Coleção pessoal de Anonimamente

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Eu queria me livrar daquilo que eu suprimia dentro de mim; um caos que se remexia, agitava-se e que causava um aperto dentro do meu coração, como se estivesse vivo. Como se fosse um monstro que estava a espera de causar o maior estrago possível.

Queria apenas tentar
viver aquilo que brotava
espontaneamente de mim.

Por que isso me era
tão difícil?

A ave sai do ovo,
o ovo é o mundo.

Quem quiser nascer tem
que destruir o mundo.

Aquele pássaro cantava com tanto vigor, não para nós e sim para o mundo a sua volta, cantava como se fosse o último dia de sua vida, deixando todos os sentimentos se esvaírem pelo ar.

A navegação da casa

Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas pinturas antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo a tampa de metal e então ele chia com mais força, estala, raiveja, grunhe. Abro: mais intensos clarões lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece regojizar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há chamas douradas, pinceladas de azuis, brasas rubras e outras cor-de-rosa, numa delicadeza de guache. Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar fumegando com seus penachos brancos na noite escura; não é a lenha do fogo, é toda a minha fragata velha que estala de popa a proa, e vai partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos corações