Boas Escritoras

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As más línguas falam mal, as boas causam orgasmos!

⁠Meu amor, eu sei que demônios já foram anjos
Você foi como um diabo falando no meu ouvido, e até hoje eu não acredito que acreditei em tudo aquilo
São incríveis as máscaras, como podem ser feitas do mesmo material da verdade
como eu odeio o julgamento da sociedade
Toda vez que eu dizia que te amava, afirmava que me odiava
como poderia eu
amar alguém que me fizesse sentir tudo, menos eu mesma?
Como é difícil acordar na melhor parte do sonho, como é difícil acordar antes de dormir o suficiente para que ele vire um pesadelo.

⁠Então ja era segunda

E segunda se tornou em sexta

E sexta já era domingo, finalmente

Segunda novamente

E derrepente já era sábado
E o tempo ia
E retrocedia

E eu ficava parada
No meio do tempo
E o espaço
Indo e voltando.

quero uma primavera de luzes dentro de mim.
os olhos dos amigos são os botões do meu jardim.
transitam almas sem cessar.
não consigo ficar sempre no mesmo lugar.

Inserida por cris_rangel

quero uma primavera de luzes dentro de mim.
os olhos dos amigos são os botões do meu jardim.
transitam almas sem cessar.
não consigo ficar sempre no mesmo lugar.

Inserida por cris_rangel

o sol lá fora
eu aqui dentro
a música toca sem parar
você lá fora
o sol aqui dentro
a música começa a tomar
conta no invento
a música lá fora
você aqui dentro
a letra se canta só

Inserida por cris_rangel

se eu amo
sem condições
a vida sorri
sem medições
e sigo plena
apenas
sem ser preciso
agarrar
o que não foge
o que me move
permaneço
e contemplo os olhos
que vão e voltam
e me devotam
toda esta calma
que sabe a hora
se quiser ficar
sentar-se-á
mirando junto
o mais profundo
saber estar

Inserida por cris_rangel

Não se escrevem livros sendo feliz demais. Porque quando estamos felizes (demais) não temos nem tempo para escrever. Claro que se escrevem livros estando felizes também, ou na normalidade do cotidiano sem qualquer classificação de estado. Porém, os estados emocionais são impulsos e inspirações. Cabe a cada um então o que fazer com o que sente e o que a vida lhe dá, e escritores fazem isso, transformam tudo em uma versão poética, e transformam; logo constroem. (08/02/2018)

Inserida por larissasardagna

Outono

Chegaste ao outono
Da vida.
Na primavera me mostraste
Os campos de
Teu perfume.
Abandonaste-me no inverno
E meu coração
Congelou.

Restou o mapa de sua nação
De nossas intenções
Tatuado
Maculado em meus seios.

Hoje sou lagarta
Sem verão
À procura de seu coração

Para
Fazer
Transformação.

Chegaste ao outono da vida
Mostraste-me a primavera
Nos campos de teu perfume
Abandonaste no inverno de incertezas

Meu coração, este inverno.
Inferno congelado
Não acha o verão.

Chegaste ao outono da vida
Mostraste-me
Na primavera
Os campos de seu perfume
Um território que eu desconhecia.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Adverso

Em cada verso
Em cada verso
Que escrevo
Você existe

Em cada página
Que viro
Você permanece

Em cada lágrima
Que corre
Você escorre

Em cada sopro
Do vento
Que bate em
Meu rosto
Você se reinventa e
Reescreve

Em cada vírgula
Que para, pausa
Você resiste

Em cada dia
Que apaga
Você afaga em
Lembranças

Em cada soluço
Que tropeço
Você navega
Nas lágrimas

Em cada palavra
Que escrevo
Você finge e corre

Em cada rima
Que descrevo
Você é o fim

Em cada final
Que você existe
Eu fico
Feliz

Escorre
Delicadamente
Em cada dia que amanhece
Assim
Eu adereço
O seu jeito de ser

Em cada tempero
Que eu verso
Você compõe

Em cada perfume
Em que fico
Você se banha

E o passado
Permanece
Inalterável
Como presença

Peço ao tempo imperar
Transmutação
Até virar
Dia pó

Areia
Pós dia
Poeira
Sujeira

De um verso
Do avesso
Exausto
De ser
Execrável
Cafajeste
De rimar
Ordinário

Em cada tormento
Que me afronta
Eu escrevo
Rimo
Componho
Crucificação com
Libertação
Alforriado
Em paz

