Coleção pessoal de jose_alberto_lopes_lopes

Encontrados 20 pensamentos na coleção de jose_alberto_lopes_lopes

Acróstico para Lobato:


Já vai longe foi num tempo
Onde os bichos conversavam
Só quem curtia a infância
Entendia o que falavam.
Boneca de pano e retrós
Era assim como um Lobato
Não tinha papas na língua
Tinha os olhos de rapina,
Olho no peixe, olho no gato.
Memórias de dona Emília
O saci e a Dona Benta
No sítio do pica-pau
Tia Nastácia sempre atenta.
Entravam e saiam da casa
Ideias e muita prosa.
Reinações de Narizinho,
O Visconde Sabugosa.
Longe vão as águas claras,
Os frutos sobre o capim.
Bate o bolo Dona Benta!
Aquele de coco e aipim.
Tempo de Pedrinho, Rabicó e
O pó de pirlimpimpim.
Fim

Selenita:
No teu corpo moreno, queria!
a face oculta da tua Lua.
Alunissar em ti,
brincar, te abraçar,
beijar-te com ternura,
e aos poucos
desmanchar a tua fina maquiagem.
Fincar bandeira, e morrer de êxtase
sem gravidade, à noite toda,
num quarto minguante
à luz do teu luar!!!

Flor bela:
O vento forte, a flor espanca,
espalhando o perfume e as pétalas.
E eu direi que tudo ali é poético.
As pétalas são as palavras, o perfume o sentido delas,
e ao vento eu direi; o! que flor bela! <I>

Pedras falsas:


Pedras de esmeraldas são verdes.
As folhas e os musgos também são verdes.
Há pessoas que se julgam puras esmeraldas, porém,
não passam de musgos presos a uma pedra,
ou folhas que se perdem no outono.

A luz.

A luz cava a escuridão,
como as mãos de um poceiro cavam um poço.
Da escuridão da terra,
flui a água pura e cristalina…
Bons livros são poços de conhecimento!

Chuvalua:


Depois da chuva,
muitas poças d’água.


Nesta noite a lua
se multiplica aqui
no chão da minha rua.




Meia Lua:


A lua desta noite mais parece
um grande coador de cetim.


Pendurado no céu, parece coar
o café da noite, e depois, tudo adoçar
com estrelas de alfenim.


Rio do azeite:
[Itariri-sp]


Rio do azeite.
Durante o dia,
o cantarolar das lavadeiras,
e no silêncio da noite
só os murmúrios das corredeiras.

O tempo/sonho


Correndo pela campina
tento alcançar a minha infância.
O céu já não é o mesmo
nem o vento, nem as flores…
Vou no dorso de um besouro,
mas, seu voo é tresloucado e curto.
de repente, veio um pássaro, e…


Poema de J.A.Lopes




⁠Solitário:


No quarto minguante
após matar o dragão,
o cavaleiro entediado
não suporta a solidão!




J.A.Lopes

Só porque já é outono.....
Os teus cantares,
Por aqui já não ouço.
O! cigarra de alegre canto,
e de frágil encanto,
em que salgueiro estás?


Ah! agora entendo o teu silêncio.
Só porque já é outono
abandonas os salgueiros
por uma fábula secular?


Poema de J.A.Lopes

MENSAGEIRA


Na tardinha caindo, eu ví
Uma pequena estrela a luzir.
Era a primeira estrela a sair,
Na tardinha caindo eu ví.


Era uma estrela morena
Pairando como as falenas.
Ajeitando suas melenas,
Era uma estrela morena!


Na tardinha morrendo, fria!
Só aquela estrela luzia.
Perpétua luz,findando o dia,
Na tardinha morrendo, fria!


Será que zombas de mim?
Perguntei à estrela assim!
Pois seu brilho era um festim!
Será que zombas de mim?


E da sonora luz pude ouvir!
Daquela estrela a me iludir,
A voz da infância a repetir:.
"Adeus, Adeus, eu vou partir"


<>


SBC-SP.06/08/2005 [baseado em poema de
Manuel Bandeira - "A estrela"]
*
A infância passada, é como uma estrela distante que reluz na tardinha. Você nunca a alcançará, a não ser a sua luz pálida no céu da sua memória.


Poema de J.A.Lopes


Coragem o cão covarde


O Coragem é um cão solitário
num lugar onde o tudo é nada,
e o nunca é elevado ao quadrado,
onde um rancho é a sua morada!


O Eustácio só sabe xingar,
é ranzinza de primeira mão.
A Muriel já é pura inocência,
acredita em qualquer Vilão!


O Coragem é um cão vira-lata,
mas tem na mente a terceira visão.
E apesar do seu corpo franzino,
enfrenta o mal e salva o patrão!


O coragem é um cão mui esperto,
e o Eustácio, um homem vulgar.
Ele só diz: — cachorro idiota!
mas o cão tem muito a ensinar.


[Personagens principais: Eustácio Bagge, Muriel Bagge
e o cachorro - Coragem]


Poema de J.A.Lopes

O tempo e o vento


Na grandiosidade daquela montanha
havia um pequeno mosteiro
onde habitava um velho monge.


Passados muitos anos,
lá não há mais que ruínas,
mas a voz do vento permanece
reboando pelo vale uma espécie mantra.


Poema de J.A.Lopes

No jazigo de Van Gogh
a única cor predominante
é o cinza velho!


Porém, na primavera
sob um céu azul,
medram flores colorindo
o seu derredor.


-É a natureza agradecendo
com suas trinchas
e uma paleta multicor.


<>


Um haicai:
Sob a pedra fria
o descanso do artista -
Vida em flor renasce.


Poema de J.A.Lopes

O musgo e o polvo


Ah! como adora
o seu leito de pedra à sombra da mata,
o musgo verdinho.


Já o polvo no pote de barro, engana-se.
Sua morada é curta
assim como a sua vida!


<>


A pesca artesanal do polvo, ainda é feita, utilizando-se potes de barro
que são lançados no fundo do mar.




Um haicai de Matsuo Bashô:


Jarros de polvo-
Um sonho efêmero,
luar de verão.




Poema de J.A.Lopes

Tecer a vida


Tece a aranha
a sua rede de seda.
Tece o pescador
a sua rede de linha.
A aranha vive
a sua vida inteira
agarrada à teia.
O pescador, nos saveiros,
vive boa parte da sua vida
ao sabor das ondas do mar!


Poema de J.A.Lopes

Na Teia


Pelas vibrações dos fios,
há um inseto a debater-se
naquela teia, refém.
Domínio daquela aranha
que de forma calculada,
é prisioneira também !




Poema de J.A.Lopes

⁠Já é tempo de lançarmos nossas naus....
por ser o mar, o destino.
Do que fazer destino a areia!
Sentir a fúria das procelas.......
e o doce retorno ao cais.

⁠O riacho e a neblina
do mesmo elemento são!
Embora o escarcéu da cachoeira
contraste com o silêncio que flutua!

⁠Queria ser um rio e correr para o teu mar!
Desaguar em teu remansoso delta e lá me perder.
Porém, não passo de uma lagoa que condena seus peixes
à clausura dos mosteiros de junco!

⁠Um dia a voz de um anjo chamou-me do outro lado do vale.
Achando ser somente o meu eco, ignorei-a
Ah! coração, como fui tolo!

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Em verdade não se esculpe a neblina.
Mas, o diamante pode ser lapidado!