Camelos e Beija Flores Rubem Alves
Meu quarto, minha vida, meu coração, tá tudo bagunçado. Os sentimentos desorganizados, as emoções uma desordem, o amor atrapalhado, as sensações confusas, o coração um caos. Tá uma baderna, um tumulto, uma rebelião, um conflito. Tá uma agitação, um alvoroço, uma incerteza, uma pertubação. Tá tudo desarrumado, desentendido, desalinhado. A única certeza que eu tenho é que o amor é uma arte e nem todo mundo é artista. Há certas coisas que a gente não pode fazer nada, só aceitar que nem tudo é como a gente quer e muito menos como a gente espera. E seguir em frente e só. É a vida.
Os problemas do Sertão todos nós já estamos acostumados a enfrentar, já não nos assustam mais. O que mais dói é perceber que esses problemas ainda persistem, se renovam e se fortalecem, mesmo com a modernidade de nossos tempos atuais.
Muitos sonhos, aos olhos de outras pessoas, parecem loucuras. Mas só quem vive um sonho é capaz de entender o significado de sonhar. Cada um sabe a necessidade e a responsabilidade que carrega dentro de si. Às vezes é preciso desistir, abandonar, renunciar certos tipos de coisas e pessoas para encontrar o que realmente desejamos. Às vezes também é preciso voltar depois de uma longa caminhada para encontrarmos o que realmente desejamos e queremos. Não se desanime quando perceber que pegou o caminho errado, mesmo que já tenha trilhado quase o percurso inteiro.
Agosto chega sem anúncio,
com os olhos fundos de quem andou muito
e o silêncio de quem cansou de esperar.
Traz o pó da estrada nos ombros
e o vento seco que varre as certezas.
Não promete primavera,
mas também não carrega mais o peso do inverno.
É um intervalo estranho entre a dúvida e a decisão.
Entre o que não foi e o que ainda pode ser.
Os dias se arrastam lentos,
como quem procura no calendário
um motivo pra continuar.
Enquanto isso, no sertão,
a terra racha,
mas os ipês florescem como milagres amarelos.
Porque a esperança, às vezes,
é uma flor que nasce no impossível.
E então a pergunta:
— Que vida você vive: a gosto ou a contragosto?
É o mês dos que pensam em desistir,
mas ainda esperam um sinal.
É o tempo dos que choram calados,
dos que ainda seguram o mundo no peito,
mesmo cansados, mesmo em silêncio.
E fica na boca aquele gosto —
um gosto que ninguém sabe se é de fim ou de recomeço.
Mas é agosto.
E agosto nunca passa em branco,
só passa… a gosto.
Qual a bolha que você alimenta?
Você é aquilo que consome.
Pelo menos é isso que tentam te fazer acreditar.
Vivemos cercados de influências:
as notícias que a gente ouve,
os livros que a gente lê,
os vídeos que a gente assiste,
as redes que a gente segue,
as bolhas que a gente alimenta...
Tudo isso molda. Tudo isso influencia.
Às vezes liberta.
Às vezes aprisiona.
Por isso, questione.
Qual bolha você está alimentando?
Experimente sair dela.
Ouça outras vozes.
Veja outros pontos de vista.
Leia outros autores.
Leia Charles Bukowski, Jean-Paul Sartre, Friedrich Nietzsche, Winston Churchill, George Orwell, Simone de Beauvoir, Fiódor Dostoiévski, Hannah Arendt, Rubem Alves, Darcy Ribeiro...
Gente da esquerda, da direita, do meio.
Não para você concordar.
Mas para pensar.
Porque quem só ouve o que confirma o que já acredita,
não forma opinião — repete discurso.
O país virou um teatro de tragédias repetidas.
Polêmica atrás de polêmica.
Como se o Brasil não tivesse outros problemas.
Como se não houvesse fome, desemprego, saúde falida, educação esquecida.
Mas não. Tudo gira em torno dos mesmos nomes, dos mesmos egos, dos mesmos conflitos de sempre.
