Coleção pessoal de dianeleite

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Agosto chegou.
E ontem eu encerrei um ciclo que prometi pra mim mesma: um ano inteiro de autoconhecimento.


Um ano mergulhando em mim, em silêncio, com dor, com amor, com verdade.
Agora começa outra fase.
Uma fase mais madura, mais firme, mais alinhada com quem eu realmente sou.


Meu inferno astral começa dia 17.
Mas eu não tenho medo dele.
Porque quem viveu o que eu vivi nos últimos meses já enfrentou coisa muito pior.


Não vai ser o inferno. Vai ser a limpeza.
A peneira.
A lapidação.


E se você tá lendo isso, talvez também esteja sentindo que algo precisa mudar aí dentro.
Esse texto é só um lembrete: você pode recomeçar. Você pode ser outra.
Basta decidir.


Meu novo ciclo já começou.
E eu tô pronta.
Sem máscara. Sem jogo. Sem medo.
Só com verdade.


Obrigada por estar aqui.
Vocês fazem parte disso.
Cada story que você viu, cada produto que você comprou, cada silêncio que me sustentou.
Gratidão real.


O ciclo da nova Diane Leite começou.


Autoria: Diane Leite

Carta de nascimento da nova Diane Leite
31 de julho


Hoje nasceu uma mulher.
Não nasceu de um parto físico, mas de uma decisão silenciosa.
Ela não chegou com alarde.
Chegou com consciência.


Hoje, eu sei quem sou.
Não porque alguém me explicou, mas porque eu me olhei com profundidade.
Depois de tantos caminhos, voltas, entregas, silenciamentos, eu finalmente entendi:
o que sinto faz sentido.
o que penso tem ritmo.
o que vibro é real.


Passei a vida tentando traduzir minha intensidade para o mundo.
Fui rotulada de exagerada, difícil, profunda demais.
Fui a mulher que sentia tudo, falava tudo, acreditava em tudo — e por isso quase sempre se via sozinha.


Mas agora, eu não preciso mais me defender.
Porque agora eu entendi que meu jeito de sentir, de pensar, de me mover, não é erro.
É estrutura.
É identidade.
É verdade.


Hoje, eu não me explico.
Eu me honro.
Não preciso mais caber onde nunca me coube.
Nem esperar ser compreendida para me permitir ser.


A mulher que nasceu hoje não precisa ser aprovada.
Ela precisa ser livre.


Hoje, eu me tornei essa mulher.
A que fala com firmeza e acolhe com doçura.
A que ama com presença, mas se escolhe com prioridade.
A que não finge mais ser leve para não incomodar.
A que não diminui mais a própria fome de mundo para ser aceita.


Hoje, eu abro mão de me encaixar.
E aceito, com serenidade e coragem, o desafio de me habitar.


Essa sou eu.
Essa é a Diane que nasce agora.
A que sabe quem é, mesmo que o mundo ainda não saiba.
A que não vai mais se esquecer de si mesma, por ninguém.


E isso basta.


— Diane Leite
31 de julho, dia em que me escolhi por inteiro.

⁠Um amor visceral – porque só amei uma vez
por Diane Leite

Eu só amei uma vez.
Mas foi amor com todas as letras,
com todas as vidas,
com todos os silêncios e todos os gritos contidos no peito.

Não foi um amor comum.
Foi um amor que rasgou camadas,
que me tirou o chão — e me ensinou a voar mesmo assim.
Foi o amor que atravessou portais,
que ouviu os sussurros da alma antes mesmo que os corpos se tocassem.

Amei como quem reconhece.
Como quem encontra o lar no olhar do outro.
Como quem diz: “eu sei quem você é”,
mesmo que o mundo insista em desmentir.

Esse amor não pediu licença,
não bateu na porta:
ele arrombou os portões do meu destino.
Fez do meu ventre templo,
e do meu silêncio, altar.

