Coleção pessoal de NandaaGoncalves

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É tão lindo amar você em silêncio

É tão lindo amar você em silêncio,
como quem guarda o sol dentro do peito,
um brilho só meu, tão escondido,
um segredo que nunca desfeito.

É tão lindo olhar você de longe,
e deixar no ar um suspiro leve,
como o vento que toca e não prende,
como a chuva que cai e não deve.

É tão lindo sonhar sem palavra,
sem promessa, sem voz, sem razão,
mas com todo o amor que se lava
nas marés do meu coração.

E mesmo que nunca perceba,
que nunca me ouça ou veja passar,
é tão lindo amar você em silêncio,
porque amar assim... é só amar.

Aquela Noite

Era tarde, mas o mundo parecia calmo,
a rua deserta, só nossas sombras no asfalto.
Andávamos devagar, como quem não quer chegar,
e as palavras vinham soltas, sem pressa pra acabar.

Eu fumava, como sempre,
ele não — já tinha deixado.
Mas por uma noite, por mim,
ele pegou um cigarro calado.

Entre tragos e risos baixos,
falávamos de tudo e de nada.
O tempo parecia suspenso,
como a fumaça entre nós espalhada.

O cigarro tremia em seus dedos,
mas o olhar... ah, o olhar era firme.
Não era sobre nicotina ou vício,
era sobre estar, por inteiro, comigo naquele crime.

Talvez tenha sido um gesto bobo,
mas ali, eu entendi tanta coisa.
Tem amor em cada renúncia breve,
em cada entrega silenciosa e corajosa.

A brisa levava a fumaça,
mas a lembrança ficou no peito.
Naquela rua, naquela noite,
foi quando tudo pareceu perfeito.

Amar Você em Segredo

Amo você no silêncio mais fundo,
onde o mundo não pode escutar.
Nos gestos pequenos, nas pausas do dia,
nos olhos que não ousam falar.

Guardei teu nome em cada verso calado,
em cartas que nunca enviei.
E o peito, coitado, tão apertado,
abraça um amor que não revelei.

Vejo você rindo com outros caminhos,
e finjo que não dói saber.
Mas todo sorriso teu, mesmo alheio,
faz meu coração se desfazer.

É cruel amar assim, em segredo,
ser sombra do próprio querer.
Mas prefiro a dor de te ter no peito
a te perder sem nunca te ter.

Chá de laranja

Estou gripada de novo,
lençóis frios, nariz cansado,
e nessa febre que arde em silêncio
me lembro do teu cuidado.

Você fazia um chá de laranja
com um jeito que só você tinha.
Nem era só o sabor,
era o calor da tua mão na cozinha.

Era doce, era forte, era cura,
e eu, doente, me rendia.
Hoje faço igual, passo a receita,
mas nunca fica como naquele dia.

Falta o modo como mexia a colher,
a pausa pra ver se estava bom,
o carinho que você punha
antes de me entregar na xícara o dom.

Agora, só sobra o silêncio
e a saudade em infusão.
O chá não cura, só lembra
o gosto da tua proteção.

Encontro em Silêncio

Cruzei teu caminho, sem aviso,
os olhos se tocaram, indecisos…
e o tempo, cúmplice, desacelerou,
como quem insiste em eternizar um adeus.

Teus cabelos negros, em suaves espirais,
os lábios entreabertos, quase um sinal…
os olhos castanhos, profundos demais,
e eu… me vi neles, frágil, mortal.

Por um instante, meu peito incendiou,
a chama antiga, que ainda respirava,
mas o passado, cruel, logo soprou…
e o fogo, sem força, se apagava.

O tempo então retomou seu compasso,
meu coração, trêmulo, quis te chamar,
mas restaram só lágrimas, em silêncio escasso,
e a mentira que tentei me contar:

— "Isso é passado."

Mas quem eu quero enganar…
se teus olhos ainda sabem me quebrar?

Retratos que sangram

As horas sussurram nomes antigos,
ecos que dançam na bruma da mente,
vestígios de dias já idos,
que o tempo levou… lentamente.

Há risos que ainda se escondem nos cantos,
e passos que o chão já não guarda,
rostos sumindo em retratos cansados,
num tempo que nunca mais tarda.

