Kim Mc Milen
Não existe ação no passado, apenas lembranças. No futuro, há apenas suposições. O único momento real é o agora, onde escolhas são feitas e caminhos são traçados. Quem se prende ao que já foi ou espera pelo que virá perde a única chance concreta de transformar a própria realidade: o presente.
Imagine que alguém te ofereça uma ilha paradisíaca. Clima perfeito, praias de águas cristalinas, comida abundante, tudo planejado para o teu conforto. Não há preocupações, não há riscos, apenas tranquilidade. No início, pode parecer a realização de um sonho. Você caminha livremente pela ilha, aproveita cada detalhe, sente-se dono do próprio mundo.
Mas então, um detalhe. Pequeno, quase insignificante: não há saída. A ilha é só sua, mas não há barcos, pontes ou qualquer meio de ir embora. Dizem que você tem tudo ali, então por que sairia? No entanto, algo muda no instante em que percebes que tua presença não é uma escolha, mas uma condição imposta. O espaço se mantém o mesmo, os recursos continuam disponíveis, mas agora tudo parece diferente. O que antes era abundância torna-se sufocante, porque deixou de ser opção e passou a ser destino.
A questão não está no luxo ou na escassez, mas na ausência da possibilidade de escolha. A privação da liberdade não começa na falta de movimento, mas na consciência de que o movimento não é mais uma alternativa. Quanto mais confortável o confinamento, mais angustiante ele se torna, porque o que falta não é algo que se possa substituir por ouro ou paisagens bonitas. É um espaço invisível, mas essencial: a possibilidade de sair, mesmo que nunca se deseje fazê-lo.
Sonho Distante
Nosso sonho é uma verdade tão distante de alcançar. Eu te amo e a saudade insiste em me fazer chorar. A cada dia que se acaba, eu choro e ouço uma canção. O tempo vai passando e não apaga você do meu coração!
Sentado na calçada, penso, olhando triste para o céu, então transfiro o sentimento de amor para um papel. Já cabisbaixo, levo ao rosto em desespero as duas mãos .e Alguém que simplesmente vai passando percebe a situação. Por coincidência, é um amigo que tenta me reanimar e diz: “Eu já passei por isso. Não deixe tudo se acabar. Pois, garoto do meu passado, como você também amei.”
E no final da tarde como este, nesta calçada eu chorei. Neste momento, ele me abraçou, disse para não ficar assim, deu um tapinha nas costas e um sorriso. E depois, nunca mais o vi.
Com isso, os anos se passaram. Já encontrei forças para viver. Mesmo te amando, eu resisto, amor. Há mais um dia sem você. E neste novo fim de tarde, consolo o meu coração. Hoje, sentado na mesma calçada, escrevi esta canção.
