Coleção pessoal de daniel_alexandre_3
Dia 7 de Agosto
Ainda me lembro como se fosse ontem… o teu rosto vivo e sorridente, como se o próprio verão tivesse escolhido morar em ti. Nunca, em toda a minha vida, tinha visto alguém tão bonito na praia. O teu cabelo, leve e rebelde, carregava pequenos grãos de areia como se fossem joias roubadas ao mar. As marcas do bronze desenhavam-te, mas foi nos teus olhos — grandes, castanhos e profundos — que me perdi para sempre. Neles vi o reflexo dourado do sol… mas também um adeus silencioso, disfarçado, mesmo que eu não entendesse o porquê.
Amar alguém em silêncio é um peso que não se explica. É como atravessar um deserto sozinho, sabendo que cada passo te afasta da salvação. É aceitar a própria morte sem resistência, apenas para continuar a sentir, nem que seja por mais um instante.
Eu nunca gostei de dizer adeus, mas naquele momento percebi que precisava de respostas:
Qual a razão de eu estar aqui?
Qual o feitiço que me prendeu, que me acorrentou sem correntes visíveis?
Por que esta tristeza se mistura com pequenos fragmentos de felicidade que desaparecem antes mesmo de eu conseguir segurá-los?
Se pudesse, apenas uma vez, abraçar-te… pediria para não me deixares sozinho neste escuro. Eu não sei sair daqui sozinho. Preciso que esperes por mim, que sejas como uma pomba branca à minha janela, vigiando-me sem nunca me abandonar. Eu não gosto de escrever — talvez nem saiba — mas é a única forma de libertar o monstro que vive dentro de mim.
Não tenho grandes objetivos na vida. Desde que esteja contigo, não preciso de mais nada. Quero ver os teus dias passarem, estar ao teu lado nos bons e nos maus momentos. Quero ser o ombro onde possas chorar, e a mão que possas segurar quando tudo parecer ruir. Quero devolver-te a felicidade que me deste, a mesma que me motivou a continuar a viver.
Explica-me… por que vejo os teus lábios doces nos meus sonhos? Por que me chamas pelo nome quando fecho os olhos? Habituaste-me a um mundo que agora não sei viver sem.
Por favor… volta.
V.
Meu Calor
Ela é o meu calor.
Quando penso nela, o meu corpo arde sem fim, como se cada célula queimasse num fogo doce e cruel.
Não sei em que feitiço me meti — mas sei que não consigo, nem quero, sair dele.
Pensar nela é uma tortura… uma sede impossível de saciar, um sofrimento de querer, mas de não saber se é certo.
O meu apocalipse pessoal.
Aqueles olhos… pequenos, mas infinitos.
Olhos que dizem mais do que mil palavras.
Eu conheço todos os seus rostos — sei ler cada nuance, cada sombra, cada brilho, como se fosse um livro de romance que só eu pudesse folhear.
Os seus lábios… pequenos, carnudos, únicos.
Chamam-me, silenciosos, como se soubessem que eu viria sempre.
Cada dia que passa, ela brilha mais do que no dia anterior.
Não sei se, isto é, amor ou paixão — talvez seja um veneno disfarçado de mel.
Mas sei que me prendeu neste jogo sem regras.
Não porque me acorrentou…, mas porque eu quis ficar.
E sofro. Sofro para entender o amor.
Dizem que ele move céus e montanhas…
Mas o meu, ah… o meu moveria o que é visto e o que não é.
Amor — quatro letras.
Suficientes para me destruir e me reconstruir,
para me fazer mudar por algo que não vejo, apenas sinto.
Assim como o calor.
O seu cabelo molhado brilha mais que qualquer estrela,
a sua pele é seda quente e suave.
Ela surge nos meus sonhos e parte sem explicações,
deixando o vazio perfumado de lembrança.
Quero correr com ela na chuva.
Quero contar estrelas ao lado dela.
Quero escrever as melhores histórias da nossa vida para que os nossos filhos saibam que ainda há brilho no mundo —
brilho que nasce do seu sorriso tímido e bondoso.
Eu sempre me imaginei com ela,
porque só comecei a sonhar quando a vi pela primeira vez.
Foi um amor puro, crescendo devagar, ameaçando apagar-se com o tempo…
Até que eu me perdi na escuridão.
E foi quando a vi novamente que todas as sombras dentro de mim se desfizeram.
Naquele instante prometi nunca mais deixá-la ir.
Tornei-me prisioneiro do amor.
Ele acorrentou-me, torturou-me…
e eu gostei.
Gostei porque a dor tinha a forma de calor.
E então enlouqueci — enlouqueci por ela.
Mataria, morreria, por um único sorriso seu.
Gosto do seu jeito.
Despreocupada, mas cuidadosa.
Forte onde eu sou fraco.
Ela é o meu demónio e o meu paraíso, o meu calor e o meu pôr do sol.
E eu… eu sou o escravo voluntário deste amor.
Não sei quanto custa o amor para o mundo,
mas para mim o preço é este:
o sofrimento de estar amarrado sem saber
se algum dia serei liberto.