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Vazio

Não há nada
Somente vazio
Um copo sem fundo
Um corpo que quer vida

Não há verbos
Para decifrar
A cegueira
De nossos movimentos

Não há dicionário
Para encapar
Os meus,
O seu,
Os nossos
Sentimentos

Não há energia
Nem transcendência do viver

Não há nada
No olhar
Não sobrou coisa nenhuma

Mas há
Você navegando
Em mim.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Frio

Frio
Adivinha minha alma
Percorra
Sinta
Perceba
A saudade

Frio
Fale
Amargue
Congele
Apague
Tudo

Frio
Endureça
A minha vontade
Congele
Meus dedos
Vire pedra
Para que
Eu nunca
Atire no destino

A quem interessar
Congelou
Minha alma

Frio
Abrace-me
Necrose
Apodreça
Para que nada aconteça

Frio
Não me leve
Não me enterre
Não me deixe

Quero
Arrepiar
Não só de frio
Mas de
Clamor
De um frio absoluto
De amar.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

De que lugar

Onde anda você?

Em que parágrafo você acorda?

Em que capítulo você se despe?

Com que asas você voa?

Em que céus devo te procurar?

Em que estação você floresce?

Em que águas devo te recolher?

Qual o recado que vai enviar?

Em que nuvem vai escrever.....

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

O Tapa

Ele pertencia a alguma tribo.
Havia nascido mirrado, moreno, gritava feito indomado e era de gênio irascível.
Donde surgiu isto?
Criatura tão imprevisível, veio ao mundo onde todos só desejavam o aprazível.
Ele era tenente, contente e soberbo, dono de si mesmo.
Era do mundo.
A mãe gritava,
Se irritava.
E ele não se alterava.
Até que um dia...
Sem data...
Sem tempo...
A paciência navegou e naufragou na violência, e a mãe deu um tapa na cara do herdeiro, vomitando sua raiva com raça, na face da criança que ela mesma gerou!
Mas... o pescoço dele virou e ficou assim errado, de
cara virada, nas costas, vendo o mundo afastado.
A mãe gritou e se apavorou e não houve ciência e cientista
que desvirasse o virado.
E ele se criou, num mundo onde ele próprio assistia às aulas de pescoço virado, nas costas.
Mas tirou vantagem!
A mãe tinha trabalho.
Tudo de costas, num mundo que só conta as horas prá frente.
Tinha bom ouvido, porque os olhos nos traem, o olfato nos engana e a verve nos veste de lama mas, ele ganhou na percepção.
O menino, agora homem, cresceu, se profissionalizou e arrasou em tudo.
Até nas conquistas!
Mas, de costas?
Sim de costas.
Como?
Foi assim: ela passou, ele de pescoço virado ignorou; ela se virou e piscou e ele se apaixonou!
Se casaram de data marcada, convite confirmado, com balada ensaiada e festa preparada.
Mas. como seria a entrada?
Ele de costas para a nave central, onde o padre ministrava os sacramentos?
Ela o amava e resolveu:
Vou entrar com ele de cara virada, de braço dado.
Ninguém perdeu!
A Igreja encheu.
Ela desceu do carro, frente aos curiosos,
Feliz!!!
No patamar, à porta, ele a esperava, de pescoço virado.
Ela na certeza de que o amava...
...o beijou... e o pescoço d’ele, desvirou.
O trauma estancou e ela mais se encantou!
E entraram assim:
Ela, elegante, e ele de pescoço desvirado, na grande mágica que o AMOR faz na vida.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Índice Poético

