Coleção pessoal de apsicanalista

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⁠De tudo
para o quanto vivi,
foste tu
do que
mais morri.

⁠DIAS ENUVIADOS
Se eu pudesse nos dias enuviados
Acender o sol para você viver.
Eu colocaria uma cor a mais, vibrante...
Não no sol mas na sua alma
E nos seu lábios um pouco do meu batom de cereja.
Deixa-me ser a criança que rabisca sua vida, colorida!

⁠O que é a vida, senão essa intensa ânsia de se descobrir vivendo? E até mesmo não vivendo?

Depois de uma longa história de moda eis que surgem as máscaras. Mascaras?
Mas onde ficarão os lábios vermelhos, as bocas carnudas, os rosto plastificados pelo botox e outras substâncias? Estarão embaixo das mascaras que , como no passado, as roupas eram para cobrir a nudez, de inicio, as máscaras talvez fiquem para completar o modelito, uma multidão de cores e modelos, com estampas animal print e também rendadas com forros de seda. Mas chegará um dia em que as gerações tirarão as máscaras de seus rostos, e por certo gritarão: Liberdade contra qualquer tipo de máscaras, mas alguém haverá de contar-lhes que a moda das mascaras foi influência de uma terrível pandemia que ousara a varrer a terça parte da terra.

A MODA – ESSA TRANSGRESSORA DE OLHARES
Por Joana de Oviedo

Estive pensando! A moda transgride mas também regride.
Desde os tempos em que as roupas eram apenas para cobrir a nudez até tomar um ar de sofisticação nos corpetes, corseletes e anáguas para dar volumes abaixo dos quadris para mostrar um “popozão” que nem todas possuíam e, que toda essa “parafernalha” servia de lipoaspiração às mulheres das mais simples camadas sociais às mais vaidosas de um classe social mais elevada qualquer.
Não fosse Coco Chanel, libertar a mulher dos enlaces apertados dos corpetes, das cintas ligas e luvas, conquistando a liberdade dos vestidos mais leves e soltos e até mesmo à calça comprida, sendo Chanel a primeira mulher a usar essa peça que era exclusivamente masculina.
E atualmente a moda moderna que só é moderna nas passarelas, mas nas ruas, ela é insinuante, extravagante. É preciso mostrar “o belo” o que se “tem para mostrar”, nos mini-shortes ou calceletes jeans, onde a mulher com lipo e sem lipo deixa visível o que sonha estar belo, mas nem sempre.
Depois de uma longa história de moda eis que surgem as máscaras. Mascaras?
Mas onde ficarão os lábios vermelhos, as bocas carnudas, os rosto plastificados pelo botox e outras substâncias? Estarão embaixo das mascaras que , como no passado, as roupas eram para cobrir a nudez, de inicio, as máscaras talvez fiquem para completar o modelito, uma multidão de cores e modelos, com estampas animal print e também rendadas com forros de seda. Mas chegará um dia em que as gerações tirarão as máscaras de seus rostos, e por certo gritarão: Liberdade contra qualquer tipo de máscaras, mas alguém haverá de contar-lhes que a moda das mascaras foi influência de uma terrível pandemia que ousara a varrer a terça parte da terra. Quiçá, também as luvas serão arrancadas, porque por certo as luvas, em um futuro próximo também serão necessárias. Será proibido tocar nas pessoas.

A Justiça até que tenta enxergar, mas a todo tempo vendam seus olhos.
Ironia!

ULTIMAMENTE

E tudo está assim ultimamente...
Até as janelas vestiram-se de bege
não há cores para mostrar
mas para que?
Não há mais rostos

Só ficaram antigos bordados e os matelassês
enfeitados nas bordas da madeira
feito vitrais que há muito não existem mais.

E tudo está assim ultimamente:
uma cor bege!

Ultimamente.

ROSTO DE FLOR

Eu amo essa flor
De rosto corado
E na boca o sorriso

Nos caminhos da escola
A caminho da roça
voltando à palhoça

De tranças compridas...
Vestidos surrados
Comprados na venda
Do senhor português.

E tudo era bom,
Era tudo tão belo.
O sol amarelo
A terra marrom
Dava pra se ver...
Quando a lua dormia
E quando amanhecia.

E o tempo correu
E trouxeram outras flores
E outros desenhos de diferentes cores
E o rosto corado, porém desbotou-se
De tristeza encharcados
Pelos sois que banhou-se

Eu amo essa flor
Que traz nos vestidos
e não mais em seu rosto
Tem sabor do passado
da terra marrom
No sol amarelado

Eu amo a esperança
Que ela traz no rosto
tem um "Q" de dor
E desenhos sem cor
Outrora, corado
Depois desbotou-se
DE lágrimas, encharcados
Pelos sóis que banhou-se.

