Cecilia Meireles Criancas

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Enigma do Amor

Às vezes, nas minhas incertezas
Nego-me por achar ignorante
Falar de algo tão relevante:
Falar de amor.

Diante de tantas coisas que dizem:
Nas histórias que contam...
Enrubesce-me a face.
Nas venturas de outros,
Parece só tem proezas e belezas,
Nos lábios dos que pabulam as suas histórias de amor.


Os amantes dizem que abrasa o coração.
Os sábios, que é uma armadilha para a alma.
Os homens aventureiros falam encontrar em qualquer lugar..
E as mulheres dizem que pode acabar.
Uma mãe amorosa diz: faz o coração arder.
Um pai defensor, confessa que na vida é um pesar;
Os avós apaixonados, dizem com os nascer dos netos:
O amor se multiplica...
Um tio encantado, tenta esclarecer o que sente, não explica.

Os Jovens confundem com a paixão.
Os aventureiros se perdem no prazer...
Os maduros, dizem ser a maior perda da vida,
Os fracos e insanos nos seus engodos
fazem encerrar no caixão
as suas história de amor.

Recuso-me a falar sobre o amor.
Às vezes, pensar e escrever sobre o amor,
Traz-me remorso:
Nunca se está satisfeito...
Não existe ninguém que ame perfeito.

A tragédia, frustração e decepção,
Parecem sempre acompanhar aquele que decidi amar.
Penso, desisto e sem querer recomeço.
É que se busca sempre, ainda que se esquive:
Alguém a quem se possa amar.

O nosso Amor

Acho que o nosso amor nasceu assim:
Eu te olhei e não liguei.
Sua voz me irritou...
Suas gargalhadas estrondosas e altas,
Fizeram-me te evitar.

Teu jeito de menina descabelada;
Teu jeito de andar moleque;
Tuas traquinagens sem limites;
Tua raiva de maruá...
Era para mim muita regatada.

Mas, porquê não deixei de te observar?
O tempo passou, você cresceu;
Para mim era a mesma:
A mesma que evitei.
Sempre observei.
Reprovei.

A mesma cara,
o mesmo cabelo,
as mesmas gargalhadas,
e as mesmas traquinagens.

Descobrir porque sempre te olhei:
Te amei desde de que a conheci;
Só não dei ouvido ao meu coração.
Você deu o troco, pondo meu coração à provas.
Não te esqueci.
Meu amor não morreu, apenas se escondeu.

Quero você, como na infância, por toda a vida.
Chega, chega de experiências com o nosso amor.
É verdade que este amor nunca vai morrer.
Eu te amo...

Eu já tive pressa, sempre em passos ligeiros, hoje sigo divagando, ao lado de amigos verdadeiros.

SEM NADA

Pernas bambas, frouxas;
Nó na garganta, esganado...
Coração apertado, falta de ar;
Engasgado com palavras.
Saudades de tudo, sem ter a falta de nada...
sabendo o significado da vida,
mas vivendo sem sentido;
Dono do destino...
E agora dono de nada.
Aos olhos do mundo, radiação.
E os dias são vazios...
Mil ideias na cabeça.
E nada que encanta a alma.
Amado, amando...
Ainda assim o vazio.
Cansado do caminho, do pé na estrada,
dos versos, das rimas.
Cansado da procura na vida...
Sem sentido válido.
A música que toca insistente,
e não embala, não marca os passos;
Nem fixa na mente, não diz nada.
Gente que grita, vende de tudo...
Nada que supre,
nada que mata a fome,
nem sacia a sede.
Um tudo que não é bastante.
O dinheiro não compra o que se procura, a felicidade...
Uma eterna busca, e às vezes, tateando se procura.

- MEDO DO MEDO

Todos os dias eu sigo um caminho.
Por trieiros novos e as vezes por calçadas velhas;
Enquanto ando percebo portas fechadas...
E janelas abertas... Sinto o cheiro do medo.

Vejo pessoas que me espiam...
Pessoas que olham para a rua
E parece que se escondem de tudo...
Outras vezes, parece que buscam inspiração para a vida.

Eu passo devagar, tento adivinhar o que sentem...
São prisioneiras de seus próprios medos?
Ou os seus medos são só do mundo?
Janelas que se abrem e fecham todos os dias;
Por trieiros novos e calçadas velhas.

Ando logo que o dia começa...
Também tenho meus medos;
Não é o medo do mundo.
Sinto o medo de me tornar prisioneiro dos meus medos.

SEM DESCULPAS

Ah, morte...
Não se acanhe sempre te esperei.
Não quero justificar...
Se é a hora?
Não quero desculpas para a causa.

Não é ruim, ter que morrer...
Acho difícil é não ter existido;
Ou existido sem ter vivido.

Meu medo, não é por partir.
Tenho medo da despedida;
Tenho medo da dor, dores fortes;
Minhas lágrimas ardem...
Medo de deixar os meus amores.

Ah, morte...
Chorei a vida inteira...
Pelas palmadas, perdas e amores.
Nunca me com acostumei com a vida;
Existi, vivi e amei...

Nunca deixei de sofrer...
Chorei as lembranças das perdas;
Chorei diante das bruscas mudanças...
Até chorei de alegria, a alegria também doía.

MULHER

Um mundo complexo,
Segredos e mistério sem intenção;
Um mundo desconhecido, à vista,
Um mundo surpreendente.

Decidindo ser feliz, cria os meios;
Se quer mudar a historia, virá a página;
Tem argumentos, se diz inocente, a culpa é de outro;
Encontrá-la como esposa é como procurar tesouro.

