Coleção pessoal de marcelfranco

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​Parece uma antítese entre estranheza e verdade. O tempo da leitura é humanamente mensurável; o tempo do escritor é imortal. E é por isso que o espírito que habita a obra é eterno.

Minha visão sobre a contemporaneidade é de não nos afunilarmos no desencanto. Sinto que a máquina tecnológica e a globalização perversa avançam para extinguir a poesia e a alma das coisas. O simples ato de perceber essa realidade já é uma forma de resistência, que nos permite encontrar e cultivar a beleza nas singularidades da existência.

A nossa existência é construída a partir da presença do outro. A voz que dialoga, para Bakhtin, é a fonte do ser; já para Sartre, o ser se defende do olhar que o coisifica. Essa contradição revela que o outro é, ao mesmo tempo, a força que nos edifica e a ameaça que nos reduz. É uma dualidade que, como notou Rudolf Otto ao descrever o sagrado, transpomos aqui para a própria relação humana: um mistério que nos atrai e nos inspira temor.

A literatura nem sempre nomeia o divino, mas sempre carrega um rastro do sagrado, desvendável pela nossa busca por sentido.

⁠O olhar do outro me define, me limita, me transforma em objeto. Minha liberdade se esvai, subjugada à expectativa alheia. Será que sou eu quem vivo, ou a imagem que o outro vê em mim?

⁠⁠A escolha entre a angústia da liberdade e o conforto da descrença molda a experiência humana.

⁠A poesia é uma atitude diante da vida, uma forma de ver o mundo que transcende as fronteiras de qualquer gênero literário.

⁠Considero o imediatismo uma patologia do mundo contemporâneo que não consegue ver nada além do horizonte.

⁠A Amazônia é um celeiro de muitas cosmogonias elaboradas e vivenciadas pelos seus habitantes e que, muitas vezes, são transmitidas pela oralidade

⁠Por mais estranho que pareça, o silêncio é o único que sempre tem algo a dizer, porque é ele que dá significado às reticências das palavras.

⁠Abraçar é uma forma de agradecer sem a necessidade das palavras.

O sagrado é o espelho que tomou Narciso e acolheu para si todas as vaidades do mundo.

Por mais simples que seja,
um riso autêntico inscreve
um agradecimento aos nossos olhos.

Quando a chuva nos beija a boca
recobramos a mágica
de um tempo adormecido.