Coleção pessoal de fabio_cabral_da_silva
Sei o que é o amor. Tinha, com efeito, entrevisto algo novo. Meu pai, minha mãe, minha irmã, os que eu amava, eram meus. Pressentia pela primeira vez que a gente pode ser atingida no próprio coração por uma irradiação vinda de outro lugar.
Ela estava pronta para negar a existência do espaço e do tempo, em vez de admitir que o amor pode não ser eterno.
O ideal do amor e da verdadeira generosidade é dar tudo de si, mas sempre sentir como se isso não houvesse lhe custado nada.
Apesar de tudo, o amor era menos simples do que ele julgava. Era mais forte do que o tempo. O amor, no fim das contas, era feito de inquietações, de renúncias, de pequenas tristezas que surgiam a todo instante.
O seu amor, a sua ternura, eram apenas um sonho. Mas valeria a pena aceitar sonhar um amor que queremos viver na realidade?
Todo homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus objetivos; a certeza provém das próprias forças propulsoras.
Renunciar ao amor parecia-me tão insensato como desinteressarmo-nos da saúde porque acreditamos na eternidade.
No dia que for possível à mulher amar em sua força e não em sua fraqueza, não para fugir de si mesma, mas para se encontrar, não para se renunciar, mas para se afirmar, nesse dia então o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal.
Hoje cedo (...) desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena... No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma.
Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade.
Entretanto, não se deve acreditar que todas as dificulades se atenuem nas mulheres de temperamento ardente.
Ao contrário, podem exasperar-se. A pertubação feminina pode atingir uma intensidade que o homem não conhece.
Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.
A recusa da existência é ainda uma maneira de existir. Ninguém conhece, enquanto vivo, a paz do túmulo.
Se vivermos durante muito tempo, descobrimos que todas as vitórias, um dia, se transformam em derrotas.
Não são as pessoas que são responsáveis pelo falhanço do casamento, é a própria instituição que é pervertida desde a origem.