SEM AÇUCENAS

Só eu cruzo o meu deserto
E não há nenhum deles que seja perto
Assim se faz os caminhos sem beleza.
E a tristeza com seu véu cobrindo o rosto
Não sei para onde vai apressadamente
Com seu perfume que recende as portas
De um lar há muito sem habitante qualquer.
Assim é esse deserto!
Mas seja o que vier...
Viverei em mim o personagem que não quer morrer
Que tem uma vida eterna por viver
E as mãos acenam uma açucena para o mundo
Aos destinos humanos sempre à deriva nesta vida
Que passa apressadamente com seu perfume
porque as açucenas murcharam-se
e agora recendem apenas os beirais dos túmulos.

A melhor forma de responder ao silêncio é se recolher ao silêncio também.

SÍNDROME NARCÍSICA

Em um mundo onde ninguém é de ninguém, ela era só dela: vendia seu corpo a muitos, e depois de receber ia embora levando-se a sim mesma, perpetrando o delito de apropriação indébita.

Os dias continuam belos e os tempos continuam envelhecidos apesar dos dias belos.
E a Poesia cabe exatamente nesse tempo
que de tão belo poderia ter esquecido
de como se escreve a poesia e o amor.

PORQUE TE AMO

Ama-se pelo cheiro das maçãs
Descobertas nas manhãs de outono
No gosto das mãos nos pomos...
Ama-se quando não há mais o que amar
Quando não há mais mar.
Ama-se pelas mãos dadas
Por uma esperança de voos de fadas.

__Amo-te sem mesmo ter um porquê.

Não ficarás comigo? Sem problemas!
Ninguém toca pensamentos,
nem mesmo quem esteja aprisionado lá.

POR TI

Por ti eu vivo doidamente
Por entre as vielas e becos da vida
Busco guarida em qualquer sorriso
Que a mim parece seu gosto fremente.

Envolvi a alma de antigas auroras
E nas calmarias da noite quando a vida chora.
Abro a janela em busca de uma sombra.
E de manhã vou em busca de suas passadas nas alfombras.

Nada há, portanto, só na memória.
As penas de te ver saindo a toda hora
É como visões de um pesadelo que se repete.

E choro minhas ilusões perdidas, com que
Sua lembrança tece... Eu também vou indo.
Espere-me! Também estou eu partindo.

JOANA DE OVIEDO - Direitos Reservados
do livro Caminhos na face.

QUIMERA

Nascem as flores nas floreiras
Cheiram os pés de laranjeiras
Breve é a primavera
e da vida a alegria é apenas quimera
Pois logo desce o triste inverno
Na imensidão do frio que à noite tece.

Assim também é o nascer:
As floreiras são o berço que nos acolhe;
E a estação das flores, a juventude.
Enfim tudo é solicitude, é um morrer
Que se faz no úmido frio sepulcral.

BOBAGEM

O tempo vai passando e nos conscientizamos
de que nada é tão importante e tudo não passa de ilusão.
As coisas vão perdendo o seu gosto pueril...
vai deixando de ser importante e necessária...
Deixando de ter aquele gosto de coisas refinadas,
e, de que tudo vai se transformando em mera bobagem.

É PRECISO

Hoje a chuva choveu
Para lavar os meus olhos
Não uma chuva qualquer
Era chuva de águas do mar.
Às vezes é preciso lavar
O rosto do desgosto
E retirar as marcas das falsas mãos
E dos beijos sem paixão.
Sem pensar em nenhum paraíso
É preciso limpar o rosto
E prosseguir... É preciso.

O tempo

Que dirão os corações ao tempo que passa
Se não há mais tempo de pronunciar com os lábios?
Então acenam-se as mãos para que fique
E não há como o tempo prestar atenção
Pois seu olhar é sempre à frente.
Que dirão os corações?
Enquanto as lágrimas andam pelos caminhos da face
E vai se esconder em um rio que mora nos lábios...
O tempo olha a cena e passa, porque não há tempo para contracenar.

Joana de Oviedo – direitos reservados

PARA ALÉM DE UM LUGAR

Por onde tens andado?
Oh, anjo de asas douradas
Acaso, tens caminhado
Onde começa e acaba a madrugada?

Para além de um lugar tens pousado
Em que a primavera premente
Cultiva uma única flor estranha
Em que fazes teu vinho
Acre-doce, ora fino e também triste
a servires nas taças dos querubins
Que voarão sobre a terça parte da terra
E ferirão os povos nas faces, nas mãos.
Derramar-te-ás esse cálice a mim?
Oh, anjo de asas douradas
Tu tens a chave desse segredo
Em que se abre o livro do começo e do fim.

Então... Dize-me, o que é isso?
esse fim que a tudo consome
isso deve ter um nome.