Meu Deus,
Me perdoe
Porque o vinho que bebi em dezenas
Me deu um tapa
E pela madrugada
Em metamorfose
Eu vi o corredor
E entrei nele de cabelos longos
E o dragão que habitava nele
Chamuscou meus fios
E eu
Em transformação
Fui à vidente
Para decifrar as linhas
E ela nada me disse
E virei vatapá
Mistura
E no compasso de tudo
Num vôo sem direção
Eu fiquei envidraçada
E a partir de um todo
A verdade
Se perdeu
Em uma história sem fim,
Dentro de uma taça
Onde escorre a vida
E tudo é
Refluxo
Do que vivemos.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Para Ana
Não leve
Os móveis que são tão herméticos
e não cabem dentro deles
Toda sua imaginação
Não leve
Os pratos e as louças tão frágeis!
Você é lutadora.
Não leve
Os anéis, tão vadios
Que vão dedos em dedos
Pois você é determinada.
Leve
As palavras, as lembranças,
as risadas
As presenças cheias de saudades
os conselhos
as críticas filtradas
Leve
Os desejos e os sonhos
que são suas pernas
e a realidade
de todos os dias
que formatam
toda sua existência.
Leve
As lembranças
A trança
de todos seus amigos
que foram plateia
de suas angústias
E te recolheram
quando a coreografia não estava no
compasso
e se calaram
Leve
O respeito
pela lágrima
que escorre
a qualquer hora
E pense:
Se tudo não aconteceu
conforme suas verdades
não são fracassos
São os anjos que desviaram
do seu caminho
aquilo que nunca poderia
viver e entender
Porque não existem fracassos
mas intervalos
para pensar
reestruturar
Mudar
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Agosto
Vou tomar um banho
Longo
Para espalhar seu cheiro
Vou sentar-me à janela
Mirar o mar
Amar os momentos que passamos
Vou beber um rosé
Leve
Embebedar-me da
Sua ausência
Vou cultivar cada frase
Reescrevê-las em
Minha memória
E perguntar-me qual
É a urgência
Vou resolver minha criatura
E nesta curva
Fazer uma declaração
A um fantasma.
Vou acabar flutuando
Sobre a noite
Curvar-me
Entre o beijo e o amanhecer
E neste breve espaço
Sem mistérios dizer
O quanto te amei.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠O Corredor
As tardes caíam cada vez mais longas, sem expectativa e numa falta de prosa desconcertante.
Já ia longe a guerra do silêncio entre o casal em sua primeira disputa. Era difícil aplacar a angústia do que ia acontecer, disfarçar a ansiedade da volta e representar que tudo vai bem ou ia bem.
A janela foi objeto do desejo de disputa.
Abre a janela, Ana, está um calor danado desse jeito não consigo dormir, o quarto está abafado isto só dá pesadelo. Ela retrucou:
Pesadelo são os morcegos que entram no quarto e ficam assombrando o meu sono. Passo a noite vigiando a janela, de sentinela, enquanto você se refresca e dorme. No outro dia fico exausta.
— Assim não dá, Ana você acende velas no oratório, fecha a janela e o quarto fica mais abafado do que igreja em dia de Semana Santa. Isto já virou tormenta na hora de dormir, perde até o gosto de se deitar. Suar na escuridão é triste.
— Gosto da janela cerrada, dá mais segurança...
Vou abrir, Ana. amanhã é dia de serviço, a esta hora ainda não peguei no sono... deixe a luz da lua molhar o seu corpo, soprar o cheiro da flor do pequizeiro a perfumar o quarto.
Empertigada, Ana levantou-se:
— Então fique aí com a lua, os morcegos e as formigas dos pequizeiros. Vou para o outro quarto.
— Você é quem decide, Ana.
No corredor, quando as tábuas estrilaram, já bateu arrependimento.
Ana mastigou o conselho da avó: “Nunca saia de sua cama a volta é mais difícil''.
E foi assim. Tião ficou no quarto do oratório, de cortinado, as melhores cobertas, com a luz da lua, de janela aberta. Ana penava no final do corredor em colchão de capim, suando de calor e medo, disputando espaço com as muriçocas. Toda noite planejava e ameaçava: vou lá no outro quarto; “Amanhã tiro o cortinado...” Mas clareava o dia e pensava: “Quem vai subir e pregar este peso nas alturas?"!
Não se conversou mais sobre o assunto. Os pequizeiros floresceram, cheiraram, derramaram seus frutos, caíram suas folhas e não conversou mais.
O inverno chegou, a janela cerrou e Ana emperrou no quarto do corredor. Tião apostava até quando?! Aqui neste sertão sozinhos era só esperar...
Agora quem deixava Ana de sentinela eram seus pensamentos, haja tijolo quente debaixo da cama para aquecer a solidão, além da trabalheira, dos dedos queimados, dos pés gelados a indecisão deixava o corredor da volta mais comprido.
Tião matutava: tinha que tomar atitude, Ana ia botar fogo na casa. Coitada! Moça da cidade não tinha costume da roça. Levantou-se, encheu-se de coragem, pegou a vela para atravessar o corredor. A cálida luz iluminou todo esplendor de Ana que de vela na mão também voltava ardendo de saudade.
Entreolharam-se e gungunaram:
— Oiiiii.
Cruzaram o corredor cada um em sentido contrário. Ana adentrou no quarto do oratório com cortinado e Tião no quarto do corredor com o colchão de capim. Sentou-se na cama desolado, contrariado, acanhado e deitou-se.
Palpitando de ansiedade Ana mal conseguiu sentar-se na cama: no instante sentiu o cheiro das roupas de Tião que exalavam da cama ainda quente o que disparou suas lembranças e encurtou o caminho da volta. Com as mãos e os pés frios da noite, com o coração ardendo de coragem, a chama da paixão iluminou o corredor e caminhou para junto de Tião.
No espaço exíguo da cama deitou-se com o coração apertado acomodando seu corpo ao de Tião. Ele entrelaçou sua cintura em sinal de reconhecimento. Ana com os pés gelados encostou seus pés ao dele para roubar seu calor. Ele a aqueceu e perguntou:
— Não estamos brigados, Ana?
Rindo afirmou:
— “Pés não brigam”.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Coisa Nenhuma