Tocava teu nome com dedos de sol,
num mundo onde o céu era perto,
agora só vejo o vulto do ontem,
num espelho partido e deserto.

As lembranças vêm como maré,
invadem, consomem, machucam,
e eu, náufrago de mim mesmo,
nas ondas do que já foi, me afundo e sucumbo.

Se pudesse, voltava no tempo,
pra dizer o que o silêncio calou,
mas memórias não têm retorno…
só cicatrizes que o peito guardou.

⁠Vestígios de Nós

Havia sol nos teus olhos,
mesmo quando o céu desabava.
Teu riso era abrigo,
onde minha dor se calava.

Andávamos entre promessas
com a leveza dos que acreditam.
Mãos dadas, almas nuas,
no silêncio em que os corações gritam.

Mas o tempo, esse ladrão discreto,
roubou os minutos mais doces.
E o que era eterno em nós
se perdeu em caminhos tão tolos.

Guardei tuas cartas no peito,
com cheiro de tardes antigas.
E às vezes, sem que eu queira,
meus sonhos ainda te digam.

Não por falta de amor,
mas por excesso de destino,
fomos dois versos soltos,
no meio de um mesmo hino.

Hoje, te vejo nas esquinas
onde a memória se esconde.
E amo o que fomos um dia,
com a ternura de quem não responde.

Porque amar também é deixar,
e seguir com cicatrizes sutis.
Alguns amores não ficam…
mas permanecem — e nos fazem mais gentis.

⁠Eu Me Reencontrei

Aquela versão do passado…
já não mora mais em mim.
Ficou nas esquinas dos erros,
nas sombras do que já teve fim.

Hoje, sou outra.
Sou mais leve, mas também mais forte.
Caminhei entre quedas e silêncios,
e escolhi a rota mais torta — a que me levou à sorte.

Aprendi.
Com cada tropeço, com cada “não”.
Desfiz as armaduras, limpei o chão,
e deixei florescer o coração.

E no meio de tudo isso,
reencontrei alguém que tinha sumido:
a criança que eu fui,
com olhos curiosos e sorriso colorido.

Hoje sou ela, de novo —
mas com a coragem de quem já caiu.
Com a sabedoria de quem perdeu e achou,
e a alma limpa de quem se abriu.

Aquela minha versão do passado?
Agradeço por ela ter existido.
Mas ela se foi.
E no lugar, ficou alguém inteiro, e vivido.

⁠Fico Feliz por Você

Você seguiu, firme, o seu caminho,
Com sonhos nas mãos e coragem no peito.
Hoje visita o mundo todinho,
Cumprindo promessas, do seu jeito perfeito.

Caminha por ruas que um dia sonhou,
Toca paisagens que antes eram desejo.
Cada passo é prova do quanto lutou,
Cada olhar um novo lampejo.

Vejo fotos, sorrisos, conquistas no ar,
E meu peito se enche de alegria.
Você foi em frente sem nunca parar,
Transformando esperança em dia.

Fico feliz por você, de verdade,
Por ver que chegou onde quis estar.
Você é um espelho de liberdade,
De quem ousou simplesmente voar.

⁠Eclipse Entre Nuvens

Deitados no quintal, num velho lençol,
Esperávamos a lua vestir seu véu.
O mundo em silêncio, o céu tão desigual,
E as nuvens dançando devagar no céu.

Um eclipse lunar — promessa tão rara,
Mas a noite insistia em esconder.
Entre os vãos das nuvens, a luz se preparara,
Mas logo sumia, sem se oferecer.

Tuas mãos nas minhas, frias, caladas,
Teu olhar perdido em sombras e bruma.
E as nuvens, como mágoas mal disfarçadas,
Cruzavam a lua, cobrindo-a de espuma.

Falamos tão pouco, sentindo demais,
Como se a noite soubesse o que fomos.
A lua se eclipsa, e nós — tão iguais —
Nos perdemos em silêncios que não domamos.

O céu chorava em nuvens sem cor,
E eu quis guardar aquele não-ver.
Porque às vezes até o amor mais amor
Se apaga sem a gente perceber.

