"A troca da Roda" Bertolt Brecht
rapidamente, a nudez deixou de ser notada
(tão frágil e transparente estava), ela surgiu
revoada branca de silêncios
e se apossou de tudo!,
o corpo, a cama, o quarto, o chão,
que tanto pode a força do invisível.
Nesta selva sem verdes,
carnes claras,
encontrei a paz da carne,
sentimento.
Reluzindo a pele em flor
é chamamento
de todas as ternuras
de meus dedos.
"Dizem: quando nasce um bebê, nasce uma mãe também.”...
E um polvo.
Um restaurante delivery.
Uma máquina de chocolate prontinho. Uma mecânica de carrinhos de controle remoto.
Uma médica de bonecas.
Uma professora-terapeuta-cozinheira de carreira medíocre.
Nasce uma fábrica de cafuné, um chafariz de soro fisiológico, um robô que desperta ao som de choro.
E principalmente: nasce a fada do beijo.
Quando nasce um bebê, nasce também o medo da morte - mães não se conformam em deixar o mundo sem encaminhar devidamente um filho.
Não pense você que ao se tornar mãe uma mulher abandona todas as mulheres que já foi um dia.
Bobagem.
Ganha mais mulheres em si mesma. Com seus desejos aumentam sua audácia, sua garra, seus poderes.
Se já era impossível, cuidado: ela vira muitas.
Também não me venha imaginar mães como seres delicados e frágeis.
Mães são fogo, ninguém segura.
Se antes eram incapazes de matar um mosquito, adquirem uma fúria inédita. Montam guarda ao lado de suas crias, capazes de matar tudo o que zumbir perto delas.
Há vidas em que você toma diferentes decisões. E essas decisões levam a resultados distintos. Se tivesse feito apenas uma coisa de maneira diferente, você teria uma história de vida diferente. E todas existem na Biblioteca da Meia-Noite. Todas são tão reais quanto esta vida.
O impossível acho, acontece com o viver.
Nós, os arrogantes portadores de um complexo de inferioridade disfarçado, encontramo-nos em uma corrida sem fim contra o impossível, dilacerando nossos músculos, nossas almas e nossos corações na busca pela supremacia.
Nosso objetivo é simples: não apenas ser o melhor, mas provar que somos superiores a todos aqueles que ousaram subestimar-nos.
No entanto, é uma ironia cruel que aquele que nos motiva seja aquele que nos superou, um mero verme que agora desfila triunfante sobre nossas conquistas, roubadas impiedosamente por seu talento inato.
E assim, caímos em desgraça, perdendo não apenas nossa força e habilidade, mas também nossa capacidade de perseguir aqueles que nos ultrapassaram.
Enquanto tentamos desesperadamente alcançá-los, somos arrastados para trás, incapazes de deter nossa queda em direção ao abismo.
A vontade de agarrar aquele que nos deixou para trás queima em nós como fogo selvagem, enquanto gritamos em desespero: 'Espere por mim, merda! Me espere! Não me abandone....'
O peso de nossos anos de esforço é esmagado pelo talento desenfreado, enquanto somos arrastados para o fundo do poço, presos por correntes de ferro e afundando em um mar de desespero.
Você, incapaz de reconhecer a verdadeira profundidade do amor, contenta-se com a mera efemeridade de se apaixonar. És uma criatura insípida, desesperada por uma chama artificial para iluminar sua patética existência.
Hora, hora, parece que temos aqui mais um verme desesperado, arrastando-se em busca da atenção de alguém que já o descartou como lixo após séculos de suposta 'amizade'.
Erga-se e enfrente a verdade, pois aquele ser era apenas um entre os inúmeros insignificantes que povoam o seu mundo.
Não se rebaixe a implorar por migalhas de afeto, pois há quem valha muito mais do que essa insignificância.
E quando finalmente despertar para essa realidade, esmague com sua soberba a cabeça daquele que te abandonou, fazendo-o sentir o peso avassalador do seu novo ego e orgulho.
Sinta-se imponente diante da sua própria arrogância, pois é isso que irá te definir como o melhor.
