Coleção pessoal de Desligado
A melhor fortaleza que existe é não ser odiado pelo povo, pois mesmo que possuas fortalezas, se o povo lhe odiar, elas não te salvarão.
Deve confiar a outros os encargos melindrosos que provocam ressentimentos, reservando para si aqueles que atraem reconhecimento.
Deve dar pouca importância a conspirações quando conta com a simpatia do povo, porém, quando este lhe é hostil e o odeia, deve temer a tudo e a todos.
Quem conspira não pode aturar isoladamente e só pode aliar-se àqueles que julga insatisfeitos. Mas no momento em que revelas as tuas intenções a alguém insatisfeito, dás a ele a oportunidade de se satisfazer, porque se te denunciar poderá esperar tudo o que é do seu agrado; de modo que, vendo um ganho certo deste lado e incertezas e perigos na conspiração, só permanecerá leal a ti se for um amigo extraordinário ou inimigo ferrenho do outro.
Os homens amam conforme sua vontade e teme conforme a do príncipe, um príncipe sábio deve se apoiar naquilo que depende de sua vontade e não naquilo que depende da vontade de outros.
O amor se mantém por um laço de obrigações, o qual, considerando-se que os homens são maus, é rompido toda vez que se apresenta a oportunidade de uma vantagem particular. O temor, diferentemente, é mantido pelo medo de ser castigado, o qual não te abandona jamais.
É inevitável que um homem que queira sempre agir como boa pessoa em meio a tantos que não o são acabe por se arruinar.
Pouca prudência pode induzir os homens a optar por coisas que de momento têm sabor agradável mas que internamente estão repletas de veneno.
Não estará seguro de si mesmo com armas alheias. As armas alheias ou escapam ao teu controle, ou te pesam ou te constrangem.
Os homens demonstram mais gratidão quando recebem o bem daquele de quem acreditavam que iriam receber o mal.
Para conquistar algumas coisas não se é preciso ter grande valor nem grande fortuna, mas sim uma astúcia afortunada.
O bem que fazes por obrigação não te favorece pois é considerado forçado e não te traz nenhum reconhecimento.
As violências devem ser feitas todas em conjunto para que, dispondo-se de menos tempo para provar seu gosto, pareçam menos amargas; os benefícios devem ser concedidos pouco a pouco para que sejam mais bem saboreados.
Ao conquistar um Estado, o conquistador deve avaliar rapidamente todas as violências que lhe são necessárias cometer e cometê-las todas de um só golpe para não ter que repeti-las todos os dias, assim, não as repetindo, irá tranquilizar os homens e conquistá-los. Quem fizer de outra forma, seja por timidez, seja porque mal aconselhado, será obrigado a ter sempre o punhal à mão.