Coleção pessoal de claiverolivrs
E talvez a pergunta que reste, no fim de tudo, seja simples — mas profunda:
“Como posso cuidar de mim enquanto sinto tanto?”
Porque não se trata de deixar de sentir.
Se trata de aprender a ser abrigo para aquilo que, dentro de mim, transborda.
E se for pra amar, que seja com verdade.
E se for pra doer, que me ensine.
Mas que, acima de tudo, eu nunca mais ache que ser quem sou é demais.
Mas… e se não for erro?
E se a dor só vem porque eu ainda estou aprendendo a lidar com ela?
E se o problema nunca foi sentir demais, e sim me julgar tanto por isso?
Eu sei que pra ele pode ter sido casual.
E talvez o gesto de carinho dele tenha sido só isso: um gesto.
Mas pra mim foi entrada. Convite. Abertura.
E o difícil é aceitar que nem tudo que me toca, toca o outro.
Que nem tudo que me aquece, aquece quem estava do meu lado.
Que às vezes eu sou o único que está com os olhos fechados no abraço — e tudo bem.
Eu estou aprendendo que a minha intensidade não é erro de fábrica.
É só um traço da minha forma de existir.
Mas eu posso, sim, aprender a acolher essa parte de mim com mais calma. Posso olhar para minha urgência com menos culpa, e mais compaixão.
Eu não preciso apagar meu fogo.
Só aprender a não me queimar toda vez que alguém não quer se aquecer nele.
E isso também é autocuidado.
Não Me Encolho
O que eu sei é o que eu senti.
E isso já diz muito sobre mim.
Sobre minha capacidade de sentir, de estar presente, de querer algo além da superfície.
E por mais que isso doa agora, sei que não é fraqueza. É força.
É coragem de não viver na superfície.
É coragem de não me encolher por medo de ser “demais”.
Então escrevo. Não para ele, mas para mim.
Para lembrar que sentir não é erro.
E que a falta de resposta do outro não invalida a minha entrega.
A teoria de tudo, por quê?
Sentimentos fazem loucuras assim como álcool. Transformam pessoas em monstros…
Todos destinados a experimentarem o ‘amor’, estão condenados a sofrerem com cacos cravados em seus corpos.
A única certeza dessa vida é a morte: solitária, dolorosa, fria… O restante é um tiro no escuro e as balas são incertezas.
Assim como vírgulas podem mudar os sentidos nos textos, o amor pode nos trazer consequências horrorosas.
“Silêncio! Silêncio!” - Grita o coração, que deveria estar cumprindo sua drástica função: bombear litros de sangue, mas está ali apaixonado em borboletas. Sua mente obediente cala e recebe sua condenação para trancafiar sua razão.
Viva intensamente em um mundo pobre! Onde está a vida? Talvez no inferno de podridão.
Os dias passam rumo às meras vidas que estão a caminho do outro lado, um outro lado monstruoso, terrível e horrendo.
Simples brincadeiras;
Um amor escondido.
Simples olhares;
Um amor coberto.
Simples amizade;
Um amor incompreensível.
Simples brigas;
Abraços entrelaçados.
Simples toques;
Corações ligados.
Diga-me. Mostre-me. Vem à tona.
Pare de me jogar migalhas de gatilhos e fale-me o que realmente é. Não quero ser seu escravo, quero ser seu amigo, eu estou aqui, vamos dar nossas mãos?
A luz e o calor estão presentes em nossas vidas, sequer paramos para reparar o quão bem nos fazem.
Precisamos de forças para continuar nesta trajetória tão dolorosa, tão vazia, tão monótona.
As respostas? Não temos para a maioria de nossas dúvidas, isso nos intriga a continuar, para sabermos se um dia seremos respondidos.
O amanhã é assustador, o futuro é um campo, quanto mais tenta correr, mas você percebe que está atrás. O fato de não desistir é um dádiva.
Vivemos dentro de um carrinho de montanha russa, subimos, descemos, ficamos de cabeça para baixo, rodamos, voltamos e seguimos para esta mera vida; esperando pelo o dia que este carrinho vai parar e vamos chegar ao nosso destino: insignificante, dolorosa, confusa; morte!