Coleção pessoal de ajcelestino

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O tempo, ele simplesmente nos transpassa, como uma lâmina afiada num corte conciso, onde através da nossa carne, ergue uma rica durabilidade incômoda e insólita, por mais tempo do que é preciso. Às vezes em cortes leves ou profundos, através de recordações compassadas, que relembradas fazem o tempo parar por um segundo, num segundo com o tamanho da eternidade, quando se rompe tal muro.

O tempo anda encolhendo ou somos nós que estamos envelhecendo e reconhecemos no íntimo que não temos muito tempo para pôr em ação tudo que nosso coração e maturidade nos revelam constantemente? É justamente nesta idade que estamos que começamos a entender como as coisas acontecem de certa maneira e diferente de nossa juventude, tudo parece mais nítido e compreensível. Talvez uma hora tardia para se criar coisas, mas nunca para vivê-las intensamente em outros formatos ou nomes.

Mesmo assim, hoje incansavelmente pensativo, onde perdido pelos meus atos consumados e jaz errante em pensamentos, violo meu silêncio num incompreendido ato de texto. Hoje é a segunda vez que me fragmento sequencialmente. Eu sei, eu transgrido a imposição que impus a minha alma, que traída se libera de meu corpo convertida em lágrima, sem retorno garantido ao receptáculo de minhas promessas, muitas das quais eu estou reavaliando o valor da existência.

O tempo nos rouba parcelas de felicidade em troca de amadurecimento.

A liberdade dos pensamentos às vezes é uma maldição. Porque pensamentos mal elaborados e pobres em seus fundamentos, se voltam contra nós em formato de lâmina, num corte preciso na carne num despertar de um ferimento. Dependendo da ideia traçada e bravura erguida, determinará poeticamente a sutura aplicada até que se feche a ferida.

As palavras são as coisas que gostaríamos de ser ou sentir, enquanto as ações são o que nós de fato somos.

O teu dia tem sido infrutífero, dia após dia, embora em seu íntimo, chamas os dias de viver. Eu chamo de interpretar. Porque a cada manhã, tu escolhes antecipadamente teu humor, as tuas palavras, os teus sentimentos que produzirás para fechar o dia, apenas para agradar. Assim como se veste uma roupa, colocarás um sorriso, quando as pessoas esperam isso de ti ou dirás uma palavra belíssima quando aguardam e desta maneira tu segues a vida, escolhendo as tuas máscaras para cada situação. Sendo tudo para todos, menos sendo o que realmente é: você.

Não deixe que o tempo tire de você pelo desgastes sucessivos as coisas mais valiosas que conquistou pelo caminho. Nada que possamos nos confrontar merece este mérito. Nossas riquezas internas são intransferíveis e cada um saber o peso que tem. Utilize-as ao seu favor e opte em desenvolver um dia especial e memorável. Só você pode fazer isso e mais ninguém.

Este mundo enche certamente de pedras e escombros nosso caminho. Mas ainda bem que temos nos momentos mais incertos alguém para baixar e recolher os obstáculos enquanto caminhamos.

Não deixe de viver sua vida, não deixe de sonhar. Respeitar suas necessidades é um direito inato que todos têm. Não há na face da terra quem possa usurpar isso. Não pode fazê-lo o governo, a família e nem Deus. Porque até ele deu o livre arbítrio. Pensem nisto. Não morra em vida, viva para morrer.

Nós não envelhecemos pelo que por fora nos resta, mas pelo que por dentro dura e se intensifica. Nossa juventude eterna está na intensidade de nosso amor. Porque quanto mais o amor envelhece, mais jovens somos, mais inocentes ficamos e mais abraçados.

Viver a vida sem totalidade é vivenciar um aborto tardiamente.

Qualquer ganho na solidão é na verdade um fracasso pessoal, único e intransferível.

A dor quando vem, não dá para se medir, é impossível, porque embora ela venha na mesma proporção para todos, nos mais diversos aspectos, o corpo que a leva certamente não possui a mesma elasticidade proporcional ou a mesma capacidade de administração notória. Há os que estão menos desgastados pela vida e os que estão mais fadados ao cansaço. Porque tudo é muito complexo para ser superado, mas nunca impossível para ser vencido.

Viver a vida é compreender que nem sempre as portas são fechadas quando queremos, mas quando é necessário. Mais ainda, quando nós temos consciência de que devemos fazê-lo e que se torna inevitável.

Os livros são fantásticos meios de alimentação da alma. Onde nos desenvolvemos em aptidões variadas para somarmos o que somos com o que passamos a ter. Porque todo conhecimento é uma soma na busca de subtrair as coisas mais danosas em nosso caminho.

Viver a vida pela metade traz danos irreversíveis para a alma...

A vida aparentemente é dura demais conosco e realmente é, contudo mais por culpa nossa. Sabia? Nós passamos mais tempo vivendo nossa vida, procurando encontrar a lógica das coisas ( o sentido de tudo através de explicações ou perguntas ) e é aí onde erramos. Nós nos esquecemos de aperfeiçoar nossa capacidade de suportar e de sermos fortes ou mesmo sermos independentes emocionalmente. Porque a vida é muito mais suportar do que entender. É muito mais ajudar do que ser ajudado. É muito mais sermos completos do que metade.

Passamos a maior parte de nossas vidas trabalhando duro e nos convencendo de que nós estamos fazendo algo racional para morrermos confortavelmente.

O choro ao nascer é o prenúncio da morte que se avizinha. Os anos passam rápido demais e terminamos as nossas vidas tão frágeis quanto quando nascemos, tão frio quanto chegamos ao mundo.