Quem roubou
Tua risada
Meu bem
Diga
Que vou buscá-la
Para cobrir
Sua boca
Quem tirou
Tua espontaneidade
E hoje fica nu, encolhido
Diga
Que vou buscar
Outra roupa
Quem tirou sua dança
Ficas parado
Feito estátua de sal
Diga
Qual é a música
Vou tocá-la
Para ti.
Diga
Por favor
Quem colocou
O mar dentro
De teus olhos
Mas sou eu
A praia
Venha para mim
Não se afogues
No pranto
Diga
Diga
Porque eu
Te amo
Quero levá-lo
Ao meio da pista
Nu como estás
Para dançarmos
E recomeçarmos
Com ritmo
Sem lhe roubar
Nada

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Não Cortem os Meus Cabelos
Thersila era linda, o conjunto fazia a graça da sua beleza e o que mais impressionava eram os seus cabelos, tão longos como as horas de nossas vidas.
Sua mãe dizia: “corte os cabelos, estão muito compridos! Fez promessa?" Mas, ela se calava e seus cabelos cresciam feito horas de espera: intermináveis. Cresceram... Cresceram... que para lavá-los ia até ao rio Corumbá, desatava as tranças o que levava horas, e deitava sua longa cabeleira no cascalho das águas do rio.
Neste instante, os cabelos encharcavam e tomavam o movimento das águas e mais pareciam galhos e gravetos esparramados pela chuva. Lavava, secava e perfumava seus fios e retornava à casa.
Sua mãe bradava: "Que é isso? Promessa?” E os seus cabelos ainda mais cresciam... cresciam tanto, que seu marido fez deles seu colchão e suas cobertas, apaixonado pelos longos fios sedosos e cheirosos.
Amanhecia emaranhado, que o prendia feito teias, para que não abandonasse o leito.
Conselhos não adiantavam: corte as pontas, da força!
E não entendiam. Thersila fez promessa? Todos ficavam impressionados com ela sentada na poltrona trançando os fios esparramados pelo chão.
Ela passava horas a fio a desembaraçar e ajeitar os fios na cama e cobrir seu amado, confiando no enlace da paixão.
Num dia de irritação, ele entrelaçado e embaraçado em seus fios, bradou e cortou os seus cabelos.
Thersila, nesse instante entristeceu, empalideceu e emudeceu.
Sentou-se num canto da sala, começou a tecer os fios cortados, como teias, num crochê complicado e os dependurava nas janelas, como cortinas.
Ele desesperado com a sua mudez, pediu:
— Fale Thersila, são seus cabelos que lhe fazem falta?
Ela então falou:
— Você cortou meus cabelos, junto deles a minha história. Agora teço com o que restou, teias, para que os fios não voem pela janela afora, como palavras perdidas de uma história de amor que levei anos e anos para contar e lhe ACONCHEGAR!
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury