Quintana Amar

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Quando um amigo morre, uma coisa não lhe perdoamos: como nos deixou assim sem mais nem menos, assim no ar, em meio de algo que lhe queríamos dizer ou – pior ainda – em meio do silêncio a dois no bar costumeiro? Que outros hábitos, que outras relações terá ele arranjado? Que novas aventuras ou desventuras de que não nos conta nada?

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

A lua quando fica velha, todo mundo sabe que vira nova.

AMIGOS


tenho " amigos " que parece que têm medo de mim!... tenho a impressão que se estão a afastar cada vez mais de mim!... mas podem ficar descansados, não tenham medo, podem conviver eu não faço mal, não morde nem tenho nenhuma doença contagiosa!!! acreditem... mas tudo bem... comam, bebam, brinquem hà vontade, que quando precisarem , eu cá estou...Sempre!!... é que afinal eu sou vosso amigo, se é que ainda não repararam..

Um leão ferido ainda tem vontade de rugir.

Só as amadas mortas amam eternamente.

Coisas

Uma rãzinha verde no gris da manhã...
Um sorriso na face de um ceguinho...
Uma nota aguda como uma pergunta de criança...
Um cheiro agradecido de terra molhada...
Um olhar que nos enche subitamente de azul...

Desconfia da tristeza de certos poetas. É uma tristeza profissional e tão suspeita como a exuberante alegria das coristas.

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Dos elefantes
O único defeito dos elefantes é não serem portáteis.

( in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.)

A vida é nova e anda nua vestida apenas com o teu desejo!

O homem – eternamente escravo de suas paixões pessoais – é absolutamente incapaz de imparcialidade.

O fantasma é um exibicionista póstumo.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

A amizade ė um amor que nunca more.

Sonhar e acorda-se para dentro

Não corra atras das borboletas,tenha seu proprio Jardim

Datilografia: escrita por batuque.

Se tiver de me esquecer, me esqueça. Mas bem devagarzinho.

O vento vinha ventando
Pelas cortinas de tule.
As mãos da menina morta
Estão varadas de luz.
No colo, juntos, refulgem
Coração, âncora e cruz,
Nunca a água foi tão pura...
Quem a teria abençoado?
Nunca o pão de cada dia
Teve um gosto mais sagrado.
E o vento vinha ventando
Pelas cortinas de tule...
Menos um lugar na mesa
Mais um nome na oração.
Da que consigo levara.
Cruz, âncora e coração
(E o vento vinha ventando...)
Daquela de cujas penas
Só os anjos saberão !

Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão somente dos espelhos. A coisa em si, nunca: a coisa em ti.

(in: Caderno H, 1973.)

Triste mastigação
As reflexões dos velhos são amargas como azeitonas.

(in: Sapato Florido, 1948.)

O lampião
A janelinha de acetilene do lampião da esquina tinha uma luz que não era a do dia nem a da noite... a mesma luz que banhava as pessoas, animais e coisas que a gente via em sonhos... aquela mesma luz que deveria enluarar, mais tarde, as janelas altas do outro mundo...

( in: Sapato Florido, 1948.)