Coleção pessoal de fernando_r_luis
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A velhice parece cinzenta
Quando da vida
Não soubemos captar um arco-íris
O relógio
É uma máquina de jogos viciada
- O tempo ganha-me sempre
Usando a paleta das cores
Só um poeta saberá
Pintar a transparência do silêncio
Morando perto da igreja
Aprendemos a ignorar
O badalar dos sinos
O girassol é um relógio
Que não reconhece
As horas noturnas
Tapada a vala e o que somos
Ficará à superfície
Aquilo que fomos
Caminho recolhendo
A minha sombra
Até que ela se esgote
A memória é um desfiladeiro
Por onde correm as águas
Na ausência das chuvas
Esperando os deuses ou a chuva
O homem vira-se para o céu
Esquecendo o seu lugar no chão
O homem é feito com a chama
Do lume do lugar onde nasceu
Por isso esse chão o reclama como cinza
O poema é um puzzle
Que se reconstroi no chão
Com o imaginário das palavras
Aprende a decifrar os gestos
Que acompanham as palavras
E descobrirás as ideias ocultas
Quando o mundo
Se representa de ângulos diferentes
Nasce a poesia das imagens
Só os poetas livres
Detêm a arte alquÍmica
Para fabricar o ouro das palavras
Poesia é saber sentir
O silêncio como se fosse
A pureza da música
Ser optimista é voltar-se para o nascente
ao fim da tarde e usar um espelho para ver o pôr do sol.