Coleção pessoal de Gamorim99

1 - 20 do total de 92 pensamentos na coleção de Gamorim99

⁠Flores que Renascem
Se as flores caem, não temas, espera,
nem tudo morre, o tempo refaz.
O chão que acolhe também regenera,
traz nova vida onde nada mais.
Promessas somem, voam no vento,
mas há sementes presas ao chão.
Se a dor insiste em ser tormento,
lembra: a raiz resiste ao não.
O que passou não é o fim,
há sempre um jeito de recomeçar.
A vida insiste, forte assim,
e um dia a flor vai desabrochar.
Se agora choras pelo que findou,
aguarda... o sol já despontou.

⁠O amor não se anuncia com palavras grandiosas nem se prende a gestos extravagantes. Ele se esconde nos detalhes, na forma como alguém ajusta o cobertor à noite, no silêncio que respeita a dor do outro, no olhar que percebe o que ninguém mais nota.

Está no café preparado sem pedir, no jeito de lembrar pequenas coisas que pareciam esquecidas, no toque leve que acalma sem precisar explicar.

Ele não exige reconhecimento nem faz alarde.
Vive nos momentos que passam despercebidos, nos sacrifícios silenciosos, na paciência de esperar sem pressa.

O amor verdadeiro não precisa ser gritado para ser real.
Ele existe onde há cuidado, presença e verdade—nos detalhes que muitos ignoram, mas que fazem toda a diferença.

⁠O problema é seu!

E antes que isso soe como uma sentença pesada, entenda: é exatamente aí que reside a sua liberdade. Porque, quando algo é seu, também é sua a possibilidade de mudar, de aprender, de agir. Ninguém tem o poder de resolver por você, e essa é a maior das bênçãos, pois ninguém conhece sua força como você mesmo. A vida lhe entregou as ferramentas, e até os obstáculos mais duros estão chamando você à evolução. Assumir a responsabilidade pelos próprios desafios não é um fardo, é um ato de coragem e maturidade. É dizer: "Eu sou o único capaz de construir o meu caminho, e, se houver pedras, sou eu quem escolhe se tropeça nelas ou se as usa para erguer pontes."

⁠Quando a angústia vier como um trovão,
E o céu pesar no peito em noite escura,
Erguerei minhas mãos em oração,
Pois sei que a Tua glória me assegura.

Não calarei meu canto em meio ao medo,
Nem cederei ao ódio ou à pressão.
Teu nome é torre forte em meu degredo,
Rocha que firma a minha decisão.

Se tudo se perder, Tu és constante,
Se tudo for tirado, ainda és fiel.
No vale ou sobre o monte, és meu bastante,

Te exalto com louvor, não com papel.
Se a luz tardar, lutamos adorando,
Pois és o Deus que sempre vem chegando.

⁠Aceitar migalhas por medo da fome é esquecer que dentro de você há força para conquistar banquetes.

⁠Amar não é só sentir, é construir. E nenhum relacionamento se constrói onde não há diálogo. Quando um casal para de conversar com o coração, começa a falar apenas com mágoas ou silêncios. É no ouvir verdadeiro que se entende a dor do outro, e é na disposição de mudar que o amor amadurece. Ficar juntos é uma escolha diária, e essa escolha exige empatia, paciência e a coragem de reconhecer que às vezes, o amor mais forte é o que se transforma para não perder o outro.

⁠Quem vive reclamando estaciona no problema e perde a direção da promessa. Enquanto a boca se ocupa em murmurar, os pés deixam de avançar. Reclamar é andar em círculos no deserto, é gastar energia falando do que falta em vez de construir com o que já se tem. Quem quer crescer troca a queixa por atitude e a murmuração por fé.

⁠Quantas vezes desistimos antes mesmo de tentar? Quantas oportunidades deixamos escapar porque o medo nos convenceu de que o fracasso era certo?

Uma amiga me disse: "E se der errado?"

Eu respondi: Se der errado, você tenta de novo. E se errar de novo, aprende com isso. Mas o medo de falhar não pode ser maior do que a vontade de vencer.

Ela hesitou: Tenho medo de que não dê certo.

Foi então que percebi: ela desejava muito aquilo, mas não estava realmente pronta.

