Coleção pessoal de allanpbarbosa1992_1117744

Encontrados 7 pensamentos na coleção de allanpbarbosa1992_1117744

Oferta do Dia: Desejo em Dose Dupla


No corredor do mercado, o anúncio ecoou,


Pela caixa de som, a voz dele a conquistou.


O locutor domina, a postura é de quem sabe,


No timbre desse grave, todo o desejo cabe.


​Ele fala as ofertas, mas é nela que toca,


A voz grossa no microfone, o desejo que sufoca.


Imponente e seguro, o dono da atenção,


Fez do guanabara o palco da sedução.


​Na saída do turno, o encontro no carro,


Onde o beijo é urgente e o fôlego é raro.


Entre o câmbio e o banco, a pegada é certeira,
Transformando a rotina em pura fogueira.


​Mas o espaço é pequeno pra tanta vontade,
Eles buscam o motel no centro da cidade.


Lá o som não tem filtro, a entrega é total,
A voz que era anúncio virou prazer real.

Vinho, Viagem e Volúpia


Na mão direita, o brilho intenso da taça de vinho,
Na esquerda, o veneno que traça o caminho.
O gole é lento, o efeito é puro fogo e desejo,
Enquanto o pescoço se curva ao rigor do meu beijo.
​A respiração profunda denuncia o que a pele sente,
Um arrepio que sobe e domina a mente.
Nossos corpos se moldam em um encaixe perfeito,
Onde o mundo lá fora se perde no vão do meu peito.
​Entre tapas e carícias, o instinto se faz soberano,
Navegamos sem pressa nesse mar oceano.
O olhar me atravessa, a alma se despe por inteira,
No ritmo voraz de uma entrega sem fronteira.
​Promessas sussurradas no ápice do delírio,
Onde o toque suave se torna martírio.
Teu corpo me chama, o suor é o nosso batismo,
E nos perdemos juntos na borda desse abismo.
​O ápice explode no eco de um som profundo,
Um gemido que para o relógio do mundo.
Enquanto eu te possuo e o prazer nos inflama,
O "eu te amo" escapa no calor da nossa cama.

​O açude de Sapé


O derradeiro olhar para o açude de sapé;
Adeus ao sonho que o futuro revelou engano.
A cama dobra de tamanho para o casal que se deita,
Sem abraço, sem toque, sem o fogo do desejo.
​A falta do amor, enfim, se faz notada:
No braço que não envolve, no corpo que recua,
No olhar apavorado de quem teme a entrega.
Agora, o único querer é que o tempo corra.
​Falta um Carnaval para a sentença,
Enquanto isso, encenam sorriso e frieza.
Tristeza? Não chega a tanto.
A lucidez dos fatos petrificou o peito.
Raiva? Não há por quê; ele apenas a quer bem.
​Mesmo após a profecia da cartomante,
O choro dela ainda lacera o silêncio.
Mas o pensamento dele já partiu para o Rio,
Buscando quem tarde festeja, quem canta e deseja,
Ansiando pela volta de quem nunca deveria ter saído de lá.

​O Mendigo de Afeto


Era o mestre do pranto, o servo do medo,
Guardando no peito um triste segredo.
Expulso de casa, jogado ao relento,
Vivia o calvário de cada momento.
Ela gritava com voz de trovão,
Fazendo do homem o pó do seu chão.
​Batia na porta de um velho parente,
Com o corpo cansado e o olhar de doente.
Pedia um canto, um prato, um favor,
Curando a ferida de um falso amor.
Mas ela chamava, querendo humilhar,
E ele, cativo, aceitava voltar.
​Porém, o destino teceu nova trama,
Longe das cinzas daquela chama.
Um dia o silêncio foi sua resposta,
Ele virou de uma vez as costas.
Não houve conversa, nem houve partida,
Apenas o passo pra uma nova vida.
​Agora o cenário mudou de lugar,
Não há mais ninguém para ela mandar.
O teto que sobra é o teto que isola,
A sua soberba agora é esmola.
Caiu em depressão, no fundo do poço,
Sentindo no peito um amargo nó na garganta, um esforço.
​Perdeu quem servia, perdeu quem amava,
Aquele que ela sempre esmagava.
Ele está livre, em paz, no caminho,
Ela está presa no próprio espinho.
O tempo ensinou, com o seu rigor,
Que quem planta o ódio não colhe o amor.

Doce Cativeiro


Sob a luz suave, o desejo se faz,
Ela entrega o comando e encontra sua paz.
No silêncio do quarto, aceita o papel,
Transformando a entrega em um gosto de mel.


​Sem pressa ou receio, ela deixa fluir,
O prazer de quem sabe apenas sentir.
Nos laços do toque, se deixa levar,
Pois reinar é saber também se curvar.

O Herdeiro da Solidão


​O teto desaba, o silêncio me consome,
Sussurro ao vento o teu doce nome.
Manchei o manto que era imaculado,
Por um capricho, um erro vão, pecado.


​Olho a cama, o lado agora vazio,
Onde o calor deu lugar ao estio.
Joguei ao vento o meu maior tesouro,
Troquei a paz por um falso ouro.


​Ela partiu com a alma em pedaços,
E eu fiquei preso em meus próprios laços.
Onde havia riso, hoje reina o luto,
Do meu erro amargo, eu colho o fruto.


​Choro no escuro o que eu mesmo destruí,
Pelo caminho em que me perdi.
O lar se cala, o tempo me condena,
Viver sem ela é a maior das pena

Não deixe que seus sonhos façam parte apenas do seu momento de insônia