Depois de amá-la profundamente,
Perde-la é deprimente, tristeza.
Mulher é flor de laranjeira...

É dama da noite, perfumes e arranjos...
É lágrima de emoção, dor, saudades;
Usurpadora, dona de corações e invasora da alma.

OLHAR PELA VIDRAÇA

No olhar pela vidraça a minha visão embaça;
Dos outros enxergo somente as proezas.
Não atino as mazelas;
Coloco-me de costa a minha realidade
E a vida fica sem graça!

Pela vidraça há sempre uma ilusão lá fora
E o medo pelo lado de dentro.
Pela vidraça não ouço soluços,
Não percebo as lagrimas
E não escuto os lamentos.

Pela vidraça penso:
Que vida boa o vizinho tem?
É bem melhor que a minha...
Cria-se as ilusões, as fantasias.
Mas não se pode medir uma dor
Alojada no coração.

ASSIM É QUE É BOM

Comer apressado um churrasco mal passado;
Uma ideia entre amigos com vaquinha magra.
Pedaços contados, porções marcadas,
E atentamente vigiadas;
Assim é que é bom!

Levantar cedo, mesmo assim se está atrasado;
Vestir as roupas às avessas...
Na pressa se veste cuecas por cima das calças;
Calçar sapatos com pé para o mato;
Meias de cores diferentes, de pé trocado;
Assim é que é bom!

Vestir a calça apertada muito ligeiro:
Fechar o zíper na pele errada;
Perder mais tempo, pois é difícil a decisão,
E nem se tem a coragem de puxá-lo,
Nem para cima e nem para baixo.
Assim é que é bom!

Tomar café apressado que de tão quente fumaça,
Deixa o copo trincado;
Num gole só, se manda para dentro,
Pois, se está no limite do tempo,
Só ai se sente, que se fez a coisa errada,
Depois de se ter a língua queimada.
Assim é que é bom!

Pegar um trânsito engarrafado,
Chegar no serviço atrasado...
Encontrar o chefe na porta plantado,
Balançando o pé e a cabeça
E confirmando o que já se sabe.
Assim é que é bom!

Enfim, todo mundo passa por isso:
Não tem escolhidos;
Não se têm melhores...
Em situação de gafes, micos e embaraços.

A vida continua aos trancos e barrancos.
Num dia acontece de tudo,
N'outro não acontece nada.
Assim é a vida, é com a gente, é com o mundo.
Assim é que é bom!

sobrepujar e se sentir superior se somos todos água e poeira atômica milagrosamente aglomerada?

SEM RESPOSTA

Queria mesmo ter uma resposta pra tudo,
porém, percebi que não vale a pena.
Pois, nem sempre seria a resposta que eu mesmo queria.
Imagine, se agradaria a outros.

Trago no peito a saudade, as boas lembranças da tenra idade.
Levo comigo as recordações, da infância onde não importavam as razões.

A preciosidade do tempo é tao grande e não damos a devida importância para aproveitar cada pessoa que participa da história de nossas vidas. Tempo não é dinheiro, mas tesouro que se esvaece no decorrer de nossas vidas.

O escândalo e a má reputação não causam dores, mas a dor de uma frustração pode causar a morte.

Um dia as coisas mais simples e insignificantes que se faz hoje, serão os desejos ardentes de amanhã.

A DOR POR AMAR

Se nunca percebeu que amar dói...
Então nunca amou alguém de verdade;
Se a ausência do amado não te traz
uma certa inquietação, uma eterna espera,
não é relevante o teu sentimento.
Se saudades não sente...
Um vazio no teu peito não arde?
então não digas juras de amor.

Se não amas com medo da dor,
se arrasta-te nas margens vida,
vegetas e já não vives...
E jura que os teus dias não tem cores,
e sua vida é vazia por amar:
Pois, ainda que sinta dores por amar:
Amar vale a pena.

Se fugires da dor, se foges de amar...
É desistir de viver;
Pois no fim se descobre que
amar é indispensável à vida;
Pode-se fugir, esconder-se...
Inventar-se mil desculpas,
mas sem sofrer a dor por amar a vida não tem graça.

AMAR É O QUE IMPORTA

Não importa a flor, que trazes;
Não importa a cor da flor, se é vermelha;
Não importa o valor, se foi caro...
O que importa então?
Amar!

Não importa a mensagens que declaras;
Não importa o conteúdo do bilhete que escreve;
Não importa o desenho de coração no cabeçalho e rodapé;
Não importa o perfume destilado no papel.
O que importa então?
Amar!

Não importa as loucuras de amor que fazes;
Não importa os sacrifícios convenientes;
Não importa as tuas juras inerentes;
Não importa se estás de joelhos no chão;
O que importa então?
Amar!

Não importa imitar os contos de fadas;
Não importa simular a vida toda num dia;
Não importa ir morar num palácio;
Não importa viver de fantasia;
O que importa então?
Amar!

POLITICAGEM

O cúmulo da hipocrisia é se valer da desgraça de uma pessoa, para denunciar suposta negligência de outra e daí tirar o status de bondade, de humanista.

Divergir de opinião não é sinônimo de inimizade. Fingir quando não concorda é sutil falsidade.

Quero chegar a um nível
De ouvir com os olhos,
De ver com os ouvidos
De perceber com o coração,
De sentir com a razão,
Porque nem tudo que se ver,
Nem tudo que se ouve,
E nem tudo que se sente é...
Quero viver na razão,
Na minha razão de viver.