Senti saudade do que nunca existiu.
Beijei bocas que sabiam seu sabor.
Num entardecer calado, fui canção sem ouvinte.
Era amor, mas era ausência — e eu provei.
O vento trouxe teu nome, mas não tua voz.
E a tarde morreu com um verso engasgado.
O Congresso virou palco.
O governo, bastidor de vaidades.
E o STF, um camarim de deuses cansados de serem contrariados.
Cansamos. Não aguentamos mais isso.
O país está parado.
A vida real estagnada.
E a política, em transe narcisista.
Enquanto eles vendem sonhos prontos,
você tem algo que ninguém mais tem:
o seu tempo.
O seu compasso.
A sua verdade.
E isso, meu amigo…
não tem curso que ensine.
Siga os seus passos.
Respeite suas pausas.
Se espelhe em você mesmo.
Porque só você sabe o que viveu,
o que doeu,
o que te fez parar —
e o que vai te fazer continuar.
No fundo, a razão de tudo
é não ter razão de nada
É como escolher entre o facão e a inchada
Se a ferramenta é outra para que escolher as mesmas respostas?
Filosofia, meu fí, é coisa de bacana, dúvida que nunca se engana
Pergunta que o universo emana
Não importa se é leite ou cana
Tomar as dores do tempo
E pendurar lá em torno
No meio do céu
Infâmia é destino mal consturado
Viver é descontar as labutas do tempo
É estar em contentamento
Apesar dos pesares
Porque no Brasil de hoje, não importa quem grita mais alto.
No fim, quem sempre paga o preço é quem nem foi chamado pra briga.
Você não precisa ficar milionário aos 18.
Nem ter uma startup aos 20.
Não precisa comprar curso de autoajuda, nem desbloqueio de mente,
nem “mapa do sucesso”,
nem ser o próximo gênio da internet.
Não precisa se espelhar em influenciador nenhum —
principalmente nesses que vendem fórmulas mágicas
enquanto a vida deles é só um palco cheio de truques baratos.
Porque é disso que se alimenta o novo mercado:
da sua pressa,
da sua dor,
da sua comparação com o outro,
do seu medo de não ser ninguém.
Hoje em dia existe curso pra tudo.
Pra ficar rico em sete dias.
Pra acertar na Mega-Sena.
Pra virar guru em três cliques.
Pra curar o que só o tempo cura.
Pra destravar o que nunca esteve travado.
É só digitar a palavra certa — e pronto:
tem sempre um “especialista” pronto pra te vender a solução
de um problema que nem é seu —
mas que agora virou.
Porque ele sabe como cutucar a sua ferida.
E aí você se culpa.
Se acha fracassado porque ainda não tem um carro do ano.
Porque não viajou pra Dubai.
Porque não largou tudo pra viver de renda.
Mentira.
Tudo isso é mentira — vendida como estilo de vida.
Você não perdeu tempo.
Você não perdeu oportunidade.
Você só viveu — no seu tempo.
E a vida está apenas começando.
Outras portas virão.
Outras ideias.
Outros caminhos.
E todos eles podem ser seus,
desde que você caminhe sem pressa de chegar.
Não se martirize por causa das pressões do mundo moderno.
Não deixe que a ansiedade vire sua bússola.
Não se compare.
Não se afunde no palco dos outros.
Siga os seus passos.
Respeite suas pausas.
Se espelhe em você mesmo.
Porque só você sabe o que viveu,
o que doeu,
o que te fez parar —
e o que vai te fazer continuar.
Enquanto eles vendem sonhos prontos,
você tem algo que ninguém mais tem:
o seu tempo.
O seu compasso.
A sua verdade.
E isso, meu amigo…
não tem curso que ensine.
Há coisas que só o tempo é capaz de colocar no lugar.
Nem o grito resolve,
nem o silêncio cura.
O tempo, esse velho artista invisível, molda, alinha, apaga, ensina.
