Coleção pessoal de diogo_silverio
Carrego no peito o ofício da ternura,
nos gestos pequenos onde o tempo se curva.
Um café repartido, o silêncio de um olhar,
e uma vida inteira que cabe na palma da tua mão.
Teu abraço me veste de calma e chão,
nele sou menino, sou abrigo e sou raiz.
Na simplicidade clara do que é amor,
descubro em ti a morada do meu existir.
A penumbra acende o contorno da pele,
um sopro de música desliza lento,
teu corpo é marulhar de desejo noturno,
minha boca naufraga na tua maré.
O silêncio pulsa entre notas e beijos,
um ritmo secreto se escreve no ar.
No balanço suave da noite sem pressa,
somos dança, vertigem, incêndio e luar.
Quando a Alma Insiste
Amores que não cabem no calendário,
ferem a boca da hora, dilatam o dia.
Despedidas, mas não o esquecimento,
porque o vivido se agarra à pele como lume.
E eu sigo, mesmo dividido, mesmo nu,
com o coração latejando no vão da garganta.
Coragem? Talvez. Ou apenas o delírio
de caminhar enquanto a alma insiste em ficar.
