano, cicatriz à toa.
Mas eu fui espelho, fogo e abrigo,
você que não soube ficar comigo.

E se hoje o peso da ausência dói,
não é por mim — é por tudo que se foi.
Não sou castigo, nem passatempo…
sou o reflexo do seu próprio tempo.

Sou o silêncio que grita teu nome,
sou a paz que você não dorme.
Não me chame de lembrança, drama…
aceite: não fui perda — sou seu karma.

[Sem destinatário, como quem escreve para o passado]

Hoje, ao sair do trabalho, aconteceu algo que me fez parar — não nos pés, mas por dentro.

Era fim de tarde, e o sol estava daquele jeito bonito que quase dói de tão calmo. Havia uma brisa fria, suave, dessas que avisam que o dia está acabando. E no ar, aquele burburinho da Copa do Mundo… buzinas, bandeiras, gente sorrindo sem nem saber por quê.

E foi aí que eu vi você.

Virando a esquina, como se o tempo tivesse dado uma volta só para te trazer de volta por um segundo. Nas mãos, um buquê de rosas. No rosto, aquele sorriso que eu nunca consegui esquecer — metade alegria, metade mistério.

Por um instante, tudo parou. O barulho do mundo se calou, e eu fui tomada por uma lembrança tão viva que doeu como se fosse agora.

Mas era só isso mesmo: lembrança.

Você não estava ali. Nunca esteve. Foi só o reflexo de uma saudade antiga, de um gesto que talvez eu quisesse ter recebido, ou talvez tenha mesmo vivido… e perdi.

Fiquei ali parada, como quem espera algo que sabe que não vem. E percebi que, por mais que o tempo siga em frente, tem esquinas que a gente nunca desvira.

Com carinho e silêncio,
[Assinado, talvez por mim mesma]

⁠Renascença

Nas sombras fundas do meu próprio ser,
encontrei dores que evitei viver.
Calei segredos, chorei sem som,
buscando abrigo em mim, onde não há tom.

O peito pesado, o passo arrastado,
coração em ruínas, quase calado.
Mas entre os cacos, brilhou uma luz —
não era o fim, era a própria cruz.

Aprendi que cair não é fraqueza,
é parte crua da natureza.
E que cada lágrima que escorreu,
foi chuva fértil que me renasceu.

Hoje ergo os olhos, vejo o clarão,
não sou o mesmo da escuridão.
Sou mais inteiro, mesmo ferido,
pois cada dor me fez sentido.

⁠De Relance

Ele ouviu minha voz
e virou para olhar —
como quem sente o vento
e precisa confirmar.

Mas eu, com o coração em tumulto,
fingindo calma, segui o culto
do silêncio e da distração,
com os olhos presos na contramão.

O vi de relance, só por um fio,
como quem toca a borda do frio.
Fingi que não vi, que não doeu,
mas cada passo longe era só meu.

O tempo parou naquele segundo,
tão breve e mudo quanto o mundo.
Ele me olhou com alma e sede,
e eu... fugi dentro da própria rede.

Talvez por orgulho, talvez por medo,
talvez por tudo que ficou em segredo.
Mas meu coração — esse, sem fingir —
ainda queria apenas... o teu sorrir.

Te Vi, Mas Não Te Vi

Hoje eu te vi...
mas desviei os olhos, fingi que não.
O coração tropeçou no peito,
mas meus passos seguiram em vão.

Senti algo — talvez lembrança,
talvez um eco, talvez saudade.
Mas disfarcei com tanta pressa
que quase acreditei na falsidade.

Fingi que era nada, que não mexeu,
que teu perfume não me envolveu.
Mas havia um nó preso na garganta,
um silêncio gritando que ainda me encanta.

Te vi com o mundo, e fiquei comigo,
vesti o orgulho como abrigo.
Mas por dentro...
era só o caos calado de quem ainda sente.



Beijo no Píer

A noite vestia silêncio e brisa,
o píer rangia sob os pés calados,
dois jovens — coração na beira —
com os olhos tímidos, entrelaçados.

O frio bordava os casacos fechados,
mas entre eles algo ardia,
um sopro quente entre as palavras,
um fio tenso de poesia.

A lua, curiosa entre as nuvens,
espreguiçava um brilho sobre o mar,
testemunha pálida e discreta
de um momento prestes a se eternizar.

Nenhum som além das ondas,
nenhum gesto além do olhar,
e então, um passo — meio incerto —
até os lábios se encontrar.

Foi breve, foi puro, foi novo,
foi tudo o que o mundo não via.
Um beijo, num píer, numa noite,
em que até o frio parecia poesia.

Páscoa em Silêncio

As flores renascem, a mesa se enfeita,
mas há um vazio entre os talheres.
A cadeira vazia diz mais que mil palavras,
emudecendo os risos que já foram plenos.

A Páscoa chega com promessas de vida,
de recomeços, de fé restaurada.
Mas dentro do peito, uma cruz invisível
carrega lembranças mal cicatrizadas.

O som das crianças, tão doce, tão leve,
não alcança o canto onde a saudade mora.
E os sinos, que tocam chamando alegria,
ressoam em ecos de quem foi embora.

O coelho não veio, o ovo não importa,
se a ausência aperta feito espinho.
A ressurreição é para os fortes — ou santos —
eu apenas caminho, sozinho.

