Coleção pessoal de marcelo_zilli
É exatamente para isso que serve o senso comum; para ser misturado com o senso incomum. Um dos maiores serviços que a matemática prestou à raça humana, no século passado, foi o de colocar o "senso comum" no seu devido lugar: na prateleira mais alta, ao lado da caixa empoeirada rotulada "nonsense fora de uso".
Quando Nietzsche escreveu a frase "transvaloração de todos os valores" pela primeira vez, o movimento espiritual dos séculos em que estamos vivendo encontrou, afinal, a sua fórmula. Transvaloração de todos os valores é a característica mais fundamental de cada civilização, pois é o início de uma civilização que remolda as formas da Cultura que a precederam, entende-as à sua maneira, pratica-as de outro modo.
O leigo, o homem "prático", o homem da rua, pergunta: "Em que isso me afeta?" A resposta é categórica e relevante. Nossa vida é toda dependente de doutrinas estabelecidas no campo da ética, sociologia, economia política, governo, direito, medicina etc. isso afeta a todos, consciente ou inconscientemente, e ao homem da rua em primeiro lugar, porque ele é o mais indefeso.
Afirma-se, algumas vezes, que a intolerância religiosa é fruto da convicção. Se alguém está absolutamente convicto de que a sua fé é a verdadeira e a dos outros, errada, parece criminoso permitir o erro e perdição de seu semelhante. Entretanto, eu estou inclinado a pensar que o fanatismo é frequentemente o resultado não da convicção, mas antes da dúvida e da insegurança.
Não consideramos qualquer grupo de homens bastante adequadoou bastante sábio para operarsem inspeção e sem crítica. Sabemos que a única forma de evitar oerro é detectá-lo, que a única forma de detectá-lo é ser livre parainquirir. Sabemos que às escondidas o erro não detectado florescerá e subverterá.