Jean la bruyère

Ter um espírito aberto não é tê-lo escancarado a todas as tolices.

Quão facilmente o amor acredita em tudo o que deseja!

A poesia é uma religião sem esperança.

A humanidade não é um estado a que se ascenda. É uma dignidade que se conquista.

Em arte a beleza é muitas vezes o feio mitigado.

Ser adulto é estar sozinho.

Quanto mais gosto de quem ofende, mais sinto a ofensa.

Ao sair de certas bocas, a própria verdade pode ter mau cheiro.

O corpo é um parasita da alma.

A intenção de um pecado revela-se por uma prudência exagerada.

A calúnia é um fogo devorador que consome tudo em que toca e que enegrece o que não pode consumir.

Quando uma obra parece avançada para a sua época, é simplesmente porque a sua época está atrasada em relação a ela.

O que é necessário jamais é ridículo.

A raça que acredita nos chefes sempre me pareceu a mais estúpida de todas as espécies humanas.

O vício, tal como a virtude, cresce em passos pequenos.

Amar alguém de idade é embrenharmo-nos profundamente na sua companhia, num caminho de que teremos de regressar sozinhos, no escuro.

Tenho um amigo obeso que não suportaria viajar em terceira classe de Paris a Ruão, e que vai, naquele corpo de quarta classe, do nascimento à morte.

Amarmo-nos é lutar constantemente contra milhares de forças ocultas que brotam de nós mesmos ou do mundo.

Antes de sonhar é preciso saber.

Mata-se um homem, é-se um assassino. Matam-se milhões de homens, é-se um conquistador. Mata-se a todos, é-se um Deus.