Mas ainda assim, entre sombras e dores,
uma vela insiste em não apagar.
Talvez Páscoa seja isso, no fundo:
esperar a vida… mesmo sem enxergar.


Espelho de Culpa

Ele sorri diante do espelho,
não pra se ver, mas pra se vangloriar.
Se algo quebra, ele aponta o dedo:
"Foi você quem fez tudo desmoronar."

Finge afeto com palavras doces,
mas por trás, só quer dominar.
Cada lágrima que ela verte
é motivo pra ele se justificar.

"Você que é sensível demais",
ele diz, com voz de professor.
Mas é ele quem joga com a mente,
quem planta o caos e finge amor.

Torce a verdade até ela ceder,
inventa um drama pra se proteger.
E se ela grita, ele se cala,
fazendo o mundo nela não crer.

Ela carrega culpas que não são suas,
vestida de desculpas que ele costurou.
Mas um dia, o espelho dele trinca
e ela, enfim, se libertou.

Chuva em Paranaguá

Cai a chuva sobre os telhados antigos,
molhando histórias que o tempo guardou.
Paranaguá veste seu cinza mais belo,
como quem chora, mas não se apagou.

O cais repousa em silêncios molhados,
barcos dançam ao som do trovão.
Nas calçadas, passos apressados,
corações lentos em contemplação.

As ruas refletem faróis e saudades,
espelhos d’água de um tempo que foi.
O cheiro da terra se mistura à brisa,
e cada gota parece dizer: “depois”.

Depois da pressa, vem a lembrança.
Depois do adeus, a vontade de ficar.
Na chuva mansa de Paranaguá,
há uma paz que sabe esperar.

Quase Nós

Éramos dois rios que queriam o mar,
mas corriam por margens opostas.
Dois tempos que nunca se encontram,
duas almas quase dispostas.

Nos olhos, havia promessa.
Nos gestos, carinho e abrigo.
Mas o mundo — cruel em seus mapas —
não traçou o mesmo caminho.

Faltou tempo, sobrou sentimento.
Faltou coragem, restou lembrança.
Vivemos no eterno “e se...?”,
no espaço entre o medo e a esperança.

Não foi falta de amor, eu juro.
Foi excesso de mundo, talvez.
Fomos poesia sem rima no fim,
história que o destino desfez.

E mesmo longe, ainda sinto
teu nome sussurrar no ar.
Fomos quase. Quase tudo.
Mas o quase não sabe ficar.

Cansaço Invisível

Carrego um peso que ninguém vê,
um nevoeiro denso dentro da mente,
um grito calado que não se desfaz,
ecoando em silêncio, eternamente.

Pensamentos correm, não sei pra onde,
me perco entre eles, sem direção.
O corpo presente, o espírito ausente,
a alma em queda, sem explicação.

Sorrisos ensaiados, olhos cansados,
respostas automáticas, gestos vazios.
Acordo cansado, durmo inquieto,
num ciclo sem pausa, frio e sombrio.

Queria um descanso que fosse profundo,
não só do corpo, mas do mundo em mim.
Um colo, um tempo, um recomeço,
onde eu me encontre — e diga: "enfim".

"⁠Primavera em Verso"

Desperta a terra em doce alarde,
com flores dançando em tom suave,
o vento canta, a vida arde
num verso leve que não se acabe.

Borboletas traçam no ar
desenhos livres de esperança,
o sol sorri só de espiar
o renascer da temperança.

Os campos vestem-se de cor,
os ramos brotam sonhos novos,
o tempo abranda sua dor
e pinta o céu com traços roxos.

Primavera, estação do peito,
onde tudo encontra jeito
de florescer sem ter receio —
até o amor, num simples beijo.

"Quando a Chuva Fala"

Cai a chuva, em verso manso,
como quem canta um velho canto,
que embala a terra em doce transe
e lava o tempo do seu pranto.

O som que faz é quase abraço,
um sussurrar de acalentar,
batendo leve no telhado,
como se a vida fosse ninar.

E o cheiro... ah, o cheiro vem
como lembrança de outro dia,
de pés descalços na infância
e alma limpa de poesia.

Cheiro de chão, de folha e vento,
de coisas simples, sem demora,
de tudo aquilo que é eterno
e cabe inteiro numa hora.

A chuva chega sem pedir,
mas deixa tudo mais bonito.
O som, o cheiro, o existir —
num instante infinito.

⁠"Entre o Tempo e o Destino"

Amanda corria entre flores no chão,
José com um riso, coração na mão.
Infância moldada em tardes de sol,
Promessas na alma, sem papel ou anzol.

Na rua de pedra, juraram se amar,
Mas a vida é vento, e o vento é o mar.
Vieram partidas, vieram adeus,
O tempo fechou os olhos dos céus.

Cidades distantes, caminhos cruzados,
Sonhos calados, corações adiados.
Mas mesmo o destino com planos tão seus,
Não apaga amores escritos por Deus.

Anos se foram… até que um dia,
Na mesma cidade, de volta à magia,
José a reencontra com o mesmo olhar,
E Amanda sorri, como a recordar.

Sem dizer nada, o abraço falou,
Que o tempo passou, mas o amor ficou.
E ali, sob as folhas do velho jardim,
Começa o agora, sem fim, sem fim.