Aquela Nossa Foto

Na tarde calma, sob o céu sereno,
Sentados lado a lado, tão ameno,
Num banco simples, moldura de amores,
E sobre nós, um arco de flores.

A praça guardava silêncio e canção,
O tempo parou naquela estação.
Teu riso leve, o meu olhar inteiro,
O mundo cabia num clique ligeiro.

As flores sorriam em volta da cena,
Como se soubessem da alma serena
Que ali repousava, sem pressa, sem fim,
Naquela imagem: você e eu, enfim.

Hoje revivo o instante encantado,
Mesmo que o tempo já tenha passado.
Pois basta lembrar — e então me transporto
Àquela nossa foto, ao banco, ao conforto.



Reflexos Vazios

Sinto pena de você,
não por maldade — por saber.
Você anda por aí tentando me achar
em risos que não sabem me imitar.

Olha para outras como quem procura
o eco de uma voz que era ternura.
Toca outras mãos esperando sentir
a firmeza da minha que soube partir.

Mas eu?
Eu não volto por lembrança torta,
nem me refaço em alma que não me comporta.
Sou única — e isso te dói,
porque agora entende o que destrói.

Você diz que seguiu, que esqueceu,
mas cada beijo seu me desmente sem querer.
Você só quer alguém
que te faça esquecer… de me perder.

E sabe o que mais me dá tristeza?
Ver você tentando moldar beleza
em moldes que eram só meus —
e fracassando… vez após vez.

Então siga.
Procure em rostos, copos, conversas.
Mas já aviso: o que é real não se dispersa.
E você vai viver buscando, sem saber por quê,
um pedaço de mim… que só existia em você.


Sou Seu Karma

Não me vista de saudade tardia,
não cole meu nome em nostalgia.
Se hoje a sua culpa te consome,
lembre: fui verdade — não só um nome.

Não me use como arrependimento,
como se eu fosse erro, passatempo.
Fui tempestade, mas também calmaria,
e você partiu como quem nada sentia.

Agora é fácil me pintar de sombra,
fingir que fui engano, cicatriz à toa.
Mas eu fui espelho, fogo e abrigo,
você que não soube ficar comigo.

E se hoje o peso da ausência dói,
não é por mim — é por tudo que se foi.
Não sou castigo, nem passatempo…
sou o reflexo do seu próprio tempo.

Sou o silêncio que grita teu nome,
sou a paz que você não dorme.
Não me chame de lembrança, drama…
aceite: não fui perda — sou seu karma.

[Sem destinatário, como quem escreve para o passado]

Hoje, ao sair do trabalho, aconteceu algo que me fez parar — não nos pés, mas por dentro.

Era fim de tarde, e o sol estava daquele jeito bonito que quase dói de tão calmo. Havia uma brisa fria, suave, dessas que avisam que o dia está acabando. E no ar, aquele burburinho da Copa do Mundo… buzinas, bandeiras, gente sorrindo sem nem saber por quê.

E foi aí que eu vi você.

Virando a esquina, como se o tempo tivesse dado uma volta só para te trazer de volta por um segundo. Nas mãos, um buquê de rosas. No rosto, aquele sorriso que eu nunca consegui esquecer — metade alegria, metade mistério.

Por um instante, tudo parou. O barulho do mundo se calou, e eu fui tomada por uma lembrança tão viva que doeu como se fosse agora.

Mas era só isso mesmo: lembrança.

Você não estava ali. Nunca esteve. Foi só o reflexo de uma saudade antiga, de um gesto que talvez eu quisesse ter recebido, ou talvez tenha mesmo vivido… e perdi.

Fiquei ali parada, como quem espera algo que sabe que não vem. E percebi que, por mais que o tempo siga em frente, tem esquinas que a gente nunca desvira.

Com carinho e silêncio,
[Assinado, talvez por mim mesma]

⁠Renascença

Nas sombras fundas do meu próprio ser,
encontrei dores que evitei viver.
Calei segredos, chorei sem som,
buscando abrigo em mim, onde não há tom.

O peito pesado, o passo arrastado,
coração em ruínas, quase calado.
Mas entre os cacos, brilhou uma luz —
não era o fim, era a própria cruz.

