Coleção pessoal de MateusSKilola
Somos feitos de instantes que não voltam, de palavras que ecoam e de silêncios que dizem tudo.
A vida não espera aplausos nem promessas; ela cobra presença.
Enquanto buscamos respostas no amanhã, esquecemos que o agora também fala — e às vezes, grita...
Escutar a vida é um ato de sabedoria.
Patrono: Mateus Sebastião Kilola
Somos Deuses
Somos cinza e fogo no ventre da história,
eco de estrelas na carne que sangra,
nossos passos moldam a glória —
mesmo caídos, a alma não manca.
Erguemos mundos do barro e do sonho,
na palavra, no gesto, na dor que renasce.
Mesmo no abismo mais medonho,
um deus em silêncio ainda se faz.
Não por coroa, nem por trono ou ouro,
mas porque criamos, curamos, amamos...
Somos deuses — de barro e de couro —
mortais... mas imortais quando ousamos.
Patrono: Mateus Sebastião Kilola
Amei-te, mulher Africana
Amei-te, mulher africana,
Com os olhos da alma desperta,
No silêncio do vento da minha alma,
Na dança da lua tão certa.
Amei-te no cheiro da terra molhada,
No batuque antigo do tambor,
Na lágrima firme, não derramada,
Na raiz do teu imenso amor.
Vi em ti a mãe, a guerreira,
A semente que nunca descansa,
A palavra forte, verdadeira,
A chama viva da esperança.
Teu cabelo é coroa de história,
Cada cacho, um tempo guardado,
Teu corpo, escultura da glória,
Teu sorriso, um mundo sagrado.
Amei-te quando o mundo calava,
E tu ergueste a voz sem temor.
Quando a dor da história pesava,
E tu respondias com flor.
Foste rio, montanha e caminho,
Foste sol que insiste em brilhar.
Mesmo só, nunca foste sozinha,
Pois tua alma nasceu pra lutar.
Mulher africana, essência de vida,
Tua presença é canto ancestral.
És cicatriz, mas também ferida,
És revolução sem igual.
Amei-te… e amo ainda, eternamente,
Pois em ti, pulsa a origem do ser.
Na tua força que cala e sente,
Descobri o que é renascer.
Patrono: Mateus Sebastião Kilola
Sou Africano
Sou feito de terra quente e céu aberto,
De tambores que falam no silêncio do tempo,
De raízes fundas, num passado desperto,
Que vive em mim como um sagrado templo.
Sou o grito da savana ao romper da aurora,
A dança da chuva em solo sedento,
Sou voz ancestral que nunca vai embora,
Sou fogo que arde no firmamento.
Sou traço de reis em tronos de marfim,
Herança viva de reinos esquecidos,
Sou o riso e a lágrima dentro de mim,
Sou os caminhos, os mortos, os vivos.
Sou coragem que cresce na dor calada,
Sou o corpo que resiste, o peito que luta,
Sou cicatriz que se torna alvorada,
Sou a alma que canta mesmo na labuta.
Sou bantu, sou kongo, sou zulu,
Sou as línguas que o mundo tentou calar,
Mas sou tambor que ecoa no céu azul,
Sou memória que ninguém vai apagar.
Sou África – e em mim ela habita,
Não como fado, mas como missão.
Em cada passo, a história me visita:
Eu sou africano. Sou chão. Sou visão.
Patrono: Mateus Sebastião Kilola