Coleção pessoal de ismaraalice

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Mansa e radicalista. Ingênua e maliciosa. Corajosa a ponto de arriscar pés e mãos. Medrosa a ponto de meter as mãos pelos pés. Todo tempo tagarela. Quase sempre muda. Sou feita de generosas porções de certeza e contradiçao cozidas em fogo alto. Diante disso, me falta o que falar, não me resta o que pensar, mas me sobra o que escrever...

Copo, cubos de gelo e algum tanto de álcool. Whisky ou Vódca? Tanto faz. Tanto faz... O importante mesmo era beber até adormecer as dores.
Fiquei ali sentada, não sei quanto tempo olhando para os cubos de gelo tumultuados no copo. Uma afobação que nunca vi igual. Um querendo derreter mais depressa que o outro. E lá no fundo do copo (onde o álcool fica mais apurado) todos eles afogados num pouco de decepção... Tenho a impressão de que quis sair dali e fugir daquela desolação. Mas fiquei. Sem fuga. Sem pressa. Sem envolvimento... Continuei ali parada, sentada no chão, copo na mão e dentro dele Whisky e água ou álcool e gelo, de novo tanto faz... O importante mesmo era o esquecimento já adormecido... Acho que baixei a cabeça... Não lembro... De mim não sei... Só sei dele, do meu coração, que fugiu, sumiu e se refugiou no primeiro espaço vago que encontrou.

O corpo exausto, o pensamento cansado, meu raciocínio pedindo demissão e a insônia me fazendo de vítima mais uma noite. Uma madrugada reticente, agoniada. As horas que passavam, parecia não passar. Tentei disfarçar a insônia fazendo cara de sono, mas meus olhos insistiam em manter-me acordada. Então obedeci... Ouvi músicas, ouvi grilos. Conversei com o espelho, vi pessoas conversando na rua.
Fiquei ali, sentada na janela, com os cotovelos nos joelhos e o queixo apoiado nas mãos olhando o céu, que particularmente naquele momento parecia mais estrelado que o normal. A lua linda, cheia, me convidando para ser sua espectadora e eu logo aceitando o convite. Fiquei a noite toda olhando toda a noite passar. Viajei pelo espaço sideral, visitei satélites, fui a lugares onde as palavras não alcançam e até a lugares onde só a imaginação consegue ir. Solta como quem possui asas. Sem termo, sem limite, tudo ao acaso e sem pretensão de volta à realidade. Sonho ou fantasia? Sei eu.
Ao poucos, as estrelas foram perdendo o brilho e sumindo do céu uma por uma. A lua deu bom-dia ao sol enquanto dezena de passarinhos alvoroçados vieram até minha janela contar-me seus sonhos e avisar que mais um dia raiou. Só então, depois de sonhar acordada, acordei sonhando.

Vai menina, se desprende do que te atrasa. Esmiuça tuas qualidades. Guarda no bolso esse jeito de criança. Mostra teu lado mulher. Desarma esse medo. Solta mais esse riso frouxo. Engole esse choro engasgado. Despreza aquilo que te maltrata. Sonha só o que te faz bem. Vai menina, mira na vida e vive. Agrada quem te quer por perto. Ignora a rejeição. Distribue o primeiro "bom dia" do dia pra quem primeiro te sorrir. Desapega do que te atrapalha. Maximiza as pequenas alegrias. Recolhe essa lágrima solta. Abraça quem te aperta forte. Renova todos os dias a tua liberdade. Facilita a vida, menina. Não desatina. Não perde o tino. Deixa a paz de espírito nortear todos os teus minutos. Permanece nos braços que te caiba. Grita esse silêncio incômodo. Silencia o grito afoito. Planta sonhos. Colhe planos. Rega as cores. Cultiva as flores. Prende o suspiro. Olha pro infinito e segue...

Era uma vez um amor. Era uma vez outro amor.
Dois amores em um só. Só dois amores.
Um é certeza, o outro contradição. Um nunca tem culpa pelas brigas, o outro sempre tem. Um é o oposto do outro, o outro é diferente de qualquer um. Um xinga quando está com raiva, já o outro faz biquinho. Um fala, o outro escuta. Um machuca, o outro chora. Um explica, o outro não entende. Um canta, o outro encanta. Um é realista, o outro sonhador. Um diz que é pra sempre, o outro fala que é eterno. Um é teimoso, o outro manhoso. Um ama blues, o outro jazz. Um adora a cor roxa, o outro também. Um pira quando escuta "realize", o outro quando escuta " brighter than sunshine". Um adora chimarrão, o outro odeia. Um é marrento, o outro mais ainda. Um tem tatuagem, o outro também tem. Um arrisca pés e mãos, o outro nem tanto. Um é fofo, já o outro... O outro tenta ser. Um diz:" Eu te amo", o outro responde:" Eu também". Um completa o outro, o outro completa um. Um se declara, o outro não percebe. Um diz que precisa, o outro diz que satisfaz. Um discute, o outro briga. Um liga, o outro recusa. Um insiste, o outro atende. Um chora, o outro consola. Um chora, o outro também chora. Um diz:" Eu TE quero pra sempre ao meu lado", o outro responde:" Eu ME quero pra sempre do seu lado". Um pede pra voltar, o outro pensa. Um desiste, o outro se arrepende. Um desabafa as mágoas no violão, o outro nas palavras...

