Coleção pessoal de Lyaroa

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O verdadeiro amor, como se sabe, é impiedoso.

Pelo sol que brilha agora,
- Eu juro dar-te, Maria,
Quarenta beijos por dia
E dez abraços por hora!

Ó querida estou de volta,
venho-te um abraço dar;
Enxuga teus lindos olhos
se minha que eu sei-te amar.

Te vejo sempre em meus sonhos.
E que outra mulher além de você
ha de abrilhantar os meus sonhos?

Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido.

⁠Lembranças, que lembrais meu bem passado

Lembranças, que lembrais meu bem passado,
Pera que sinta mais o mal presente,
Deixai-me, se quereis, viver contente,
Não me deixeis morrer em tal estado.

Mas se também de tudo está ordenado
Viver, como se vê, tão descontente,
Venha, se vier, o bem por acidente,
E dê a morte fim a meu cuidado.

Que muito melhor é perder a vida,
Perdendo-se as lembranças da memória,
Pois fazem tanto dano ao pensamento.

Assim que nada perde quem perdida
A esperança traz de sua glória,
Se esta vida há-de ser sempre em tormento.

As cousas árduas e lustrosas se alcançam com trabalho e com fadiga.

Que poderei do mundo já querer,
que, naquilo em que pus tamanho amor,
não vi senão desgosto e desamor,
e morte, enfim; que mais não pude ver!

Pois vida me não farto de viver,
pois já sei que não mata grande dor,
se cousa há que mágoa dê maior,
eu a verei; que tudo posso ver,

A morte, a meu pesar, me assegurou
de quanto mal me vinha; já perdi
o que perder o medo me ensinou.

Na vida desamor somente vi,
na morte a grande dor que me ficou;
parece que para isto só nasci.

Se noutro corpo tua alma se traspassa,
não, como quis Pitágoras, na morte
mas como manda Amor na vida escassa;

Um baixo amor os fortes enfraquece.

Verdadeiro valor não dão à gente;
Essas honras vãs, esse ouro puro
melhor é merecê-los sem os ter
que possuí-los sem os merecer.

É covardia ser leão entre ovelhas.

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

A Morte, que da vida o nó desata,
os nós, que dá o Amor, cortar quisera
na Ausência, que é contra ele espada fera,
e com o Tempo, que tudo desbarata.

Amor com seus contrários se acrescenta.

Mas todas suas iras são de Amor;
todos os seus males são um bem,
que eu por todo outro bem não trocaria.

Da tensão danada nasce o medo.

Nos perigos grandes, o temor
É maior muitas vezes que o perigo.

Se no que tenho dito vos ofendo,
Não é a intenção minha de ofender-vos,
Qu'inda que não pretenda merecer-vos,
Não vos desmerecer sempre pretendo.

Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.