Régis Bonvicino

Encontrados 5 pensamentos de Régis Bonvicino

⁠Uma Ideia

palavras não matam
nem provocam inverno atômico

e na voz do poeta
(abelhas na colmeia)

podem até conter uma ideia

Régis Bonvicino
Más companhias: poesia, 1983/1986. São Paulo: Olavobrás, 1987.
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⁠Ó, poeta

fiz tão pouco
publiquei tão menos
nem sei se posso
proclamar-me poeta
I, too, dislike it
enfim
um escritor
que mal escreve
bom pranto
para as ironias
baratas
e um “poeta”
entregue às traças
chegarei à velhice
sem aprender nada
era virar
um purgante insuportável
minha meta
mas nem isso
terminam chegando perto
de mim
e batendo nas costas
ó, poeta

Régis Bonvicino
Más companhias: poesia, 1983/1986. São Paulo: Olavobrás, 1987.
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⁠Quase

Em mais uma troca
oca de mim para mim
mesmo entretanto oscilei
e o silêncio revidou

subi um degrau
reverso visível
como que num encanto
sapos no estômago

ratos nas entranhas
pus na medula
Duro como ferro
e inexpresso

cavei um espaço
no mármore
um bálsamo não me alçou
emérito despedido

o sol do dia
finalmente me persuadiu
à tarde, no Jardim Botânico
Poesia Pura,

Floribunda,
haste com espinhos –
vermelha, branca
rosíssima, como flor

Régis Bonvicino
Remorso do cosmos (de ter vindo ao sol). Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2003.
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⁠Morreu-me

Morreu-me o visto como palavra,
luminosidade intercalada
pelo raio entre os azuis
com os trovões

Eis-me aqui por dentro: o que captei
fez com que eu perdesse um de meus centros

Um peso oco soa na cabeça
como um lamento

Régis Bonvicino
Outros poemas. São Paulo: Iluminuras, 1993.
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⁠Eu não “escrevo”, eu componho, construo, crio, o que pode, no entanto, nada garantir.

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