Coleção pessoal de anaclaracabral

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Eu vejo poesia no cerrado.
Tem dias que a gente sente; no outro, a gente escreve.
Eu vejo verde no cerrado.
Tem dias que é silêncio; no outro, só paisagem.
Eu vejo sol no cerrado.
Tem dias que a gente aquece; no outro,
é sol que arde.
Eu vejo flores no cerrado.
Tem dias que vira espinho e espeta; no outro, apenas FLORescem.
Eu vejo vento no cerrado.
Tem dias que ele sopra; no outro, só resseca.
Eu vejo poesia no cerrado.
Tem dias que é só poema; no outro, é só poeta.

Com os anos a gente vai se acostumando com a ideia da morte. Difícil mesmo é lidar com essa tal despedida!

As pedras atiradas em sonhos alheios, atingem o coração, causam dores e transformam-se em lágrimas a escorrerem pela face. Neste caso, recomenda-se tratamento espiritual a fim de livrar-se de carmas e curar os espinhos da alma, de quem se presta a tais desserviços.

Sobre o poder...
O poder como sinônimo de força aliado ao ego corrompe e escraviza.
Feliz daquele que em seu leito de morte tenha tempo, ao menos, para pedir que deixem suas mãos para fora do caixão, como fizera Alexandre, o grande.

Toda mulher tem o dom da liberdade, sempre buscando libertar a alma quando aprisionada.
A mulher sangra, mas tem o poder divino da cicatrização.
Toda mulher tem um pouco da Clarice (Lispector) dentro de si: forte, intensa, determinada, estranha, misteriosa e com muitas, muitas epifanias...

E o desabrochar das flores acontece em todas as estações.

Agir com indiferença e seguir em frente, pode ser libertador.

O CORAÇÃO TEM VOZ

Por diversas vezes me peguei fazendo esse questionamento.
É incrível como a convivência saudável com o ser humano requer muita sabedoria e eu me incluo nisso, considerando os dois lados da relação.
O ego é um complicador no relacionamento entre os pares, dificultando a busca ao conhecimento.
Em locais propícios ao exercício do pensamento, curiosamente, a vaidade é mais acentuada.
A ostentação da suposta inteligência, conhecimento acumulado, melhor compreensão e ausência de fracasso nos afasta, consideravelmente, do objetivo.
É necessário um recolhimento para reflexão quando tal fato ocorre.
Em meio a tantos questionamentos e exercícios mentais tem-se a conclusão mais acertada: Necessitamos ouvir a voz do coração! Ela tem o poder de fazer as máscaras caírem. Seja a máscara da fraqueza, seja a máscara da arrogância.
A dor do processo de retirada da máscara é passageira, mas a sensação de leveza é eterna. A leveza de não saber e a necessidade de aprender; a leveza de não ser e a necessidade da conquista.
Quando ouvimos o coração conseguimos atingir o mais alto grau de maturidade.
É dentro desse contexto que repousa toda a compreensão profundada da máxima filosófica conhecida por todos como “só sei que nada sei”.
Ocorre que nem todos estão dispostos a aceitar ou a pagar o preço do referido “sacrifício”, mas aqueles que conseguem libertam-se do fardo de tentarem ser o que não são permitindo o encontro leve e saudável com a intelectualidade.

VOCÊ

Você não é romântico
Mas sabe ser carinhoso e atencioso
Não é poeta
Mas me conforta com sábias palavras

Busco no brilho dos seus olhos
A luz que ilumina o meu caminho
E no aconchego dos seus braços
Eu encontro a minha paz

Quando nos damos as mãos
Sinto transcender a matéria
E neste momento, juntos,
Percebo o quanto te amo!

FELIZ ANIVERSÁRIO

É VOCÊ

A linda melodia
Lindos arranjos musicais
Voz doce, suave
Ninguém sabe
Você sabe...

O meu nome é Ana Clara.
Não tenho outro de pia.
Do poeta, quero mais que o sobrenome,
Quero sua luz para iluminar os meus versos.
A morte ainda não conheço,
Mas minha vida é quase Severina.
E se não recordares meu sobrenome,
Podes chamar pelo nome,
Já que não tenho outro de pia.