Então eu disse: O fato de querer algo não significa que você deve tê-lo agora. Você está insegura com uma resposta que ainda nem existe. O mínimo que deve fazer pelos seus sonhos é acreditar que pode! Caso contrário, quando chegar lá, não estará preparada para sustentar o que tanto desejou.
O medo faz parte do caminho, mas acreditar em si mesma é a base para alcançar qualquer meta. O sucesso não vem apenas da tentativa, mas da disposição de crescer emocionalmente e amadurecer a cada obstáculo.
Se você realmente quer algo, precisa confiar em si antes de esperar que o mundo confie em você.

⁠⁠Além do Nome

Não, eu já não piso nas mesmas calçadas,
Nem ouço as canções que um dia me abraçaram.
As telas que antes me prendiam,
Hoje, são apenas sombras do que já fui.

Minhas atenções lançaram para longe,
Minhas prioridades vestiram novas cores.
E você, perdido no ontem,
Ainda diz que me conhece.

Mas o que sabe?
Do meu silêncio que grita mudanças,
Das noites em que renasci em pedaços,
Ou do novo caminho que tracei, sozinho.

De mim, só restou o nome,
E mesmo ele, talvez,
Já não me reconheça.

⁠Coragem de Ser amanhã

Viver é um ato de coragem. Não dessas bravuras que se estampam em manchetes ou que fazem as multidões aplaudir, mas daquela coragem miúda, que se levanta todos os dias, encara o espelho e diz: "Hoje eu vou tentar de novo." Porque, no fundo, a vida não é sobre certezas, é sobre o risco de errar, o risco de doer, o risco de amar.

Quantas vezes nos prendemos às grades invisíveis do “e se”? E se não der certo? E se rirem de mim? E se eu me machucar? Mas a verdade é que a vida não nos dá garantias. Não há contrato assinado, não há promessa de finais felizes. Só há o agora, esse instante breve que escorre pelos dedos enquanto pensamos demais.

Manuel Bandeira queria “passar a vida limpa, útil, fraterna”.
Drummond tropeçava em pedras que só ele via.
E você? Qual é o poema que está escrevendo hoje? Será que está parando nas reticências do medo?
Ou será que, como Clarice, arrisca o abismo só para descobrir que lá embaixo há asas?

Seja como for, vá! Vá com o coração trêmulo, vá com a voz insegura, vá mesmo sem saber se é o caminho certo. Porque não ir é pior. Não ir é morrer um pouquinho de cada vez, é ser metade onde poderia ser inteiro.

Dance no meio da sala, mesmo que os vizinhos escutem. Grite seus sonhos no vento, ainda que ninguém os ouça. Ame tanto que o peito quase não aguente. Porque viver é isso: abraçar o caos, aceitar o improviso, celebrar o inacabado.

E se der errado? Ah, ao menos você viveu. Ao menos você foi mais do que uma sombra caminhando pela vida. Foi humano, foi poesia, foi fogo. Amanhã pode nem existir, mas hoje é seu.

Então vá, sem medo de ser feliz.

As Dores que Escolhi Carregar

Dizia que me amava, mas amava como quem repete um verso decorado, sem sentir o peso das palavras. Amava a ideia de me amar, mas não a mim. Porque, na prática, eu me deixava para depois. Quando choveu, encarei as gotas sem guarda-chuva, aceitando o frio como se meu corpo não merecesse abrigo. Quando a febre me queimou, deixei que ela ardesse, porque gastar com remédio parecia um capricho supérfluo.

E os sapatos que me feriam? Caminhei com eles, como quem carrega um fardo invisível, fingindo que a dor era pequena. Porque, no fundo, acreditava que suportar as feridas fazia parte de existir, fazia parte de ser eu.

Mas o que mais me machucava não era a febre, nem os sapatos. Era o silêncio que guardava quando alguém me feria. Eu calava e, pior, tentava compreender. Tentava justificar os golpes que recebia, como se fosse justo aceitar ofensas, palavras ríspidas e gestos que me cortavam. Perdoava antes mesmo que me pedissem perdão, carregando culpas que nunca foram minhas, tornando-me um depósito para dores que não me pertenciam.

Hoje, olhando meu reflexo, não vejo apenas um rosto marcado pelo tempo. Vejo uma pergunta que ecoa: o que é, afinal, esse amor que digo ter por mim mesmo? Será que amar-me é só esse hábito vazio, essa rotina de sobrevivência? Ou será que amar-me é algo maior, mais profundo?

Talvez amar-me seja o gesto simples de abrir o guarda-chuva na tempestade, de trocar os sapatos que me machucam, de tratar minhas feridas com o cuidado que sempre ofereci ao mundo. Talvez seja entender que minha dor também importa, que meu coração merece repouso, e que o amor que dou ao outro só tem valor se primeiro eu souber oferecê-lo a mim mesmo.

