Coleção pessoal de crislambrecht

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Vozes
Vozes vorazes
Devoram-me
Devoram meu sono
Levam-no de mim

Devolvem os vultos envoltos por um envelope transparente
Transcorrem noite adentro um discurso semi-indecifrável
Desmentem e mentem tanto quanto nada se entende
Entrelaçados com pernas e braços de sons epilépticamentes iningnoráveis

Meu sono?
Deu lugar a sede
Uma insaciável vontade
Que apenas
Às vezes
Raramente
Cansa-me

Uma confortável fadiga mental que explode em vontades
Oh! Agora apenas tenho sede
Não posso falar da fadiga
Talvez apenas com ela

Digam-me
Fadiga,
Cansaço,
Exaustão;
Para onde foi
Nesta bela noite
Meu querido sono?

Oh, tempo!
Oh, vozes!
Há tanto tempo ouço vozes

Fantasmas..

Ao longo da rua
A fila de espera
Ajoelhados olhando pro chão

Saem rolando feito laranjas
Repolho melão
Cabeças de alface
Americana

Na avenida das guilhotinas
É em massa a execução
Se espalha feito molho
no chão, de tomate
Beterraba e açafrão;

A ceiva do colhedor.

Vomitando
Como nenhum rato jamais imaginou
Vou batendo em todos o botões
Perdido, porém, vomitando
Como é bom
E pode ser
Para sempre

Já fui
Sou
E serei
Um vomitador
Jogando para fora
Pra onde for
Onde quer que seja
Vômito

Letras
Palavras
Frases
Versos
Poema
Vômito

Vomito
E pronto
Como nenhum rato
Jamais fará
A não ser
Nós
S8R

É bom ter com quem contar
Quando todos se vão
Quando estou sozinho
E com mais ninguém
Estou com Sabrina
E com mais ninguém
Estamos sós
E com mas e porém
Nada além de que
Nem mais nem menos
Simplesmente só
Como sempre quisemos
Como sempre estamos
Mesmo quando ignoramos
Eu e tu
Nós no singular
Vai lá se entender
Tua assinatura já foi tão confundida
De números a meros símbolos
Ainda não te conhecem
Minha solidão
Nós cegos..

A garrafa
De vinho
Daquela noite
Do seu aniversário
Com a sobra
E as lembranças

O seu cheiro
Na garrafa
E a saudade
De outra pessoa

As músicas
Da Amy
Com recordações
De outra noite
Com outra mulher

O seu cheiro
No quarto
Com o vinho
Amy
E um coquetel de sentimentos

Um turbilhão
Caos
Olhos cheios de areia
Areia do mar
E Ana

Olhos
Mar
E
Ana

Labirintos

Sem mostrar seus sentimentos
Sem expressar seus pensamentos
Ele já não pode mais consertá-la
Sem mostrar suas emoções
Sem desenvolver seus dons
Agora aguenta a dor

Nunca disse adeus
Nunca disse te amo
Nunca fez uma promessa
Nunca quis um conselho
E nunca jurou

Presa a algo mais forte
Sua alma não se expandiu
Agora já deformada
Toda aquela dor sentiu

Todas as lágrimas
E a dor no peito
Aquele nó na garganta
Foram engolidos
Tudo entrou aos poucos
E não da mais pra tirar nada
Com a aparência de um louco
Mas com a alma desfigurada

A arte final
O último elemento
O que dá brilho à obra
A morte..

Você disse que não expresso meus sentimentos
Que meu coração não bate pra ninguém
Que ele é tão só e cinza como eu
Mas ele está aqui no meu peito
Batendo
E como eu
Ali dentro
Não estamos sós..

A criança pura se polui
Com o tempo
A esperança é morta
Com o tempo
O eterno dura cada vez menos
Neste tempo
E a força se esvai
Com o tempo

De lá pra cá
De cá pra lá
Cá pra nós
Isso é enlouquecedor

De lá menor para um cá sustenido
Decalque luminoso estendido com sétima
Capas e contratempos mixados distorcidos
Entorpecidos, perdidos, comprados, controlados

Isso é enlouquecedor
Enchendo caras pra lá
Esquinas semi-circulares
Circundam o escolher dos acasos

Bebendo, bebendo
Baby, oh baby
Sax on phones
Saxofonista del Little

A lua sobre nossos passos
Sobe dentre as nuvens
Somem pegadas
E eu só, ando

Um, dois, três
Na espiral do moinho
Ventos demoníacos
Me transforma em cacos

Me corto, sangro
Me seguro em teus cabelos
Asseguro-me de tua fala de dor
Sua falta doce como o mel...

