Coleção pessoal de alexsander_noah

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⁠Ergo-me na arena do próprio abismo,
onde o eu se fragmenta em mil centelhas,
buscando forjar-se na chama do querer —
não para existir, mas para criar sentido.

Cada passo é um martelo erguido
sobre as correntes do hábito e da lei,
e o coração, ao pulsar sua forja interna,
martela o mundo em novos ritmos.

Não temo o vácuo que escuta o grito,
pois vejo nele a vastidão do possível;
o ser que supera o peso do próprio ser
ergue as asas no sopro do eterno retorno.

Aqui, no limiar do nada e do tudo,
descubro que o poder não é domínio,
mas a dança audaz de afirmar a vida
mesmo quando a dor sussurra vitória.

Que o sol reapareça em cada queda,
e que eu seja o artífice da própria aurora.

Nasci no ventre do eco,
onde o tempo não ousa entrar.
Ali, o mundo me olhou de costas,
e eu tive que ser meu próprio espelho.

Trago os ossos do pensamento à flor da pele,
mas ninguém ouve a dor que não sangra.
Tudo em mim é vidro —
mas cortante, não frágil.

Chamei a ausência pelo nome,
ela respondeu com o meu silêncio.
E no frio do sentido negado,
vi que até Deus evitava meus olhos.

A mente, em espirais de pedra,
caminha sem chão,
mas insiste em buscar
uma saída onde não há porta.

Sou o cárcere que se nega a abrir-se,
sou a chave que teme a liberdade.
Ser é um verbo afogado —
mas ainda respiro.

E se tudo isso for o belo?
Essa dor sem forma,
esse grito contido,
essa esperança disfarçada de exílio?

Pois talvez o belo more
não no alívio,
mas no gesto de seguir
mesmo sem horizonte.⁠