Coleção pessoal de contosreais

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Não costumo me encantar por pessoas comuns, sem sal. Quero conhecer pessoas que assistam àquele filme que ninguém acha graça e que até então apenas eu conhecia e era capaz de entendê-lo. Ou que goste de olhar para o crepúsculo, sonhar com impossibilidades, pensar alto, pensar bonito. No mais, conhecer alguém diferente dos padrões, assim como eu. Perdidos por aí, agora, em algum canto do mundo.

Eu gostava muito dele, das mãos, dos pés, do hálito (mau), dos dentes (escuros), de tudo que era lindo e de tudo que era feio nele.

Ela vai sorrir, vai ter um brilho diferente no olhar, vai ficar com vergonha. Ela vai jogar charme, vai rir das suas bobeiras, vai usar aquele perfume maravilhoso. Ela vai se preocupar com você, vai telefonar, vai mandar mensagens, emails. Ela vai sentir saudades, vai estar irresistível, vai te deixar com ciúmes. Ela vai querer abraços, vai querer atenção, vai desejar compreensão. Ela vai te apoiar, te incentivar, vai estar do seu lado, vai enxugar as suas lágrimas. Ela vai te irritar, vai te morder, vai fazer aquela carinha que sempre te convence, vai cantar pra você. Ela vai querer colo, vai te dar presentes, vai sussurrar no seu ouvido, vai fazer você querer viver. Ela vai amar seu cheiro, vai segurar sua mão, vai sonhar com você, vai te prender. Ela vai se importar, vai parecer frágil, vai parecer a coisa mais importante da sua vida. Ela vai ser sua vida.

Gosto dessa definição: abraço é o encontro de dois corações.

Eu gostaria de ir embora para uma cidade qualquer, bem longe daqui, onde ninguém me conhecesse, onde não me tratassem com consideração apenas por eu ser “o filho de fulano” ou “o neto de beltrano”. Onde eu pudesse experimentar por mim mesmo as minhas asas para descobrir, enfim, se elas são realmente fortes como imagino. E se não forem, mesmo que quebrassem ao primeiro vôo, mesmo que após um certo tempo eu voltasse derrotado, ferido, humilhado - mesmo assim restaria o consolo de ter descoberto que valho o que sou.

Descobri coisas deliciosas a meu respeito, como por exemplo, uma pessoa superficial e de mentira jamais aguentaria ficar perto de mim.

Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se pôs. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Chega em mim sem medo, toca meu ombro, olha nos meus olhos, como nas canções do rádio. Depois me diz: " - Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como está. Feche as portas, não pague as contas e nem conte a ninguém. Nada mais importa. Agora você me tem, agora eu tenho você. Nada mais importa. O resto? Ah, os restos são restos. E não importam. Mas seus livros, seus discos, quero perguntar, seus versos de rima rica? Mas meus livros, meus discos, meus versos de rima pobre? Não importa, não importa. Largo tudo.

Alô? Tem algo marcado pra hoje? Queria saber se você quer sair para beber alguma coisa? (E ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, talvez. Contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Se não quer sentar e relembrar o passado. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir alguma vontade. Não sei… Queria saber se você não está a fim de amar um pouco? Se aceita ser amado. E me amar.) Aí a gente pode bater um papo. Sair com a turma.

Mas quando os corpos se tocam as mentes conseguem voar para bem mais longe que o horizonte…

Vontade maldita de te beijar e sentir teu cheiro.

Bem na curva onde o pescoço se transforma em ombro, um lugar onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao cheiro de outra pessoa.

Ele não era um menino comum, isso eu soube desde que o vi. Foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio.

Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios…

Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia no meio da chuva, eu enfiava as mãos avermelhadas nos bolsos e ia indo, eu ia pulando as poças d’água com as pernas geladas. Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar meio bêbado na casa dele, hálito ardido, eu não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando sem táxi naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, para que ele não visse meu dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.

Eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar, e de você e de mim.

"Enquanto ela toma o cafe que eu preparei, olho pra vermelhidao de seus labios e sinto uma baita vontade de me levantar, me aproximar e meter um beijo naquela boca. Quero sentir a carne desses labios e a maciez deles tocando nos meus. Quero respirar dentro dela e com ela. Quero poder cravar os dentes no seu pescoço e colocar a mao em suas costas, passar os dedos em seu cabelo. Com toda a sinceridade. Nao sei o que deu em mim esta manha. Mas logo entendo porque estou me sentindo assim - eu mereço alguma coisa. (...) Eu pelo menos mereço alguma coisa, acho. 'Bem que ela podia me amar nem que fosse por um segundinho', mas eu sei. Sem duvida, sei que nao vai rolar nada. Ela nao vai me beijar, se bobear nao vai nem encostar em mim. (...) Ela nao quer sentir nada assim por mim, e eu consigo aceitar isso, mas fico me perguntando se ela algum dia vai saber que ninguem vai ama-la tanto quanto eu. (...) Acho que ela prefere fazer o negocio sem nenhum significado nem verdade. Fazer por fazer, sem correr os riscos de se apegar. Nao posso fazer nada se ela nao quer o amor de ninguem, so posso respeitar."

Muito prazer, meu nome é Caio Fernando Abreu. Faço literatura, teatro, música, cinema e crítica. Mas de amor é o que eu gosto mais.

Ah, e também que nessas fantasias, tais garotas jamais usam calcinhas de algodão esgarçadas de lavar trezentas vezes. E, sinceramente, não sei se conseguiria viver sem uma dessas no registro do meu chuveiro.