Coleção pessoal de PaquitoMasiaHerrera

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⁠louco é quando já dá saudade
mesmo antes de acabar
quando o futuro e o pretérito
tocam o presente
do despertar

⁠fácil sonhar
difícil dessonhar
fácil dizer
difícil desdizer
fácil pensar
difícil despensar
mesmo difícil
facilite

⁠Pena, pena, pena
apenas há penas

⁠quando toquei tua boca
despertei
foi a porta de entrada
aberta
sem trancas
onde a direção muda
onde o som
e o silêncio se unem
uníssono sonho adiado
tocado
era tua boca
agora minha
acordei

⁠os filhos, as vezes, machucam
quando crescem
crescemos
filhossomos
também

⁠tem coisas
que a gente nem sabe
que serão
coisas essas
que já deixam saudade
do que ainda
não foi

⁠se a vida te diz: vai
vai!
mas... não te afaste de ti

é nos velórios que os filmes passam, onde vemos nosso filme e nossos protagonistas, coadjuvantes, nosso roteiro, luz, direção, rumos, nossa arte de desenhar nosso roteiro, para alguns drama, comédia, ficção... cada um no seu tema.

o melhor de tudo é que há um ao redor um elenco que justifica filmar, rodar e ver que sozinho nem capim é feliz, porém temos que saber que podemos estar sós, mesmo em meio a multidão e saber ser feliz conosco e com o que nos cabe cumprir.

⁠o tempo nos “encranha” saudades até do agora, do ontem, então que bom que estou esculpindo saudades em mim, e projetando revisita-las para as emoldurar no seu lugar.
eu quero ser riso, só riso, mas sou lágrimas por vezes, temos que atuar por mais risos, risos é o que deveríamos ser, eu quero que riam, porque se lacrimejarem é porque juntos rimos, passamos bem, e aí valeu ser.

quero escrever, quero escrever filmes, e fazer, atépode ser que não aconteçam, masexternados ganham vida e cena, nem que sejam para um só, que pode ser eu mesmo, que valorizem quem valorizado merece ser, quero tão e tanto coisas que não pesem que passem o relógio sem observar e no tempo passado na minha vez sejam apenas leveza a me fazer flutuar, e porque não lágrimas e sorrisos de um tempo que parece que não volta, mas volta sim, basta fechar os olhos e reviver, o tempo está ali preso em nós

⁠não é só encher o tempo em garrafas plásticas que esvaziam durante o dia, estas que são o melhor bálsamo para a sede de distração do pensar que trai o hoje no amanhã.
não é só separar o tempo em pílulas dele próprio, sedativos do esperar a esperança receitada em drágeas e conta gotas.
não é só arrumar a cama, leito de um suspiro bocejado do sono lento do findar de mais um dia do lado de lá.
voltas, revoltas, quedas, solo, solo pátria que atrai e repulsa, reflexo do novo que tira a base e nos trai.
pontos que marcam e costuram a velocidade do instante desapercebido e sem retorno do desequilíbrio desleal do ainda desconhecido de cada instante.
acordar e perceber o ontem, que o hoje já não mais copia, o espaço que ganha nova dimensão de tempo percorrido, nova programação cerebral do hábito nem percebido através do uso agora racional de um novo passar.
o mover do pé, de um dedo, do levantar, do piscar, do respirar, do engolir sem sentir, sem saber e... de repente se vai, não mais o é, talvez nunca mais.
o que são essas perdas?
o que é e como saber perder?
como ganhar com a derrota imposta escolhida sem saber?

⁠tem asas que nos fazem voar
em páginas vividas
escritas tal qual no solo nuvens projetadas
vagam a passear

⁠Lá do outro lado também há!
Há de estar e lembrar que
lembranças são o hoje do ontem
que vimos passar.
Seja onde for também há.
hÁsia, hÁfrica, hÁmerica.
Paquito Masiá Herrera
Fim do Inverno 2023

⁠11/09/20 abri a sacada da produtora, e fiquei a ver a árvore balançar, pequenos pássaros coloridos de amarelo, verde e cinza saltitavam a frente, o vento movia a árvore, fiquei observando os movimentos e vendo a flexibilidade da vida, onde ali tudo passa, aquela árvore imponente que viu muitas histórias passarem, viu edificações a emoldurarem, e ela na sua sabedoria continua sua jornada, viver e ser vida para outros, valeu o dia, escrevi:

