Coleção pessoal de eliza_yaman
Poema para Lindinalva (mãe)
(Eliza Yaman)
Mãe, tua voz é canto que me guia,
mesmo quando o mundo me desfaz.
És raiz que sustenta a poesia,
és presença que nunca se desfaz.
Teu amor é tempo que não passa,
é oração que me veste e me acalma.
És a luz que me acende e me abraça,
és a origem do que tenho em alma.
MÃE, AINDA TE ESCUTO
(Eliza Yaman )
Mãe, ainda escuto teu passo no chão,
No som da panela, no cheiro do lar.
Teu nome ressoa na minha canção,
E tudo que sou, aprendi ao te olhar.
Teu colo me falta, mas nunca se foi,
É ninho guardado no peito que arde.
Teu gesto me guia, teu riso me dói,
Mas é nessa dor que a ternura me invade.
Na prece que faço, teu rosto me vem,
No vento que passa, te sinto soprar.
És brisa que toca, és flor que contém
O tempo que insiste em me consolar.
E mesmo que a vida te leve de mim,
Te guardo onde o mundo não pode alcançar.
Mãe, és meu começo, meu meio, meu fim,
Saudade que canta, sem nunca calar.
TEU ROSTO NO VENTO
(Eliza Yaman)
Teu rosto no vento me vem sem aviso,
Na brisa que toca a flor do jardim.
É como se o tempo, num breve sorriso,
Soprasse teu nome bem perto de mim.
Não sei se te vejo ou se te pressinto,
Mas algo me chama com doce calor.
É como se a alma, num gesto extinto,
Sentisse teu rastro, sentisse o teu olor.
Teu rosto no vento me acalma e guia,
É uma sombra que dança na luz do luar.
E mesmo que a vida se faça vazia,
Teu gesto me ensina a continuar.
Por isso te guardo no canto mais fundo,
Na parte da alma que nunca se vai.
Teu rosto no vento é meu outro mundo,
Presença que vive, que sopra e não cai.
QUISERA
(Eliza Yaman - Turquia, 10/07/25)
Quisera ser brisa que toca o teu véu,
E ouvir teu silêncio no canto da flor.
Voar entre estrelas, além deste céu,
E ser o instante que guarda o amor.
Quisera ter asas no tempo perdido,
E ver o teu riso nas ondas do mar.
Ser verso que nasce do sonho contido,
Nas notas sutis das canções de ninar.
Quisera ser luz na manhã que desperta,
E ser tua prece no altar da emoção.
Guardar tua dor numa casa aberta,
E dar-te o mundo em minha canção.
Mas sou só poeta, saudade e estrada,
Que escreve o que sente, sem ter onde ir.
Quisera ser tudo, mas sou quase nada
E o pouco que sou, eu consagro a ti..
No Tempo das Águas
(Eliza Yaman - Turquia, 15/05/25)
No tempo das águas, corria feliz,
Com pés descalços e riso no ar.
A vida era sonho, perfume de anis,
E o mundo cabia num simples olhar.
A casa era canto, era luz de manhã,
Com cheiro de pão e abraço de mãe.
O tempo passava a pressa era lã,
Tecendo lembranças que nunca se vão.
Hoje, tão longe, relembro o lugar,
Com olhos molhados de doce querer.
Quisera poder novamente voltar,
E ser o que fui sem ter que entender.
Mas guardo no peito o tempo que foi,
E canto esse mundo que vive em mim.
Pois mesmo que tudo se perca e se escoe,
A alma da infância jamais terá fim.
Vozes da Infância
(Eliza Yaman)
Ouço ao longe o riso que me chama,
De um tempo puro, feito de ternura.
Na alma, ainda arde aquela chama
Que a infância acende em luz pura.
Corria livre, sem saber do mundo,
Com pés descalços e o céu por abrigo.
O tempo era um sonho tão profundo,
E cada dor, curada por um amigo.
Hoje, revivo em versos esse chão,
Onde a saudade planta sua flor.
E cada rima é como uma oração
Para proteger o que restou do amor.
SÓ EU SEİ O QUE FOİ
(Eliza Yaman)
Calei-me na noite, sem dizer o teu nome,
Deixaste um rastro, como um vendaval
Meu coração ainda te busca ao longe
Entreguei-te a vida, num gesto final.
Só eu sei o que foi aquele instante
Um tempo suspenso num único olhar
Tu passaste e eu fiquei errante
Guardei o amor sem poder revelar
Se um dia voltares, meus olhos dirão
O que os meus lábios não sabem dizer:
Tu és a saudade e metade ilusão
Meu tempo perdido, meu padecer
Farei as preces com a alma que suspira,
Como quem sabe estar fadada ao fim
Ao som delirante das notas da lira
Hei de chorar meu amargo fim.