Coleção pessoal de kasulo

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Montanha é dobra do tempo.

Chorei. Pura mágoa líquida.

Saudade é uma palavra que tem cheiro.
E fica no travesseiro, na curva da sala, naquele ponto da conversa quando minha língua tocou sua voz.

Ainda procuro algumas essências. É a procura do habitável, eu diria.
Depois de tudo, seria esquisito pedir licença e ir morar em lugar conhecido, onde reina o que já decifrei.

De que matéria é feita uma manhã de disponibilidade?
Tesouro do divizível, minha disponibilidade acena para gregos e troianos e hoje ofereço meu reino por uma caixinha de Bis, no máximo.

Oficialmente, uma borboleta não é obra dos deuses.

Foi dormindo pouco que descobri que viver ininterruptamente é meio brutal para quem tem lembranças.

DECLARAÇÃO II

Fico triste quando solitária.
Talvez eu chore,
Talvez eu ame outro cara.

Só muito depois descobri que ele era teclável.
Mas a Internet comeu meus olhos de pressentir.

“Mensagem de fumacinha: onde anda a Clara Pálida?”
(Um índio que gostava de cinema escreveu no banheiro este poema)

Na genética, transmissão de informação não é fala. É falo.

Minhas verdades são poucas.
Perdi a fina casca que protegia
meu fino pudor.
Hoje sou Antonietas,
Anas Célias,
Marias e suas varizes.
Meu coração mundano e aprendiz,
percorre outros corpos,
habita outros medos
mas sempre volta.
Bem humilde.
Bem viciado.

A abelha enfastiada
achava chata
sua vida de operária
na colméia.
Mal sabia ela que era
bem mais feliz que a família
que consumia
sua geléia.

DECLARAÇÃO I

Não gosto de ganhar rosas.
Não tenho paciência com crianças.
Detesto massagem “pra relaxar”.
Entendo pouco sobre Deus.
Mas cuido de bêbados, salvo gatos, faço aniversário
de chatos, cozinho para medíocres, perdôo grosserias.
Minha sensibilidade é seletiva.

SOBRE O AMOR - I

A isca a gente vê.
Mas o anzol a gente sente.

Descobri que quem fica escolhendo príncipes
acaba a vida sendo dona de um ranário.

Uvas são cápsulas feitas de gel licoroso com uma fina película de algo doce que termina azedo. São como pessoas. Nos dois casos, gosto mais do design delas do que do sabor.

Guardei a lua cheia
Aquela pedra de São Tomé
O roteiro da viagem
A foto do seu pé.
Mas não foi por saudade
Muito menos pelas rosas
É que dizem que dá sorte
Guardar bobagens amorosas.

ELAS

No beijo do ex-namorado,
Amor é uma palavra estragada.

Série Postal:

O olhar dele era azul do espaço.
Mas tive medo do inverno do abraço.