Aprendi que cair não é fraqueza,
é parte crua da natureza.
E que cada lágrima que escorreu,
foi chuva fértil que me renasceu.

Hoje ergo os olhos, vejo o clarão,
não sou o mesmo da escuridão.
Sou mais inteiro, mesmo ferido,
pois cada dor me fez sentido.

⁠De Relance

Ele ouviu minha voz
e virou para olhar —
como quem sente o vento
e precisa confirmar.

Mas eu, com o coração em tumulto,
fingindo calma, segui o culto
do silêncio e da distração,
com os olhos presos na contramão.

O vi de relance, só por um fio,
como quem toca a borda do frio.
Fingi que não vi, que não doeu,
mas cada passo longe era só meu.

O tempo parou naquele segundo,
tão breve e mudo quanto o mundo.
Ele me olhou com alma e sede,
e eu... fugi dentro da própria rede.

Talvez por orgulho, talvez por medo,
talvez por tudo que ficou em segredo.
Mas meu coração — esse, sem fingir —
ainda queria apenas... o teu sorrir.

Te Vi, Mas Não Te Vi

Hoje eu te vi...
mas desviei os olhos, fingi que não.
O coração tropeçou no peito,
mas meus passos seguiram em vão.

Senti algo — talvez lembrança,
talvez um eco, talvez saudade.
Mas disfarcei com tanta pressa
que quase acreditei na falsidade.

Fingi que era nada, que não mexeu,
que teu perfume não me envolveu.
Mas havia um nó preso na garganta,
um silêncio gritando que ainda me encanta.

Te vi com o mundo, e fiquei comigo,
vesti o orgulho como abrigo.
Mas por dentro...
era só o caos calado de quem ainda sente.



Beijo no Píer

A noite vestia silêncio e brisa,
o píer rangia sob os pés calados,
dois jovens — coração na beira —
com os olhos tímidos, entrelaçados.

O frio bordava os casacos fechados,
mas entre eles algo ardia,
um sopro quente entre as palavras,
um fio tenso de poesia.

A lua, curiosa entre as nuvens,
espreguiçava um brilho sobre o mar,
testemunha pálida e discreta
de um momento prestes a se eternizar.

Nenhum som além das ondas,
nenhum gesto além do olhar,
e então, um passo — meio incerto —
até os lábios se encontrar.

Foi breve, foi puro, foi novo,
foi tudo o que o mundo não via.
Um beijo, num píer, numa noite,
em que até o frio parecia poesia.

Páscoa em Silêncio

As flores renascem, a mesa se enfeita,
mas há um vazio entre os talheres.
A cadeira vazia diz mais que mil palavras,
emudecendo os risos que já foram plenos.

A Páscoa chega com promessas de vida,
de recomeços, de fé restaurada.
Mas dentro do peito, uma cruz invisível
carrega lembranças mal cicatrizadas.

O som das crianças, tão doce, tão leve,
não alcança o canto onde a saudade mora.
E os sinos, que tocam chamando alegria,
ressoam em ecos de quem foi embora.

O coelho não veio, o ovo não importa,
se a ausência aperta feito espinho.
A ressurreição é para os fortes — ou santos —
eu apenas caminho, sozinho.

Mas ainda assim, entre sombras e dores,
uma vela insiste em não apagar.
Talvez Páscoa seja isso, no fundo:
esperar a vida… mesmo sem enxergar.


Espelho de Culpa

Ele sorri diante do espelho,
não pra se ver, mas pra se vangloriar.
Se algo quebra, ele aponta o dedo:
"Foi você quem fez tudo desmoronar."

Finge afeto com palavras doces,
mas por trás, só quer dominar.
Cada lágrima que ela verte
é motivo pra ele se justificar.

"Você que é sensível demais",
ele diz, com voz de professor.
Mas é ele quem joga com a mente,
quem planta o caos e finge amor.

Torce a verdade até ela ceder,
inventa um drama pra se proteger.
E se ela grita, ele se cala,
fazendo o mundo nela não crer.

Ela carrega culpas que não são suas,
vestida de desculpas que ele costurou.
Mas um dia, o espelho dele trinca
e ela, enfim, se libertou.