unkindled_poet
Aos conhecidos
“É difícil existir...
Acordar e se reinventar a cada dia,
Vagar sem rumo,
Conhecer pessoas
E então conviver com elas.
Gostaria de ser esquecido
Pelo mundo,
Pelos amigos,
Pelos parentes
E conhecidos...
Deixem-me padecer sem a esperança
De que alguém comparecerá
Em meu momento de despedida.
Deixem-me acompanhar a solidão!
Então, aos conhecidos:
Quero ser tudo, senão nada
Quero ser nada, senão esquecido.
Esqueçam o nome,
Esqueçam as feições,
As risadas e até o sorriso.
Novamente, aos conhecidos,
Sei que vão descobrir,
Mas atentem-se ao aviso:
A existência pesa,
Apenas existir não basta sempre,
A consciência lhe crucifica
E, acima de tudo,
Saberem que existes lhe corrói.”
Efemeridade
"Queria que o amanhã chegasse,
Talvez, mais depressa do que ele chega. Queria que o mês passasse,
Talvez, mais depressa do que ele passa. Queria que o ano acabasse,
Talvez, mais depressa do que ele acaba. Queria...
Ah, quem me dera pudesse pensar em algo mais...
Algo que não fosse o amanhã!
Queria que a existência fosse efêmera,
Talvez, mais do que ela já é.
Se tudo acabasse mais depressa,
Não daria tempo de sofrer,
De ver os prédios desmoronar,
De ver o abismo da vida solitária,
De ter a esperança que em meu velório Encheria de amigos e pessoas queridas... Gostaria que a existência fosse uma efemeridade...
Uma efemeridade mais efêmera."