Amei com o corpo, com o coração, com a mente…
mas, sobretudo, com a alma.
E talvez por isso, nunca mais tenha amado assim.
Porque quando você ama com a alma,
o resto do mundo fica pequeno demais.

Não amei por carência.
Amei por conexão.
Não amei pela presença.
Amei pela essência.
Não amei para ser amada.
Amei porque era inevitável.

E o que é visceral nunca se perde.
Ele vive além da matéria,
além do tempo,
além de qualquer ausência.

Porque quando o amor é verdadeiro,
ele não termina.
Ele se transforma em força.
Em propósito.
Em poesia que pulsa — para sempre — dentro de mim.

⁠Amor Incondicional Não É Sobre Se Anular

Por Diane Leite

Há uma confusão perigosa circulando por aí: muita gente acredita que amor incondicional é sobre se dobrar até caber na expectativa do outro. Sobre engolir lágrimas em silêncio. Sobre aceitar traições, abusos, ausências, e continuar ali — firme, porque “amar é não impor condições”.

Mas isso não é amor.
Isso é martírio.
E o universo nunca pediu que você fosse mártir da vida de ninguém.



Amar o outro como a si mesmo.
Essa é a ordem cósmica.
E isso implica que você não pode amar alguém mais do que se ama.
Quando o seu amor pelo outro te faz esquecer de si, ele já deixou de ser amor — virou apego, medo, dependência disfarçada de virtude.

Amor incondicional não é se manter em um relacionamento abusivo para provar que você ama.
Amor incondicional não é se anular para ver o outro brilhar enquanto você murcha.
Amor incondicional não é sobre engolir tudo e aceitar menos do que você merece, porque “eu escolhi amar, e amar é sofrer”.

Não.
Amar de verdade é primeiro se amar.
Porque só quem está inteiro pode oferecer amor inteiro.




O verdadeiro amor incondicional diz:
“Eu te amo, então te deixo ser quem você é.
Eu te amo, então não quero te mudar.
Eu te amo, então aceito até que você escolha não me amar.”

E aqui está o ponto que tantas pessoas não entendem:
Amar incondicionalmente o outro não te obriga a permanecer onde não é amado.
Você pode amar e, mesmo assim, ir embora.
Pode amar e, mesmo assim, colocar limites claros.
Pode amar e, mesmo assim, se escolher todos os dias.




Porque amor sem auto-responsabilidade vira prisão.
E o outro também tem direito às próprias escolhas:
O direito de amar ou não amar.
O direito de ficar ou partir.
O direito de ser livre, assim como você.

E isso vale para os dois lados: o mesmo direito que você tem, o outro também tem.
Amor não é posse.
Amor não é dívida.
Amor não é contrato vitalício.
Amor é escolha — e só é belo quando é escolha livre.




Amor incondicional, então, é isso:
Eu te amo, mas eu me amo também.
Eu te aceito, mas não aceito menos do que mereço.
Eu te liberto, e me liberto junto.

Porque amar o outro sem se amar é injustiça consigo mesma.
E se você não sabe se escolher, não está amando – está se punindo.




“Amar é libertar e se libertar. O resto é prisão com cheiro de flor.”
Diane Leite

⁠A Autora da Minha Própria História”

Todos os dias, nós temos um compromisso com a vida: levantar e correr atrás dos nossos sonhos. Mesmo nos dias em que o mundo parece mais pesado. Mesmo quando o silêncio é ensurdecedor e a estrada parece infinita.

Existe uma lei invisível, e eu sempre acreditei nela: quem persiste, colhe. Quem planta com intenção, um dia se vê rodeado de flores.

Eu sempre digo: seja grato pelo que você tem, porque o que é teu por direito já está nas suas mãos. E o que você ainda deseja? Ah… isso exige movimento. Exige coragem.

Eu nunca pedi opinião. Nunca perguntei: “O que você acha que eu devo fazer?” Eu sabia que se eu não fosse autora da minha história, alguém escreveria por mim. E eu não aceitei isso.

Eu fui a “do contra”. Aquela que ousou pensar diferente. Que ousou ser diferente. A que ouviu críticas de todos os lados – e continuou andando.

Sim, eu caí. Mas cada tombo foi meu. E cada vitória, também. Porque ser autora da própria vida é isso: assumir a autoria do caos e da glória.

Ajudei muita gente e fui ajudada também. Porque a vida é troca. A vida é jardim. Plante flores todos os dias. Uma a uma. Cuide. Ame. Persevere. Um dia, você olha ao redor e vê um campo inteiro florescendo.

Mas atenção: se você não plantar nada, colherá o quê? Um deserto. A vida é simples assim.

Por isso eu digo: tenha foco. Tenha meta. Tenha um “porquê” tão forte que ninguém consiga arrancar de você. Seja resiliente. Seja persistente. E, sobretudo, nunca, nunca desista.

Porque um dia, você vai perceber: tudo aquilo que parecia impossível era só a vida te preparando para florescer.

Autoria: Diane Leite

⁠O Poder da Auto responsabilidade
por Diane Leite

Vejo tanta gente apontando o dedo.
Tanta gente que esqueceu que tem três dedos voltados pra si.
É sempre o outro.
É sempre o patrão.
É sempre a história.
É sempre o sustento.
É sempre a vida.
Tem gente que chega a culpar até Deus.

Mas deixa eu te contar uma coisa...
Deus não castiga ninguém.
A vida, às vezes, só devolve o que você insiste em não ver.
E quando chega a prova... ah, meu amor...
É aí que a vida quer saber no que você acredita de verdade.
No que você coloca sua fé.

Não é fé no outro.
Não é fé num milagre que cai do céu.
É fé em você.
Na sua coragem.
No seu valor.
No seu caráter, mesmo quando ninguém está vendo.

Porque tudo que você perdeu num dia,
num piscar de olhos,
pode ser refeito.

Desde que...
Você pare de andar no caminho errado.
Desde que...
Você pare de se sabotar.
Desde que...
Você decida se responsabilizar pela sua história.

A chave que abre o que você tanto quer
não está na mão de ninguém.
Está aí, no seu peito.
Está no passo certo que só você pode dar.

E quando você assume isso — de verdade —
tudo muda.
Tudo melhora.
Tudo se reconstrói.

⁠A Mulher Que Se Refaz Sozinha
por Diane Leite

Talvez a gente nunca saiba.
Porque pra saber, teria que sentar. Olhar no olho. Aguentar o espelho.
E nem todo mundo aguenta se ver refletido numa mulher inteira.
Numa mulher que sente, que fala, que explode e não se esconde.
Porque mulher inteira assusta.
Dá trabalho.
Desmonta os outros.

O que destrói uma mulher não é a dor.
É a repetição.
É a indiferença.
É a tentativa de calar quem nasceu pra dizer.
De diminuir quem nasceu pra expandir.
De conter uma alma que sempre foi grande demais pra caber no pouco que oferecem.

Mas o que mais assusta...
Não é ver uma mulher quebrada.
É ver ela voltando.
Mais forte. Mais lúcida. Mais dela.
Uma mulher que se refaz com os próprios cacos, sem pedir ajuda.
Sem plateia.
Só com coragem.

Uma das coisas mais fodas que eu fiz na vida foi me olhar.
Despedaçada.
Sozinha.
Com sangue na boca e lágrima no queixo.
E mesmo assim, não menti pra mim.

E sabe o que aconteceu?
Deu certo.
Porque eu me conheci.
E quem se conhece...
não se abandona nunca mais.

⁠A transformação sussurra antes de romper — desliza por dentro feito rio calado, até que, sem alarde, floresce em silêncio no lugar onde antes só havia sobrevivência."
— Diane Leite

Você não precisa de ninguém pra ser completa.
Mas quando vier alguém, que venha pra somar — e saiba que te encontrou como quem ganha um presente raro.

