Coleção pessoal de fwlpys
Escrevo sobre aquilo que não consigo superar e sobre a forma, muitas vezes autodestrutiva, com que lido com isso. Não escrevo para ser famoso; escrevo para escapar do caos que existe dentro de mim, para não enlouquecer por completo. A loucura e o vazio me habitam, e a escrita é minha tentativa incessante de sobreviver a eles e resistir ao caos que insiste em me consumir.
Há algo que sempre muda,
não sei como.
Mas é aqui que o problema começa.
Açúcar no sangue? Reação química?
Psicológico? Talvez.
Mas ele vem como um monstro de filme antigo,
em preto e branco.
E por mais que você corra,
ele continua com você.
Sempre.
Só existe um lugar
onde ele não te encontra.
E é lá que eu espero, finalmente, chegar
quando as oscilações
finalmente passarem.
Há dias em que o sol grita dentro do meu crânio,
tudo pulsa, tudo pode,
sou incêndio achando que é estrela.
Depois, o mundo afunda no próprio peso,
e eu viro pedra no fundo do peito,
pesada demais para querer ar.
Entre o êxtase e o abismo
aprendi a amar o caos
ele ao menos me reconhece.
A morte me observa como espelho:
não chama,
mas entende.
Felipe Mendonça
Ariel
Por Felipe Mendonça
Meus olhos brilham
não de luz,
mas de naufrágio.
Ao te ver, tudo em mim afunda
como os móveis pesados
no fundo da minha memória.
As lembranças afogam-me
com mãos familiares,
Elas sabem exatamente
onde apertam.
Ainda te amo depois de tudo,
depois do seu silêncio,
depois do corte seco do tempo
entre nós.
Ariel,
Seu nome é um relâmpago preso
na minha língua.
Eu o digo e sangro.
Eu o calo e morro um pouco.
O amor não me salvou
ele me deixou mais vivo
do que eu suportava.
Amar-te foi um excesso,
uma febre que recusou cura,
um corpo pedindo fim
não por ódio à vida,
mas por ter sentido demais.
Sinto tua falta
como quem sente falta
de um órgão vital.
Respiro,
mas é um ensaio malfeito.
Se morrer fosse apenas
dormir dentro de ti,
eu já teria fechado os olhos
há muito tempo.