E no meio daquele abraço eu te apertei mais forte e pensei em dizer o quanto gosto. Ensaiei uma dúzia de frases e me disse em silêncio: “Vai, Ismara! Esse é o momento, fala...”
Vou falar...
Os meus lábios se moveram e não saiu som algum.

Perdi um caderno com pedaços de lágrimas, emoções, sentimentos, vivências e afins. Tudo escrito e deixado nele.
Peço humildemente que, para quem encontrá-lo dê continuidade àquelas histórias.
Mesmo me doendo dizer isso, de certa forma, 'não me importo' se o meu nome não for citado embaixo de cada verso, apenas e tão somente quero que aquelas letras falantes, vivam.
Já não se sabe ao certo quantas horas de lágrimas secas e caladas derramei por ter perdido uma parte de mim...
Meu maior desejo é que todas aquelas palavras escritas em dias de humor de cão ou em dias de suprema alegria, não morram em um lixo, queimadas, rasgadas, muito menos esquecidas!
Ah, dentro do caderno, havia um envelope com dinheiro... Algumas notas eram poucas. Era pouco. Porém, fica aí a recompensa para quem encontrá-lo e cuidá-lo.
Grata. Eternamente grata.

Você não me preenche, você não me completa.
Você me transborda, você me exagera.

Quando vi aqueles rostos falsificados naquele patético momento, senti uma vontade anormal de querer gargalhar alto, mais tão alto até ouvir a minha voz misturar-se ao eco da batida eletrônica que tocava no bar da esquina. Maaas, não consegui ser demasiadamente maldosa. E o que deveria ter sido uma gargalhada maquiavélica, saiu em forma de um sorriso, fino e pueril.

Estou embriagada de insônia e alcoolicamente sonolenta.
Particularmente agora, estou com uma amnésia tamanha. Portanto, não me perguntem nada sobre ontem, hoje ou amanhã...
Nenhuma resposta será pensada com raciocínio lógico, nem dita com coerência...

A cada milésimo de segundo a saudade é um tanto quanto agonizante. E mesmo querendo explodi-la, eu continuo mantendo esse remoto controle

Brinca demais e não cresce. Cresce demais e não aprende. Aprende demais e não serve. Serve demais e não ajuda. Ajuda demais e não acha. Acha demais e não sabe. Sabe demais e não muda. Muda demais e não gosta. Gosta demais e não fala. Fala demais e não escuta. Escuta demais e não se importa. Se importa demais e não demonstra. Demonstra demais e não sente. Sente demais e não ama. Ama demais e não sofre. Sofre demais e não pensa. Pensa demais e não cala. Cala demais e não grita. Grita demais e não guarda. Guarda demais e não explode. Explode demais e não se arrepende. Se arrepende demais e não luta. Luta demais e não ganha. Ganha demais e não divide. Divide demais e não sobra. Sobra demais e não encontra. Encontra demais e não anda. Anda demais e não cansa. Cansa demais e não deixa. Deixa demais e não insiste. Insiste demais e não chora. Chora demais e não dorme. Dorme demais e não sonha. Sonha demais e não acorda ...

Sempre me dei bem com as palavras, porém, nunca sei quando estou madura para escrever. Definitivamente, não sei qual estado de espírito me faz escrever melhor.
Na real, quero dizer que nos últimos dias não tenho conseguido sequer escrever uma frase com coerência e coesão. Não consigo equilibrar meus pensamentos, nem definir em ordem as minhas palavras.
Algo tem me prendido. Algo tem me impedido.
Não sei o quê. Nem sei como.
Talvez, as minhas palavras encham-se de sentidos múltiplos depois de hoje. Ou quem sabe, depois de agora.