E até lá?
Você se cuida, se honra, se celebra.
Não por vaidade.
Mas porque aprendeu que o amor-próprio não é moda.
É casa.
É raiz.
É revolução doce.

A vida não te deve um amor.
Te deve alegria.
E isso, minha linda, começa com você.

Agora respira fundo, se olha no espelho… e vai ser feliz.
Você merece. Desde sempre. Por inteira.

— Diane Leite

Me Encontrei em Mim

por Diane Leite

Diziam que aos quarenta tudo começaria.
Eu não entendia.
Hoje entendo.
Não é sobre idade.
É sobre inteireza.
Sobre finalmente voltar pra casa
e descobrir que essa casa sempre fui eu.

Eu nunca me senti tão nutrida.
Tão minha.
Tão inteira.

Não me faltam respostas.
Porque parei de perguntar ao mundo.
Agora, ouço meu coração.

Aprendi que só posso amar com o amor que já existe em mim.
E que esse amor não precisa ser aceito —
ele precisa ser vivido.

A beleza que ofereci foi minha.
A amizade que doei nasceu do melhor que eu tinha.
O que o outro fez com isso…
não importa.
Porque nada é sobre o outro.
Tudo é sobre o que nasce aqui — dentro.

Não me movo mais para ser reconhecida.
Me movo porque sou amor.
Porque escolho florescer.

Hoje, entendo que o mundo só pode me oferecer o que ele também cultiva.
E por isso, eu cuido de mim.
Eu me abraço.
Eu me nutro com a mesma ternura que um dia derramei sobre os outros.

E se um dia alguém merecer esse amor que me habita,
será um presente.
Mas não uma necessidade.

Eu me basto.
Eu me reconheço.
E eu me celebro.

Isso é o que significa estar viva.
Isso é o que significa ter chegado em mim.

⁠Quando tudo me faltou, eles ficaram
por Diane Leite

Quando o mundo me arrancava o chão,
os livros me davam asas.
Não eram páginas —
eram pulsos.
Veias abertas onde eu podia escorrer
sem medo de desaparecer.

Ali, eu me desfazia em silêncio,
e renascia em palavras.
Enquanto a vida tentava me apagar,
eles me escreviam de volta à existência.

Eu me escondia neles,
mas não para fugir.
Era ali que eu me forjava.
Era ali que eu me reconstruía —
palavra por palavra,
ferida por ferida.

Cresci com um livro no colo
e um buraco no peito.
Mas cada frase era ponte,
cada capítulo, escada.
Subi, tropecei, caí.
Mas continuei.

Enquanto muitos me davam as costas,
os livros me davam espelhos.
Me vi, me li, me reconheci.
E então entendi:
eu era a própria história.
Não personagem.
Autora.

Hoje, escrevo com sangue limpo.
Com alma lavada.
Com a certeza de quem atravessou a dor
e chegou do outro lado viva —
não só viva,
mas inteira.
Mais forte.
Mais lúcida.
E absolutamente minha.

Porque quem escreve com a alma,
sempre chega onde merece estar.

⁠Muitas pessoas não vão entender quando você escolhe trocar o mundo inteiro por uma missão.
Quando você diz “não” para o barulho lá fora e “sim” para o sussurro da alma.
Porque a maioria das pessoas — talvez 90% — não sabe o que é viver com propósito.
Não sabe o que é agir com o coração.
Estão tão presas a agradar, a pertencer, a seguir padrões, que se esquecem do que são feitas: alma.

Elas se esquecem que a vida perde o sentido quando não há missão.
Quando não há um porquê.
Todo o resto… é consequência.

E tudo — absolutamente tudo — que é seu por direito de vida, chega.
Sem pressa, sem cobrança, sem desespero.

Você não precisa correr atrás do que é seu.
Principalmente sendo mulher.
Porque uma mulher que estuda, que trabalha, que cria, que é família, que constrói com o coração…
ela não mendiga. Ela não força. Ela não se diminui.

