Coleção pessoal de Facinox

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Te encontrei por um segundo

Você passou por mim,
e disse "oi" com a mesma voz de antes —
aquela que já me chamou de amor
em dias que hoje parecem tão distantes.

Retribuir foi instinto,
mas também foi abrigo.
Porque por mais que o tempo tenha seguido,
a saudade nunca foi embora por completo.

Carrego você em silêncio,
num canto bonito e doído do peito.
Não por fraqueza ou falta de amor-próprio,
mas porque certas histórias não se apagam,
mesmo quando terminam do jeito mais correto.

Te vi, e por um instante,
foi como voltar no tempo:
nossos sorrisos, nossos planos,
as tardes que passavam sem pressa.

Hoje somos estranhos com lembranças,
mas em mim ainda mora o carinho —
esse sentimento calmo,
que não espera nada,
mas guarda tudo.

Amar Você em Segredo

Amo você no silêncio mais fundo,
onde o mundo não pode escutar.
Nos gestos pequenos, nas pausas do dia,
nos olhos que não ousam falar.

Guardei teu nome em cada verso calado,
em cartas que nunca enviei.
E o peito, coitado, tão apertado,
abraça um amor que não revelei.

Vejo você rindo com outros caminhos,
e finjo que não dói saber.
Mas todo sorriso teu, mesmo alheio,
faz meu coração se desfazer.

É cruel amar assim, em segredo,
ser sombra do próprio querer.
Mas prefiro a dor de te ter no peito
a te perder sem nunca te ter.

[Sem destinatário, como quem escreve para o passado]

Hoje, ao sair do trabalho, aconteceu algo que me fez parar — não nos pés, mas por dentro.

Era fim de tarde, e o sol estava daquele jeito bonito que quase dói de tão calmo. Havia uma brisa fria, suave, dessas que avisam que o dia está acabando. E no ar, aquele burburinho da Copa do Mundo… buzinas, bandeiras, gente sorrindo sem nem saber por quê.

E foi aí que eu vi você.

Virando a esquina, como se o tempo tivesse dado uma volta só para te trazer de volta por um segundo. Nas mãos, um buquê de rosas. No rosto, aquele sorriso que eu nunca consegui esquecer — metade alegria, metade mistério.

Por um instante, tudo parou. O barulho do mundo se calou, e eu fui tomada por uma lembrança tão viva que doeu como se fosse agora.

Mas era só isso mesmo: lembrança.

Você não estava ali. Nunca esteve. Foi só o reflexo de uma saudade antiga, de um gesto que talvez eu quisesse ter recebido, ou talvez tenha mesmo vivido… e perdi.

Fiquei ali parada, como quem espera algo que sabe que não vem. E percebi que, por mais que o tempo siga em frente, tem esquinas que a gente nunca desvira.

Com carinho e silêncio,
[Assinado, talvez por mim mesma]

⁠Fico Feliz por Você

Você seguiu, firme, o seu caminho,
Com sonhos nas mãos e coragem no peito.
Hoje visita o mundo todinho,
Cumprindo promessas, do seu jeito perfeito.

Caminha por ruas que um dia sonhou,
Toca paisagens que antes eram desejo.
Cada passo é prova do quanto lutou,
Cada olhar um novo lampejo.

Vejo fotos, sorrisos, conquistas no ar,
E meu peito se enche de alegria.
Você foi em frente sem nunca parar,
Transformando esperança em dia.

Fico feliz por você, de verdade,
Por ver que chegou onde quis estar.
Você é um espelho de liberdade,
De quem ousou simplesmente voar.

Chá de laranja

Estou gripada de novo,
lençóis frios, nariz cansado,
e nessa febre que arde em silêncio
me lembro do teu cuidado.

Você fazia um chá de laranja
com um jeito que só você tinha.
Nem era só o sabor,
era o calor da tua mão na cozinha.

Era doce, era forte, era cura,
e eu, doente, me rendia.
Hoje faço igual, passo a receita,
mas nunca fica como naquele dia.

Falta o modo como mexia a colher,
a pausa pra ver se estava bom,
o carinho que você punha
antes de me entregar na xícara o dom.

Agora, só sobra o silêncio
e a saudade em infusão.
O chá não cura, só lembra
o gosto da tua proteção.

Aquela Noite

Era tarde, mas o mundo parecia calmo,
a rua deserta, só nossas sombras no asfalto.
Andávamos devagar, como quem não quer chegar,
e as palavras vinham soltas, sem pressa pra acabar.

Eu fumava, como sempre,
ele não — já tinha deixado.
Mas por uma noite, por mim,
ele pegou um cigarro calado.

Entre tragos e risos baixos,
falávamos de tudo e de nada.
O tempo parecia suspenso,
como a fumaça entre nós espalhada.

O cigarro tremia em seus dedos,
mas o olhar... ah, o olhar era firme.
Não era sobre nicotina ou vício,
era sobre estar, por inteiro, comigo naquele crime.

Talvez tenha sido um gesto bobo,
mas ali, eu entendi tanta coisa.
Tem amor em cada renúncia breve,
em cada entrega silenciosa e corajosa.

A brisa levava a fumaça,
mas a lembrança ficou no peito.
Naquela rua, naquela noite,
foi quando tudo pareceu perfeito.