A guerra
Meus heróis viciados
Mil vidas
Tantos caminhos

Indo, indo
Vinho rosa
Vindo, vindo
Falta de prosa
Oito horas de domingo
Lindo, lindo
Caindo, caindo

O grito
Novamente
Foi dado
Assustou-lhe
Enquanto
Sussurrava
Palavras de sabedoria
Incompreendidas
Deixando-as assim
Como não encontrou
Largadas
Ao lado
Do lado
De dentro
Detentas
De vezes
Tanto quanto
For

Sentado à mesa
Desejando um café
Mas sem poder ficar em pé
Escrevia com firmeza

Cigarros nos cemitérios
Cheiro de fumaça
Meio copo de cachaça
Sabe que não é levado à sério

Quarto pequeno e escuro
Bairro frio e nojento
Baratas sobre meu alimento
Trancado sem forças no muro

Melhores momentos da vida
Julga então ele ter
Enquanto pode escrever
Dos seus pensamentos não terá
Saída..

Não sei se eu devo
Dinheiro
Falar
Tentar
Fazer

Não sei se eu posso
Falar
Tentar
Fazer
Voar

Não sei se eu quero
Tentar
Fazer
Voar
Novamente

Não sei se eu consigo
Fazer
Voar
Novamente
Alto..

Voz
Voraz
Veríss...
Vírus
Fungos
Proteínas

Vuelvo
Vuelta
Vulto
Volta
A falta
A fala
Afaga
Afoga

Agora
E sempre
Serpente
Ser ponte
Sr. Pontes
Pontas
Plantas
Pontas

Fantasmas
Fantasmas..

Hei de libertar-me novamente?
Definitivamente?
Eu e a mente
Que mente discaradamente
Desde que a alimente

Oh, tempo cruel
Que esmaga-me contra mim mesmo
Contra qualquer tudo e todo inclusive o nada
Oh, àlcool, à algo ali
Como em tantas outras
Substancias perigosas diversas

Sentimentos alimentados um a um
Ao mesmo tempo
A cada canção
A cada nova vontade
Desejo de amar e de andar

Solidão, que nada

Não é nada
Estar só
Ao menos
Não deveria ser

Bebi para dormir
Mas o velho romantico acordou
E ao som de Cazuza
Escreve loucamente
Desesperadamente
À mente
Que mente

Despertar uma ideia
Chamar a inspiração

Ela vem
Mesmo não conseguindo encontrá-la
Ela vem

Mas para isso
Deve se estar
Disponível

Tive um sonho
Deveras assustador
Vi um psicopata
Um doente
Foi assustador

Ele nada sentia
Ou de todos os sentimentos
Cada um possuía
Sorrindo em pleno desastre
Enfurecido na alegre festa

Foi assustador
Vê-lo passear
Entre a paz e o caos
Num piscar de olhos
Foi assustador

Tive um sonho
Deveras autêntico
Medonho

Vi a mim mesmo

Irradiação fóssil

Viagem astral..

Alguns barulhos de vez em quando
Alguns barulhos estranhos
Alguns pensamentos perdidos
Alguma vontade nenhuma

A cela para os fantasmas
Explode na minha frente
E o fogo me ilumina
Debaixo do negro véu, de estrelas

Entre quatro paredes
Num canto da caixa
cercado de virtudes
Virtudes penduradas na parede

Eu eu parado na parede
Desde o choque contra o muro

Quando o mundo
Girava rápido demais
Eu ficava tonto e quase caía
E a meu ver, também sentia

Às vezes assustado
Com a voz do minuano
Às vezes sem recordar
Que o mundo ainda é insano

Somos todos iguais
De faces pintadas
Com roupas coloridas
Tão desiguais

Mas a vontade reside em nós
Ela manda
Ela emana
E a sós obedecemos

E eles, quem pensam que são?
Eles não me importam tanto
São aqueles que eu quero bem
É que me fazem perder o sono

Em quem acredito
E quem acreditou em mim
Apesar da tola palavra
Acreditando se começa

Nosso gloriosa nave terra
É o mundo, e o único mundo
É onde está tudo que é sagrado
Aqui estão você e seus sonhos

É aqui na terra
Onde você vai ficar..

Abismo;
Enquanto não tenho coragem de pular
Fico a observar sobre nós a tempestade
Abismo;
Talvez depois de muito chover
Estejas cheio, tão cheio
Que passarei por você a nado
Abismo;
Ou talvez irei esperar, na beira do abismo
Mas
Até quando?
Abismo;
Não posso fitá-lo a fundo
Há um sorriso de amor nas profundezas
Um abraço acolhedor e suicida
Abismo;
Transpô-lo hei
Não ficarei no fundo
Por isso permaneço aqui
Na beira do abismo
Esperando
Abismo, abismo..