Briga com uma Amiga

O assunto de uma obra é ao que se reduz uma obra ruim.

Toda a gente forceja por criar uma atmosfera que a arranque à vida e à morte. O sonho e a dor revestem-se de pedra, a vida consciente é grotesca, a outra está assolapada. Remoem hoje, amanhã, sempre, as mesmas palavras vulgares, para não pronunciarem as palavras definitivas. E, como a existência é monótona, o tempo chega para tudo, o tempo dura séculos.

Os jornais excitam sempre a curiosidade. Ninguém larga nenhum jornal sem uma sensação de desapontamento.

Uma cai -
Duas caem -
Ah, camélias!

É uma estranha empresa, essa de fazer rir as pessoas de bem.

Há homens, há uma mulher.

A quantidade não é uma ideia. Mas que ela comeu esta, é.

Mais vale perder uma província que dividir as forças com as quais se espera a vitória.

Uma mulher que se casa com uma jovem por dinheiro rebaixa a si mesma a categoria de concubina.

A miséria também é uma herança.

A fé que não age será uma fé sincera.

Reino das saúvas:
num palácio escuro
mora uma rainha.

Quanto mais difícil, penosa e dura é uma coisa, tanto mais se obstinam os homens, tanto mais a querem.

O pensamento, apesar de tudo, é uma esterilização. Não há perigo de que ele venha, algum dia, a triunfar sobre a natureza, que é a vida.

A banalidade é uma obra terrível dos nossos olhos.

Uma monstruosa aberração faz com que os homens acreditem que a linguagem nasceu para facilitar as suas relações mútuas.

A beleza é uma luz divina, um raio celestial que diviniza os próprios objectos em que fulge.

Se te é indiferente matar uma criança ou uma mosca, podes dizer com verdade que estão mortos todos os valores. Mas nesse caso e em coerência com essa verdade, deve ser-te indiferente continuares livre ou seres preso. Ou enforcado.

Uma porta é uma faca: ela divide o mundo em duas partes.

A ação é a negação de todas as possibilidades, menos de uma.