Ela sabe que o que é dela, encontrará o caminho.
Porque ela vibra na frequência da verdade.

E a verdade sempre retorna para casa.

— Por Diane Leite

⁠Me sinto abençoada. Profundamente.

Mesmo com os desafios, tudo o que transbordo é tão genuíno que muitas vezes não há nome possível. Acordar com gratidão e entender, todos os dias, que a felicidade também é uma escolha — essa consciência muda tudo.

Assumir a responsabilidade pelos meus caminhos, pelas minhas escolhas e pelos meus resultados foi a decisão mais poderosa que já tomei. Quando você segura as rédeas da própria vida, percebe que está exatamente onde deveria estar. E isso é liberdade.

Viver em missão não é fácil. Lutar pelo coletivo exige coragem. Mas não há nada mais pleno. Nada mais verdadeiro.
Hoje, escolho com quem ando. Escolho com quem compartilho minha energia, meus projetos, meu tempo.
Acima de tudo, eu me escolho.

Nem sempre isso agrada a todos — e tudo bem. O mais importante é entregar o melhor de si, com autenticidade, ética e excelência. Aprendi que algumas pessoas se aproximam para absorver sua expertise. Outras, para partilhar jornadas. E essa diferença faz toda a diferença.

Cheguei a um ponto em que só desejo partilhas verdadeiras: com meus filhos, com minha equipe, com amigos, parceiros e família. Quando a troca é real, todos jogam no mesmo time. E um time alinhado com amor, propósito e missão... esse, ninguém derrota.

Ambientes que vibram desunião, dúvidas e competição não me servem. Se o coração hesita, é não.
Se há certeza interior, então é sim.

E sigo assim: com leveza, intenção e verdade.

— Diane Leite
Jornalista | Autora | Pesquisadora em Neuroplasticidade e Inclusão


Hoje é o dia que temos

Hoje é o único dia que temos.
E ele chegou vestido de verde.
Verde de renovação.
De cura.
De colheita viva.

Hoje é dia de manifestar,
de agradecer,
de sorrir trabalhando —
porque quem ama o que faz,
não sente o peso, sente o pulso.

O pulso da vida.
O pulso da reunião de almas.
De caminhos que se encontram
para cocriar o que o mundo ainda não viu.

Hoje é dia de permitir.
Permitir ser feliz.
Permitir dar certo.
Permitir sentir tudo.

Hoje é sobre amor —
por mim, por quem caminha comigo,
por quem vibra alto só de estar presente.

É sobre fazer com verdade.
Com energia que transborda.
Com leveza que inspira.
Com coragem para seguir em frente.

Gratidão por este agora.
Por este novo.
Por cada passo alinhado com o que faz sentido.

Hoje, mais uma vez,
eu me lembrei quem sou.
Sou movimento.
Sou realização em processo.
Sou semente de tudo que ainda vai florescer.

Assinado:
Diane Leite

O Bolo de Coco e os Dias da Semana

Por Diane Leite

Ainda deitada, com o corpo entregue ao travesseiro e a mente girando devagar,
ouvi a cena como quem assiste a um filme sussurrado pela casa.
Era manhã de domingo.
E por coincidência — ou delicadeza do destino —,
também era dia primeiro.

O bolo era meu.
Mas deixei meu filho de sete anos pegar.
Ele queria dividir com o irmão de vinte e um.
Só que o mais velho já tinha comido outro doce,
e eu disse:
“Come sozinho, meu amor. Esse é todo seu.”

E foi aí que a vida virou roteiro.

“Eu acho que eu não gosto tanto assim de bolo de coco…”
disse ele, pensativo, como quem descobre que cresceu um centímetro por dentro.
O irmão, curioso, perguntou:
“Mas que nota você deu?”
“Sete.”
“Por quê?”
“Porque hoje eu não tô gostando muito de coco.”

