Cecilia Meireles Criancas
MEDO DO NOVO
Acordo com medo, desaminado;
Medo do desconhecido, é um novo dia.
Acordo acanhado, e já não penso em nada;
Tem-se medo, se desconfia.
Mas é preciso coragem, não ser covarde;
Pense o que tiver de ser será, vou encarar;
O que vier, estava para vir ou criei?
Só não posso é abandonar-me..
Quer na vida, vigia!
Quer na cama, preguiça!
Quer no dia, sempre de manhã recomece...
Quer nos braços de quem se ama;
Devo sempre cuidar de mim...
A vida é minha.
Antes tarde
Que nunca...
Que o nunca
Seja pra morte,
Que o antes seja pra sorte.
Antes tarde
Que nunca...
Que o antes seja agora
Que o nunca seja o ontem.
Antes tarde
Que nunca...
Que o nunca pra se ser infeliz
Que o antes pra se estar bem.
Antes tarde
Que nunca...
Que o nunca seja pra tretas
Que o antes pra coisas certas.
Antes tarde
Que nunca...
Antes tarde as falas sinceras
Que nunca as amizades falsas.
Espero ter cumprido muitas das minhas missões, as quais a mais importante, ter marcado a muitos corações.
VIDA DE MENINO
O menino corre, brinca.
Brinca do que vem na cabeça...
Chuta, esmurra e emburra.
Chora...
O tempo não existe...
Só amanhece e anoitece;
O sol se vai e a lua aparece.
Sonha...
Pensa seu mundo, voa.
Vai pra bem longe;
A imaginação o leva distante;
Pra outro lado do mar...
No fim do mundo.
O menino sossega, dorme.
Sonha voando, mija na cama.
Sorrir aliviado no alto da ponte.
Acorda molhado, não se importa.
Amanhece, começa o dia,
Corre, pula, chuta...
A esmurrar o ar, chora, brinca.
Cansado espera a noite chegar.
Brinca...corre...sonha!
Quem tem cicatrizes
Sempre terá perguntas
Que por mais que anseia ter respostas
Tem também o medo de saber.
Quem tem cicatrizes
Tem também respostas
Que jamais quer externar.
Preferindo o silêncio
E o marejar das lágrimas.
Quem tem cicatrizes
Tem perguntas
Tem respostas
Tem saudades da sanidade
Da vida sem medo.
Em tudo na vida você pode cansar e dar fim, menos dar fim a vida. Porque a vida deve ser vivida naturalmente até o fim. Pode ser difícil para você, como é difícil para mim, mas vamos vencendo a cada dia, mesmo não sendo tão simples assim.
Ler e seguir a bíblia, o alcorão ou qualquer outro livro de religião sem amor no coração é tudo em vão.
A vida pode ser bela,
nos seus altos e baixos,
nos montes e vales.
Pois, uns dias são de glórias
e outros de mazelas.
A vida pode ser bela,
nos dias de paixões e devaneios,
e nas preocupações diversas;
Na prestação de contas à consciência,
nos acertos com Deus e o mundo
das loucuras e anseios.
A vida pode ser bela nos conflitos da alma,
nas coisas do coração
e nos questionamentos da razão.
No querer e do poder,
no dar e receber, do ter e no ceder.
A vida pode ser bela no novo amanhecer,
no sol a pino até o entardecer.
No contar dos dias,
o que é pedido, nada demais é exigido,
senão o saber viver.
A vida pode ser bela, se os passos no caminho
rumo ao desconhecido de cada dia,
se tiver a precisa cautela.
Estes passos requer a equidade,
Pois, produzem sons que ecoarão na eternidade,
ainda que se esteja pisando no solo
na breve caminhada pela terra.
ÚLTIMO SUSPIRO
Até o meu último suspiro em vida,
quero aprender a viver.
Quem sabe, não aprenderei sobre coisas que me faria viver,
pelo menos mais um dia?
Aprender e viver é uma ideia única.
Não se vive sem aprender,
e se deve aprender para bem viver.
Aprender a construir o destino,
destinar-se a viver bem.
Bem vividos os dias são bons.
Os dias são contados e corridos.
Segue-se vivendo e aprendendo...
Já que se morre aos poucos.
ALGEMAS
Eu mesmo, as vezes, crio as minhas algemas;
Quando creio em tudo que me dizem;
Quando interpreto tudo por ângulo único...
Quando olho as coisas de cima para baixo.
E escuto sem ouvir...
Minhas emoções me traem;
Quando digo coisas por dizer...
E faço por fazer.
A CRIANÇA INTERIOR
Ah, que criança atrevida!
Essa que mora dentro de mim.
Não se convida, ela vem...
Pelo menos uma vez no dia.
Ah, que criança mimada!
Essa que mora dentro de mim...
As vezes, prega-me peça bestas.
Fazendo-me chorar, mesmo sem querer.
Ah, que criança sapeca!
Essa que mora dentro de mim...
Apaixona-se, diz que ama.
E a culpa e minha?
Criança? Que onça!
Uma desculpa, por culpa?
De quem não cresceu...
Então, que brinque a criança!
Dor da alma, quem pode entender?
Quem sente ou já sentiu, pode até mensurar, mas verdade é que dor da alma cada um tem. É sentimento particular, peculiaridade do indivíduo SER. Dor da alma transcende a razão, faz chorar o espírito, afasta o amor, traz sensações do esquisito, coisas fora da compreensão.
Dor da alma, quem pode decifrar, qual seja o remédio, para esta extirpar.
Diz o ser em seus ouvidos metafísico sensorial, que sor da alma precede de um grande mal, o EU doentio, cheio de um vazio existencial.
Sorte dos que a alma dói e conseguem reverter, ser liberto à dor da alma, ter alegria de viver.
Um sorriso no rosto, um brilho no olhar.
Uma alma que chora, sem lágrimas derramar.
É chorar de tristeza, ou rir pra não chorar.
Os risos de alegria podem muito amenizar.
Viver todos os momentos, aproveitar os bons e rogar a Deus que os maus não se perpetuem.
