Rosa Berg

Enquanto o mundo for gerido pelo dinheiro em lugar do amor, sempre acharemos consciências à venda no atacado ou no varejo.

Recomeços e novos tropeços, novos tropeços para novos recomeços. Assim é a vida.

Que dor é essa, que nunca tem pressa de ir embora?

O tempo me ensinou que podemos ruminar por algum tempo os nossos ressentimentos, depois precisamos cuspi-los fora.

Meu coração está fechado a explosões suicidas.

Dependendo da saudade, tudo fica horrível.

Não adianta se descabelar. Além do horizonte nunca saberemos o que vamos encontrar.

As damas também deitam na cama.

No sufoco? Passe um fax para Deus!

Se as pessoas não economizassem tanto no amor, a vida seria muito mais feliz.

Vida sem perfume? Nem pensar! Vou buscar correndo um tanto de vidrinhos cheios de essências pra você escolher.

Ninguém precisa ser santo ou diabo, apenas humano.

Cuidado com o imediatismo de nossa era.Tudo torna-se obsoleto no minuto seguinte, inclusive as pessoas.

Almas de vapores quentes, soltem e mandem embora correndo as dores abrigadas entre seus dentes. Mordam-as com força, nunca pacientemente. Vomitem-as e as deixe morrer como indigentes.

Na atual e brutal vida, brutas maneiras de amar embrutecem a brutalidade de se doar.

Se você quiser pular o muro, eu lhe empresto a escada.

Adoro os neons da lua, na noite fria.

Paixão é febre repentina que desatina todas as emoções. Amor é febre curada, é paixão virada, é o porto-seguro do coração.

Cobiço o sol nessa minha cara de chuva, porque a vida não peguei emprestada.

PEDAÇOS DO MEU EU

Sob meus pés o chão e um rumo certo.

Na minha cabeça, pensamentos em profusão.

Na minha garganta, a voz que se cala.

No meu coração, um pássaro sem ninho

No meus sentimentos, “o avesso do avesso”.

No meu momento, a felicidade sem tempo.

Nos meus braços, um balaio de abraços.

Na minha boca, um sorriso e um carinho.

Na minha alma, marcas da saudade.

No meu desejo, a paz do equilíbrio.

Nas minhas mãos, as luzes do infinito.

SERÁ QUE ME DOU BEM COM VOCÊ? - 2

Numa semana, somos amigas.
Na outra semana, já não somos mais.

Numa semana, sonhamos juntas.
Na outra, sonhar juntas, jamais.

Numa semana nos amamos infinitamente.
Na outra, nunca mais.

Numa semana adoramos nos ver.
Na outra, queremos nos esquecer.

Numa semana, rimos de nossas imperfeições.
Na outra, as imperfeições são motivos de irritações.

Numa semana, temos projetos comuns.
Na outra, não temos mais nenhum.

Numa semana, somos carne e unha.
Na outra, unha para nos arranhar

Numa semana, nos mandamos notícias.
Na outra, nem queremos nos saber

Numa semana, morremos de saudade.
Na outra, queremos nos esquecer.

Numa semana, nos estendemos às mãos.
Na outra, fugimos para solidão.

Numa semana, advinhamos os pensamentos.
Na outra, nos odiamos por todos os momentos.

Numa semana, nos entregamos aos nossos sentimentos.
Na outra semana, nos amargamos em ressentimentos.

Numa semana, temos muita coisa para nos contar.
Na outra, não podemos nem nos olhar.

Numa semana somos cão e gato.
Na outra, sol, lua e noite estrelada.

Numa semana, compassamos os nossos movimentos.
Na outra, os descompassos marcam todos os momentos.

E assim....
semana sim, semana não, a gente vai vivendo.

Se amando nos nossos encontros
Se desentendendo nos nossos entendimentos.
Se odiando nos nossos desabamentos,
Nos sufocando nos nossos contra-censos
Nos devorando nos nossos desajustamentos.

É por isso que preciso me saber:
será que me dou bem mesmo com você?

Rosa Berg

POEMA DE UMA FRASE SÓ
No ninho vazio,
minha alma
p a ss a - r i n h OOOOOO!

RUPTURAS



Se os nossos sentimentos se perderem no vento,
e as palavras se emaranharem nas teias
dos momentos conturbados,
não te desesperes.
Terás o acalento das lembranças,
do som de minha voz em teus ouvidos,
dos escritos que te chegaram escondidos,
das horas sem fim divididas ao telefone,
das angústias vividas sem sentido,
do medo da distância dar por perdido
a emoção que por algum tempo nos abraçou.
E poderás culpar o cansaço de ter sido ele,
o algoz tormento que nos dividiu ao meio e
no meio do caminho nos deixou.
E se nossas lágrimas se misturarem ao pó da estrada,
poderás esculpir a cara do amor de nossa história.

BRINCANDO COM CLARA

Clara tá na cozinha.
Clara - não gema

Clara tá na piscina.
Clara - bóia.

Clara fala mentira.
*Clara - mente

Clara tá na aula de matemática.
Clara - metade.

Clara acende a luz.
Clara - idade.

Clara advinha coisas.
Clara - evidência.

Clara está rezando.
SANTA CLARA!

ANO NOVO

Lá vem ele!

Como jovem que é, vem chegando descontraído, contagiado pela alquimia dos sonhos, alimento imprescindível para nutrir a esperança de cada dia.

Vem repleto de novidades, abrindo um leque de infinitas possibilidades, de novas experiências, de viagens mirabolantes.

Ele vem no seu melhor estilo. Com leveza, reverencia o Velho Ano e perfuma os nossos ambientes internos antes de chegar, para que sejam inesquecíveis todos os dias do ano deixado para trás.

Ele dá o aviso: hora de se desapegar, hora de seguir em frente, hora de se renovar. Não importa quanta tristeza você teve, se pessoas amadas e queridas desceram do trem da vida, se alegrias e conquistas foram emoções que nos tiraram do chão.

É hora de embrulhar tudo isso e se libertar cada situação. As dores deverão ser embrulhadas no pacote do perdão geral e irrestrito. No pacote do perdão a nós mesmos.

O Ano Novo é um mágico cheio de gás e energia. Uma caixinha cheia de surpresa que fará a vida seguir em momentos novos e inesperados.

O lance, então, é abrir nossos corações e mente para receber e hospedar com alegria, gratidão, entusiasmo, compreensão e paixão esse jovem que nos chega com tanta energia e vitalidade.