E o mais velho, com aquela sabedoria prática que só os irmãos mais velhos têm:
“Ah… é que você gosta de bolo de coco de segunda a quarta.
De quinta a domingo, você já não gosta tanto.”

Era domingo.
E eu sorri.
Porque entre uma mordida e uma conversa,
eles me deram a melhor metáfora para começar o mês:

— Tudo que é nosso pode ser ofertado.
— Tudo que sentimos pode mudar.
— E tudo que muda pode ser recomeço.

Na simplicidade de um bolo dividido,
aprendi de novo que o amor mora nos detalhes.
Que a escuta silenciosa é presença.
E que ser mãe é isso:
testemunhar o mundo sendo redesenhado todos os dias pelas palavras dos nossos filhos.

Às vezes, o bolo de coco é só bolo.
Mas às vezes,
ele é tudo que precisamos para lembrar
que até o amor tem gosto diferente dependendo do dia —
e tá tudo bem.

Porque amar também é isso:
respeitar o paladar emocional do outro,
e ainda assim, continuar oferecendo o melhor pedaço.


"A Mulher Que Não Aguarda Ser Escolhida — Porque Já Escolheu a Si"

por Diane Leite

Sonhei.
E foi um daqueles sonhos que não pedem explicação.
Pedem leitura simbólica.
Pedem que a alma esteja acordada para entender o que o corpo dormindo viveu.

Eu estava cercada de mulheres lindas. Poderosas. Batom vermelho, cabelos ondulados, posturas afiadas. Nenhuma chorava. Nenhuma implorava. Todas sabiam do seu valor. E todas estavam ali com um texto na mão — o mesmo texto. Era um jogo. Um experimento. Uma encenação. Quem brilharia mais interpretando o papel que o mundo espera da mulher perfeita?

E eu observava.

Eu não competia. Eu não imitava. Eu não tentava.
Eu observava. Com clareza. Com lucidez.
Porque eu sabia: não sou atriz. Sou autora.

E quem escreve, não entra na disputa. Define as regras.
Eu não precisava ser escolhida.
Porque eu jamais dei esse poder a alguém.
Eu não me coloco numa prateleira esperando a mão que venha me pegar.
Eu decido onde quero estar. Com quem quero estar.
Por quanto tempo. Até onde.

Sou mulher de presença. Mas também de retirada.
Fico quando quero. E saio quando deixo de querer.
Não me justifico por amar.
E muito menos por parar de amar.

No sonho, havia também uma mulher invisível. Uma que ninguém mostrava. Uma verdade oculta.
E eu reconheci aquela presença. Porque já fui aquela mulher — a que sente tudo, mas não é dita.
E hoje, com toda a minha lucidez, não escondo mais nada.
Nem minha força. Nem minha ternura. Nem minha ausência. Nem minha decisão.

Acordei com um tipo de certeza que não se aprende lendo:

> Ser mulher não é esperar. É escolher.
Não é disputar palco. É erguer seu próprio espaço.
Não é agradar plateia. É respeitar seu roteiro.



E se alguma vez me viram como mais uma entre tantas — sorrindo com um texto decorado — foi porque eu permiti.
Mas agora é diferente.

Agora sou eu quem escreve.
Sou eu quem dita o tom.
Sou eu quem fico — ou viro as costas com a mesma leveza com que cheguei.

Não sou de cena.
Sou de essência.

E a mulher que é essência não precisa interpretar.
Ela vive.
E quem tiver coragem… que venha viver com ela.


A Coragem Brutal de Renunciar
Autoria: Diane Leite

Há quem passe a vida na superfície: nadando em águas mornas, colecionando convites, embalado pelo coro uníssono das vozes que dizem o que fazer, como ser, quem amar.

Mas há quem um dia, em silêncio, desfaz o nó do pertencimento frágil. Rasga as vestes sociais, recolhe os excessos, e com as próprias mãos começa a cavar a terra escura do próprio ser.

A renúncia, então, não é ausência — é semeadura.