Ramo Somos
estavam eles pousados, aterrizados, pés ao solo
na pátria que agora gira
o ver apenas
sentidos despertos ao sentir o mover
o entorno e sua flexibilidade
voos soltos
saltos nas ramificações flexíveis, trampolins
a vida a mostrar e ensinar
tudo se move, foge de nós,
nós apenas somos um a mais
mais um ponto do ver pausando fragmentos
ponto, não final, apenas pontuado
rever o quão tão e tanto é
movimentos revelados ao flutuar
num simples olhar

LÁBIOS

Que gosto teria?
De palma de mão, espelho, travesseiro?
Ou...
de lua estrelada, banana flambada?
Seria rio fluído ou canto de pássaro emitido?
Pétala de rosa ao vento, sem atrito, apenas movimento.

Teria gosto de azul celeste ao sul
Ou..
de novos rabiscos de renda ao sol?
Tantas possibilidades e idades
tempos, estações de um só instante.
Ahhh sim... o gosto,
pergunta para o inverno quente de agosto.

LAS MAMÁS DEL SOL

Los días de sol, son los días de las Mamás.
No que los otros no sean, és que en los días de sol, las ropas lavadas secan mejor.
Tá... diran: machista!
Bueno, no hablo de etiquetas pegadas, hablo de alegría y recuerdos.

Las mañanas de costar a despertar, invadidas por el sol y aire más frio que la cama,
tenian el perfume ventilado de Mamá.
Sus palavras cantadas de levantar eran sonido
que todavia despiertan en anhelo musical adentro del tímpano.

Era día de la tropa hacer su parte, ensuciar para volver el sol a secar.
El agua en la cara, el aleteo de la ropa, el agua hirviendo, el agua y el viento jugando a hacer olas.
Y así eran los días soleados, tal cual hoy,
solo que ahora con mamás diferentes, las mamás que somos gracias a ellas.

Los días de sol, son más divertidos, porque en las sabanas blancas luminosas, las sombras dibujan el tiempo.

LUNA

Ainda lembro
Lembro das malas carregadas, embarcadas e seu roçar.
Lembro dos rostos em máscaras do esconder o sentir para não piorar.
Lembro dos degraus que arremessavam o corredor e os lugares.
Lembro do vidro que já dividia o lá e o cá, transparência física da despedida.
Lembro do ronco do ônibus saindo, dos bancos reclinando.
Lembro do fungar embaçado.
Lembro dos acenos, como se fossem mãos a querer se tocar na distância cada vez mais desfocada.
Era o destino vindo, indo.

Lembro principalmente da Lua
A Lua que acompanhava na noite viajada, rodada na calada estrada.
De Montevideo para um novo Porto, alegre Brasil.
Não conseguia dormir, então... a Lua,
lá estava como que entendendo que precisávamos levá-la, pelo menos ela não ser só uma lembrança.

Nove anos já passavam e não entendia como ela, a Lua, podia correr tão rápido quanto aquele ônibus.
Por detrás das árvores e nuvens, ela vinha junto, parecia fazer graça, parecia que não andava, brincava de correr sem se cansar.
Fez grande parte da viagem junto comigo, atravessou fronteiras, limites que o homem determina, sem precisar se registrar adentrou um novo sotaque e aqui também aportou.

Aquela Lua, aquela ainda aqui está.
Na verdade, ela sempre esteve, assim como cada coisa, ela está no seu lugar, como tudo.
Ela veio “embagajada”, nós ficamos, nos mudamos e continuamos feito Lua.
Ainda lembro.

CAXIAS

do sul, do trabalho, da fé, do olhar
caxias do crescer
do ser
dos trilhos, das horas, do gol
caxias de quem vem

CAMINHO

sim, há luz no final do túnel,
mas... no caminho
há uma janela maior,
paisagens e passagens que fazem do túnel
vitrine

CADA

cada um com seu sentir
cada um com seu se saber
cada um na pele em que habita
cada um com o seu
cada seu

O QUE TOCA

Musicas tocam
Tocam lágrimas
Tocam lembranças
Tocam o por vir
Tocam

ANOTE

É necessário acordar
Notar
Anotar
O momento passa
E nem sempre traz a lembrança