Cecilia Meireles Poemas Balada do Soldado Batista
ESPÍRITOS LIVRES
Onde vos encontrais
Ó espíritos caminhantes e
livres?
Por quê vos deixais
aprisionar pelos dogmas
dos monastérios acadêmicos
― tão velhos e tão toscos! ―
que oram terços dos passados
enclausurados nas cavernas?
Vossos caminhares são
os espaços livres dos tempos… e dos templos.
Ainda não aprenderam que o
bom caminhante não sabe para onde vai;
e que o caminhante perfeito
não está preocupado com a sua origem?
Caminhai como os loucos!
Ó espíritos caminhantes e livres
despertai de vossos sonhos e dos vossos pesadelos
― ilusões e fantasias! ―
e tomai vossa sagrada loucura
e a ofertai como palavra divina
aos acorrentados da sagrada família.
Vosso caminho é livre:
ele não tem início;
ele não tem fim.
QUADRAGÉSIMO SEGUNDO HEXÁSTICO
Deves abortar a ignorância:
Assassina confesso d´alma.
Deves parir toda virtude:
Senhora das integridades.
Da ignorância resta mentiras!
Da virtude, conhecimento!
QUADRAGÉSIMO TERCEIRO HEXÁSTICO
Assenhora-te do espelho
Refletor de todos os caos
Ainda para ti irrevelados
Debulha-te duplo narcísico
Toda estética será falsa
Se nela faltar toda essência
QUADRAGÉSIMO SEXTO HEXÁSTICO
Representar-se poema é:
saber-se duplo na imanência
observador e objeto em essência
sujeito na extensão do poema
criador e criatura em si mesmo
único sujeito em potência
QUADRAGÉSIMO SÉTIMO HEXÁSTICO
Deixa-te voejar sobre o caos
há nele visível beleza
toda representação há
seja sagrada ou profana
não o olhes com tua indiferença:
caos requer visibilidade
QUADRAGÉSIMO OITAVO HEXÁSTICO
Olhar-se profano no caos
saber-se da vida princípio
sugere ao poeta o universal:
ser agora transvalorado
senhor do totem sagrado
livre do veneno moral
QUINQUAGÉSIMO HEXÁSTICO
Há um rio que me navega sempre
na profundeza há águas claras
lâmina cortante na face
lá onde não existe luz
translúcido me gero calmo
aqui onde tudo reluz: guerra
QUADRAGÉSIMO QUINTO HEXÁSTICO
Toda imanência recrudesce
ao sentir a vida em potência
caos sagrado e profano nasce
no Sujeito-poema acontece
faz-se desejo de existência
no eterno retorno da mente
AUTORRETORNO
Eis um póstumo chegando aos esgotos do paraíso para viver sua eternidade!
“Recevez en retour cet être qui est votre création.” – assim falei para um barbudo
sisudo sentado sobre uma nuvem de merdas…
Claro! Descarreguei minha raiva porque não queria estar ali
naquela situação idiotizada, diante duma besta que me pretendia julgar
pelos feitos – bons e maus – duma vida que só queria que fosse minha.
O canalha divinizado ouviu-me impassível como se Deus fora!
Olhou-me e descarregou uma gargalhada celestial – mas demoníaca!
Pasmo fiquei diante daquela insanidade divinal, de miserável sabedoria.
Afinal, quem pensara ele fosse para me dar – a mim – aquele tratamento!?
Porventura, não sabia aquele idiota – que tudo sabe! – ser-me um poeta!?
Imaginei-me estar diante do meu outro Demiurgo – tão criador!… tão criatura!…
E logo percebi que aquele demônio era pura e tão somente uma ilusão!
Merda suculenta nos esgotos das veias da Hybris de nossas criaturas.