Os outros, à margem, observam e, incapazes de decifrar o rito, dizem: “está deprimido”. Não compreendem quem troca os salões iluminados pela escuridão fértil das cavernas interiores.

Enquanto eles se perdem em laços efêmeros, você finca raízes invisíveis, penetra camadas onde a luz social não alcança, mas onde o calor do fogo primordial pulsa.

Sim, é um processo solitário, árido, sem plateia nem aplauso. A psique sangra, o coração se despede da validação, a alma abre mão das distrações que anestesiam.

E então, na crueza desse deserto, você vê: aqueles que um dia se alimentaram da sua presença, mal se lembrarão do seu nome quando sua fonte cessar. São nômades afetivos, transitam de alma em alma, sem raízes, sem peso, sem memória.

Por isso, escolhe-se. Escolhe-se dar tudo, mas não aos que sugam e seguem; dá-se tudo ao tempo, ao legado, àquilo que permanece depois que o corpo se desfaz e a voz se cala.

O que se planta na escuridão brota quando a estação é outra. Não se antecipa colheita. Não se exige flor fora do tempo. Apenas se confia na dança secreta da germinação.

Não se trata de dinheiro, de fama, de medalhas efêmeras. Trata-se de um pacto com o eterno: erguer, com a força do próprio sacrifício, uma ponte invisível entre o que se é e o que ficará.

Na superfície, tudo é espuma que o vento dispersa. Mas nas profundezas… ali, onde poucos suportam mergulhar, jazem as pérolas que só o silêncio encontra.

Renunciar é, pois, um ato de brutal coragem: negar-se ao apelo do fácil, resistir à corrente do imediato, entregar-se à lapidação lenta e silenciosa da própria alma.

Não existe conexão autêntica sem antes diluir os laços falsos. Não existe amor real sem antes quebrar o espelho da ilusão. Não existe pertencimento profundo sem antes atravessar o exílio.

Se for para dar tudo, que seja para deixar uma rachadura na eternidade, um fio tênue que ligue sua existência a algo maior do que os aplausos e os nomes passageiros.

No fim, há apenas uma escolha: ser mais uma folha levada pelo vento ou ser raiz que rompe a pedra.

E você escolheu ser raiz.

⁠Há quem chame de vício.
Eu chamo de fuga.
Fuga de si, dos abismos internos que não tiveram coragem de atravessar.

Vícios não são só substâncias — são pactos silenciosos com a autossabotagem, com personagens frágeis que fingem força, com sombras que cresceram demais porque receberam atenção demais.

Eu sei o que é isso.
Eu já estive ali: no precipício da compulsão, no limite entre o alívio momentâneo e a destruição silenciosa.
Mas um dia — e esse dia sempre chega para quem decide — eu olhei no espelho e entendi: ninguém virá me salvar.
Ou eu me levanto, ou viro pó.

Troquei minha compulsão pela escrita.
Pelas palavras que curam, pelas ideias que constroem, pelo trabalho que transforma.
Troquei o vazio pelo propósito.

E entendi, com a brutalidade da vida vivida, que ninguém me deve nada.
Quem me ama, fica.
Quem escolhe partir, que vá em paz.
Eu não imploro, não suplico, não me diminuo.

Aprendi que o outro só pode me ferir uma vez.
Depois disso, se continuo sangrando, o punhal já é meu.

Quem se agarra ao passado arrasta correntes.
Quem se liberta, voa.

E eu escolhi voar.

Deixo as pessoas livres para serem quem quiserem ser — mesmo que isso signifique escolherem não ser comigo.
Porque o amor verdadeiro não suplica: oferece.
E se não for recebido, segue inteiro.

No fim, quem mais precisa do meu amor sou eu mesma.
E esse amor, hoje, é inegociável.
Não carrego mais monstros — só cicatrizes que me lembram do quanto fui forte.

A vida não é sobre vencer todos os medos, mas sobre não deixar que eles decidam quem você vai ser.