Se for isso, amar-me será um desafio diário. Uma escolha nova a cada manhã. Mas é uma escolha que preciso fazer, porque percebo agora: não sou terreno de passagem para o peso alheio. Sou uma casa que merece abrigo, uma estrada que também precisa de cuidado. Amar-me, enfim, é aceitar que eu não fui feito para ser silêncio, mas para ser inteiro.

⁠Ritmo e silêncio

Eles eram como o dia e a noite, tão distintos que parecia impossível coexistirem. Ela carregava o caos das manhãs ensolaradas, cheia de energia e risos que explodiam sem aviso, como o canto de pássaros numa floresta desperta. Ele, por outro lado, era o silêncio do crepúsculo, contemplativo, com olhos que pareciam guardar segredos das estrelas.

Enquanto ela dançava pela casa, improvisando passos ao som de músicas que nem sempre ele entendia, ele a observava do sofá, com um sorriso leve, como quem encontra beleza naquilo que não se pode controlar. Quando ele lia seus livros densos, mergulhando em pensamentos profundos, ela se aproximava com uma xícara de café e o interrompia com histórias do dia que, para ela, tinham mais cor do que qualquer romance.

Eram opostos que se completavam sem esforço, como o céu que precisa do azul e das nuvens. Discutiam, é claro, pois ele amava a ordem e ela adorava o improviso. Mas mesmo nas discordâncias havia uma harmonia: ele aprendeu a apreciar o caos das risadas dela, e ela encontrou beleza no silêncio dele.

Assim, seguiam juntos, um equilíbrio improvável entre diferenças que, em vez de separá-los, os uniam. Pois, no fundo, o amor não é sobre sermos iguais, mas sobre aprender a dançar no ritmo um do outro, mesmo que a música pareça, à primeira vista, totalmente diferente.

⁠Talvez não seja o universo contra você, mas um convite para perceber que nem tudo gira ao seu redor; às vezes, é só a vida acontecendo para todos, de formas diferentes.

⁠Desculpa o Auê

Ela invadiu minha vida como um furacão, sem aviso, sem pedir licença. Era do tipo que falava alto, gesticulava demais e ria com a força de quem carregava o mundo no peito, mas preferia gargalhar a chorar. Eu, acostumado ao meu canto ordenado e silencioso, fui pego de surpresa pela tempestade que ela trazia.

“Desculpa o auê”, ela dizia, toda vez que derrubava um copo, esquecia uma blusa jogada no sofá ou começava uma discussão no meio do nada. Mas não era de verdade uma desculpa. No fundo, ela sabia que o caos dela tinha se tornado meu combustível.

Era nos tropeços dela que eu encontrava graça, e nos excessos que eu descobria o sabor da vida. Ela me tirava do meu eixo, me fazia perder a paciência e, ainda assim, eu ansiava pelo próximo “auê” que ela provocaria.

“Desculpa o auê”, ela repetiu, sorrindo de canto, quando esbarrou na minha prateleira de livros e derrubou tudo no chão. E ali, enquanto recolhíamos páginas espalhadas, percebi que aquele tumulto dela tinha organizado algo em mim: meu coração, antes tão metódico, agora pulsava fora de ritmo, mas mais vivo do que nunca.

“Não precisa pedir desculpas”, eu disse. “O auê já é parte de mim.”

⁠Depois que você se perde em um olhar, nenhum outro consegue te encontrar.

⁠Todos temos as mesmas 24 horas, mas é a quem escolhemos dedicar nosso tempo que revela quem realmente importa para nós; onde não há dedicação, não falta tempo, falta interesse.

⁠A confiança é como uma delicada taça de cristal, que enchemos com os melhores vinhos ao lado de quem amamos. Porém, se for quebrada, não há como reconstruí-la ou substituí-la, e não é sobre taças que estou mencionando.

⁠O amor, em sua essência mais pura e selvagem, é como uma tempestade que varre tudo ao seu redor, uma força irresistível que arrasta os amantes para um universo próprio, onde as regras do cotidiano deixam de ter sentido. Há algo de inquietante em amar assim, com intensidade desmedida, onde o desejo de estar juntos transcende o simples estar, e a distância provoca um vazio insuportável. Quando os corpos se encontram, o mundo ao redor se apaga, e o tempo parece suspenso em um momento eterno de paixão. É um encontro não apenas de pele, mas de almas, onde cada toque carrega um significado profundo, um laço invisível que se reforça em cada suspiro compartilhado.

