Biografia de Ricardo Reis

Ricardo Reis

Ricardo Reis (1887-1936) é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa. Tendo sido plural, como se definiu, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviviam nele.

Os heterônimos de Fernando pessoa têm uma biografia e um traço diferente de personalidade. Ricardo Reis nasceu no Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Estudou em cola de jesuítas e cursou medicina. Monarquista, Ricardo Reis exilou-se no Brasil, por não concordar com a Proclamação da República Portuguesa.

Ricardo Reis foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, rego e mitologia. O poeta latino Horácio foi um grande inspirador de sua poesia, principalmente no que diz respeito à filosofia do carpe diem, ou seja, usufruir o momento.

Ricardo Reis é a personalidade que se identifica com os clássicos da Antiguidade. Seu espírito reflete também a doutrina de Epicuro, caracterizada pela identificação do bem soberano com o prazer.

Acervo: 35 frases e pensamentos de Ricardo Reis.

Frases e Pensamentos de Ricardo Reis

Prefiro Rosas

Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?

E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis

Nota: Poema do livro "Odes de Ricardo Reis", de Fernando Pessoa (heterônimo Ricardo Reis).

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis
PESSOA, F. Odes de Ricardo Reis. Lisboa: Ática. 1946 (imp.1994). P. 68

Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.

Ricardo Reis
Pessoa, Fernando. Odes de Ricardo Reis. Lisboa: Ática, 1946.

No Ciclo Eterno

No ciclo eterno das mudáveis coisas
Novo inverno após novo outono volve
À diferente terra
Com a mesma maneira.
Porém a mim nem me acha diferente
Nem diferente deixa-me, fechado
Na clausura maligna
Da índole indecisa.
Presa da pálida fatalidade
De não mudar-me, me infiel renovo
Aos propósitos mudos
Morituros e infindos.