Aquela tarde era completamente "inédita" para mim, foi a tarde mais esperada de todas as tardes dos dias de todos os anos.
Eu trêmula. Eu ansiosa. Eu chorando. Eu feia. Eu gargalhando. Eu desanimada. Eu esperançosa. Eu contundida. Eu empolgada. Eu arisca. E a avidez dominando meu Eu.
A conversa se aproximava.
Eu te esperava, sentada, deitada, levantava e andava. Rua, carro, outro carro, mais rua, rua, rua, ninguém, deserto... VOCÊ! Você no início e eu no fim, no fim da rua. A cada passo que dava em minha direção eu te contemplava imóvel, te olhava frigidamente, te queria decididamante, te renagava de uma forma sutil e enfim te abracei de um jeito como quem procura afago nos braços da mãe.
Talvez a conversa pudesse esperar. Talvez nem precisassemos conversar.
Um milhão de palavras queriam saltar da minha boca. Silenciei. A única frase que me escapou foi: " não é hora". Não era hora de quê, afinal? Não era hora do diálogo tão esperado acontecer? Não era hora de acabar? Não era hora do amor prevalecer? Não era hora de reiniciar? ...
Nada. Não era hora de nada. Aliás, a única coisa que a hora conseguira ser naquele momento, foi certeza. Certeza de que nenhuma palavra pensada antes precisava ser dita. Ou pelo menos, não àquela hora.
Quando você ia falar algo, eu, calmamente te beijava e intuitivamente te calava.
Era pra ser assim? Você queria assim?
Eu queria falar que ... ah, esquece... Não há mais nada a falar sobre ...
Você me deixa sem palavras!

Coisas que somam. Pensamentos que diminuem.
Dias que se explicam. Outros que não se entendem.
Atos singulares. Momentos cheios de plural.
Um abraço medroso em braços cheios de afago. Um beijo calmo em bocas que só falam de dúvidas.
Insistência necessária em um diálogo invariável.
Um Carinho útil para uma carência involuntária.
Céu cheio de estrelas. Uma estrela cadente no céu.
Pedido feito na hora exata. Desejo realizado no momento certo.
Em um sorriso misteriosamente satisfeito, cai uma lágrima teimosa.
Emocionalmente abraçados. Sutilmente emocionados.
Palavras falantes. Silêncio calado.
Um selinho carinhoso. Um carinho selado.

Pensamento positivo. Promessa eterna. Abraço apertado. Beijo demorado. Lágrima saudosa. Mensagem sem resposta. Recomeço desejado. Expectativa merecida. Afeto provocado. Sentimento marginal. Saída não permitida. Atos intencionais. Arrependimento mortal. Cabeça no ombro. Olho no vazio. Briga banal. Amor incondicional. Cigarros no cinzeiro. Telefonema inesperado. Pedido declarado. Pedido passageiro. Aliança perdida. Sono inquieto. Noite em claro. Devaneio pressentido. Brinco esquecido. Taças quebradas. Bocas caladas. Paixão calculada. Vingança inofensiva. Tentativa frustrada. Carinho somado. Pensamento reprovado. Frase pensada. Frase esquecida. Palavras medidas. Reticências repetidas. Ahh ... Coisas da vida.

Eu odeio sem sentir. Ira é em vão.
Ódio é bobo. Mesquinho. Inocente. Apático. Ódio é ocioso. Insensível. Ódio é involuntário. Ódio é temporário. Ódio é inexistente. Invisível. Ódio é paixão reprimida. É indecifrável. Impraticável. Ódio é atitude. Ódio é coisa. Ódio é reticência.
Sei que amo por que sinto. Amor doi.
Amor é óbvio. É transparente. Amor move. Palpita o coração mais forte. Treme os nervos. Amor é supersensível. Amor é extraordinário. É delírio. É astuto. Amor é amor extra. Amor é impossível de domar. Amor é silêncio. É grito. É extremo. É mais. É muito mais. Amor é você. Amor sou eu. É tudo. É nada. É pouco. É evidência. Amor é superior á ação dos sentidos. É supracitado. É ilusão. É álibi. É o meu calar das palavras. Amor é reticente e reticências.
Quando eu quero, odeio.
Quando menos espero, eu amo.

Dez linhas ou até menos.
Cinco duas linhas é quanto tenho podido acrescentar cada noite à história que comecei escrever faz quase um ano e me prometi contar até o fim.
As palavras simplesmente fogem de mim, não aparecem, não falam, não perguntam...
Emudeceram.
Pensando bem, acho que elas não disseram nada até agora, porque nada tinham a dizer.
Talvez essa seja mais uma história sem final ou quem sabe, uma história sem fim... Quem sabe, né? ...
quem sabe.

Era preciso acreditar naquela verdade, mesmo sabendo que aquelas três palavras não eram verídicas, eu preferi dar vida àquela mentira e acreditei...

Já é madrugada. Todos dormem. Eu continuo aqui, insone e só.
Hoje a saudade me aproximou da lembrança...
Naquele primeiro dia do mês, naquele quase início de noite, te abrecei mais forte e por um breve instante observei você indo embora. Só então fui capaz de dar valor aos tantos minutos perdidos com bobagens, coisas alheias.
Agora, minha vontade maior é retardar as horas e fazer você demorar mais tempo em mim, nem que seja só por mais um segundo, um mísero segundo.
É que quando estamos juntos à hora fica cega.