TRIGÉSIMO QUARTO HEXÁSTICO
silencia o choro do espírito
todo lamento gera treva
tuas sombras não são realidades
são ilusões da mediocridade
geradas pelo te’universo
prenhe de tua sabedoria
TRIGÉSIMA QUINTO HEXÁSTICO
ouve a nostalgia do paraiso
ela é prenhe de imagens puras
nela haverá mil sorrisos
nenhum deles será concreto
nenhum imaginador puro
todos capazes no escuro
TRIGÉSIMO SEXTO HEXÁSTICO
vê… rosas multicoloridas
estão novamente nascendo!
todas as praças estão sorrindo
há nova esperança surgindo
em cada jardim florescendo
cada pétala é liberdade
TRIGÉSIMO SÉTIMO HEXÁSTICO
Resgata teus mitos e símbolos
traze-os ao limiar da consciência
a imagem é tua plenitude
resgat’a dimensão existencial
perdida nos vales modernos
serás pois espelho de deus
TRIGÉSIMO OITAVO HEXÁSTICO
Queira pois o Tempo e o Sem-Tempo
“Ksana” é momento favorável
hierofania do ser sagrado
iluminação dos opostos
no espaço do contraditório
produz ser e sabedoria
TRIGÉSIMO NONO HEXÁSTICO
esquece da morte profana
transcende-te a ti tão somente
verás que do eterno retorno
tua ossatura será outro verbo
após livre da mundidade
toda vida é sabedoria
QUADRAGÉSIMO HEXÁSTICO
revela teu caráter ético
transmigrando do único “si”
e revela o “si” coletivo
verbo da ossatura do ser
que te fará sujeito númeno
nos campos trigais da existência
Amanheço assim como anoiteço
ciente da minha animalidade
senhor da natureza que quero dócil
deus encarnado na bestialidade
de guerras, fomes e miserabilidade
RASCUNHOS DAS COISAS
Pode se fazer rascunhos dos almejados jardins;
Das mais altas torres, as mais imponentes;
Dos livros de contos de fadas.
Dos gibis de super – heróis, dos favoritos;
Das novelas, das tramas e dramas.
Pode se fazer rascunhos das poesias;
Dos poemas, das estrofes e versos;
Das lindas canções e dos ritmos.
Pode se fazer rascunhos de muitas coisas...
Eu quero continuar a rascunhar,
Rascunhar as histórias de gente;
Das coisas, dos jeitos e defeitos...
Desde que sejam histórias de amor,
De finais felizes.
Escolher o que sentir mediante a uma traiçâo , ofensa , injustiça ou difamaçâo é complicado, mas sabermos como agir mediante ao que sentimos em relação a estes de corações vazios é uma virtude de quem coloca Deus a frente da situação. As pessoas que nos ferem são sempre aquelas que teve a nossa confiança nas mãos, são sempre aqueles que se fizeram de amigos, são sempre aqueles que um dia nos cobriu de afetos e teve a nossa total atenção. É por isto que dói tanto , é por isto que desequilibra o nosso coração . Neste vai e vem da vida, nestes desencontros de sentimentos bonitos e amor verdadeiro aprendi que quem da troco é comerciante, e que o nosso silêncio tem uma força maior do que qualquer palavra de afronta. As vezes precisamos engolir a seco certas coisas e nos continuarmos sem nos perdermos de nós mesmos e sabermos que a paz é a nossa cama, e estarmos bem é o nosso jeito mais sincero e honesto de revidar a quem quer seja. O que satisfaz o nosso ofensor é a nossa indignação , é a nossa ira, é a nossa raiva , é o prazer dele saber que nos atingiu , mas o que satisfaz a Deus é a nossa confiança n'Ele , e a nossa certeza de que quando Ele toma nossa causa por sua, d'Ele vem a resposta ... Aquieta-te.
Quem te apunhala pelas costas já te conheceu de frente , já teve o prazer de saber a sua força , já teve a decência de conhecer os seus sentimentos , já teve a felicidade de conviver com você e receber o seu respeito e o seu amor. Quem te apunhala pelas costas não tem a coragem de olhar nos seus olhos , porque bem sabe que o seu ato será sempre o ladrão da sua paz e a razão da sua dor."
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