E eu decidi:
Vou ser farol.
Não âncora.

Ilumino.
Mas não prendo.

Diane Leite

⁠Lanterna — Nunca Salvadora"

Nasci para ser lanterna — nunca salvadora.
Sou chama que arde, mas não queima;
sou farol solitário que corta a neblina,
mas jamais conduz a embarcação.

Lanterna que ilumina a trilha,
mas não empurra, não puxa, não arrasta.
Ofereço a luz, mas não os passos.
Aponto a direção, mas não determino o destino.

Cada ser que cruza meu caminho
é livre para mirar o horizonte ou se perder na escuridão das próprias resistências.
E eu aceito — serena, firme, inteira.

Porque sei:
quem clama por conselho, muitas vezes, deseja dividir a culpa,
fugir do peso da escolha,
diluir a responsabilidade.

Mas eu não sou abrigo nem salvação.
Sou lanterna.
Sou presença que clareia,
não promessa que alivia.

Se caírem, que aprendam com o chão.
Se voarem, que celebrem o céu.

A minha travessia é outra.
É aquela onde assumo cada pedra, cada vento contrário,
cada vitória e cada ferida.
Não me escondo atrás de ninguém.
Não transfiro culpas, não terceirizo méritos.

O que é meu, é meu.
E o que é do outro, deixo com o outro —
sem pena, sem apego, sem ilusão.

Não vim ao mundo para salvar.
Vim para iluminar.

Sou lanterna:
fogo discreto,
fagulha incessante,
sol silencioso,
estrela que nunca se apaga,
mesmo quando ninguém olha para o céu.

Quem quiser ver, verá.
Quem não quiser, que permaneça no conforto da sombra que escolheu chamar de lar.

Eu sigo —
livre,
inteira,
luminosa.

Porque a luz verdadeira nunca força:
simplesmente, é.

Autoria: Diane Leite

⁠Um sonho erguido com a arquitetura da essência

Desde menina, aprendi que o silêncio educa, que os livros ensinam mais do que os aplausos, que a introspecção é um território fértil onde germinam as ideias que um dia mudarão o mundo. Enquanto outros buscavam o ruído das multidões, eu encontrava abrigo entre páginas e pensamentos. Não eram apenas sonhos — eram chamados, vocações que se impuseram antes mesmo que eu soubesse nomeá-los.

Hoje, mulher, mãe atípica, pesquisadora incansável, comunicadora que honra a palavra como um instrumento de transformação social, reconheço: nada foi por acaso. Cada degrau exigiu mais do que esforço — exigiu entrega, renúncia, silêncio estratégico e uma fidelidade inegociável à minha essência.

Na última sexta-feira, estive na Gazeta do Povo. Não como um ponto de chegada, mas como uma confirmação inequívoca de que, quando se honra a própria verdade, o universo responde — com encontros, convites, oportunidades e reconhecimento.

Minha gratidão ao Gui Oliveira, que não apenas me convidou, mas também acolheu minha trajetória e me permitiu falar, com seriedade e profundidade, sobre um tema que transcende a retórica: o desenvolvimento humano, a potência da infância, a urgência de compreendermos que moldar futuros não é teoria — é compromisso, é responsabilidade, é amor em estado de ação.

Este é apenas o começo. Em breve, anos de pesquisa ganharão forma em dois livros — um legado que coloca à disposição de mães, terapeutas e educadores, ferramentas concretas para a grande janela de ouro da neuroplasticidade, entre os 3 e os 6 anos, quando o cérebro da criança está mais aberto ao florescimento de competências fundamentais para a autonomia e a qualidade de vida.

Não se trata de ser vista. Trata-se de ser. Não se trata de discursar. Trata-se de fazer, com ética, com rigor, com amor.

Enquanto eu respirar, seguirei construindo, persistindo, acreditando. Porque há jornadas que não se definem pela linha de chegada, mas pela decisão inabalável de nunca parar de caminhar.

Autoria: Diane Leite