Há uma beleza estranha em cultivar esse amor, como se fosse uma coleção de momentos, gestos, e olhares que merecem ser eternizados. A maneira como ela sorri de canto, ou como veste sua camisa com a despreocupação de quem se sente em casa dentro do coração do outro. E, ainda assim, há uma sensação de perigo no ar. Amar com tal profundidade é expor-se à vulnerabilidade, à entrega completa. Confiar torna-se um risco maior do que simplesmente partir, pois ficar exige coragem, exige a aceitação de que o amor, como a vida, é incerto e por vezes caótico. Mas é justamente nessa incerteza, nesse caos, que reside o fascínio.

No fundo, o desejo que arde nesse amor é de viver intensamente, sem amarras, sem medo das consequências. Não se trata de ter cuidado, mas de abraçar os estragos, de se lançar em uma paixão que consome e transforma. São noites regadas a vinho ou uísque, festas que acontecem não em lugares exóticos, mas na intensidade de estarem juntos. A mistura dos dois, como tequila e uísque, cria algo explosivo, uma química que transcende o mero físico e se torna visceral, quase psíquica. É um desejo que se manifesta em todas as formas — no toque, no olhar, nas palavras não ditas. E, enquanto estão juntos, o resto do mundo deixa de existir. São apenas dois corpos, duas almas, fundindo-se em algo mais profundo, mais intenso, que desafia qualquer tentativa de explicação ou racionalidade.

⁠Há momentos em que a vida se torna um fardo tão pesado que o coração transborda em silêncio, e o outro, ao nosso lado, clama por algo além das palavras: clama por escuta, por acolhimento. Quando nos deparamos com a dor alheia, é um convite não para a solução imediata, não para o julgamento rápido, mas para a presença. Muitas vezes, o maior ato de amor que podemos oferecer é simplesmente estar ali, ouvir sem pressa, abraçar sem questionar, permitir que o outro sinta plenamente, sem interromper com opiniões ou conselhos impensados. A dor do outro é única, e, por mais que pensemos entender, jamais seremos capazes de medi-la com precisão.

Nosso erro, muitas vezes, está em julgar aquilo que não vivemos, em acreditar que somos senhores da razão, e que nossas soluções são universais. Esquecemos que cada alma é um mundo, e o que para nós parece pequeno, para o outro pode ser um abismo. Respeitar o sofrimento do próximo é, antes de tudo, um ato de humildade. Não cabe a nós decidir o peso do que o outro carrega, mas sim oferecer um ombro firme, um abraço acolhedor, e a paciência necessária para que o outro se sinta ouvido. Mesmo quando as palavras se tornam amargas, mesmo quando o desespero transborda em queixas contra a própria vida, devemos lembrar que o acolhimento não está nas respostas que damos, mas na escuta que oferecemos.

Assim como Jó, que enfrentou sua própria dor, seu luto e seu questionamento diante da vida e do Criador, todos nós, em algum momento, nos tornamos aquela pessoa à beira do abismo, buscando sentido no caos. E assim como os amigos de Jó, que o acompanharam em seu silêncio, há momentos em que nossas palavras se tornam desnecessárias. O que resta é a presença. A escuta atenta e compassiva, sem julgamentos. Pois a dor, como a vida, segue seus próprios caminhos, e o que o outro mais precisa, em seus momentos de vulnerabilidade, não é a certeza da razão, mas a certeza de que não está só.

⁠O verdadeiro amor não reside na simplicidade dos momentos felizes, em que os sorrisos são fáceis e as demonstrações de afeto se manifestam em presentes e gestos planejados, mas sim nos dias sombrios, quando o peso da tristeza e do cansaço obscurece o brilho no olhar da pessoa amada. Amar verdadeiramente é se manter firme ao lado, mesmo quando o riso se esvai, quando a dor toma o lugar da leveza, e o cuidado não é mais um presente ocasional, mas uma necessidade constante. É nesses momentos, quando o coração está vulnerável e a alma pede abrigo, que o amor genuíno se revela: na paciência, na presença silenciosa, na mão estendida sem hesitação, demonstrando que amar não é apenas um ato, mas uma escolha, uma entrega contínua de si mesmo ao outro, principalmente nos dias em que a vida se torna mais difícil e o fardo é pesado demais para carregar sozinho.