PERFEITO AMOR

Beijo gostoso
Pele cheirosa
Corpo que aquece
Abraço que estremece
Braços que protegem
Corpos que se encaixam
Espírito que acalma
Perfeito amor.

PALAVRAS AO VENTO

Não leio,
Não creio.
Mentiras,
Não me conte.
Minha inteligência,
Não subestime.

O FUNDO DO POÇO

Poeta e compositor
Têm muito em comum
Expressam sentimentos
Celebram a beleza da vida
Mas também conhecem
O fundo do poço

Das suas criações
As que expressam tristeza
São as mais apreciadas
Isso quer dizer
Que todos nós conhecemos
O fundo do poço.

DOIS

Não nascemos para viver sozinhos
Precisamos de calor
Precisamos de amor

Solidão
Não vale a pena
Não permita
Não atraia

Divida sua cama
Seus sonhos
Seu corpo
Sua alma

O Amor
Deixe entrar
Deixe repousar
Ele só te faz bem.

DESABAFO

P’ra que tanta violência
Tanta arma e corrupção
Tanto ódio e inveja
O homem tem em seu coração

O tempo na terra é tão curto
Não vale a pena tal desperdício
Mas a humanidade nem se dá conta
Que precisamos mais que isso

Necessitamos de amor
Paz, alegria e felicidade
Exterminar a ganância
Acabar com a desigualdade

“Uma palhoça, no canto da serra”
Poderia ser minha guarida
Como aquela, de Zé Geraldo
E sua “meiga senhorita”

Lá, o canto dos pássaros
É a mais bela das canções
E o desabrochar das flores
Acontece em todas as estações

Mas, tudo isso são devaneios
Esta é a grande verdade
“Dando milho aos pombos”
É minha triste realidade.

TURBULÊNCIA

Não há nada mais angustiante
Uma verdadeira história de terror,
A frase avisando que a decolagem chegou

Máscaras de oxigênio cairão à sua frente
Avisa a comissária com voz rouca e animada
Gestos, sinais e mensagens, tudo repetitivo
Parece até narrar algo muito divertido

Centenas de idéias passam por minha cabeça
Penso na família e nos amigos que na terra deixei
Atar cintos de segurança, para que isso adianta?
Se cairmos, iremos nós, o cinto e até a esperança.

Ao abrir os olhos, me deparo com outra agonia
Essa aeronave possui assentos flutuantes, diz o aviso
Em meio à angústia, oro e chamo por Deus
E fico a me perguntar se hoje é o meu dia

Quando consigo esquecer a força da gravidade
Uma voz masculina e irritante faz questão de dizer
Que passaremos por uma área de turbulência
São coisas que eu não precisava saber

Quando tudo parece perdido a mesma voz anuncia
Aquela frase estranha de que o pouso foi autorizado
Ora, e se não fosse? Fico logo a me perguntar
E alguém tem o direito de me impedir de chegar?

Pés e mãos suados e o coração disparado
Portas traseiras e dianteiras se abrem
Um gesto convidativo que parece expressar
Não será dessa vez que você irá nos deixar.

A SEDUTORA

E m 1850 Flaubert escreveu
M emórias de uma mulher
M uita perseguição e censura
A sua notável criação lhe rendeu

B atalhas judiciais foram travadas
O Tribunal, a absolvição, concedeu
V ista como uma ofensa à moral
A sociedade e o clero apontou
R ealismo, novo estilo de época
Y o mal do século encerrou.

EU APRENDI

Que a felicidade é uma conquista,
Ser feliz é uma opção,
Toda rosa tem seus espinhos,
Todo caminho existem pedras.

EU

Conquistei,
Tirei espinhos,
Removi pedras,
Sou feliz.

EU APRENDI...

SONETO DA SAUDADE
Sinto saudade do beijo
Mas, jamais beijei
Sinto saudade do abraço
Mas, jamais abracei

Sinto saudade do olhar
Ah! Esse sim eu olhei
Muitos abraços e beijos
Naqueles olhos eu encontrei

O beijo é doce, como o mel da cana
O abraço é quente, como o sol de verão
A saudade é fria, como a solidão

O olhar possui a imensidão do oceano
Abraços e beijos são o meu desejo
E a saudade? Continua fria, como a solidão.